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A última obra de caráter civil de Mestre Valentim foi o Chafariz das Saracuras.
Vamos hoje conhecer a história desse importante monumneto artístico do Rio de Janeiro:
O Chafariz das Saracuras, lavrado em granitro carioca, foi construído em 1795 para o pátio
interno do Convento da Ajuda, constituindo-se, segundo a historiadora de arte Anna Maria
Monteiro de Carvalho “num espaço de utilidade e lazer das irmãs”.
A fonte teria sido erguida pelas freiras da Ajuda em homenagem ao Vice-Rei Conde de
Resende (1790 – 1801), que havia lhes presenteado com um abastecimento de água
próprio, feito por meio de um cano.
Sobre uma plataforma elevada, de planta circular, ergue-se uma taça de grande porte. Para
a plataforma se tem acesso através de quatro escadas que se alternam com quatro tanques.
Sobre a taça vê-se um cilindro que suporta uma esguia pirâmide de base quadrada,
encimada por cruz de ferro.
O Chafariz tem forma circular, quatro tanques intercalados por quatro lances de degraus que
dão acesso a um segundo plano, formando uma plataforma circular de cujo centro ergue-se
uma taça. Desta parte uma coluna cilíndrica que forma a base da pirâmide quadrangular
encimada por cruz de ferro.
Em 26/10/1911, o fotógrafo Augusto Malta faz um último registro do chafariz ainda dentro
do claustro do convento. Em dezembro daquele ano, o chafariz é instalado na Praça Ferreira
Vianna, atual General Osório, em Ipanema.
Em inspetoria realizada em 13/07/1946 foi constatado que o chafariz estava em bom estado
de conservação, não apresentando danos na cantaria da bacia e do tanque. No entanto, foi
percebida uma falta na parte inferior do escudo e na coroa que o encima. Havia também
algumas manchas vermelhas na cantaria e os tanques estavam cheios de areia. No ano
seguinte (1947), em inspetoria realizada a quatro de abril, foi verificado que faltavam todos
os elementos decorativos do monumento (cágados, saracuras e as bicas). Oito braçadeiras
de metal que ligavam os blocos dos tanques laterais haviam sido arrancadas.
Em 1961 foram feitas obras de reforma no Chafariz das Saracuras. Os cágados foram
reproduzidos, a placa em bronze foi retirada do corpo central e o monumento ganhou
iluminação especial. Em 1967, o Chafariz ganhou nova restauração, quando voltou a oferecer
água, que saía das bocas dos cágados e dos bicos das saracuras. Na ocasião, um jardineiro
ligava a bomba d’água duas vezes por dia.
Em 1996, durante vistoria realizada por técnicos do IPHAN, foi verificado que o chafariz
estava sendo usado como dormitório para mendigos. A vistoria revelou que o chafariz não
apresentava problemas evidentes na estrutura, mas as instalações hidráulicas e sanitárias se
encontravam danificadas. O laudo verificou também que os quatro tanques, a taça e o lago
haviam sido preenchidos por pedras. Havia marcas de fuligem pelo monumento, indicando a
incidência de fogo usado por mendigos. A placa de mármore encontrava-se manchada e
danificada. Havia também pichações em diversas partes do chafariz. O laudo concluiu que o
Chafariz das Saracuras necessitava de mais cuidados de limpeza e manutenção.
Em junho de 2008, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente concluiu uma nova restauração
do Chafariz das Saracuras. A obra, no valor de R$ 180 mil, devolveu ao monumento suas
dimensões originais e seus ornamentos em bronze - tartarugas e saracuras - roubados em
2006. Durante as obras, foram descobertas partes abaixo do nível do solo, cerca de 60 cm
escondidos pelas sucessivas elevações da área urbana e, a existência de grandes blocos de
pedra ainda intactos. Isso fez com que o projeto tivesse que ser ampliado para a restauração
integral do monumento. A idéia inicial era apenas recuperar a bacia em cantaria e reparar os
equipamentos elétricos e hidráulicos. A nova proposta inclui a confecção de réplicas das
peças roubadas anteriormente e a criação de peixes no local. O símbolo da coroa portuguesa
em mármore de Lioz e as tartarugas e saracuras em cobre voltam a verter água e o deque
sobre o espelho d´água foi removido para proteger as peças.
Após ter sido restaurado quatro vezes e depredado cinco vezes seguidas, o IPHAN (Instituto
do Patrimônio Histórico a Artístico Nacional) resolveu tomar uma medida drástica em relação
ao Chafariz da Glória: proteger o monumento tombado com uma parede de vidro de 13
metros de largura por 2,40 metros de altura. Uma blindagem.
“O vidro é pregado direto no chão. É uma experiência para salvar um bem que é atacado
com muita frequencia. Cada vez que ele é restaurado, são causados novos danos à peça,
pois é preciso utilizar produtos químicos e abrasivos para limpá-lo. Ainda não conheço esse
tipo de proteção no Brasil. Instalar câmeras não funciona, porque a câmera apenas mostra
quem foi o culpado, mas o prejuízo já foi causado”, disse ele ao jornal O Globo em outubro
deste ano.
Só em 2010, a Prefeitura do Rio reformou duas vezes o chafariz e o IPHAN mais duas,
gastando cerca de R$ 80 mil só nas restaurações.
De acordo com informações do Jornal O Globo, os recursos para a instalação do vidro, cerca
de R$ 65 mil, já foram liberados e a licitação foi concluída. Em breve a parede de vidro será
instalada.
É uma solução polêmica, mas ao menos tentará proteger o chafariz de pichações e ataques
de vândalos. O vidro tem 16 milímetros de espessura e é resistente até a armas de fogo.
Na época a então Rua da Gloria chamava-se Estrada de N.S.da Glória. Para a construção do
chafariz foi aproveitada uma pequena fonte já existente naquele local.
No tímpano do frontão vê-se uma lápide de mármore com inscrições em latim sobre a
inauguração da fonte.
Acima se encontra uma cornija (parte superior do entablamento) e um vaso de mármore em
forma de lanterna.
Foi reformado em 1905 por Pereira Passos, quando teve outro muro acrescentado à parte
posterior.
O fornecimento de água à população no período colonial era feito pelos chafarizes, fontes e
torneiras públicas. Segundo Adolfo Morales de Los Rios, “Os moradores enviavam a esses
lugares os seus serviçais munidos de barris, transportados à cabeça. Os hotéis enviavam
bestas, em cujas cangalhas se dependuravam barrilotes”.
O Chafariz da Glória foi registrado em telas de pintores viajantes, como Raymond Auguste
Quinsac de Monvoisin, que pintou o monumento no quadro “A cidade vista do adro da Igreja
da Glória do Outeiro”, hoje pertencente ao acervo do Museu da Chácara do Céu, em Santa
Teresa.
Esperamos que com a blindagem, o chafariz colonial possa enfim ser resguardado.