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s do Recife (1595)
• Invasão holandesa (1630-1654)
Alternar a subsecção Invasão holandesa (1630-1654)
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Alternar a subsecção Segunda metade do século XVII ao século XIX
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• Convenção de Beberibe (1821)
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História do Recife
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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

História do Recife diz respeito à trajetória histórica da cidade brasileira do Recife, capital


do estado de Pernambuco, que confunde-se em muitos momentos com a história do
Brasil.

A atual área metropolitana do Recife foi palco de muitos dos primeiros fatos históricos do
Novo Mundo: no Cabo de Santo Agostinho ocorreu o descobrimento pré-cabralino do
Brasil pelo navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón, no dia 26 de janeiro de 1500; e
na Ilha de Itamaracá estabeleceu-se, em 1516, o primeiro "Governador das Partes do
Brasil", Pero Capico, que ali construiu o primeiro engenho de açúcar de que se tem
notícia na América portuguesa.[1][2][3] O atual município do Recife tem sua origem
intimamente ligada ao município de Olinda. No foral (carta de direitos feudais) de Olinda,
concedido por Duarte Coelho em 1537, há uma referência ao "Arrecife dos navios", um
lugarejo habitado por mareantes e pescadores. [4] O Recife permaneceu português até a
independência do Brasil, com a exceção de um período de ocupação holandesa.[5]

Território caeté e invasão portuguesa

Veja também: Povos indígenas do Brasil, Brasil Colônia e Ciclo do açúcar

Habitava a região que hoje corresponde ao município de Recife a nação Caeté, cujo
território se estendia da Paraíba ao Rio São Francisco [6]. A baía entulhada do rio
Capibaribe, que forma a planície onde hoje se encontra a cidade, servia de lar para
algumas aldeias presentes ao longo da várzea desse rio, onde algumas dessas aldeias
sobreviveriam até meados da ocupação holandesa no século XVII.

Alguns dos bairros da cidade atual mantém uma denominação tupi que remete às
características de seu entorno, dada a influência desses habitantes originais na atual
configuração urbana do Recife. São alguns dos bairros que carregam em seu nome tal
característica a Caxangá, a Iputinga, o Paissandu, Beberibe, o Ibura e Tejipió. Apesar de
apelidada por "Veneza Brasileira", o Recife atual não utiliza seu potencial aquático como
se relata ter sido a vida dos moradores caetés:

"Para passarem estes [os caetés] aquele rio [o São Francisco], que é um
dos maiores do Brasil e irem ao outro lado fazer suas entradas pelo
território tupinambá, usavam embarcações que faziam de certas palhas
compridas, como se fossem tábuas, e que chamam de piripiri. Fazem
delas os moradores daquele lugar [o território caeté] esteiras e enxergões
para suas camas. Essas tábuas, depois de bem secas ao sol, juntavam
em molhos onde dentro encaixavam um varapau do tamanho que fosse
necessário. Prendiam bem os molhos com aneis feitos de cipó, que
chamam de timbó, curtos e fortes, e depois juntando um molho com outro
formavam uma esteira ainda maior, unidas entre si por paus, como
chamam de jangadas. E com aquelas embarcações atravessam o rio e
iam assaltar os tupinambás do outro lado." [7]

Olinda foi o local mais rico do Brasil Colônia da sua criação até a Invasão Holandesa, quando foi devastada. O
Recife sobrepôs então a vila que o originou.[5] Na foto, Olinda e Recife.

A vila de Olinda e o porto do Recife no fim do século XVI. Do códice da Biblioteca da Ajuda: Roteiro de todos os
sinais, conhecimentos, fundos, baixos, alturas que há na costa do Brasil.
No início do século XVI, os caetés resistiram às invasões portuguesas, isolando os
invasores na feitoria de Itamaracá, fundada pela armada de Cristóvão Jacques em
1516[8]. Rivais da coroa portuguesa, os franceses aliaram-se aos caetés e tomaram a
feitoria de Pero Capico, seu administrador-fundador e fizeram refém seus ocupantes.
Assim que tomou posse em 1521, D. João III de Portugal, despachou uma esquadra que
tomou de volta a estrutura à força, esgotadas as tentativas de diplomacia com a coroa
francesa[9]. Dado o cenário no Atlântico, fez-se necessário a Portugal ocupar a região,
quando então em 1530 partiu Duarte Coelho para ocupar as terras cedidas a ele pela
coroa portuguesa.

Durante os anos anteriores à invasão da Companhia das Índias Ocidentais, o povoado do


Recife existiu apenas em função do porto e à sombra da sede Olinda, local que a
aristocracia escolheu para residir devido à sua localização elevada, que facilitava a
defesa. Ergueram-se fortificações e paliçadas em defesa do povoado e do porto do
Recife, todas elas voltadas para o mar. Os temores voltavam-se para o oceano por conta
dos constantes ataques ao litoral da América Portuguesa pela navegação
de corso e pirataria, uma vez que Pernambuco era o centro da economia colonial. [5]

Saque do Recife (1595)

Veja também: Saque do Recife, União Ibérica e Guerra anglo-espanhola

O Saque do Recife, também conhecido como "Expedição Pernambucana de Lancaster",


foi um episódio da Guerra Anglo-Espanhola ocorrido em 1595 no porto do Recife.
Liderada pelo almirante inglês James Lancaster, foi a única expedição
de corso da Inglaterra que teve como objetivo principal o Brasil e representou o mais rico
butim da história da navegação de corso do período elisabetano.[10]

O célebre corsário inglês James Lancaster arrebatou no Recife, com o auxílio de holandeses, o mais rico butim da
história da navegação de corso da Inglaterra elisabetana, durante a Guerra Anglo-Espanhola.[10]

A União Ibérica, união dinástica entre as monarquias de Portugal e da Espanha, colocou o


Brasil em conflito com potências europeias que eram amigas de Portugal mas inimigas da
Espanha, como a Inglaterra e a Holanda. A Capitania de Pernambuco, mais rica de todas
as possessões portuguesas, se tornou então um alvo cobiçado. [10]

Poucos anos após derrotarem a Invencível Armada espanhola, em 1588, os ingleses


tiveram acesso a manuscritos portugueses e espanhóis que detalhavam a costa do Brasil.
Um deles, de autoria do mercador português Lopes Vaz, veio a ser publicado em inglês e
enfatizava as qualidades da rica vila de Olinda ao dizer que "Pernambuco é a mais
importante cidade de toda aquela costa". A opulência pernambucana impressionara o
padre Fernão Cardim, que surpreendeu-se com "as fazendas maiores e mais ricas que as
da Bahia, os banquetes de extraordinárias iguarias, os leitos de damasco carmesim,
franjados de ouro e as ricas colchas da Índia", e resumiu suas impressões numa frase
antológica: "Enfim, em Pernambuco acha-se mais vaidade que em Lisboa". Logo a
capitania seria vista pelos ingleses como um "macio e suculento" pedaço do Império
de Filipe II.[10]

A expedição de James Lancaster saiu de Blackwall, na Grande Londres, em outubro de


1594, e navegou através do Atlântico capturando numerosos navios antes de atingir
Pernambuco. Ao chegar, Lancaster tomou o porto do Recife e nele permaneceu por quase
um mês, derrotando uma série de contra-ataques portugueses antes de sair. O montante
de açúcar, pau-brasil, algodão e mercadorias de alto preço saqueado foi robusto,
obrigando-o a fretar navios holandeses e franceses que lá estavam para levar as
mercadorias para a Inglaterra. Dos navios que partiram do Recife, apenas uma pequena
nau não chegou ao seu destino. O lucro dos investidores, entre eles Thomas Cordell,
então prefeito de Londres, e o vereador da cidade de Londres John Watts, foi
assombroso, estimado em mais de 51 mil libras esterlinas. Do total, 6.100 libras ficaram
com Lancaster e 3.050 foram para a Rainha. Com tal desfecho, a expedição foi
considerada um absoluto sucesso militar e financeiro. [10]

Após a visita de Lancaster, a Capitania de Pernambuco organizou duas companhias


armadas para a defesa da região, cada uma delas com 220 mosqueteiros e arcabuzeiros,
uma sediada em Olinda e outra no Recife. Anos mais tarde, até meados de 1626, o então
governador Matias de Albuquerque procurou estabelecer posições fortificadas no porto do
Recife a fim de que se pudesse dissuadir a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais
da ideia empreendida na Bahia em 1624.[10][11]

Invasão holandesa (1630-1654)

Ver artigos principais: Invasões holandesas no Brasil, Nova Holanda e Guerra Luso-


Holandesa
O conde Maurício de Nassau.

Em 1630, a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais invade a Capitania de


Pernambuco, então a mais rica capitania do Brasil Colônia e maior produtora de açúcar
do mundo.[12][13] No Recife, foi iniciada a construção de Mauritsstad (Cidade Maurícia,
ou Mauriceia), a capital do Brasil Holandês durante 24 anos, que foi governada de 1637 a
1644 pelo conde alemão (a serviço da coroa holandesa) Maurício de Nassau. O império
holandês na América era composto na época por uma cadeia de fortalezas que iam
do Ceará à embocadura do rio São Francisco, ao sul de Alagoas. Os holandeses também
possuíam uma série de feitorias na Costa da Mina e em Angola, situadas no outro lado
do Atlântico, o que lhes dava controle sobre o açúcar e o tráfico negreiro, administradas
pela Companhia das Índias Ocidentais.[14][15]

Na Rua do Bom Jesus está situada a Kahal Zur Israel, primeira sinagoga da América.[16] O Recife foi a mais
cosmopolita cidade do continente durante o governo de Nassau.[17]

O conde desembarcou na Nieuw Holland, a Nova Holanda, em 1637, acompanhado por


uma equipe de arquitetos e engenheiros. Nesse ponto, começa a construção de
Mauritsstad, que foi dotada de pontes, diques e canais para vencer as condições
geográficas locais. O arquiteto Pieter Post foi o responsável pelo traçado da nova cidade
e de edifícios como o Palácio de Friburgo, sede do poder de Nassau na Nova Holanda,
que tinha um observatório astronômico — o primeiro do Hemisfério Sul —, e abrigou o
primeiro farol e o primeiro jardim zoobotânico do continente americano.[18][19][20]
Maurício de Nassau realizou uma política de tolerância religiosa frente
aos católicos e calvinistas. Além disso, permitiu a migração de judeus ao Recife e a
criação de uma sinagoga, a Kahal Zur Israel, inaugurada em 1642 e considerada o
primeiro templo judaico da América.[16] Nassau era também um entusiasta da ciência e
das belas-artes. Ao embarcar para o Brasil, trouxe uma plêiade
de naturalistas e pintores para retratar e estudar a novo continente. Entre estes, merecem
destaque os pintores Frans Post e Albert Eckhout, que retrataram as paisagens e os
habitantes locais; e o médico Willem Piso e o naturalista Georg Marggraf, que estudaram
a fauna e a flora, a farmacopeia local e as doenças tropicais.[21] Durante o seu governo, o
Recife foi a mais cosmopolita cidade de toda a América.[17] Ele retornou à Holanda em
1644, demitido devido a desentendimentos com as autoridades da Companhia, que não
se contentaram com o nível de lucros das possessões brasileiras.[22]

Durante a ocupação holandesa foram cunhadas, no Recife, as primeiras moedas em solo


brasileiro: os florins (ouro) e os soldos (prata), que continham a palavra Brasil. [23]

Olinda foi saqueada e destruída pelos holandeses, que escolheram o Ataque


Batalha malfadado
Naval dos Abrolhos,
de armadaconfronto
luso-espanhola
entre luso-
contra
Recife como a capital da Nova Holanda. O mapa de Nicolaes espanhóis
os holandeses
e holandeses
no Recifetravado
em 1636.
na[25]
costa de
Visscher mostra o cerco a Olinda e Recife em 1630. [5] Pernambuco em setembro de 1631.[24]
Insurreição Pernambucana (1645-1654)

Ver artigo principal: Insurreição Pernambucana

As Batalhas dos Guararapes, episódios decisivos na Insurreição Pernambucana, são consideradas a origem
do Exército Brasileiro.

Os novos governantes holandeses, que vieram depois da Nassau, entraram em conflito


com a população local. Descontentes com a situação, 18 líderes insurretos
pernambucanos assinaram compromisso para lutar contra o domínio holandês na
capitania, depois de uma reunião no Engenho de São João, em 15 de maio de 1645. Com
o acordo assinado, foi iniciado o contra-ataque à invasão holandesa, que durava mais de
dez anos naquela altura. A primeira vitória importante dos insurgentes aconteceu no
Monte das Tabocas (hoje localizado no município de Vitória de Santo Antão), onde 1.200
insurretos mazombos armados de armas de fogo, foices, paus e flechas derrotaram numa
emboscada 1.900 holandeses bem armados e bem treinados. O sucesso deu ao líder do
movimento, Antônio Dias Cardoso, o apelido de Mestre das Emboscadas.[26]

Os holandeses que sobreviveram seguiram para Casa Forte, sendo novamente


derrotados pela aliança dos mazombos, índios nativos e escravos negros. Recuaram
novamente para as fortificações em Cabo de Santo Agostinho, Pontal de
Nazaré, Sirinhaém, Rio Formoso, Porto Calvo e Forte Maurício, sendo sucessivamente
derrotados pelos insurretos.[26] Com a chegada gradativa de reforços portugueses, os
holandeses por fim foram expulsos em 1654, na segunda Batalha dos Guararapes. A data
da primeira das Batalhas dos Guararapes é considerada a origem do Exército Brasileiro.
[27]

O Palácio de Friburgo (1642), local de residência e de despachos de Maurício de Nassau, foi demolido no século
XVIII devido aos danos causados durante a Insurreição Pernambucana.[19]

Tomada a colônia holandesa, os judeus receberam um prazo de três meses para partir ou
se converter ao catolicismo. Com medo da fogueira da Inquisição, quase todos venderam
o que tinham e deixaram o Recife em 16 navios. Parte da comunidade judaica expulsa de
Pernambuco fugiu para Amsterdã, e outra parte se estabeleceu em Nova Iorque. Através
deste último grupo a ilha de Manhattan, atual centro financeiro dos Estados Unidos,
conheceu grande desenvolvimento econômico; e descendentes de judeus egressos do
Recife tiveram participação ativa na história estadunidense: Gershom Mendes Seixas,
aliado de George Washington na Guerra de Independência dos Estados Unidos; seu filho
Benjamin Mendes Seixas, fundador da Bolsa de Valores de Nova Iorque; Benjamin
Cardozo, juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos ligado a Franklin Delano Roosevelt;
entre outros. A economia açucareira local passou então a enfrentar a competição
das Antilhas Holandesas, para onde os holandeses levaram a tecnologia da produção de
açúcar.[28][29][30]

Devido à Primeira Guerra Anglo-Neerlandesa, a República Holandesa não conseguiu


auxiliar os holandeses em território brasileiro. Com o fim da guerra contra os ingleses, a
Holanda exige a devolução da colônia em maio de 1654. Sob ameaça de uma nova
invasão do Nordeste brasileiro, Portugal firma acordo com os holandeses e os indeniza
com 4 milhões de cruzados e duas colônias: o Ceilão (atual Sri Lanka) e as ilhas
Molucas (parte da atual Indonésia). Em 6 de agosto de 1661, a Holanda cede
formalmente a região ao Império Português através da Paz de Haia.[26][31]

Segunda metade do século XVII ao século XIX

A cabeça de Zumbi dos Palmares ficou


exposta até completa decomposição no pátio Frei Caneca, que esteve implicado na
da Basílica do Carmo, no Centro do Recife. Revolução Pernambucana, foi líder e mártir
[32] da Confederação do Equador.

Ver artigos
Revolução Pernambucana, único movimento
libertário do período de dominação principais: Conjuração de
portuguesa que ultrapassou a fase
conspiratória.[33] "Nosso Pai", Guerra dos
Mascates, Revolução Pernambucana, Convenção de Beberibe, Confederação do
Equador e Revolução Praieira

Com o término da Insurreição Pernambucana, a Capitania de Pernambuco lutava por


reconstruir Recife e Olinda, ambas destruídas com as lutas contra os invasores
holandeses. É nesse cenário que inicia-se uma outra etapa da história recifense, marcada
por diversos episódios de relevo na história do Brasil. Entre a segunda metade do período
de dominação portuguesa e o período imperial, a cabeça de Zumbi dos Palmares (cortada
após sua morte) foi exposta em praça pública no Recife e ocorreram importantes
movimentos na atual capital pernambucana como a Conjuração de "Nosso Pai", a Guerra
dos Mascates, a Revolução Pernambucana, a Confederação do Equador e a Revolução
Praieira.[32]

Conjuração de "Nosso Pai" (1666)

Em 1666, os senhores de engenho, radicados em Olinda e com reservas quanto ao porto


do Recife, acreditavam merecer maiores reconhecimentos da Coroa Portuguesa, pelo
contributo na expulsão dos neerlandeses. Portugal, entretanto, mandou para governar a
Capitania Jerônimo de Mendonça Furtado, um estranho, contrariando assim os interesses
de muitos pernambucanos, que se julgavam merecedores de ocupar a função, e não
um estrangeiro. O estopim da Conjuração de "Nosso Pai", que culminou com a prisão e
deposição do governador, foi a estada, no porto do Recife, de uma esquadra francesa,
que por ordem da Corte, foram bem tratados. Os insurgentes fizeram divulgar a notícia de
que o governador estaria a serviço dos estrangeiros, que preparavam um ataque à
província, e seu consequente saque.[34]
Guerra dos Mascates (1710-1711)

Após a invasão holandesa, muitos comerciantes vindos de Portugal — chamados


pejorativamente de "mascates" — estabelecem-se no Recife, trazendo prosperidade à
vila. O desenvolvimento do Recife foi visto com desconfiança pelos olindenses, em
grande parte formada por senhores de engenho em dificuldades econômicas. O conflito
de interesses políticos e econômicos entre a nobreza açucareira pernambucana e os
novos burgueses deu origem à Guerra dos Mascates, entre os anos de 1710 e 1711,
durante a qual o Recife foi palco de combates e cercos.[35][36][37] A Guerra dos
Mascates é considerada um movimento nativista pela historiografia em história do Brasil.
[38]

Revolução Pernambucana (1817)

Em 6 de março de 1817 eclodiu no Recife a chamada Revolução Pernambucana, também


conhecida como "Revolução dos Padres". Dentre as suas causas, destacam-se a
influência das ideias iluministas propagadas pelas sociedades maçônicas,
o absolutismo monárquico português e os enormes gastos da Família Real e seu séquito
recém-chegados ao Brasil — a Capitania de Pernambuco, então a mais lucrativa da
colônia, era obrigada a enviar para o Rio de Janeiro grandes somas de dinheiro para
custear salários, comidas, roupas e festas da Corte, o que dificultava o enfrentamento de
problemas locais (como a seca ocorrida em 1816) e ocasionava o atraso no pagamento
dos soldados, gerando grande descontentamento no povo pernambucano. A insurreição
foi liderada pelo comerciante Domingos José Martins e pelo Padre João Ribeiro, com o
apoio dos religiosos Vigário Tenório, Padre Miguelinho, Padre Roma, Vigário de Santo
Antônio, Frei Caneca e mais Antônio Carlos de Andrada (irmão de José Bonifácio), José
de Barros Lima, Domingos Teotônio Jorge, Antônio Henriques Rabelo, Manuel Corrêa de
Araújo, Cruz Cabugá, José Luís de Mendonça, Gervásio Pires, José de Barros Falcão de
Lacerda, entre outros. Tendo conseguido dominar o Governo Provincial, se apossaram do
tesouro da província, instalaram um governo provisório e proclamaram a República. A
repressão ao movimento foi sangrenta: muitos revoltosos foram arcabuzados ou
enforcados com seus corpos esquartejados depois de mortos, enquanto outros morreram
na prisão. Também em retaliação, foi desmembrada de Pernambuco, com sanção de Dom
João VI, a Comarca das Alagoas, cujos proprietários rurais haviam se mantido fiéis à
Coroa, e como recompensa, puderam formar uma capitania independente.[39][40][41]

Os revolucionários, oriundos de várias partes da colônia, tinham como objetivo principal a


conquista da independência do Brasil em relação a Portugal, com a implantação de
uma república liberal. O movimento abalou a confiança na construção do império
americano sonhado por Dom João, e por este motivo é considerado o precursor
da independência conquistada em 1822.[42]

• Fortificações do Recife

Forte Waerdemburch, um dos muitos fortes demolidos no Recife

Forte do Buraco, hoje em ruínas. Foi dinamitado pela Marinha do Brasil para a construção de uma base naval,
porém a obra não foi realizada

Forte do Brum

 

Forte das Cinco Pontas

Forte Orange

Convenção de Beberibe (1821)

Pernambuco foi a primeira província brasileira a se separar do Reino de Portugal, onze


meses antes da proclamação da Independência do Brasil pelo Príncipe Dom Pedro de
Orleans e Bragança. No dia 29 de agosto de 1821, teve início um movimento armado
contra o governo do capitão general Luís do Rego Barreto — o algoz da Revolução
Pernambucana —, culminando com a formação da Junta de Goiana, tornando-se vitorioso
com a rendição das tropas portuguesas em capitulação assinada a 5 de outubro do
mesmo ano, quando da Convenção de Beberibe, responsável pela expulsão dos exércitos
portugueses do território pernambucano. O Movimento Constitucionalista de 1821 é
considerado o primeiro episódio da Independência do Brasil. [43]

Exército do Império do Brasil ataca as forças confederadas no Recife, em 1824, no contexto da Confederação do


Equador.
Confederação do Equador (1824)

Em 1824, a Confederação do Equador, um movimento revolucionário, de


caráter separatista e republicano, surgiu em Pernambuco e representou a principal reação
contra a tendência absolutista e a política centralizadora do governo de Dom Pedro I
(1822-1831), esboçada na Carta Outorgada de 1824, a primeira Constituição do país.
Pernambuco esperava que a primeira Constituição do Império seria do tipo federalista, e
daria autonomia para as províncias resolverem suas questões. Como punição a
Pernambuco, Dom Pedro I determinou, através de decreto de 7 de julho de 1824, o
desligamento do extenso território da Comarca do Rio de São Francisco (atual Oeste
Baiano), passando-o, inicialmente, para Minas Gerais e, depois, para a Bahia. [44]

Revolução Praieira (1848-1850)

A Revolução Praieira, também denominada "Insurreição Praieira", "Revolta Praieira" ou


simplesmente "Praieira", foi um movimento de caráter liberal e separatista ocorrido na
província de Pernambuco entre os anos de 1848 e 1850. A última das revoltas provinciais
está ligada às lutas político-partidárias que marcaram o Período Regencial e o início
do Segundo Reinado. A monarquia brasileira era duramente contestada pelas novas
ideias liberais da época. Para além do descontentamento com o governo imperial, grande
parte da população pernambucana mostrava-se insatisfeita com a concentração fundiária
e do poder político na província, a mais importante do Nordeste. Foi nesse contexto que
surgiu o Partido da Praia, criado para opor-se ao Partido Liberal e ao Partido
Conservador, ambos dominados por duas famílias poderosas que viviam fazendo acordos
políticos entre si. Houve uma série de disputas pelo poder, até que, em 7 de novembro de
1848, iniciou-se a luta armada. Em Olinda, os líderes praieiros lançaram o “Manifesto ao
Mundo”, e, no Recife, iniciaram os ataques contra as tropas do governo imperial, que
interveio e pôs fim à maior insurreição ocorrida no Segundo Reinado. A derrota do
movimento representou uma demonstração de força do governo de Dom Pedro II (1840-
1889).[45]

Panorama do Recife em 1855, por Friedrich Hagedorn.

Início do século XX até os dias atuais

4:02
Recife, 1954. Arquivo Nacional.

No início do século XX, o Recife era ainda uma cidade muito influente: só perdia em
importância político-econômica para o Rio de Janeiro. [46] Nos anos 1910, a cidade
pretendia tornar-se moderna, tal como Paris, através da reforma do porto e construção de
largas avenidas, sem preocupação com a preservação dos edifícios históricos, muitos dos
quais completamente demolidos. Como em todo o Brasil, o modernismo não afetou as
graves diferenças sociais. Iniciou-se então um período de agitação cultural, e a Belle
Époque mostrou a busca de novas linguagens para traduzir as velozes mudanças trazidas
pelas novas técnicas. Os recifenses tinham até os meados do século uma forte influência
cultural francesa.[47]

Na década de 1970 o Recife era ainda a terceira maior metrópole do Brasil.[48] Na foto, pontes centenárias no trecho
de confluência dos rios Capibaribe e Beberibe.

No dia 26 de julho de 1930, o advogado e político João Pessoa, que tinha sido naquele
ano candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Getúlio Vargas — e derrotada
por Júlio Prestes —, foi assassinado por João Duarte Dantas na Confeitaria Glória,
na Rua Nova, Centro do Recife. O crime foi um dos estopins da Revolução de 1930.[49]

Em 1934, Pernambuco assumiu posição inovadora ao contratar o paisagista Burle Marx e


o arquiteto Luiz Nunes. Burle Marx projetou no Recife os seus primeiros jardins públicos.
No bairro de Boa Viagem a elite recifense possuía casas de veraneio.[50][51]

Na década de 1950, o Recife ganhou seu contorno urbano atual, com o crescimento
populacional ocasionado pela migração de pessoas do interior nordestino e a extinção
dos mocambos, obrigando a população pobre a viver nos morros. A cidade já buscava
mostrar uma perspectiva positiva de si, escondendo as mazelas sociais. [52]

Em 1966, houve um atentado terrorista cujo alvo era o ditador militar e então presidente


da República, Arthur da Costa e Silva, enquanto desembarcava no Aeroporto dos
Guararapes. Houve mortos e feridos, mas o presidente escapou, chegando ao Recife de
carro a partir de João Pessoa.[53] Um dos principais centros de atuação do Regime
Militar no país, foi na metrópole pernambucana que se iniciou, em 1983, o movimento
"Diretas Já", que se expandiu por todo o país e foi responsável por apressar o fim da
ditadura no Brasil.[54][55]

Em 2009, o Cindacta III, sediado no Recife, coordenou a busca pelos destroços do voo Air
France 447, considerado o pior acidente aéreo da história da aviação brasileira. [56]
Panorama do bairro de Santo Antônio em dezembro de 2014.

Ver também

• Centro Histórico do Recife

• História de Pernambuco

Referências

1. ↑ Antonio de Herrera y Tordesillas. «Historia general de los hechos de los Castellanos en las islas y tierra firme de el
Mar Oceano, Volume 2». p. 348. Consultado em 18 de junho de 2019

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Ligações externas

• Recife, a Mauritstad
O Commons possui imagens e outros
O Wikcionário tem o verbete Mauritsstad.
• História da cidade do ficheiros sobre História do Recife

Recife

• Recife Brazil History[ligação inativa]


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