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Atividades de estudo – História – 7º ano/2023 – Profº.

Rafael de Freitas

O boi voador de João Maurício de Nassau

Conheceremos a história do Boi Voador, ocorrida em uma noite de 1644, quando o conde João Maurício de
Nassau convidou toda a população da cidade de Recife para assistir a um boi voando, dentro das festividades da
inauguração da maior ponte da América (318 metros). Construída sobre o Rio Capibaribe, a ponte possuía uma
parte levadiça, que permitia a passagem de grandes embarcações, e era sobre ela que, prometia o conde, o boi iria
voar. Leia a história do boi voador e em seguida desenvolva as atividades propostas.
O boi não bateu asas, mas voou.
Conheça a incrível história do animal que passeou pelos céus de Recife no século XVII!

A história do boi voador não é lenda. Aconteceu mesmo. É fato. São poucos dos relatos, mas tem-se a data: 28 de
fevereiro de 1644. Um domingo. Foi um acontecimento extraordinário, num momento histórico extraordinário.

Madrugada de 15 de fevereiro de 1630, 77 navios holandeses disparam 170 canhões, num ataque bárbaro que varreu
Olinda do mapa. O massacre consolidou a dominação holandesa, numa área que ia do Maranhão a Sergipe. Só 24 anos
depois, os portugueses conseguiram retomar o controle de sua colônia. Mais que memórias de guerra, no imaginário popular,
a grande conquista holandesa foi mesmo fazer um boi voar.

Mais de 350 anos depois, a série “É muita história”, vai tentar reconstituir a façanha do boi voador, no mesmo lugar
em que ela ocorreu, nas ruas do Recife, na época Cidade Maurícia. Aconteceu em plena ocupação holandesa, protagonizada
por um personagem excêntrico: Conde João Maurício de Nassau, nascido na Alemanha, recém-chegado da Holanda.
É no Recife que o rio Capibaribe se reúne ao rio Beberibe, para juntos, quem sabe, formarem o Oceano Atlântico. À
nossa frente temos a segunda ponte do nosso passeio: a ponte Maurício de Nassau, a primeira ponte do Brasil, a chamada
Ponte do Recife. Neste trecho a gente aproveita para falar o período holandês. No século XVII tivemos 24 anos de domínio
holandês.
“Sete deles sobre o meu comando, não por acaso, os melhores, sem falsa modéstia”, diz Eduardo Bueno,
interpretando Mauricio de Nassau.
Nada em Nassau era modesto. Muito pelo contrário. Seus efeitos são lembrados de forma grandiosa e apaixonada. De
fato, ele tinha idéias avançadas para sua época. Era humanista, mas sabia ser pragmático. Em seu primeiro relatório enviado à
Amsterdã, não mediu palavras: “Sem tais escravos não é possível fazer coisa nenhuma no Brasil. Se alguém sentir-se
agravado com isso, será um escrúpulo inútil”. E esse era um humanista da época.
Nunca antes na história deste país houve o administrador tão brilhante, tão admirável. Ele convocou a primeira
Assembléia Legislativa de todo o continente, decretou a liberdade de culto, abriu os portos, construiu o teatro,
construiu escolas. Foi ele que inventou a ecologia. Talvez hoje vocês não estivessem comendo caju se ele não tivesse
decretado que era proibido derrubar cajueiros. Foi um homem de visão. Um homem luminoso. Um príncipe renascentista em
terras tropicais.
Nassau seria um príncipe se o Brasil holandês tivesse sido um reino. Mas não era. Era um negócio, um
empreendimento comercial, com sede em Amsterdã. A Companhia das Índias Ocidentais era uma empresa privada, de capital
aberto, comandada por precursores do capitalismo. O chamado “Conselho dos 19”. Eles queriam explorar as riquezas do
novo mundo, principalmente o açúcar brasileiro.
É óbvio que ele não foi perfeito, nem infalível. Um dos defeitos dele é que ele era um perdulário. Ele era um gastador. Antes
de ir para o Brasil, na cidade onde morava, Haia, ele mandou construir uma mansão na área mais nobre da cidade, a famosa
Mauritshuis, em holandês, Casa de Maurício.
Como era de seu estilo, não economizou na obra. Ou seja, Nassau endividou-se seriamente e por isso teve que
enveredar na aventura do Brasil holandês. Quer dizer, Nassau veio para o novo mundo pra pagar as contas penduradas no
velho.
“Um belo país que não tem igual sob o céu”. Esta foi a primeira fase que Maurício de Nassau disse ao pisar em solo
brasileiro. Amor à primeira vista.
Foi uma visão do paraíso. Nassau chegou aqui com 33 anos. Ele vem acompanhado por uma comitiva de cientistas,
de artistas e intelectuais, prontos pra produzir.
Nassau fez a primeira documentação das terras brasileiras. Os portugueses achavam que era importante não
documentar o que estava aqui pra não despertar a cobiça. Mas Nassau trouxe essa equipe de artistas e documentou toda a
paisagem. Os animais, as frutas. É o primeiro retrato de gala do Brasil.
Além de tudo, ele drenou os pântanos, transformando-os em jardins à moda holandesa. E fez mais. Construiu não um,
mas dois palácios na cidade. E essa mania de construir palácios mais uma vez traiu Nassau.
Em volta dos dois palácios que construiu, o de Boa Vista e o de Friburgo, também fez um jardim botânico, um
zoológico e ainda ergueu um observatório astronômico.
Mas não parou aí e as dívidas cresceram mais ainda quando ele resolveu construir a primeira ponte das Américas.
Na verdade, a primeira ponte das Américas não existe mais. Foi feita em madeira e media 318 metros de
comprimento. Um prodígio para engenharia do Século XII.
Essa ponte condenou as relações de Nassau com seus patrões da Companhia das Índias Ocidentais. O preço do açúcar
na Europa tinha despencado, a companhia estava perdendo rios de dinheiro e vem Nassau falar em ponte?
Lá de Amsterdã mandaram avisar: não vamos pagar essa conta. Já endividado na Europa no Brasil, Nassau teve a
idéia: repassar a conta ao consumidor. Quem quisesse atravessar a ponte no dia de inauguração teria que pagar 2 florins. Ou
seja, ele criou também o primeiro pedágio das Américas.
Nassau precisava de um pretexto para trazer as pessoas do Recife Velho para a cidade Maurícia. É assim que nasceu
o espetáculo do século no Brasil. Mas tem uma testemunha da história, o Freio Manuel Calado, 1618. Ele descreve assim:
ordenou o príncipe uma festa e convidou o Supremo Conselho comer. A festa foi que mandou esfolar um boi inteiro, e
encher-lhe uma pele de erva cerca e logo pediu a Belquior Alves emprestado um boi muito manso que tinha e o fez subir no
alto da galeria.
E depois de visto o grande concurso de gente que ali se ajuntou, o mandou meter dentro de um aposento, e dali
tiraram o outro couro de boi, cheio de palha. E o fizeram vir voando por umas cordas por um engenho.
E a gente rude ficou admirada, tanta gente passou de uma parte para outra parte, que naquela tarde rendeu a ponte 1.800
florins. Nobre que é nobre vive de dívida. Do Brasil, Nassau levou a malária. Aqui deixou saudades e uma história. Pode
acreditar. No Recife, um aristocrata pop convenceu um boi a voar.

A ponte sobre o rio Capibaribe separava Recife, sede do governo, da ilha de Antonio Vaz, onde o conde morava. Era
uma obra grandiosa. A ponte possuía uma parte levadiça, permitindo a passagem de grandes embarcações. E o boi, como
havia prometido o governante, iria voar sobre ela.
Ninguém conseguia imaginar de que forma um animal pesado e terrestre como um boi poderia voar. Nassau, por sua
vez, aproveitava da curiosidade geral para ganhar dinheiro e recuperar os gastos com as obras de construção. Todos que
quisessem assistir ao espetáculo teriam de pagar uma quantia em dinheiro.
A inauguração da ponte com o boi voador fez tanto sucesso que entrou para a história dos holandeses em
Pernambuco. E mais, os cofres da Coroa holandesa faturaram uma boa cifra com a cobrança de ingressos, recuperando os
gastos com a construção da ponte.
Por causa desta peripécia, de outras tantas e de suas grandes obras, o conde se tornou um personagem lembrado ainda hoje
pelos pernambucanos. A história do boi voador atravessa os tempos. Já virou letra de música e até tema de Escola de
Samba!
Boi Voador Não Pode
Chico Buarque
Composição : Chico Buarque/Ruy Guerra
Quem foi, quem foi
Que falou no boi voador
Manda prender esse boi
Seja esse boi o que for
O boi ainda dá bode
Qual é a do boi que revoa
Boi realmente não pode
Voar à toa
É fora, é fora, é fora
É fora da lei, é fora do ar
É fora, é fora, é fora
Segura esse boi
Proibido voar
Atividades:

1- Leiam, discutam e escrevam as razões que levaram Maurício de Nassau a mandar construir a ponte sobre o rio Capibaribe,
que separava o Recife, sede do governo, da ilha de Antonio Vaz, onde o governador holandês morava.
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2- Maurício de Nassau realizou um grande reforma urbana na cidade de Maurícia (Recife). Destaque as principais alterações
feitas por ele na cidade.
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3-Depois de uma breve passagem pela Bahia, entre 1624 e 1625, os holandeses retornaram ao Brasil em 1630, instalando-se
em Pernambuco. Assinale a cidade em que os holandeses permaneceram:
a) Salvador
b) Olinda
c) Recife
d) Lajedo

4- Em 1621, os holandeses criaram a Campanhia das Índias Ocidentais, com o objetivo de controlar o comércio de um
importante produto para a economia européia. O produto de que se trata a informação anterior é:
a- café
b- algodão
c- borracha
d- açúcar

5- Os holandeses foram expulsos do Brasil em 1654, com o apoio dos senhores de engenhos e dos comerciantes portugueses.
A partir dessa época, passaram a produzir o açúcar em um conjunto de ilhas chamado:

a- do Pacífico.
b- Açores.
c- Britânicas.
d- Antilhas.
e- Baleares.

6- Dê o significado de algumas palavras relacionados à presença dos holandeses no Brasil.

a) União Ibérica: ______________________________________________________________________________________

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b) Companhia das Índias Ocidentais: ______________________________________________________________________

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