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AULA 1

HISTÓRICO
Um aqueduto é uma obra de engenharia em pedra, madeira ou ferro, com o
objetivo de levar água de sítios onde ela é abundante para lugares onde vive
muita gente e há falta dela. Normalmente um aqueduto percorre grandes
distâncias, cruzando vales e rios e perfurando colinas. O seu aspecto exterior é o
de uma ou várias pontes e túneis, não para as pessoas passarem, mas para
conduzir água.

A maior parte dos aquedutos que ainda hoje existem estão situados junto às
grandes cidades. Como nas grandes cidades a população é muito numerosa e
concentrada, é natural que haja grandes necessidades de água.

O aqueduto mais antigo foi construído na Grécia há cerca de 2500 anos. Era
um túnel com 1280 metros de comprimento e situa-se próximo de Atenas. Os
Romanos também construíram muitos aquedutos um pouco por todo o seu
império. O maior de todos ainda existe. Foi construído em Cartago, na Tunísia, e
tem 141 Km de comprimento! Encontram-se restos de aquedutos romanos bem
conservados em Mérida e Segóvia (Espanha), Nimes (França) e Roma, entre
outros.

Os aquedutos que se constroem atualmente são utilizados para a


condução de ribeiros e canais sobre as estradas, para regar os terrenos
agrícolas.

A necessidade de água desde sempre atraiu as pessoas para a proximidade


dos rios. E desde há milhares de anos, o homem procura dominar a água e
defender-se contra as faltas e os excessos (ou seja as inundações) que tantos
problemas lhe causam. Por exemplo, para se proteger das inundações, o homem
ergue diques; para transportar a água, constrói canais, aquedutos e condutas;
para trazer a água de zonas mais baixas inventa mecanismos cheios de
imaginação.

Primeiro, é quase certo que utilizou um recipiente tipo balde, atado a uma
corda que depois prendeu por um gancho. Mais tarde trocou este gancho por uma
roldana. O parafuso de Arquimedes, a picota e a nora são, por exemplo, nomes de
instrumentos de elevação da água que ficaram para sempre na História.

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Picota para tirar água de um poço

Poços, chafarizes, cisternas, reservatórios e aquedutos são também


construções do homem para abastecer as populações de água. Por isso, através
destas construções podemos ficar a saber muito da história dos povos ao longo
dos séculos e da maneira como viviam.

Lisboa é uma cidade banhada por um rio e até com um estuário muito
grande. O problema é que a água do estuário do Tejo é salgada. Lisboa nem
sempre teve água suficiente para abastecer a sua população. A falta de água
sempre marcou a vida da cidade e foi responsável por três rendições da História
de Lisboa: durante a ocupação árabe, quando cercada por D. Afonso Henriques
em 1147 e também durante o cerco dos castelhanos, em 1373. Ou seja, a falta de
água também era um problema de tipo militar, porque para conquistar Lisboa,
bastava cercá-la e a população acabava por render-se, não pela força ou pelo
medo das armas do inimigo, mas por causa da sede e também das doenças
(sobretudo a peste). Com a falta de água, havia menos higiene e, por isso, morria
muita gente de doenças contagiosas.

Lisboa, cidade banhada por um estuário muito grande, mas de água imprópria
para beber (fotografia via satélite)

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Os Romanos foram os primeiros a procurar uma solução para este problema
e construíram mesmo um aqueduto que trazia água da zona de Belas até à
cidade, para abastecer termas, balneários e fontes. Na Idade Média, já só
restavam alguns vestígios do antigo aqueduto romano que de pouco ou nada
serviam.

A falta de água em Lisboa agravou-se no século XV e em 1478, o rei D. João


II mandou arranjar o Chafariz d'El Rei e, em 1494, o Chafariz dos Cavalos, mais
conhecido por Chafariz de Dentro. A falta de água era tão grande que as pessoas
tinham de fazer grandes filas de espera junto dos poucos poços e chafarizes. A tal
ponto que eram freqüentes cenas de pancadaria, às vezes até à morte, por causa
de um fio de água. O povo até dizia que se ia por água e se regressava com
sangue! Em 1551, o Senado Municipal de Lisboa publicou leis que punham
disciplina na utilização das bicas do Chafariz d'El Rei.

Mais tarde, o Rei D. Manuel também chegou a fazer planos para conduzir as
Águas Livres da região de Belas e Caneças até ao Rossio. Mas apesar da onda
de riqueza provocada pelo negócio das especiarias que os portugueses traziam do
Oriente para Lisboa, chegou-se à conclusão que não havia dinheiro suficiente para
pagar um projeto tão grande. E assim a sede e a sujidade continuaram a ser uma
doença grave em Lisboa.
Anos mais tarde Francisco de Holanda também aconselhou o Rei D.
Sebastião a construir um novo aqueduto, porque se dizia na época que "a cidade
de Lisboa morre de sede se não lhe dão água". O Rei, que ainda era muito novo,
até ficou entusiasmado com a idéia, mas como toda a gente sabe, acabou por
morrer em Alcácer Kibir (Marrocos), sem dar de beber a cidade e deixando o
Reino de Portugal nas mãos dos Filipes de Espanha.

Só muito mais tarde, no reinado de D. João V, o projeto veio de novo a


ganhar força. Cláudio Gorgel do Amaral, procurador da cidade (uma espécie de
vereador da Câmara Municipal) insistiu junto do Rei para que, de uma vez por
todas, se construísse um aqueduto a sério. E o Rei mandou estudar quanto
custava e quem iria pagar a obra. Depois de grandes discussões, o povo até
aceitou que o Rei lançasse novos impostos sobre a carne, o vinho e o azeite que
se consumiam em Lisboa. E foi assim que, em 12 de Maio de 1731, é assinado o
decreto para a construção do Aqueduto das Águas Livres

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Finalmente o aqueduto e água com fartura! O povo aplaudiu a obra.
(Litografia, sem data, de Tomás da Anunciação)

A construção do aqueduto foi considerada pela população de Lisboa como


um glorioso feito do povo, porque foi o próprio povo que pagou a obra, apesar de o
Rei D. João V ser muito rico. Conta o Professor José Hermano Saraiva (na sua
"História Concisa de Portugal") que no Arco da Rua das Amoreiras, concluído em
1748, foi colocada uma inscrição na qual se lia, em latim: "No ano de 1748,
reinando o piedoso, feliz e magnânimo Rei João V, o Senado e povo de Lisboa, à
custa do mesmo povo e com grande satisfação dele, introduziu na cidade as
Águas Livres desejadas por espaço de dois séculos, e isto por meio de aturado
trabalho de vinte anos a arrasar e perfurar outeiros na extensão de nove mil
passos."

Esta inscrição, atualmente já não existe porque, como explica o Professor


Saraiva, anos mais tarde, o Marquês de Pombal mandou apagá-la e substituí-la
por outra em que não se dissesse que tinha sido o povo a pagar a obra. A nova e
mentirosa inscrição reza que "Regulando D. João V, o melhor dos reis, o bem
público de Portugal, foram introduzidas na cidade, por aquedutos solidíssimos que
hão de durar eternamente, e que formam um giro de nove mil passos, águas
salubérrimas, fazendo-se esta obra com tolerável despesa pública e sincero
aplauso de todos."

Apesar de todas as polêmicas à volta da obra, em 1748 as águas corriam já no


novo aqueduto. No entanto, só em 1799, ou seja 67 anos depois do início da
construção, é que a obra foi considerada totalmente acabada.

O objetivo principal do aqueduto era abastecer os chafarizes que, entretanto,


tinham sido construídos de propósito um pouco por toda a cidade. Eram eles o

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Chafariz das Amoreiras, o de Entrecampos, Janelas Verdes, Estrela, Rato, Carmo,
Esperança, Cais do Tojo, Flores e muitos outros. Alguns destes chafarizes
também tinham tanques para a lavagem de roupa.

Alçado do Chafariz da Esperança (à esquerda) e do Chafariz do Rato (à direita).


Desenhos aguarelados de Carlos Mardel, 1752.

Foi nesta época que, a par de outras profissões típicas da cidade, como os
limpa-chaminés, as leiteiras, as vendedoras saloias, a célebre mulher da fava-rica,
as lavadeiras de Caneças, surgiram os famosos aguadeiros. Os aguadeiros eram,
na sua maioria, homens de origem galega. Transportavam pelas ruas da cidade
barris de água que vendiam a quem passava. Abasteciam-se nos vários
chafarizes de Lisboa, esperando a sua vez nas longas filas de espera e percorriam
depois as ruas da cidade com os seus pregões - "Há água fresquinha! Quem quer,
quem quer?"

Aguadeiros

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A profissão de aguadeiro não podia ser exercida de qualquer maneira.
Tinham de se inscrever e de obter primeiro a autorização na Câmara e também
tinham de usar ao peito um emblema da cidade. Além disso, eram obrigados a dar
auxílio à população em caso de incêndio. Nesta época ainda não havia bombeiros
organizados como atualmente e, por isso, cada aguadeiro devia regressar a casa
sempre com um barril bem cheio.

Apesar de nos dois séculos seguintes se terem construído mais condutas


para trazer outras águas para Lisboa, a verdade é que o Aqueduto das Águas
Livres funcionou até 1968! A sua última missão foram alguns abastecimentos de
pequena escala na região de Sintra. Atualmente já não funciona como aqueduto,
mas está aberto a grupos de pessoas que queiram visitá-lo e conhecer a sua
história e também a própria História da Cidade de Lisboa.

Resta dizer que se contam muitas outras histórias sobre o aqueduto, como
aquela que fala do terrível assassino e ladrão Diogo Alves, que aproveitava os
esconderijos do aqueduto para cometer toda a espécie de crimes. E também se
diz que José Teixeira da Silva, o célebre Zé do Telhado, também andou pelo
aqueduto a fazer das suas.

Hoje ainda causa admiração a grandeza desta obra, pelo seu comprimento e
também pelas técnicas e materiais utilizados, tendo em conta a época da sua
construção (o século XVIII).

Entre as nascentes das Águas Livres (nas zonas de Belas-Carenque e de


Caneças) e a Mãe-de-Água, nas Amoreiras (Lisboa), o Aqueduto tem uma
extensão de 18,5 Km, chegando aos 48 Km se contarmos com todos os seus
ramais. E se lhe juntarmos os cerca de 12 Km de condutas distribuidoras para os
diversos chafarizes, obtemos um comprimento total de 60 Km!

Nascentes no Vale de Carenque

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Os canais de condução da água correm em troços subterrâneos, ventilados
por 137 clarabóias, ou aéreos, sobre um total de 127 arcos.

A parte mais espetacular, pela sua imponência, é a arcaria de Alcântara,


composta por 35 arcos, sendo 14 ogivais e os restantes de volta inteira. O maior
destes arcos tem um vão livre de 24 metros e uma altura de 65 metros, sendo o
maior arco de pedra jamais construído em todo o mundo. Por baixo dele passa
hoje a Avenida Calouste Gulbenkian.

Um arco grande mesmo colossal

Sobre o Aqueduto, dos dois lados, existe o Passeio dos Arcos, que permitia a
passagem de pessoas e animais entre as colinas das Amoreiras (Campolide) e de
Monsanto (Serafina). Esta passagem foi encerrada ao público em 1852, por não
ser um local de passagem seguro, sobretudo à noite, devido à presença de vários
ladrões (ver capítulo 9 deste trabalho).

Obra monumental do século XVIII, o Aqueduto das Águas Livres é conhecido


sobretudo pela sua arcaria sobre o vale de Alcântara. Além de ser uma obra de
engenharia impressionante, é também, juntamente com a Torre de Belém e o
Mosteiro dos Jerónimos, um verdadeiro emblema da cidade de Lisboa. Muitos
artistas, nacionais e estrangeiros, inspiraram-se nele para criar obras de arte,
sobretudo de pintura e, mais recentemente, de fotografia.

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O Aqueduto não passa despecebido a turistas e fotógrafos estrangeiros. Estas
duas fotos (Arco do Carvalhão e Rua das Amoreiras) são do fotógrafo sueco Eber
Ohlsson.

Outra zona do Aqueduto com uma arcaria interessante está situada na


Amadora, junto às oficinas de construção de carruagens de combóio da Adtranz
(antiga Sorefame).

Completam o Aqueduto duas outras construções muito importantes: a Mãe-


de-Água das Amoreiras e o Reservatório da Patriarcal.

A Mãe-de-Água é o primeiro grande depósito de água de Lisboa. Foi acabada


de construir em 1834 precisamente para receber as águas do Aqueduto. Está
situada na zona do Rato, mais precisamente no Largo das Amoreiras. No interior
da construção encontra-se a cascata e a Arca de Água, de sete metros de
profundidade e com uma capacidade próxima dos 5 500 metros cúbicos (ou seja,
cinco milhões e meio de litros!). Esta capacidade era suficiente para abastecer
uma população de 250 mil pessoas no século XVIII, mas, se fosse hoje, só daria
para abastecer três ou quatro bairros.

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Interior da Mãe-de-Água

Ligada à Mãe-de-Água há a Casa do Registro, onde se registravam os


caudais que partiam através de galerias subterrâneas para os chafarizes e casas
nobres da cidade. Este espaço, atualmente, é utilizado para exposições,
concertos, bailado, teatro e para outras atividades culturais.

O Reservatório da Patriarcal era, na época da sua construção o reservatório


mais importante da zona baixa de Lisboa. Fica situado por baixo do Jardim do
Príncipe Real. A sua construção começou em 1856 e terminou em 1864, sendo
abastecido pelo reservatório do Arco (próximo das Amoreiras) que lhe trazia as
águas do Aqueduto. Este espaço foi restaurado em 1984 e funciona desde essa
data também como um espaço de divulgação da cultura.

O Aqueduto das Águas Livres parte de Caneças, segue pela zona de Belas, passa
pela Amadora e termina no Largo das Amoreiras, em Lisboa. Atravessa portanto
quatro concelhos: Loures, Sintra, Amadora e Lisboa, num percurso de 18,6 Km.

A parte mais imponente é o último troço, entre a colina de Monsanto e a colina das
Amoreiras, na zona ocidental da cidade, sobre o vale de Alcântara.

O Aqueduto vê-se muito bem do Parque de Monsanto, da zona mais alta do


Parque da Serafina (mais conhecido por "Reserva dos Índios"), da estação
ferroviária de Campolide e da Avenida Calouste Gulbenkian, quer se venha da
Praça de Espanha ou de Alcântara.

No vale de Alcântara, que o Aqueduto atravessa, há uma ribeira que não se


vê porque está tapada pela Avenida de Ceuta (é subterrânea). Os lisboetas só se
dão conta de que ela existe quando chove muito e há inundações.

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Mapa da cidade de Lisboa com o traçado do Eixo norte-sul
e em que está bem assinalado o Aqueduto das Águas Livres.

Por baixo dos maiores arcos do Aqueduto passam vias de comunicação


muito importantes para a vida dos lisboetas e também das pessoas que moram a
oeste e na outra margem do Tejo, mas que vêm todos os dias trabalhar a Lisboa:

• Avenida Calouste Gulbenkian;


• Eixo Norte-Sul;
• via férrea Campolide - Alcântara;
• a nova via férrea Entre Campos - Fogueteiro (a que passa no tabuleiro
inferior da Ponte 25 de Abril).

Vista aérea: grandes vias de comunicação debaixo dos arcos do Aqueduto

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Além do Aqueduto das Águas Livres em Lisboa, existem em Portugal outros
sete.

• Aqueduto da Água da Prata (Évora)

Há quem lhe chame Aqueduto de Sertório, mas não é verdade, porque não
foram os Romanos que o construíram. Quem o mandou edificar foi o nosso Rei D.
João III em 1534. E é possível que ele tenha sido construído no mesmo lugar onde
havia ruínas de um outro que os Romanos tinham feito muitos anos antes. Ao todo
tem uma extensão de 9 Km, entre a Herdade da Prata (conselho de Arraiolos) e a
cidade de Évora.

• Aqueduto da Amoreira (Elvas)

Depois do nosso Aqueduto das Águas Livres, este é considerado o mais


imponente e também o mais elegante do nosso país, sobretudo na sua parte final
junto à cidade de Elvas em que tem quatro arcadas sobrepostas. Foi construído
entre 1498 e 1622. Mede 7,5 Km de comprimento. Sobre os vales de S. Francisco
e do Rossio, chega atingir 31 metros de altura.

• Aqueduto do Convento (Vila do Conde)

Destinava-se a abastecer o Convento de Santa Clara. Foi construído entre


1628 e 1714. Desde a nascente da água que transporta (num lugar chamado
Terroso) até ao Convento, tem mais de 5 Km de extensão e conta 999 arcos.
Atualmente já quase só restam ruínas dele.

• Aqueduto do Convento de Cristo (Tomar)

O seu verdadeiro nome é Aqueduto dos Pegões Altos. Destinava-se a


abastecer de Água o Convento de Cristo em Tomar (aquele que tem a célebre
Janela do Capítulo). As obras da sua construção começaram em 1593 e
terminaram em 1614. Ao todo tem 5 Km de comprimento, passando pelos vales de
Falpinheira e dos Pegões. Tem 180 arcos e na zona do vale dos Pegões, os seus
arcos estão em duas ordens sobrepostas. Na extremidade dos seus pilares há uns
pináculos rematados com a cruz de Cristo.

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• Aqueduto da Fonte dos Canos (Torres Vedras)

Foi mandado construir em 1561 pela Infanta Dª Maria, filha do nosso Rei D.
Manuel I, para abastecer de água a famosa Fonte dos Canos. Tem a forma de um
pavilhão semi-circular, com arcos ogivais (como o das Águas Livres, em Lisboa).
Mede 2 Km de comprimento, por vezes em arcaria dupla, sendo dois dos seus
arcos verdadeiramente monumentais.

• Aqueduto da Osseira (Óbidos)

Foi mandado construir pela Rainha Dª Catarina em 1550, muito


provavelmente no mesmo sítio onde já os Romanos tinham construído um
aqueduto. Mede 3 Km de extensão e abastece os chafarizes da Porta da Vila e da
Praça e também o chamado Chafariz Novo.

• Aqueduto de S. Sebastião (Coimbra)

Destinava-se a abastecer a parte alta da cidade, com águas captadas na


vertente sobranceira à Quinta dos Crúzios, levando-as até ao Largo do Castelo.
Tem apenas um quilometro de comprimento e consta de 21 arcos bastante altos.
Foi construído entre 1568 e 1570, durante o reinado de D. Sebastião, também
sobre as ruínas de um outro muito mais antigo.

AQUEDUTOS DE ROMA

Aqua Appia.
Appia.

Aqueduto construído pelos censores Appio Claudio Cieco e Caio Plauzio


Venox no ano 312 a.C., captava água das nascentes ao longo da via Prenestina.
Praticamente subterrâneo na totalidade, com entrada em Roma perto da Porta
Maggiore (Porta Maior) (na localidade designada como ad spem veterem) dirigia-
se ao Celio e Aventino e terminava perto da porta Trigemina, no Fórum Boario. Foi
restaurado em paralelo com a construção de outros aquedutos em 144 a.C., 33
a.C. e entre 11 e 4 a.C..

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Anio Vetus

Acquedotto costruito tra il 272 e il 270 AC dai censori Manio Curio Dentato e
Flavio Flacco, con il bottino della vittoria contro Pirro. Raccoglieva le acque
dell'Aniene sopra Tivoli. Il condotto era per la maggior parte sotterraneo, ad
eccezione di alcuni ponti e giungeva in città nello stesso luogo dell'Aqua Appia per
terminare presso la porta Esquilina.

Aqua Marcia

Ruínas do Aqueduto Marcio, em Tivoli.

Este aqueduto foi construído em 144 a.C. pelo pretor Quinto Marcio
Re. Recolhia as águas do alto da bacia do rio Aniene. Além de numerosos
restauros menores, foi em grande parte reconstruído na sequência de um
incremento da portada entre 11 e 4 a.C., sob o reinado de César Augusto.
O percurso era ora subterrâneo ora sobre arcadas (um troço de cerca de 9
km flanqueava a via Latina). Chegava a Roma na localidade ad spem
veterem, como os aquedutos precedentes, e cruzava a via Tiburtina sobre
um arco que mais tarde transformado na Porta Tiburtina da Muralha
Aureliana, terminando próximo da Porta Viminale. A distribuição atingia o
Capitólio, enquanto um ramo secundário (rivus Herculaneus) se dirigia para
o Celio e Aventino. Sob o reinado de Caracala (213 d.C.) foi realizada uma
ramificação da Aqua Antoniniana para as novas Termas, que atravessava a
via Appia sobre um arco (Arco de Druso). Um outro ramo secundário foi
utilizado para alimentar as Termas de Diocleciano.

Aqua Tepula

Aqueduto construído pelos cônsules Caio Servilio Cepione e Lucio Cassio


Longino em 125 a.C.. Recolhia água das nascentes na décima milha da via Latina.
Em 33 a.C. foi transformada para confluir no novo canal de Aqua Iulia, da qual se
separava novamente próximo da cidade. Corria, portanto, num canal distinto sobre
os arcos de Aqua Marcia, juntamente com Aqua Julia. Entrava na cidade ad spem
veterem, seguindo mais adiante o mesmo percurso de Aqua Marcia em direcção à
Porta Viminale.

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Aqua Iulia

Aqueduto construído por Agripa em 33 a.C., unindo-se num único canal


com Aqua Tepula; foi restaurado por César Augusto entre 11 e 4 a.C.. Recolhia
água das nascentes na décima segunda milha da Via Latina, perto de
Grottaferrata. Chegava a Roma como os aquedutos precedentes na localidade ad
spem veterem, perto da Porta Maggiore, prosseguindo pelo mesmo percurso de
Aqua Marcia em direcção à Porta Viminale. Provavelmente uma ramificação deste
aqueduto, do qual são ainda visíveis algumas arcadas, alimentava a fonte
monumental da Piazza Vittorio Emanuele construída por Alexandre Severo
(nymphaeum Alexandri ou "Troféu de Mario").

Aqua Virgo

Entrada do canal de inspecção ao aqueduto Acqua Vergine na via del Nazzareno


(ainda operacional).

Aqueduto construído por Agripa e inaugurado a 19 a.C., para servir as


instalações termais do Campo Marzio. As nascentes situavam-se na oitava milha
da via Collatina. O nome ("Acqua Vergine") deriva, segundo uma lenda, de uma
moça que haveria indicado aos soldados o local da nascente (embora
provavelmente se referisse à pureza da água). O percurso prosseguia pela via
Collatina, em parte sobre arcadas e culminava nas habitações do Pincio. A partir
daí, as arcadas da época Claudiana (parcialmente conservadas na via del
Nazzareno atravessava o Campo Marzio, cruzando a actual via del Corso (via
Lata) pelo Arco de Cláudio, uma arcada do aqueduto monumentalizada para
celebrar a conquista da Bretanha. O aqueduto foi constantemente restaurado e
ainda alimenta a Fontana di Trevi, a Fontana della Barcaccia, na Praça de
Espanha (dando o nome à via del Condotti) e a Fontana dei Quattro Fiumi, na
Piazza Navona.

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Aqua Alsietina

Também conhecida como Aqua Augusta, foi um aqueduto contruído sob o


reinado de César Augusto em 2 a.C., para servir os quarteirões além do rio Tibre
(Trastevere e do local para os espectáculos de combates navais). Um novo canal
seria realizado por Trajano em 109 d.C.. Recolhia água do Lago Martinhano.

Anio Novus e Aqua Claudia

O ramo secundário entre o Celio e o Palatino.

Aqueduto iniciado por Calígula em 38 d.C.e terminado por Cláudio em 52. O


primeiro recolhia as águas do Aniene perto dos montes Simbruinos, enquanto o
segundo captava do cimo do vale do Aniene. Terminavam ad spem veterem, perto
da Porta Maggiore: esta última era a monumentalização dos arcos das ruas
Prenestina e Labicana, mais tarde inseridas na Muralha Aureliana. Na sétima
milha da via Latina a água era transportada por arcadas, algumas das quais
subsistiram ao tempo no "Parque dos Aquedutos". Na localidade de Tor Fiscale
interceptava duas vezes o Acqua Marcia, formando um recinto trapezoidal (Campo
Barbarico) que seria utilizado como fortificação pelos Godos de Vitiges em luta
com Belisário, em 539. Um ramo secundário, construído pela obra de Nero, (Arcus
Neroniani) destacava-se por dirigir-se para o Celio, na parte ocupada pela Domus
Aurea; este ramo foi sucessivamente prolongado por Domiciano a serviço dos
palácios imperiais no Palatino, cruzando os vales entre este e o Celio por
altíssimas arcadas.

Aqua Traiana

Aqueduto construído sob o reinado de Trajano em 109 d.C., recolhia águas


das nascentes nos montes Sabatinos, perto do Lago Braciano. Chegava a Roma
pela colina Gianicolo, ao longo da margem esquerda do rio Tibre. Destruído
durante o assédio de Roma pelos Ostrogodos de Vitiges em 537, foi restaurado

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por Belisário e teve intervenções durante o papado de Honório I durante o século
VII. Pelos danos sofridos pelos Lombardos e pelos Sarracenos, sofreu novos
restauros entre os séculos VIII e IX e foi finalmente reconstruído como Acqua
Paola no século XVII. Chegava à cidade por um percurso quase totalmente
subterrâneo ao longo da Via Clodia e da Via Trionfale e, mais adiante, por arcadas
ao longo da via Aurelia.

Aqua Alexandrina

Aqueduto construído sob o reinado de Alexandre Severo, no século III d.C.,


recolhia água do Pântano Borghese na via Prenestina e com um percurso quase
na totalidade subterrâneo, com viadutos para atravessar vales, entrava na cidade
pela Porta Maggiore dirigindo-se ao Campo Marzio, onde estariam as "Termas de
Nero", restauradas por Alexandre Severo em 226 e tornadas conhecidas como
Termas Alexandrinas.

Aquedutos da Roma papal e moderna

Fontana dell'Acqua Felice na Praça de São Bernardo.

• Sob o papado de Nicolau V, em 1453, Leon Battista Alberti foi encarregado


de restaurar o aqueduto Aqua Virgo, altura em que é incrementada a
portada com nove nascentes. Terminava na Fontana di Trevi. Uma
ampliação que teve lugar em 1840 e em 1936 cria num novo aqueduto, cuja
mostra se materializou na Fontana del Nicchione, no Pincio.

• Acqua Felice: um novo aqueduto seria construído pelo papa Sisto V a


1586 por Domenico Fontana, reutilizando as nascentes de Aqua
Alexandrina. Chegava a Roma pela porta Tiburtina (actual "porta San
Lorenzo") e terminava com a Fonte de Moisés, hoje visível na piazza San
Bernardo.

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• Acqua Paola: reconstrução de Aqua Traiana em 1605 a mando do papa
Paulo V, e obra de Giovanni Fontana e Carlo Maderno; termina com a
"Fontana dell'Acqua Paola]] no Gianicolo (1611). Foi alimentada por este
aqueduto também o Fontanone di Ponte Sisto, também referida como
Fontanone dei centro preti (fontanário dos cem pretos).

• Acqua Pia: corresponde ao restauro da antiga Aqua Marcia, cuja


reconstrução foi afiançada pelo papa Pio IX a Luigi Canina. A mostra
terminal apresenta-se na Fontana delle Naiadi, na Piazza Esedra.

• Aqueduto de Peschiera: iniciado em 1937 e completado apenas em 1949,


recolhe água das nascentes de Cittaducale (RI). A sua mostral terminal
apresenta-se na fonte da Praçeta dos Heróis (Piazzale degli Eroi).

• Aqueduto Appio-Alexandrino: potenciamento do Aqueduto Felice,


realizado entre 1963 e 1968, capta água de outras antigas captações,
propositadamente ampliadas, como Acqua Appia e Acqua Alexandrina e
novas reservas, perto da Borgata Finocchio e de Torre Angela. Assegura
também o fornecimento hídrico dos quarteirões a sudeste de Roma
(Borghesiana, Torre Gaia, Tuscolano, Prenestino, E.U.R-Laurentino, Acilia
e Ostia Lido).

A influência romana deixou variadas obras, principalmente arquitetônicas,


especialmente na zona Provençal, que o tempo têm deteriorado deixando só
alguns restos. Não obstante, a majestade das construções romanas prevalece e é
possível observá-la em lugares como os anfiteatros de Nimes e Arles, o Teatro de
Orange e o Aqueduto Pont Du Gard no sul da França. Algumas cidades como
Autum, Saintes e Reims, conservam aquedutos herdados pelos romanos,
enquanto que Lyon e Paris só podem oferecer ao visitante alguns restos do passo
romano por suas terras.

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AQUEDUTOS DO BRASIL

Aqueduto da Carioca

Vista do Aqueduto da Carioca (Leandro Joaquim, c. 1790). A lagoa, em primeiro


plano, foi aterrada para a construção do Passeio Público. O edifício no alto do
morro é o Convento de Santa Teresa.

O Aqueduto da Carioca, popularmente conhecido como os Arcos da Lapa


localiza-se no bairro da Lapa, na cidade e estado do Rio de Janeiro, no Brasil.
Considerada como a obra arquitetônica de maior porte empreendida no Brasil
durante o período colonial, é hoje um dos cartões postais da cidade, símbolo mais
representativo do Rio Antigo preservado no bairro boêmio da Lapa.

Remontam a 1602, por determinação do Governador da Capitania Real do


Rio de Janeiro, Martim de Sá (1602-1608), os primeiros estudos para trazer para a
cidade as águas do rio Carioca. Em 1624, um contrato para a construção de um
primitivo conduto foi firmado com Domingos da Rocha, que não chegou a iniciar os
trabalhos. Em 1660 apenas 600 braças de canos estavam assentadas, tendo as
obras recebido impulso em 1706, sob o governo de D. Fernando Martins
Mascarenhas Lancastro (1705-1709).
Em 1718, sob o governo de Antônio de Brito Freire de Menezes (1717-
1719), iniciaram-se as obras de instalação dos canos de água através da antiga
Rua dos Barbonos. Sob o de Aires de Saldanha de Albuquerque Coutinho Matos e
Noronha (1719-1725), em 1720 o encanamento alcançava o Campo da Ajuda
(atual Cinelândia), ainda nos arrabaldes da cidade à época. Foi este governador
quem, alterando o projeto original, defendeu a vantagem de se prolongar a obra
até ao Campo de Santo Antônio (atual Largo da Carioca), optando pelos
chamados Arcos Velhos – um aqueduto ligando o morro do Desterro (hoje morro
de Santa Teresa) ao morro de Santo Antônio, inspirado no Aqueduto das Águas
Livres, que então começava a se erguer em Lisboa. A obra estava concluída em

18
1723, levando as águas à Fonte da Carioca, chafariz erguido também nesse ano,
que as distribuía à população no Campo de Santo Antônio.
A solução foi paliativa, uma vez que já em 1727 se registram as reclamações de
falta de água, atribuindo-se à ação de quilombolas (escravos fugitivos, que viviam
ocultos nas matas) a responsabilidade pela quebra dos canos. Mais tarde, o
governo pediu contas ao encarregado pela conservação da obra o qual, furtando-
se ao seu dever, evadiu-se. Foram estabelecidas, ainda, penas para os atos de
vandalismo contra a obra.
O governador Gomes Freire de Andrade (1733-1763) determinou, em 1744,
a reconstrução do Aqueduto da Carioca, com pedra do país, diante do elevado
custo da cantaria vinda do reino. Com risco atribuído ao brigadeiro José
Fernandes Pinto Alpoim, recebeu a atual conformação, em arcaria de pedra e cal.
A Carta Régia de 2 de Maio de 1747 determinou que as águas fossem cobertas
por abóbada de tijolos, para evitar o seu desvio mal-intencionado.
Inaugurado em 1750, as águas brotaram aos pés do Convento de Santo
Antônio, em um chafariz de mármore, através de 16 bicas de bronze. Mais tarde
essa água seria estendida, através da Rua do Cano (atual Rua Sete de
Setembro), até ao Largo do Paço (atual Praça Quinze), onde os navios vinham
abastecer-se.
Na segunda metade do século XIX, durante o Império e, posteriormente,
diante do advento da República, novas alternativas para o abastecimento de água
aos moradores da cidade do Rio de Janeiro foram sendo utilizadas. O aqueduto, a
partir de 1896 passou a ser utilizado como viaduto para os novos bondes de ferro
da Carril Carioca, principal meio de acesso do centro até aos altos do bairro de
Santa Teresa, até os dias de hoje.
Conservados pelo poder público, em nossos dias, os antigos arcos coloniais
servem de pano de fundo para diversos eventos, como as festividades da Semana
Santa e o tradicional Auto de Natal da cidade.

A estrutura, em pedra argamassada apresentava, originalmente, 270


metros de extensão por 64 metros de altura. Em estilo românico, caiada, possui 42
arcos duplos e óculos na parte superior. Em sua construção foi empregada a mão-
de-obra de escravos indígenas e africanos.

Aqueduto de Candelária
É um aqueduto localizado na cidade de Candelária, estado do Rio Grande
do Sul.
Obra arquitetônica de rara beleza, sem similar no Estado, situada na Linha
Curitiba, foi mandada construir por João Kochenborger, um dos primeiros
imigrantes alemães a chegar ao município, em 1862. Mede 304 metros de
comprimento e possui 79 arcos, artística e simetricamente distribuídos.
Tem 3 metros de altura e 97 cm de espessura, com exceção da base sobre
a qual está assentado, que é bem mais larga. Desconhece-se a data exata de sua

19
construção. No entanto, pesquisadores locais concluíram que a edificação teria
sido feita entre os anos de 1868 e 1870.
Os milhares de tijolos empregados, segundo relatos de descendentes de
João Kochenborger, teriam sido prensados manualmente, um a um, e submetidos,
depois, ao necessário processo de cozimento na própria propriedade. Sobre o
dorso do Aqueduto, fluía a água captada no Arroio Molha Grande, que acionava
duas rodas d’água, gerando força motriz para mover um engenho de serra, um
moinho de milho e trigo, pilões para o cancheamento de erva-mate e um pequeno
descascador de arroz, estando tudo desativado há muitas décadas.

A 11 de janeiro de 1988, o Aqueduto foi declarado patrimônio histórico do


município, sendo sua restauração procedida no mesmo ano, sob a
responsabilidade técnica da engenheira civil Patrícia Mohallen, com a
supervisão de arquitetos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN).

Aqueduto do Rio Grande

Localizado na Sede do Parque Estadual da Pedra Branca - Pau da Fome -


Taquara, RJ. Construído no final do século XIX e início do século XX. Finalidade
de abastecer a população residente no entorno do Maciço da Pedra Branca, na
baixada de Jacarepaguá.

China começa construção de aquedutos que


atravessarão Rio Amarelo

A construção de dois aquedutos que atravessarão o rio Amarelo e levarão a água


do rio Yangtze para Beijing foi iniciada com uma cerimônia domingo(8).

A obra faz parte do Projeto de Transposição de Água do Sul para o Norte da


China.

A construção dos dois túneis, que terão 4.250 metros de comprimento e um


diâmetro de sete metros, começará pelo oeste de Zhengzhou, capital da província
de Henan, de acordo com os construtores.

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Um dos dois túneis está programado a ser terminado em março em 2009.

O governo chinês aprovou o Projeto de Transposição de Água do Sul para o


Norte, em 2002, a fim de aliviar a escassez severa de água nas áreas do norte.

O projeto desviará a água do Yangtze, o mais longo da China, para o norte


através dos aquedutos leste, central e oeste. Os aquedutos leste e central, com
um investimento total de US$ 26 bilhões, estão em construção.

O aqueduto central custará US$ 18 bilhões, e levará água do Yangtze a Beijing.

O aqueduto leste transportará água dos cursos baixos do rio Amarelo à cidade de
Tianjin, norte da China.

E o aqueduto oeste, ainda em período de planejamento, transportará água


dos cursos superiores do Yangtze para as áreas do noroeste da China.

'Falta de água ameaça o mundo'


22 de março, 2001 - Publicado às 10h55 GMT

Uma organização não-governamental da Grã-Bretanha está advertindo que


duas em cada três pessoas em todo o mundo correm o risco de ficar sem água
até 2025.

A Tearfund está publicando nesta quinta-feira, Dia Mundial da Água, um


relatório em que apresenta maiores detalhes sobre o problema da escassez de
água nos países em desenvolvimento.

Segundo a ONG, o consumo mundial de água cresceu duas vezes mais rápido
do que a população mundial no último século - e os países mais pobres devem
sofrer com isso, nos próximos anos.

Ainda de acordo com o relatório da Tearfund, a maioria das pessoas sem água
vão ser forçadas a deixar seus lares, provocando novas ondas de imigração.

Alimentos

Um dos piores efeitos da falta de água será o aumento do preço dos alimentos.

21
Em 2025, a Tearfund acredita que o volume de água necessário para produzir
comida deve aumentar em 50%, devido ao crescimento populacional e à
demanda por melhor qualidade de vida.

Como resultado da falta de água, a produção mundial de alimentos ameaça


diminuir em 10%.

Em média, 70% da água mundial é usada na agricultura, mas na Ásia essa


proporção cresce para mais de 90%.

Num mundo com cada vez menos água disponível, os países mais pobres vão
ter que escolher se usam a água para irrigação, ou para uso doméstico e
industrial.

"Para o 1,3 bilhão de pessoas que vive com US$ 1 por dia, o aumento do preço
dos alimentos resultado da falta de água pode ser fatal", diz o relatório da
Tearfund.

Gerenciamento

A ONG afirma que uma série de fatores colaboram com a crise que se avizinha,
entre eles o fracasso dos países em desenvolvimento em regular, gerenciar e
investir em seus recursos hídricos.

Quando esses problemas se juntam ao crescimento da população, o quadro


fica ainda mais grave.

A população da China, por exemplo, deve crescer de 1,2 bilhão hoje para 1,5
bilhão em 2030, enquanto a demanda por água deve crescer 66% no mesmo
período.

Na Índia, para resolver o problema da água a curto prazo, a Tearfund identifica


o uso não-sustentável da água de lençois freáticos. Nova Delhi, por exemplo,
deve esgotar suas reservas dentro de 15 anos.

Outro fator que aumenta a preocupação com a falta de água nos próximos anos
é o aquecimento global - alguns cientistas prevêem um aumento na ocorrência
de secas e o surgimento de mais desertos.

22
Em 20 anos, faltará água para 60% do mundo,
diz ONU
DAVID WILLEY da BBC Brasil, em Roma

Dentro de 20 anos, uma proporção de dois terços da população do mundo deve


enfrentar escassez de água, de acordo com a FAO (FOOD AND AGRICULTURE
ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS), agência das Nações Unidas para
agricultura e alimentação, sediada em Roma.

Segundo a FAO, o consumo de água dobrou em relação ao crescimento


populacional no último século.

Pouco mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo já não têm acesso a água
limpa suficiente para suprir suas necessidades básicas diárias, disse Pasquale
Steduto, diretor da unidade de gerenciamento dos recursos hídricos da FAO.

Segundo ele, mais de 2,5 bilhões não têm saneamento básico adequado.

Steduto pediu maior esforços nacionais e internacionais para proteger os recursos


hídricos do planeta.

A irrigação para cultivos agrícolas atualmente responde por mais de dois terços de
toda a água retirada de lagos, rios e reservatórios subterrâneos.

Em várias partes do mundo, agricultores que tentam produzir alimentos suficientes


e obter renda também enfrentam estiagens sistemáticas e crescente competição
por água.

O que os agricultores têm que fazer, diz a FAO, é armazenar mais água da chuva
e reduzir o desperdício ao irrigar suas plantações.

"A comunidade global tem conhecimentos para lidar com a escassez de água. O
que é necessário é agir", afirma a agência das Nações Unidas.

23
Falta de água limpa atinge mais de um bilhão de
pessoas
22 de março, 2007 - 11h07 GMT (08h07 Brasília)

A falta de acesso à água limpa atinge mais de um bilhão de pessoas, de


acordo com alerta feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta
quinta-feira, o Dia Mundial da Água.

A organização alerta que esse número pode dobrar até 2025, quando dois terços
da população mundial pode estar sofrendo com problemas ligados à escassez de
água limpa.

Atualmente, 2,6 bilhões de pessoas – metade da população dos países em


desenvolvimento - vivem em locais sem condições básicas de saneamento.

Os problemas relacionados à falta de acesso à água adequada matam mais de


1,6 milhões de pessoas todos os anos.

Segundo a OMS, 90% das mortes ocorrem entre crianças menores de cinco anos,
principalmente em países mais pobres.

“Para cada criança que morre, inúmeras outras sofrem de problemas de saúde,
produtividade reduzida e perda de oportunidades de educação”, disse a diretora-
geral da OMS, Margareth Chan.

Doenças

A água contaminada pode causar doenças com febre tifóide, cólera, malária,
dengue e febre hemorrágica.

Segundo Chan, muitas das doenças e mortes poderiam ser prevenidas com o uso
de conhecimentos e tecnologias básicas que já existem há anos.

“A melhoria da administração ambiental pode tornar mais difícil a sobrevivência e


reprodução de transmissores de doenças, como mosquitos”, disse. "A água é um
assunto de todos. Nós deveríamos aprender uns com os outros."

A OMS alerta também que as mudanças climáticas podem piorar ainda mais a
situação, ao aumentar os períodos de seca, alterar os padrões de chuva e derreter
parte das geleiras do planeta.

“No (hemisfério) norte, a quantidade de chuva está aumentando, enquanto no sul


os períodos de seca estão ficando mais longos”, disse a OMS.

24
“Conflitos relacionados à água podem surgir em áreas atingidas entre a
comunidade local e também entre países, porque dividir um recurso essencial e
limitado é extremamente difícil.”

Falta de água deve afetar mais de um bilhão de


pessoas em 20 anos
17 de Fevereiro de 2007 - 12h33 - Última modificação em 17 de Fevereiro de 2007
- 12h33

Monique Maia
da Agência Brasil

Brasília - Até o ano de 2027, cerca de 1,8 bilhão de pessoas em todo o mundo
podem sofrer com a escassez de água. E a agricultura será uma das principais
causas do desperdício. A informação foi divulgada pela Agência das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
“A irrigação para cultivos agrícolas responde, atualmente, por cerca de 70% de
toda a água potável retirada de lagos, rios e reservatórios subterrâneos. O quadro
se aproxima dos 90% em vários países em desenvolvimento, onde existem cerca
de três quartos das fazendas do mundo”, alertou a FAO.

A agência apontou ainda, o intenso crescimento populacional como outro fator


pelo grande consumo de água. De acordo com a FAO, o uso da água mais que
dobrou no último século.

Para o órgão das Nações Unidas, é preciso unir esforços nacional e


internacionalmente para proteger os recursos hídricos do planeta. Uma das
medidas defendidas pela FAO seria armazenar água da chuva com o objetivo de
reduzir o desperdício ao irrigar as plantações.

Atualmente, a falta do recurso hídrico já atinge o norte e sul da África, assim


como, México, Paquistão, China e Índia. No dia 22 de março, data em que é
comemorado o Dia Mundial da Água, a FAO pretende lançar uma campanha de
luta contra a escassez de água.

25
Água para a Vida

Balão Panda sobrevôa região de Americana (SP) em seu vôo inaugural.


© WWF-Brasil / Roberto Bandeira

O Brasil é o país mais rico do mundo em termos de reservas hídricas,


contendo 13,7% da água doce disponível no planeta, a maior área úmida
continental do mundo (Pantanal), as mais extensas florestas alagadas
(Amazônia), e uma fauna aquática incrivelmente rica. Saber cuidar,
usufruir e gerir esse recurso é responsabilidade de todos nós brasileiros.

Embora o Brasil ainda tenha uma situação privilegiada em relação à quantidade


e à qualidade de sua água, a forma de uso não vem ocorrendo de forma correta
e responsável. Superexploração, despreocupação com os mananciais, má
distribuição, poluição, desmatamento e desperdício são apenas alguns dos
fatores que comprovam o descaso com este importante recurso. É importante
ressaltar que a escassez de água põe em risco a vida no planeta e pode afetar
diversas atividades econômicas, entre elas a geração de energia elétrica. A
crise de energia que afetou a população brasileira em 2001 foi o resultado mais
claro da má gestão dos recursos hídricos do país.

A gestão dos recursos hídricos é, possivelmente, a questão ambiental com


maior poder de integração, afetando todos os segmentos da sociedade e
perpassando os diversos usos do solo, tais como a exploração de florestas,
agricultura, indústria, mineração, entre outros.

Com a aprovação da Lei 9.433 (1997) que institui a Política Nacional de


Recursos Hídricos, criou-se uma nova, importante e moderna estrutura para a
gestão destes recursos, prevendo processos participativos e novos
instrumentos econômicos que promovem o uso mais eficiente da água, como a
cobrança pelo seu uso. O Governo Federal criou, em 2000, a Agencia Nacional
de Águas - ANA -, responsável, entre outras coisas, por implementar a nova Lei.

O WWF-Brasil, que, em 2001, criou o Programa Água para a Vida, tem como
uma de suas premissas a busca de alternativa para os problemas relacionados

26
à água no país, tendo como uma de suas linhas estratégicas o Fortalecimento
das Instituições Públicas e Privadas que atuam na Conservação e Gestão de
Água. Água não pode significar uma simples mercadoria a ser consumida, mas
sim um recurso essencial à vida.

Os principais objetivos do Programa são:

• Atender às diversas demandas da sociedade por meio dos usos


múltiplos, mas também garantir a integridade dos ecossistemas de água
doce;
• Contribuir para consolidar a gestão dos recursos hídricos no país,
promovendo uma visão da água como um sistema vivo cujo
funcionamento deve ser preservado para a sociedade no presente e no
futuro;
• Fortalecer as políticas públicas e instituições responsáveis pela gestão
dos recursos hídricos, promovendo uma abordagem ecossistêmica da
bacia hidrográfica;
• Desenvolver modelos de funcionamento de Comitês de Bacias
prioritários, enfocando e fortalecendo a participação da sociedade civil,
uso integrado do solo e gestão de recursos hídricos;
• Desenvolver programas de educação ambiental junto às comunidades
ribeirinhas em bacias hidrográficas prioritárias;
Desenvolver modelos de manejo de bacias hidrográficas e trabalhar para
a ampliação das áreas úmidas protegidas por meio da criação de
Unidades de Conservação;
• Implementar e documentar boas práticas de manejo e gestão de
recursos aquáticos;
• Conscientizar o grande público, governos e o setor privado da
importância de conservar e gerir os recursos hídricos, visando a
otimização de seus diversos usos e a manutenção dos processos
ecológicos naturais.

27
Importância da água

"A água é o constituinte mais característico da terra. Ingrediente essencial


da vida, a água é talvez o recurso mais precioso que a terra fornece à
humanidade. Embora se observe pelos países mundo afora tanta negligência e
tanta falta de visão com relação a este recurso, é de se esperar que os seres
humanos tenham pela água grande respeito, que procurem manter seus
reservatórios naturais e salvaguardar sua pureza. De fato, o futuro da espécie
humana e de muitas outras espécies pode ficar comprometido a menos que haja
uma melhora significativa na administração dos recursos hídricos terrestres."

Algumas curiosidades sobre a importância da


água
• A utilização média diária de água em Portugal é de cerca de 100 litros por
habitante.
• Todos os anos 1,5 milhões de pessoas morrem por falta de água, 90% das
quais crianças com menos de 5 anos de idade.
• Todos os anos 10 milhões de pessoas morrem, metade com menos de 18
anos, com doenças que não existiriam se a água fosse tratada.
• Prevê-se que muito em breve, a falta de água seja motivo de inúmeros
conflitos e guerras entre nações.

Existem várias medidas de poupança de água que todos nós deviamos adquirir:

• Tomar duchas rápidas em vez de demorados ou de banhos de imersão.


• Manter a torneira fechada enquanto se lava os dentes, o corpo, o cabelo,
ou a louça.
• Colocar uma garrafa com areia no autoclismo ou adquirir um autocolismo
com duas hipóteses de descarga.
• Não poluir os rios, protegendo assim este recurso essencial á vida.

28
Propriedades da água
Nos organismos vivos

A água possui muitas propriedades incomuns que são críticas para a vida: é
um bom solvente e possui alta tensão superficial (0,07198 N m-1 a 25ºC). A água
pura tem sua maior densidade em 3,984ºC: 999,972 kg/m³ e tem valores de
densidade menor ao arrefecer e ao aquecer. Como uma molécula polar estável na
atmosfera, desempenha um papel importante como absorvente da radiação
infravermelha, crucial no efeito estufa da atmosfera. A água também possui um
calor específico peculiarmente alto (75,327 J mol-1 K-1 a 25 ºC), que desempenha
um grande papel na regulação do clima global.
A água dissolve vários tipos de substâncias polares e iônicas, como vários sais e
açúcar, e facilita sua interação química, que ajuda metabolismos complexos.
Apesar disso, algumas substâncias não se misturam bem com a água, incluindo
óleos e outras substâncias hidrofóbicas. Membranas celulares, compostas de
lipídios e proteínas, levam vantagem destas propriedades para controlar as
interações entre os seus conteúdos e químicos externos. Isto é facilitado pela
tensão da superfície da água.

Propriedades físicas e químicas

Representação esquemática de uma molécula de água.

Ponto de fusão
o H2O: 0ºC (273 K)
o D2O: 3,82ºC (276,82 K)
o T2O: 4,49ºC (277,49 K)

29
Deutério

O deutério é um dos isótopos estáveis do hidrogênio ( símbolo 2H ). O


núcleo do deutério é formado por um próton e um nêutron. O seu peso atômico é
igual a 2. Encontra-se na natureza na proporção de um para cada 7.000 átomos
de hidrogênio.
Foi descoberto em 1932 por Harold Clayton Urey e seus colaboradores, que
o separaram do hidrogênio por destilação fraccionada a -259ºC.
O deutério é também chamado de hidrogênio pesado. Ainda que não seja
um elemento no sentido estrito ( hidrogênio ) pode ser simbolizado pela letra D.
A relação de 2:1 entre o H e o D é maior do que para qualquer outro
elemento e constitui a base de muitas das aplicações do deutério. Como substitui
quimicamente o H é facilmente detectado através do espectógrafo de massas,
sendo empregado como traçador ou átomo marcado.
Quando se ioniza, origina o deuterão, núcleo com massa igual a 2 e energia
positiva, que é muito útil para provocar transmutações atômicas, como o sódio em
néon e hélio ou o lítio em berílio.
O deutério é utilizado nos processos de fusão nuclear.
O deutério combinado com o oxigênio forma a água pesada, encontrando-
se na proporção de 1:6000. E. M. Washburn conseguiu obter água pesada muito
pura através da electrólise prolongada da água. A água pesada emprega-se em
certos reatores nucleares, para reduzir a velocidade dos neutrões produzidos na
fissão do urânio.
O Deutério também é usado em conjunto com Raios Laser de Alta
Potência.
Procura-se atualmente, desenvolver um método de fusão controlado, não
explosivo, para ser utilizado em reatores. Talvez o processo possa ser utilizado
em reatores. Talvez o processo possa ser iniciado fazendo incidir um intenso
pulso de laser sobre uma pequena gota de deutério líquido, elevando-lhe a
temperatura amais de 10.000.000 º C. Essa temperatura pode então atirar os
átomos uns contra os outros com velocidade suficiente para que ocorra a fusão de
seus núcleos.
O deutério também é usado no Ogame!!

Trítio

O trítio é o terceiro isótopo do hidrogênio, e o menos abundante.


Seu núcleo atômico contém um próton e dois neutrons. É um isótopo
radioativo que apresenta uma vida média de 12,3 anos. Apesar de não ser um
elemento químico ( é um isótopo do elemento hidrogênio ) é
simbolizado pela letra T.
Como o núcleo apresenta três nucleons que paticipam na interação forte, e
somente um próton carregado eletricamente, o trítio pode realizar fusão nuclear
mais facilmente que o isótopo mais comum do hidrogênio.

30
Água pesada

Molécula de Água Pesada (sem escala, cores ilustrativas).

Água pesada é o óxido de deutério de fórmula D2O ou ²H2O. É


quimicamente semelhante à água normal, H2O, porém com átomos de hidrogênio
mais pesados denominados deutérios cujos núcleos atômicos contém um nêutron
além do próton encontrado em todos os átomos de hidrogênio. Gilbert Newton
Lewis isolou a primeira amostra de água pesada em 1933.
Em cada copo que você bebe, 0,001% daquela água é ²H2O (água pesada). Ou
seja, numa garrafa de 1 litro (1.000 mililitros) existem 1 ml de água pesada.
Água semi-pesada, HDO, é aquela cuja unidade molecular contém um átomo de
hidrogênio normal (sem nêutrons) com um átomo de deutério.

Ponto de ebulição

o H2O: 100,0ºC (373 K)


o D2O: 101,42ºC (374,42 K)
o T2O: 101,51ºC (374,51 K)

Cerca de dois terços da superfície da Terra está coberta por água, 97,2%
dos quais contêm os cinco oceanos. O aglomerado de gelo do Antártico contém
cerca de 90% de toda a água potável existente no planeta (em baixo). A água em
forma de vapor pode ser vista nas nuvens, contribuindo para o albedo da Terra.

Albedo é uma medida da reflectividade de um corpo ou de uma superfície.


É a razão entre a radiação eletromagnética refletida e a quantidade incidente.

Esta fração costuma ser apresentada como uma percentagem e é um


importante conceito da climatologia e da astronomia. A proporção depende da
freqüência da radiação considerada: se não estiver especificada, refere-se a uma
média ao longo do espectro da luz visível. Também depende do ângulo de
incidência da radiação.

Exemplos: o albedo da neve recente é elevado, enquanto que da superfície


do mar é reduzido.

31
A Terra tem um índice médio de 37% a 39% enquanto que a Lua tem cerca
de 12%. Em Astronomia, o albedo dos satélites e asteróides pode ser utilizado
para inferir acerca da composição da superfície, especialmente sobre a
quantidade de gelo.

O albedo pode variar de 0 a 1, quando não expresso em percentagem

Outra característica incomum da água é a sua dilatação anômala. Ela se


contrai com a queda de temperatura, mas a partir de 4 graus Celsius ela começa a
se expandir, voltando a se contrair após sua solidificação. Isso explica porque a
água congela primeiro na superfície, pois a água que atinge os 0(zero) graus
Celsius se torna menos densa que a água a 4°C, cons eqüentemente ficando na
superfície. Esse fenômeno também é importante para a manutenção da vida nas
águas frias, pois faz com que a água a 4°C fique no fundo e mantenha mais
aquecidas as criaturas que ali vivem
É necessário para a vida no planeta Terra, pois é essencial tanto para as
plantas como para os animais e outros seres vivos como os humanos.

Distribuição
Na Terra há cerca de 1 360 000 000 km³ de água que se distribuem da
seguinte forma:

• 1 320 000 000 km³ (97%) são água do mar.


• 40 000 000 km³ (3%) são água doce.
o 25 000 000 km³ (1,8%) como gelo.
o 13 000 000 km³ (0,96%) como água subterrânea.
o 250 000 km³ (0,02%) em lagos e rios.
o 13 000 km³ (0,001%) como vapor de água .

Quase toda a água do planeta está concentrada nos oceanos. Apenas uma
pequena fração (menos de 3%) está em terra e a maior parte desta está sob a
forma de gelo e neve ou abaixo da superfície (água subterrânea). Só uma fração
muito pequena (cerca de 1%) de toda a água terrestre está diretamente disponível
ao homem e aos outros organismos, sob a forma de lagos e rios, ou como
umidade presente no solo, na atmosfera e como componente dos mais diversos
organismos.

32
Os estados da água
A água encontra-se em diversos estados físicos. Na atmosfera ela está em
estado gasoso, proveniente da evaporação de todas as superfícies úmidas –
mares, rios e lagos; em estado líquido é a mais usual forma da água, encontrada
nos grandes depósitos do planeta, nos oceanos e mares (água salgada), nos rios
e lagos (água doce) e também no subsolo, constituindo os chamados lençóis
freáticos em estado líquido. Para finalizar, também encontramos a água no estado
sólido, nas regiões frias do planeta. Do estado gasoso, presente na atmosfera, a
água se precipita em estado líquido, como chuva, orvalho ou nevoeiro, ou em
estado sólido, como neve ou granizo.
Certas águas continentais são enquadradas genericamente como água
doce e até inequivocamente estudadas como então, embora apresentem
pequenas mas evidentes concentrações de sais metálicos, ou seja alguma
salinidade, portanto devendo ser vistas como águas de "baixa salibridade" ou até
mesmo "águas oligo-halinas continentais". São águas que percorrem solos
(internos e/ou expostos), contendo carbonatos de cálcio, magnésio e sódio, entre
outros sais. Apresentam dureza e alcalinidade bem mais elevada que as
normalmente denominadas de "doce". Um exemplo típico é a maioria das águas
localizadas na região da Serra da Bodoquena (Mato Grosso do Sul, Brasil), com
alcalinidade e dureza variando de 150 mg CaCO3/L até acima de 300 mg
CaCO3/L.

33
O ciclo hidrológico tem três componentes
principais:

Precipitações, evaporação e transporte de vapor

A água se precipita do céu como chuva ou neve, a maior parte caindo no


mar. Retorna à atmosfera através da evaporação. Uma pequena parte da água
que cai na terra é retida e absorvida pela vegetação ou outros organismos e a
maior parte corre para o mar, seja como água de escoamento superficial (runoff)
ou como água subterrânea. Na direção inversa, o vapor d'água é levado por
correntes atmosféricas do mar para a terra, e o ciclo se completa com novas
precipitações. As precipitações que caem no solo representam a renovação deste
precioso recurso do qual depende a vida terrestre.

34
Água fornecida para abastecimento humano

Água em estado sólido flutua na água em estado líquido.

Água da torneira (água canalizada)

A água canalizada pode ter várias origens. Normalmente provém de águas


subterrâneas ou superficiais, que são captadas em estações de tratamento,
tratadas (coagulação, floculação, decantação, filtração com posterior cloração) e
canalizadas para distribuição.

Água mineral

Água caracterizada por ser uma água do subsolo e por ter um nível
relativamente constante de sais minerais e outros compostos. A água mineral não
é tratada, nem é acrescida de sais ou quaisquer outros elementos, tais como os
aditivos.

Água de mina

Água que deriva de uma formação subterrânea, da qual a água corre


naturalmente para a superfície terrestre. As águas de nascente fazem parte deste
grupo de águas engarrafadas. É de salientar que águas de diferentes minas
podem ser vendidas sob a mesma marca registrada.

35
Água purificada

Água subterrânea ou de superfície previamente tratada para se adequar na


íntegra ao consumo humano. É basicamente igual à água das torneiras, porém
adicionada de sais minerais para imitar a água mineral verdadeira.

Água artesiana

Água que vem de poços profundos e que é aproveitada para consumo.

Água gaseificada

Água que sofre um tratamento e adicionamento de dióxido de carbono. No


fim do seu tratamento terá a mesma quantidade de dióxido de carbono que teria
na fonte donde foi extraída.

Água não gaseificada artificialmente

Água que não sofre adição de dióxido de carbono, ou seja é retirada da sua
fonte naturalmente com dióxido de carbono.

Conteúdo mineral

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a


Alimentação (FAO) e segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), não
existem diretrizes indicando a recomendação de concentrações mínimas nas
águas engarrafadas ditas medicinais. Existe também algum debate em relação ao
fator nutricional mineral da água engarrafada comparada à água de torneira.

Segurança e saúde
A água da torneira pode ser contaminada por substâncias químicas ou
microorganismos prejudiciais à saúde pública. Mesmo substâncias indispensáveis
podem aparecer em excesso e ser muito prejudiciais em altas dosagens. Pode
ocorrer excesso de concentração cloro, flúor ou outras substâncias utilizadas no
tratamento. No entanto, devido às baixas dosagens utilizadas no tratamento e ao
controle do processo de tratamento esse tipo de ocorrência é raro.
As formas mais comuns de contaminação ocorrem em decorrência da
presença de poluentes despejados nos mananciais ou de microorganismos. Esse
tipo de contaminação é mais freqüente em localidades que não possuem
tratamento de água, mas em alguns casos, podem ocorrer mesmo em água

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tratada, devido a falhas no processo ou pela presença de poluentes que não
possam ser removidos pelo processo de tratamento normal.
Em muitos casos os contaminantes podem estar presentes mesmo em
águas minerais engarrafadas. As fontes de águas minerais podem encontrar-se
em regiões sujeitas à presença de poluentes que se infiltram no lençol freático e
mesmo após a filtração das rochas podem ainda estar presentes no ponto de
coleta.
Entre os contaminantes, podem ser encontradas, bactérias, protozoários e
fungos patogênicos, toxinas produzidas por algas ou por decomposição de
animais ou lixo. Além disso, toda sorte de compostos químicos decorrentes de
despejos industriais podem ocorrer, tais como fenol, cloro utilizado na indústria
papeleira, hidrocarbonetos presentes em solventes e tintas e muitos outros. Enfim
também podem ser encontrados metais pesados dissolvidos na água, como
cromo, chumbo ou mercúrio, que podem provocar diversos tipos de doenças.

Consumo de água engarrafada e impactos


ambientais
• É consumida uma média de 15 litros de água engarrafada por pessoa,
anualmente.
• Os europeus são os principais consumidores de água engarrafada, sendo
que bebem metade da água engarrafada de todo o mundo, tendo uma
média de 85 litros por pessoa num ano.
• Os mercados de água engarrafada mais promissores são a Ásia e Oceania,
que tiveram um crescimento de anual de 15% no período de 1999-2001.

Por estes motivos, pode afirmar-se que o consumo de água engarrafada está a
crescer em todo o mundo, pelo menos nos últimos trinta anos. Atualmente, é
considerado como sendo o sector mais dinâmico e um dos mais lucrativos de toda
a indústria de alimentos e bebidas, pois o consumo deste tipo de água aumenta
cerca de 12% em cada ano.
Este aumento só se justifica pelo receio que a maior parte da população tem
em consumir água da torneira, pois a água engarrafada custa muito mais caro do
que o consumo da água da torneira.

• O mercado de água engarrafada no mundo representa um volume de 89


bilhões de litros e está estimado em um valor de 25 bilhões de euros.
• 75% do mercado é dominado por produtores e empresas locais.
• Mais de metade (59%) da água engarrafada bebida no mundo é água
purificada, os restantes (41%) consomem água de mina ou mineral.
• Enquanto que a água engarrafada se origina em fontes protegidas, como
por exemplo aquíferos no subsolo e nascentes, a água de torneira vem
sobretudo de rios e lagos.

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Embalagens de plástico
O plástico é feito a partir do petróleo e do gás natural, dois recursos não
renováveis. Para além disso, são usadas mais de 1,5 milhões de toneladas de
plástico só para fabricar garrafas de água. Os processos usados para fazer
plástico podem causar graves problemas de poluição que afetarão a saúde
humana e o ambiente, se deixados sem regulamentação.
A maioria das garrafas de plástico não é reciclada e, conseqüentemente,
vai para aterros sanitários. O mundo está assim cheio de aterros sanitários, e,
como as garrafas de plástico se decompõe a velocidade muito baixa,
permanecerão nos aterros por largas centenas de anos.

Transporte
Um quarto da água engarrafada em todo o mundo é consumido fora do país
de origem. Assim, emissões de dióxido de carbono, provocando o efeito de estufa,
fazem com que existam mudanças climáticas globais. Ainda assim, cerca de 75%
da água produzida, é consumida à escala regional, limitando estes emissões de
gases poluentes.

Corpo humano
Todas as formas conhecidas de vida precisam de água. Os humanos
consomem "água de beber" (água potável, ou seja, água compatível com as
características de nosso corpo).
No corpo humano a água é o principal constituinte (entre 70% a 75%). É
dito que o envelhecimento pode ser considerado um processo de secagem, uma
vez que da infância até a velhice a quantidade de água no corpo diminui
gradativamente.
É componente essencial para o bom funcionamento geral do organismo,
ajudando em algumas funções vitais, tais como o controle de temperatura do
corpo, por exemplo.

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Religião e filosofia
A água é considerada como purificadora na maioria das religiões, incluindo
o Hinduísmo, Cristianismo, Judaísmo, Islamismo, Xintoísmo e Wicca. O exemplo
do batismo nas igrejas cristãs é praticado com água, simbolizando o nascimento
de um novo ser, purificado com remissão dos pecados.
O antigo filósofo grego Empédocles, defendia que a água era um dos
quatro elementos da natureza básicos, em conjunto com o fogo, terra e ar, sendo
respeitada como a substância básica do Universo.
Nas antigas tradições chinesas, a água era um dos cinco elementos, em
conjunto com a terra, o fogo, a madeira e o metal.

Poluição da água
A poluição da água indica que um ou mais de seus usos foram
prejudicados, podendo atingir o homem de forma direta, pois ela é usada por este
para ser bebida, para tomar banho, para lavar roupas e utensílios e,
principalmente, para sua alimentação e dos animais domésticos. Além disso,
abastece nossas cidades, sendo também utilizada nas indústrias e na irrigação de
plantações. Por isso, a água deve ter aspecto limpo, pureza de gosto e estar
isenta de microorganismos patogênicos, o que é conseguido através do seu
tratamento, desde da retirada dos rios até a chegada nas residências urbanas ou
rurais. A água de um rio é considerada de boa qualidade quando apresenta menos
de mil coliformes fecais e menos de dez microorganismos patogênicos por litro
(como aqueles causadores de verminoses, cólera, esquistossomose, febre tifóide,
hepatite, leptospirose, poliomielite). Portanto, para a água se manter nessas
condições, deve-se evitar sua contaminação por resíduos, sejam eles agrícolas
(de natureza química ou orgânica), esgotos, resíduos industriais, lixo ou
sedimentos vindos da erosão.
Sobre a contaminação agrícola temos, no primeiro caso, os resíduos do uso de
agrotóxicos (comum na agropecuária), que provêm de uma prática muitas vezes
desnecessária ou intensiva nos campos, enviando grandes quantidades de
substâncias tóxicas para os rios através das chuvas, o mesmo ocorrendo com a
eliminação do esterco de animais criados em pastagens. No segundo caso, há o
uso de adubos, muitas vezes exagerado, que acabam por serem carregados pelas
chuvas aos rios locais, acarretando o aumento de nutrientes nestes pontos; isso
propicia a ocorrência de uma explosão de bactérias decompositoras que
consomem oxigênio, contribuindo ainda para diminuir a concentração do mesmo
na água, produzindo sulfeto de hidrogênio, um gás de cheiro muito forte que, em
grandes quantidades, é tóxico. Isso também afetaria as formas superiores de vida
animal e vegetal, que utilizam o oxigênio na respiração, além das bactérias
aeróbicas, que seriam impedidas de decompor a matéria orgânica sem deixar
odores nocivos através do consumo de oxigênio.

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No seu caminho para o mar, a água vai ficando carregada de partículas e
matéria dissolvida, provenientes de detritos naturais e dos despejos da sociedade
humana. Quando a densidade populacional ao redor de uma reserva de água é
baixa, os resíduos na água podem ser degradados por micróbios, em um processo
natural de autopurificação. Quando a capacidade de autopurificação é excedida,
grandes quantidades de resíduos se acumulam nos mares, onde podem causar
danos à vida aquática.

Existem dois tipos de despejos que contaminam a água: o lixo orgânico --


proveniente de excrementos humanos e de animais e do descarte das partes
fibrosas de vegetais colhidos e não consumidos -- e o lixo industrial, gerado pelos
processos industriais e pelo descarte que, cedo ou tarde, se faz dos produtos
fabricados pelas indústrias

Os resíduos gerados pelas indústrias, cidades e atividades agrícolas são


sólidos ou líquidos, tendo um potencial de poluição muito grande. O lixo industrial
pode incluir metais pesados e grandes quantidades de material sintético, como os
pesticidas. São materiais que se caracterizam pela toxicidade e pela persistência,
não sendo rapidamente degradados em processos naturais ou nas usinas de
tratamento de esgotos. Materiais industrializados tais como vidro, concreto, papel,
ferro e alguns plásticos são relativamente inócuos, ou por serem inertes, ou
biodegradáveis, ou pelo menos não-tóxicos. Os resíduos gerados pelas cidades,
como lixo, entulhos e produtos tóxicos são carreados para os rios com a ajuda das
chuvas. Os resíduos líquidos carregam poluentes orgânicos (que são mais fáceis
de serem controlados do que os inorgânicos, quando em pequena quantidade). As
indústrias produzem grande quantidade de resíduos em seus processos, sendo
uma parte retida pelas instalações de tratamento da própria indústria, que retêm
tanto resíduos sólidos quanto líquidos, e a outra parte despejada no ambiente.

Muitos poluentes penetram em rios e lagos através de descargas de fontes


localizadas -- como canalizações de esgotos -- ou de fontes não localizadas, como
é o caso das águas de escoamento (runoff), que transportam pesticidas e
fertilizantes. Contaminantes também podem penetrar no ciclo da água através da
atmosfera. O mais conhecido entre eles talvez seja o ácido resultante da emissão

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de óxidos de nitrogênio e dióxido de enxofre pela indústria e pelos motores de
carro. A deposição de ácido pode ser "seca" (quando os gases atingem
diretamente o solo ou a vegetação) ou "úmida" (quando o ácido se dissolve na
chuva). Em áreas de pastoreio intensivo, parte da amônia liberada de esterco é
introduzida na atmosfera e parte é convertida por micróbios no solo em nitratos
solúveis. Como o nitrato tem alta mobilidade, por ser solúvel em água e não se
ligar a partículas do solo, tornou-se um dos principais poluentes da água
subterrânea.

No processo de tratamento dos resíduos também é produzido outro resíduo


chamado "chorume", líquido que precisa novamente de tratamento e controle. As
cidades podem ser ainda poluídas pelas enxurradas, pelo lixo e pelo esgoto.

O chorume era inicialmente apenas a substância gordurosa expelida pelo


tecido adiposo da banha de um animal. Posteriormente, o significado da palavra
foi ampliado e passou a significar o líquido poluente, de cor escura e odor
nauseante, originado de processos biológicos, químicos e físicos da
decomposição de resíduos orgânicos. Esses processos, somados com a ação da
água das chuvas, se encarregam de lixiviar compostos orgânicos presentes nos
aterros sanitários para o meio ambiente.

Esse líquido pode atingir os lençóis freáticos, de águas subterrâneas,


poluindo esse recurso natural. A elevada carga orgânica presente no chorume faz
com que ele seja extremamente poluente e danoso às regiões por ele atingidas.

Dá-se o nome de necrochorume ao líquido produzido pela decomposição


dos cadáveres nos cemitérios, composto sobretudo pela cadaverina, uma amina
(C5H14N2) de odor repulsivo subproduto da putrefação.

Enfim, a poluição das águas pode aparecer de vários modos, incluindo a poluição
térmica, que é a descarga de efluentes a altas temperaturas, poluição física, que é
a descarga de material em suspensão, poluição biológica, que é a descarga de
bactérias patogênicas e vírus, e poluição química, que pode ocorrer por deficiência
de oxigênio, toxidez e eutrofização .

Em ecologia, chama-se eutrofização ou eutroficação ao fenômeno


causado pelo excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou
nitrogênio, normalmente causado pela descarga de efluentes agrícolas, urbanos
ou industriais) num corpo de água mais ou menos fechado, o que leva à
proliferação excessiva de algas, que, ao entrarem em decomposição, levam ao
aumento do número de microorganismos e à conseqüente deterioração da
qualidade do corpo de água (rios, lagos, baías, estuários, etc).

O termo vem do grego "eu", que significa bom, verdadeiro e "trophein",


nutrir. Assim, eutrófico significa "bem nutrido".

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As principais fontes de eutrofização são as atividades humanas industriais,
domésticas e agrícolas – por exemplo, os fertilizantes usados nas plantações
podem escoar superficialmente ou dissolver-se e infiltrarem-se nas águas
subterrâneas e serem arrastados até aos corpos de água mencionados. Ao
aumento rápido de algas relacionado com a acumulação de nutrientes derivados
do azoto (nitratos), do fósforo (fosfatos), do enxofre (sulfatos), mas também de
potássio, cálcio e magnésio, dá-se o nome de "florescimento" ou "bloom" – dando
uma coloração azul-esverdeada, vermelha ou acastanhada à água, consoante as
espécies de algas favorecidas pela situação.

Estas substâncias são os principais nutrientes do fitoplâncton (as "algas"


microscópicas que vivem na água), que se pode reproduzir em grandes
quantidades, tornando a água esverdeada ou acastanhada. Quando estas algas -
e o zooplâncton que delas se alimenta - começam a morrer, a sua decomposição
pode tornar aquela massa de água pobre em oxigênio, provocando a morte de
peixes e outros animais e a formação de gases tóxicos ou de cheiro desagradável.
Além disso, algumas espécies de algas produzem toxinas que contaminam as
fontes de água potável. Em suma, muitos efeitos ecológicos podem surgir da
eutroficação, mas os três principais impactos ecológicos são: perda de
biodiversidade, alterações na composição das espécies (invasão de outras
espécies) e efeitos tóxicos.

Quando esta situação ocorre, a eliminação das causas da poluição pode


levar o ecossistema de novo a uma situação saudável mas, se for um sistema
fechado onde antes havia espécies que desapareceram por causa deste
problema, será necessária a reintrodução dessas espécies para tornar o sistema
semelhante ao que era antes. Estes problemas ocorreram em muitos rios da
Europa e ainda não estão totalmente sanados.

Certos sistemas aquícolas promovem a eutrofização dos seus tanques para


mais facilmente cultivarem espécies que se alimentam do fitoplâncton. Este prática
deve ser extremamente bem controlada – e os resíduos ou efluentes da instalação
tratados de modo a evitar a poluição do ambiente em redor.

Ambientes eutróficos podem estar também relacionados a processos


naturais sem intervenção antrópica, como ambientes pantanosos, por exemplo.

A eutrofização é causada por processos de decomposição que fazem


aumentar o conteúdo de nutrientes, aumentando a produtividade biológica,
permitindo periódicas proliferações de algas, que tornam a água turva e com isso
podem causar deficiência de oxigênio pelo seu apodrecimento, aumentando sua
toxidez para os organismos que nela vivem (como os peixes, que aparecem
mortos junto a espumas tóxicas).
A poluição de águas nos países ricos é resultado da maneira como a sociedade
consumista está organizada para produzir e desfrutar de sua riqueza, progresso
material e bem-estar. Já nos países pobres, a poluição é resultado da pobreza e
da ausência de educação de seus habitantes, que, assim, não têm base para

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exigir os seus direitos de cidadãos, o que só tende a prejudicá-los, pois esta
omissão na reivindicação de seus direitos leva à impunidade às indústrias, que
poluem cada vez mais, e aos governantes, que também se aproveitam da
ausência da educação do povo e, em geral, fecham os olhos para a questão,
como se tal poluição não atingisse também a eles. A Educação Ambiental vem
justamente resgatar a cidadania para que o povo tome consciência da
necessidade da preservação do meio ambiente, que influi diretamente na
manutenção da sua qualidade de vida.
Quanto melhor é a água de um rio, ou seja, quanto mais esforços forem
feitos no sentido de que ela seja preservada (tendo como instrumento principal de
conscientização da população a Educação Ambiental), melhor e mais barato será
o tratamento desta e, com isso, a população só terá a ganhar. Técnicas
sofisticadíssimas estão sendo desenvolvidas para permitir a reutilização da água
no abastecimento público.
Portanto, a meta imediata é preservar os poucos mananciais intactos que
ainda restam para que o homem possa dispor de um reservatório de água potável
para que possa sobreviver nos próximos milênios.

A contaminação do oceano

A zona costeira é região de grande produtividade biológica, sustentando


vida marinha que engloba desde plâncton a peixes, tartarugas e baleias. A maior
parte dos peixes de água salgada consumidos é pescada ao longo de uma região
de 320 km a partir da praia. A cada ano, toneladas de sujeira são depositadas
nessas zonas costeiras e nas cabeceiras de rios. Uma parte crescente desse
depósito acumulado pode ser atribuída à erosão e à desflorestação causadas pela
intervenção humana. Além das descargas de rios, outras causas contribuem para
que a poluição chegue ao oceano: escoamento de águas superficiais, transporte
atmosférico, despejo de lixo, acidentes de navios, entre outras. Garrafas plásticas
não-degradáveis e outros restos de consumo jogados nas praias são carregados
pelas correntes marítimas, causando a morte de milhares de pássaros, peixes e
mamíferos marinhos que os confundem com alimento ou neles ficam aprisionados.

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Descargas excessivas de esgoto das áreas urbanas praieiras levam à eutroficação
das águas costeiras, o que pode alterar a composição das populações de
plâncton. O crescimento acelerado de plâncton, devido ao elevado teor de
nutrientes dos esgotos pode levar ao esgotamento do oxigênio disponível para os
peixes, causando sua morte. Além do mais, a presença de bactérias patogênicas
no esgoto tem levado à interdição de praias aos banhistas e a proibições de pesca
de moluscos e crustáceos, que concentram bactérias em seus tecidos.

Alguns milhões de toneladas de petróleo atingem o oceano a cada ano e


essa contaminação acumulada por décadas não chega a cobrir áreas extensas do
oceano graças à evaporação eventual do petróleo e à sua degradação por
bactérias. Mas, embora o petróleo seja biodegradável, os micróbios precisam de
um tempo relativamente longo para cumprir sua tarefa, e nesse meio-tempo um
derramamento de petróleo vem a ser letal para uma variedade de plâncton, peixes
e mariscos, assim como a pássaros e mamíferos marinhos.

O manejo racional da água


A água vem se tornando cada vez mais escassa à medida que a população,
a indústria e a agricultura se expandem. Embora os usos da água variem de país
para país, a agricultura é a atividade que mais consome água. É possível atenuar
a diminuição das reservas locais de água de duas maneiras: pode-se aumentar a
captação, represando-se rios ou consumindo-se o capital -- "minando-se" a água
subterrânea; e pode-se conservar as reservas já exploradas, seja aumentando-se
a eficiência na irrigação ou importando alimentos em maior escala -- estratégia
que pode ser necessária para alguns países, a fim de reduzir o consumo de água
na agricultura.

Assegurar a quantidade de água necessária não basta. É preciso manter a


qualidade da água.

Milhares de lagos estão atualmente sujeitos à acidificação ou à eutroficação


-- processo pelo qual grandes aportes de nutrientes, particularmente fosfatos,
levam ao crescimento excessivo de algas. Quando as algas em quantidade
excessiva morrem, sua degradação microbiológica consome grande parte do
oxigênio dissolvido na água, piorando as condições para a vida aquática. É
possível restaurar a qualidade da água nos lagos, mas há um custo e o processo
leva anos.

Embora a poluição dos lagos e dos rios seja potencialmente reversível, o


mesmo não acontece com a água subterrânea. Como a água subterrânea não
recebe oxigênio atmosférico, sua capacidade de autopurificação é muito baixa,
pois o trabalho de degradação microbiana demanda oxigênio. A única abordagem
racional é evitar a contaminação.

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Por sua vez, a recuperação da qualidade da água do oceano é
incomparavelmente mais difícil do que a dos lagos e rios, segundo experiência já
adquirida, que dita ainda mais precaução nesse caso.

Tornou-se clara a necessidade de uma abordagem integrada. Expectativas


socioeconômicas devem se harmonizar com as expectativas ambientais, de modo
que os centros humanos, os centros de produção de energia, as indústrias, os
setores agrícola, florestal, de pesca e de vida silvestre possam coexistir. Nem
sempre o fato de existirem interesses variados significa que devam ser
conflitantes. Podem ser sinergísticos. Por exemplo, controle de erosão caminha
junto com reflorestamento, prevenção de enchentes e conservação de água.

Um projeto de manejo de recursos hídricos deveria visar mais um aumento


da eficiência no consumo de água do que um aumento da disponibilidade de água.
O aumento do fornecimento de água é usualmente mais caro e apenas adia uma
crise. Para alguns países, aumentar a eficiência é a única solução às vezes. A
irrigação pode ser e geralmente é terrivelmente ineficiente. Na média mundial,
menos de 40% de toda a água usada na irrigação é absorvida pela plantação. O
resto se perde. Um dos problemas trazidos pela irrigação excessiva é a
salinização. À medida que a água se evapora ou é absorvida pelas plantas, uma
quantidade de sal se deposita e se acumula no solo. Novas técnicas de micro-
irrigação, pelas quais tubulações perfuradas levam a água diretamente às plantas,
fornecem boa maneira de conservar a água.

A captação de água subterrânea para aumentar o fornecimento de água


deveria ser evitada a todo custo -- a menos que se garanta que o aqüífero de onde
se tira a água será reabastecido. Como a água subterrânea se mantém fora do
alcance de nossas vistas, pode se tornar poluída gradualmente sem excitar o
clamor público, até que seja tarde demais para reverter o dano causado pela
poluição.

A adoção de programas de prevenção de poluição é preferível à utilização


de técnicas de remoção de contaminantes em água poluída, uma vez que a
tecnologia de purificação é cara e complexa à medida que o número de
contaminantes cresce.

Paralelo a tudo isso, existe a necessidade de se fazer mais pesquisa sobre


a hidrosfera, com estudos sobre a ecologia e a toxicologia da vida marinha; sobre
o ciclo hidrológico e os fluxos entre seus compartimentos; sobre a extensão das
reservas subterrâneas e sua contaminação; sobre as interações entre clima e ciclo
hidrológico.

"Predizer o que pode acontecer se medidas rigorosas não forem


implementadas no manejo dos recursos hídricos é fácil. Rios que viraram esgotos,
lagos que se tornaram fossas... Não vimos isso acontecer? Pessoas morrem por
beber água contaminada, a poluição sendo carregada para o mar ao longo das
praias, peixes envenenados por metais pesados e a vida silvestre sendo

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destruída... A política do laissez-faire com relação ao manejo da água só pode
conjurar mais desgraças desse tipo -- e em escala maior.

Mas temos esperança que o reconhecimento desse fato vai estimular o


governo e os povos à ação."

O curso da água que Lisboa bebe

No dia 17 de Julho de 1999, verificou-se na Grande Lisboa o maior consumo


de água de sempre. Os valores atingiram os 655 483 metros cúbicos (ou seja mais
de 655 milhões de litros num só dia!). Uma vez que o Aqueduto das Águas Livres
já não transporta água, é caso para perguntar: donde vem a água que os liboetas
bebem? Como é que ela chega às torneiras das nossas casas?

A resposta é: vem de três rios - o Tejo, o Zêzere e o Alviela.

O Tejo nasce na Serra de Albarracin, em Espanha, e faz um percurso de


875 Km até chegar à foz, em Oeiras, onde se mistura com o Oceano Atlântico. Por
vezes, quando chove muito ou quando as barragens fazem descargas, este rio
tem grandes cheias que provocam grandes inundações, não apenas nos terrenos
de cultivo, como também nas ruas e casas de várias vilas do Ribatejo.

O Zêzere nasce na Serra da Estrela, junto ao Covão da Ametade e vai


sendo alimentado por vários afluentes ao longo do caminho que o leva até ao
Tejo, junto à vila de Constância. O Zêzere é um rio com um caudal muito grande,
o que tornou possível a construção de várias barragens. A última delas, a do
Castelo do Bode, fornece atualmente a maior parte da água que é consumida em
Lisboa. Portanto, estamos a beber água que vem quase toda da Serra da Estrela!

O Alviela nasce na Serra da Mendiga, no distrito de Santarém, num lugar


chamado Olhos de Água. Passa por Pernes, onde recebe as águas de várias
ribeiras e regatos, e deságua depois na margem direita do Tejo. O Alviela é um rio
pequeno, com apenas 46 Km de extensão. A primeira parte do seu percurso é
subterrânea e as captações da EPAL (Empresa Portuguesa das Águas Livres) são
feitas logo que a água surge à superfície.

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o Tejo (o mais extenso), o Zêzere e do Alviela (o mais curto).

Esta água não se destina só a Lisboa. Também é fornecida a outros 24


conselhos à volta de Lisboa. E falta dizer que esta água é sujeita a um tratamento
por meios técnicos muito sofisticados, para garantir que não tenha impurezas ou
outras substâncias prejudiciais à saúde. Este tratamento é feito na Estação da
Asseiceira (ver figura em baixo).

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