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Ver histórico
Origem:
Concepções[editar | editar código-fonte]
Campos diferentes frequentemente trabalham com concepções bastante
diferentes das características essenciais associadas ao termo "mundo". [2]
[3]
Algumas concepções veem o mundo como único: não pode haver mais do
que um mundo. Outras falam de uma "pluralidade de mundos". [4] Alguns veem
os mundos como coisas complexas compostas de muitas substâncias como
suas partes, enquanto outros sustentam que os mundos são simples no sentido
de que há apenas uma substância: o mundo como um todo. [5] Alguns
caracterizam mundos em termos de espaço-tempo objetivo, enquanto outros os
definem em relação ao horizonte presente em cada experiência. Estas
diferentes caracterizações nem sempre são exclusivas: pode ser possível
combinar algumas sem levar a uma contradição. A maioria deles concorda que
mundos são totalidades unificadas.[2][3]
Monismo e pluralismo[editar | editar código-fonte]
O monismo é uma tese sobre a unidade que só existe uma coisa em certo
sentido. A negação do monismo é o pluralismo, a tese de que, em certo
sentido, existe mais de uma coisa.[5] Existem muitas formas de monismo e
pluralismo, mas em relação ao mundo como um todo, duas são de interesse
especial: o monismo/pluralismo de existência e o monismo/pluralismo de
prioridade. O monismo de existência afirma que o mundo é o único objeto
concreto que existe.[5][6][7] Isto significa que todos os "objetos" concretos que
encontramos em nossa vida cotidiana, incluindo maçãs, carros e nós mesmos,
não são realmente objetos em um sentido estrito. Em vez disso são apenas
aspectos dependentes do objeto mundial. [5] Tal objeto mundial é simples no
sentido de que não tem nenhuma parte genuína. Por esta razão, também é
conhecido como "blobject", já que não tem uma estrutura interna semelhante a
um blob (gota em inglês).[8] O monismo prioritário permite que haja outros
objetos concretos além do mundo.[5] Mas sustenta que estes objetos não têm a
forma mais fundamental de existência, que eles dependem de alguma forma da
existência do mundo.[7][9] As formas correspondentes de pluralismo, por outro
lado, afirmam que o mundo é complexo no sentido de que é composto de
objetos concretos e independentes.[5]
Cosmologia científica[editar | editar código-fonte]
A cosmologia científica pode ser definida como a ciência do universo como um
todo. Nela, os termos "universo" e "cosmos" são normalmente usados como
sinônimos para o termo "mundo".[10] Uma definição comum do mundo/universo
encontrada neste campo é como "a totalidade de todo o espaço e tempo; tudo
o que é, foi e será".[11][2][3] Algumas definições enfatizam que há dois outros
aspectos do universo além do espaço-tempo: formas de energia ou matéria,
como estrelas e partículas, e leis da natureza.[12] As diferentes concepções do
mundo neste campo diferem tanto em sua noção de espaço-tempo quanto no
conteúdo do espaço-tempo. A teoria da relatividade desempenha um papel
central na cosmologia moderna e sua concepção de espaço e tempo. Uma
diferença importante de seus predecessores é que ela concebe o espaço e o
tempo não como dimensões distintas, mas como uma única variedade
quadridimensional chamada espaço-tempo.[13] Isto pode ser visto na relatividade
especial em relação à métrica de Minkowski, que inclui componentes espaciais
e temporais em sua definição de distância. [14] A relatividade geral vai um passo
mais além ao integrar o conceito de massa no conceito de espaço-tempo como
sua curvatura.[14] A cosmologia quântica, por outro lado, usa uma noção clássica
de espaço-tempo e concebe o mundo inteiro função de onda grande que
expressa a probabilidade de encontrar partículas em um lugar determinado. [15]
Teorias da modalidade[editar | editar código-fonte]
O conceito de mundo desempenha um papel importante em muitas teorias
modernas de modalidade, geralmente na forma de mundos possíveis.[16] Um
mundo possível é um modo completo e consistente como as coisas poderiam
ter sido.[17] O mundo real é um mundo possível, já que o modo como as coisas
são é um modo como as coisas poderiam ter sido. Mas há muitos outros
modos como as coisas poderiam ter sido além de como realmente são. Por
exemplo, Hillary Clinton não ganhou a eleição de 2016 nos Estados Unidos,
mas poderia tê-la ganhado. Portanto, há um mundo possível no qual ela
ganhou. Há inúmeros mundos possíveis, um correspondente a cada uma
dessas diferenças, não importa quão pequeno ou grande sejam, contanto que
não sejam introduzidas contradições dessa maneira. [17]
Os mundos possíveis são frequentemente concebidos como objetos abstratos,
por exemplo, em termos de estados de coisas inexistentes ou como conjuntos
de proposições maximamente consistentes. [18][19] Deste ponto de vista, eles
podem até mesmo ser vistos como pertencentes ao mundo real. [20] Outra forma
de conceber mundos possíveis, tornada famosa por David Lewis, é como
entidades concretas.[4] Nesta concepção, não há diferença importante entre o
mundo real e os mundos possíveis: ambos são concebidos como concretos,
inclusivos e espaço-temporalmente conectados. [17] A única diferença é que o
mundo real é o mundo em que vivemos, enquanto outros mundos possíveis
não são habitados por nós, mas por nossas contrapartes.[21] Tudo dentro de um
mundo está ligado espaço-temporalmente a tudo o resto, mas os mundos
diferentes não compartilham um espaço-tempo comum: eles estão espaço-
temporalmente isolados uns dos outros.[17] Isto é o que os torna mundos
separados.[21]
Foi sugerido que, além dos mundos possíveis, também há mundos
impossíveis. Mundos possíveis são modos como as coisas poderiam ter sido,
então mundos impossíveis são modos como as coisas não poderiam ter sido.[22]
[23]
Tais mundos envolvem uma contradição, como um mundo em que Hillary
Clinton ganhou e perdeu a eleição de 2016 nos Estados Unidos. Tanto mundos
possíveis quanto os impossíveis têm em comum a ideia de que são totalidades
de seus componentes.[22][24]
Fenomenologia[editar | editar código-fonte]
Dentro da fenomenologia, os mundos são definidos em termos
de horizontes de experiências.[2][3] Quando percebemos um objeto, como uma
casa, não experimentamos apenas esse objeto no centro de nossa atenção,
mas também vários outros objetos ao seu redor, presentes na periferia. [25] O
termo "horizonte" refere-se a esses objetos co-presentes, que são geralmente
experimentados apenas de forma vaga e indeterminada. [26][27] A percepção de
uma casa envolve vários horizontes, correspondentes ao bairro, à cidade, ao
país, à Terra, etc. Neste contexto, o mundo é o horizonte maior o "horizonte de
todos os horizontes".[25][2][3] É comum entre os fenomenólogos entender o mundo
não apenas como uma coleção espaço-temporal de objetos, mas como
incorporando adicionalmente várias outras relações entre estes objetos. Estas
relações incluem, por exemplo, relações de indicação, que nos ajudam a
antecipar um objeto ao encontrar as aparências de outro objeto, e relações de
meio-fim, ou envolvimentos funcionais relevantes para preocupações práticas. [25]
Filosofia da mente[editar | editar código-fonte]
Na filosofia da mente, o termo "mundo" é comumente usado em contraste com
o termo "mente" como aquilo que é representado pela mente. Isso às vezes é
expresso afirmando que há uma brecha entre a mente e o mundo e que essa
brecha precisa ser superada para que a representação seja bem sucedida. [28][29]
[30]
Um dos problemas centrais na filosofia da mente é explicar como a mente é
capaz de cerrar esta brecha e entrar em relações mente-mundo genuínas, por
exemplo, na forma de percepção, conhecimento ou ação. [31][32] Isto é necessário
para que o mundo seja capaz de restringir racionalmente a atividade da mente.
[28][33]
De acordo com uma posição realista, o mundo é algo distinto e
independente da mente.[34] Os idealistas, por outro lado, concebem o mundo
como parcial ou totalmente determinado pela mente. [34][35] O idealismo
transcendental de Immanuel Kant, por exemplo, postula que a estrutura
espaço-temporal do mundo é imposta pela mente à realidade, mas carece de
existência independente de outro modo.[36] Uma concepção idealista mais
radical do mundo pode ser encontrada no idealismo subjetivo de Berkeley, que
sustenta que o mundo como um todo, incluindo todos os objetos cotidianos
como mesas, gatos, árvores e nós mesmos, "consiste em nada além de
mentes e ideias".[37]
Teologia[editar | editar código-fonte]
Diferentes posições teológicas sustentam diferentes concepções do mundo
baseadas em sua relação com Deus. O teísmo clássico afirma que Deus é
totalmente distinto do mundo. Mas o mundo depende para sua existência de
Deus, tanto porque Deus criou o mundo quanto porque Ele o mantém ou
conserva.[38][39][40] Isto às vezes é entendido em analogia com a forma como os
humanos criam e conservam ideias em sua imaginação, com a diferença de
que a mente divina é muito mais poderosa. [38] Segundo tal visão, Deus tem uma
realidade absoluta e última em contraste com o estado ontológico inferior
atribuído ao mundo.[40] O envolvimento de Deus no mundo é muitas vezes
entendido como um Deus pessoal e benevolente que cuida e guia Sua criação.
[39]
Os deístas concordam com os teístas que Deus criou o mundo, mas negam
qualquer envolvimento pessoal subsequente nele. [41] Os panteístas, por outro
lado, rejeitam a separação entre Deus e o mundo. Em vez disso, afirmam que
os dois são idênticos. Isto significa que não há nada no mundo que não
pertença a Deus e que não há nada em Deus além do que se encontra no
mundo.[40][42] O panenteísmo constitui uma posição intermediária entre o teísmo e
o panteísmo. Contra o teísmo, sustenta que Deus e o mundo estão inter-
relacionados e dependem um do outro. Contra o panteísmo, sustenta que não
existe uma identidade absoluta entre os dois.[40][43] Os ateus, por outro lado,
negam a existência de Deus e, portanto, as concepções do mundo baseadas
em sua relação com Deus.
Religião[editar | editar código-fonte]
Islamismo[editar | editar código-fonte]
No islamismo, o termo "dunya" é usado para o mundo. Seu significado é
derivado da palavra raiz "dana", um termo para "perto". [54] Está principalmente
associado com o mundo temporal, sensorial e com preocupações terrenas, ou
seja, com este mundo em contraste com o mundo espiritual.[55] Alguns
ensinamentos religiosos alertam sobre nossa tendência a buscar a felicidade
neste mundo e aconselham um estilo de vida mais ascético preocupado com a
vida após a morte.[56] Mas outras correntes no islamismo recomendam uma
abordagem equilibrada.[55]
Hinduísmo[editar | editar código-fonte]
O hinduísmo constitui uma ampla família de pontos de vista religioso-
filosóficos.[57] Essas visões apresentam diferentes perspectivas sobre a natureza
e o papel do mundo. A filosofia Samkhya, por exemplo, é um dualismo
metafísico que entende a realidade como composta por duas
partes: purusha e prakriti.[58] O termo "purusha" representa o eu consciente
individual que cada um de nós possui. Prakriti, por outro lado, é o único mundo
habitado por todos esses indivíduos.[59] Samkhya entende este mundo como um
mundo de matéria governado pela lei de causa e efeito. [58] O termo "matéria" é
entendido em um sentido muito amplo nesta tradição, incluindo tanto os
aspectos físicos quanto mentais.[60] Isso se reflete na doutrina dos tattvas,
segundo a qual prakriti é composto de 23 princípios ou elementos diferentes da
realidade.[60] Estes princípios incluem tanto elementos físicos, como água ou
terra, quanto aspectos mentais, como inteligência ou impressões sensoriais.
[59]
A relação entre purusha e prakriti é geralmente concebida como uma de
mera observação: purusha é o eu consciente do mundo do prakriti, mas não
interage causalmente com ele.[58]
Uma concepção muito diferente do mundo está presente no Advaita Vedanta, a
escola monista entre as escolas vedânticas.[57] Ao contrário da posição realista
defendida na filosofia Samkhya, o Advaita Vedanta vê o mundo da
multiplicidade como uma ilusão, conhecida como Maya.[57] Esta ilusão também
inclui nossa impressão de existir como seres separados que experimentam,
chamados jivas.[61] Em vez disso, o Advaita Vedanta ensina que no nível mais
fundamental da realidade, referido como Brahman, não existe pluralidade ou
diferença.[61] Tudo o que existe é um eu todo-abrangente: Atman.[57] A ignorância
é vista como a fonte desta ilusão, que resulta na escravidão ao mundo das
meras aparências. Mas a libertação é possível no curso da superação desta
ilusão através da aquisição do conhecimento de Brahman, segundo o Advaita
Vedanta.[61]
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: Q16502
role de
BNF: 11932363p
ridade
GND: 4065341-9
JSTOR: worldhood
Categorias:
Cosmologia
Metafísica
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