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HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES – 10.

º ANO MÓDULO 2
A CULTURA DO SENADO

Caso Prático - O AQUEDUTO DE SEGÓVIA, ESPANHA, séc. I a.C.

A arquitetura, o urbanismo e a construção civil foram dos maiores legados


que a civilização romana deixou às que se lhe sucederam. Ao longo dos séculos de
domínio do Império Romano na Europa, Próximo Oriente e Norte de África foram
construídas cidades pelas várias províncias, com as respetivas estradas, pontes,
basílicas, termas, teatros, bibliotecas, templos, etc.

O estudo da sociedade romana leva-nos a crer que, para os romanos, a água


constituía um recurso indispensável ao seu modo de vida. Por isso, desennvolveram
um sistema complexo e engenhosoi para conduzir a água aos aglomerados urbanos,
captando-a em fontes situadas a dezenas de quilómetros dedistância e
transportando-a através de montes e vales, em canais, túneis e aquedutos, até às
cidades.

De todas as obras empreendidas pelos Romanos os aquedutos são,


porventura, as construções que melhor refletem o seu espírito pragmático e
racional. Eram grandes estruturas construídas em pedra, tijolo ou alvenaria, para
conduzir água através da força da gravidade, provocada por uma ligeira inclinação
produzidanas condutas e nos canais. Estes seguiam no subsolo, aproveitando os
contornos naturais do terreno, ou elevam-se em pontes e aquedutos para vencer
vales ou desníveis maiores acentuados. Foi tal o avanço alcançado na construção
destes sistemas que os romanos consideravam os aquedutos um avanço civilizacional
e um fator de orgulho cívico.

A água era captada em nascentes, rios e represas, e conduzida através da força


da gravidade por túneis e canais, sendo os aquedutos construídos para vencer
desníveis do terreno. Este sistema de transporte de água incluía tanques de
sedimentação para reduzir os detritos e os tanques de reserva para distribuição à
cidade. A partir dos tanques a água era canalizada através de tubos em chumbo e
bronze para as termas, os banhos públicos, as domus e os chafarizes de
abastecimento público.
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Aqueduto de Aqua Ápia, Roma, 312 a.C.

Aqueduto de Pont du Gard, Nîmes, França, 40-50 d. C.

O primeiro aqueduto a ser construído foi o de Aqua Ápia, que percorria 16,4
Km até desaguarno Fórum Boário. No séc. III d.C.,após 500 anos de aperfeiçoamento
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da sua construção, Roma era abastecida por 14 aquedutosm que percorriam um total
de 426 km e levavam diariamente à cidade um volume de cerca de 757 mil metros
cúbicos de água para uma população que ultrapassava um milhão de habitantes. A
água destinava-se ao abastecimento da população e ao desenvolvimento das
atividades económicas, mas também para fornecimento das termas, dos banhos
públicos, bem como das residências dos patrícios. Servia também para os chafarizes
públicos onde a plebe se abastecia e ainda era utilizada na lavagem das fossas,
esgotos e ruas.

No tempo de Trajano, os sistemas, os processos e as tecnologias de


construção atingiram o seu apogeu, nalgumas das maiores obras de arte e
construção civil que chegaram aos nossos dias. A capacidade dos engenheiros
romanos em superar problemas construtivos ficou patente nas grandes estruturas
que conceberam para levar água às cidades e às populações. Na edificação de
aquedutos eram aplicados os mais avançados conhecimentos de tecnologias de
construção, desde a técnica do arco de volta inteira às argamassas opus
caementicium, aliada à alvenaria de tijolos e pedra. Muitos aquedutos possuíam
também a função de pontes, permitindo a circulação de veículos e de pessoas.

O Aqueduto de Segóvia foi construído


entre os finais do século I e o início do século II,
abrangendo os governos de Domiciano, Nerva e
Trajano,período em qe o Império estava na sua
mácima expansão. É um dos mais importantes
monumentos levados pela civilização romana na
Península Ibérica e constitui o melhor exemplo
da engenharia romana na edificação deste tipo
de equipamentos. O Aqueduto de Segóvia é um
dos mais importantes monumentos legados pela
civilização romana e a maior obra de engenharia
civil daquela época na península Ibérica.
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No Aqueduto de Segóvia a água era recolhida no rio Frio, na serra Guadarrama


(região de La Acebeda), após o que percorria 15 km até chegar à cidade, onde a sua
estrutura atinge o seu esplendor monumental com a altura máxima de 28,5 metros.

Segóvia fez parte do Império a


partir de 80 a. C., tornando-se uma das
cidades mais importantes daquela

região. A importância estratégica daquela cidade na Península Ibérica deverá ter


justificado a realização de um empreendimento de tal dimensão. No século XV,
durante o reinado dos Reis Católicos, o Aqueduto recebeu as primeiras obras de
restauro. Esta estrutura foi mantida em funções ao longo dos tempos e preservada
em boas condições, tendo fornecido água à cidade até ao século XIX.

Em plena cidade, o aqueduto atinge o seu esplendor monumental: 166 arcos,


120 pilares, 813 metros de comprimento, altura máxima de 28,5 metros, incluindo os
6 metros de fundações. A estrutura está organizada em dois níveis de arcos, sendo
os pilares do topo mais curtos e estreitos do que os do nível inferior. O Aqueduto
está construído em blocos de pedras na tecnologia de Opus Quadratum – as pedras
de granito são talhadas e sobrepostas sem adição de argamassa. Sobre os três arcos
mais altos existem dois nichos, um de cada lado do aqueduto. No topo do aqueduto,
a água era conduzida através de um canal em forma de U, com 55 cm de altura por
46 cm de diâmetro, chamado canalis. Chegada à cidade, a água era distribuída
através de uma rede de tubos em chumbo e bronze.
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Toda a estrutura dos pilares e dos arcos


está suportada sobre o peso próprio das pedras.
Na época romana, um deles continha uma estátua
de Hércules que, segundo a lenda, fora o fundador
da cidade. Após o restauro implementado pelos
Reis Católicos (século XV) foram colocadas nos
nichos as estátuas de Santo Estevão e da Virgem
de Fuencisla, padroeira da cidade. Na época
romana, havia uma placa sobre os três arcos de maior altura, com letras em bronze,
com a data da obra e o nome do construtor. O Aqueduto é o ex-libris da cidade de
Segóvia e um dos mais importantes monumentos legados pela civilização romana.

Caso Prático - ANFITEATRO FLÁVIO (COLISEU DE ROMA), 70-90

O Anfiteatro Flávio ou Coliseu de


Roma foi iniciado por Vespasiano,
inaugurado por Tito, mas apenas concluído
por Domiciano em 90 d.C. Esta foi a primeira
estrutura deste tipo a ser construída em
Roma, tendo, desde então, a sua forma
monumental marcado a paisagem urbana
da cidade.

Durante o período da República,


os Jogos decorriam no Fórum onde
eram construídas estruturas de
madeira adequadas às lutas de
gladiadores e outros espetáculos do
género. Mas quando Vespasiano,
fundador da Dinastia Flávia, emergiu
vitorioso da guerra civil que eclodiu
após a morte de Nero (69),
desencadeou uma política de
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aproximação à plebe, abrindo, para usufruto da população, alguns espaços de que


Nero se tinha apropriado. Desta forma, decidiu construir o Anfiteatro Flávio, o qual
foi inaugurado por seu filho Tito em 80 d.C., com toda a pompa e circunstância e com
um memorável programa de Jogos que durou cem dias.

No Império, os anfiteatros eram edifícios


elíticos, com bancadas que circundavam uma
arena, sendo destinados a espetáculos de luta
entre gladiadores e feras. Ao contrário da
tradição grega, estes anfiteatros não eram
escavados nas colinas, mas elevados em
estruturas abobadadas, de arcos e galerias, com
recurso às tecnologias de construção
desenvolvidas pelos Romanos. O edifício tem 52
metros de altura, uma planta elítica com 188 x
156 metros nos seus eixos, e uma arena com 87,5 x 55 metros. Esta era a maior
edificação construída até à época. O pavimento da arena era constituído por uma
estrutura de madeira, coberto de areia, sob a qual se dispunham jaulas e celas para
alojar os animais e os gladiadores. O anfiteatro tinha uma capacidade para 50 000
pessoas, assegurando um sistema de evacuação rápida e eficaz.

Na sua fachada elevam-se quatro níveis de


arcadas sobrepostas numa sucessão de ordens
com um caráter decorativo, que constituía um
novo cânone. Neste sistema estrutural, com um
caráter meramente decorativo, as colunas e
arquitraves sobrepunham-se à estrutura numa
sequência de ordem toscana (a mais robusta),
ordem jónica (a mais ligeira e esbelta) e ordem
coríntia (a mais rica em termos ornamentais). O
último nível, correspondendo à galeria superior,
terminava com pilastras embebidas na parede com capitéis coríntios. As paredes
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exteriores eram totalmente revestidas com lajes de mármore, decoradas com


estátuas nas arcadas e escudos de bronze suspensos nas janelas da galeria superior.

No interior, sob as bancadas, desenvolve-se


uma complexa rede de galerias e túneis que
asseguravam a circulação dos espetadores e a
evacuação do espaço com relativa fluidez. Nas
bancadas, a disposição dos espetadores estava
devidamente regulamentada, ocupando os lugares
segundo a sua condição social:
• o primeiro nível estava reservado aos
senadores;
• o segundo nível destinava-se à ordem equestre
(plebeus que tinham alcançado riqueza);
• seguia-se
um nível para espetadores de classes
médias;
• e, no último nível, sentavam-se as mulheres
e os plebeus.
• Para o imperador estava reservado um
pódio no primeiro nível onde se fazia
acompanhar de magistrados e da família.

Para proteger os espetadores do sol


e da chuva, o anfiteatro possuía um
sistema de toldos em lona, removível, e
estava equipado com uma sofistificada
rede de abastecimento de água que
alimentava as numerosas fontes
indispensáveis para manter a vasta
audiência fresca.
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A maior diversão do mundo romano eram os Jogos Circenses. Os combates


podiam ser entre gladiadores ou podiam envolver gladiadores e feras, gladiadores e
escravos, devendo terminar sempre com a morte de um ou mais intervenientes.
Além de combates também se realizavam outros tipos de espetáculos, como
representações de episódios da mitologia romana ou caçadas reais com leões,
elefantes, girafas, panteras, etc., no
meio de cenários com árvores,
rochas ou edifícios. A conceção dos
cenários e o «desenho» dos
espetáculos estava entregue a um
conjunto de artistas e arquitetos
designados para tal desempenho.
Também podiam decorrer batalhas
navais, sendo que, para o efeito, o
pavimento de madeira era retirado
para que a arena fosse totalmente inundada. Estas galerias foram tapadas por uma
resistente estrutura de madeira que formava o pavimento, coberto de areia, que
constituía a arena onde se disputavam os combates. Para aceder à arena, os animais
eram transportados por um sistema de elevadores colocados em vários pontos da
arena.

À multidão entusiasmada com a violência e o derramamento de sangue eram


disribuídos alimentos e vinho gratuitamente durante os seis a oito dias que
costumavam durar os jogos. Dentre os Jogos mais fantásticos aqui celebrados,
destacam-se as comemorações da conquista da Dácia por Trajano (106 d.C.),
envolvendo 10 mil gladiadores e 11 mil animais, ao longo de 123 dias.

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