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Cosmovisão

Cosmovisão, visão de mundo, mundividência ou, na forma original


em alemão, Weltanschauung (plural: Weltanschauungen), é um conjunto ordenado
de valores, crenças, impressões, sentimentos e concepções de natureza intuitiva, anteriores
à reflexão, a respeito da época ou do mundo em que se vive.

Em outros termos, é a orientação cognitiva fundamental de um indivíduo, de uma coletividade ou de


toda uma sociedade, num dado espaço-tempo e cultura, a respeito de tudo o que existe - sua gênese,
sua natureza, suas propriedades.

Uma visão de mundo pode incluir a filosofia natural, postulados fundamentais, existenciais e
normativos, ou temas, valores, emoções e ética.

O termo é um calque do alemão Weltanschauung ['vɛltanʃɑwuŋ], composto de Welt ('mundo')


e Anschauung ('visão, contemplação; concepção; ponto de vista; intuição; convicção'). O termo alemão
é também usado na literatura especializada, em português. Trata-se de um conceito fundamental
da filosofia e da epistemologia alemãs e refere-se a uma percepção geral do mundo. Além disso, o
termo também designa o referencial de ideias e crenças que formam uma descrição global através da
qual um indivíduo, grupo ou cultura percebe e interpreta o mundo e interage com ele.

A cosmovisão ou visão do mundo continua a ser um conceito complexo e confuso em qualquer cultura,
sendo usado de forma muito diferente por cientistas vários. Afinal, trata da "reflexão mais abrangente
que se pode fazer".

A construção de visões de mundo integrativas começa de fragmentos de visões de mundo oferecidas a


cada indivíduo por diferentes disciplinas científicas e os vários sistemas de conhecimento.

Impacto das visões de mundo

Aspectos estruturais

O termo denota um conjunto abrangente de opiniões, vistas como uma unidade orgânica, sobre o
mundo como o meio e exercício da existência humana. No contexto conceitual
amplo, weltanschauung serve como um quadro para gerar várias dimensões da percepção e
experiência humana como conhecimento, política, economia, religião, cultura, ciência e ética. Por
exemplo, visão de mundo da causalidade como "unidirecional", "cíclica" ou "espiral" gera um quadro
do mundo que reflete esses sistemas de causalidade.

Uma visão unilateral da causalidade está presente em algumas visões de mundo monoteísticas com
um começo e um fim e uma única grande força com um único fim (por
exemplo, cristianismo e islamismo), enquanto que uma visão de mundo cíclica da causalidade está
presente na tradição religiosa que é cíclica e sazonal e na qual os eventos e experiências repetem-se
em padrões sistemáticos (por exemplo, zoroastrismo, mitraísmo e hinduísmo).

Essas visões de mundo não apenas subjazem as tradições religiosas mas também outros aspectos da
pensamento como a história, teorias políticas e econômicas, e sistemas como
a democracia, autoritarismo, anarquismo, capitalismo, socialismo e comunismo.

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A visão de mundo de uma causalidade linear e não linear gera várias disciplinas e abordagens
relacionadas/conflitantes no pensamento científico. A Weltanschauung de uma contiguidade temporal
de ato e evento leva a diversificações divergentes como determinismo versus livre-arbítrio.

Algumas formas de naturalismo filosófico e de materialismo rejeitam a validade de entidades


inacessíveis à ciência natural. Elas veem o método científico como o modelo mais confiável para
construção e compreensão do mundo.

Paul G. Hiebert sugere que visão de mundo são as pressuposições cognitivas, afetivas e valorativas
fundamentais que um grupo de pessoas faz sobre as coisas da natureza, e que elas usam para
organizar as suas vidas.

Se a hipótese de Sapir-Whorf for correta, o mapa da visão de mundo do mundo seria similar ao mapa
linguístico do mundo. Entretanto, ele também iria quase coincidir com o mapa do mundo desenhado
com base na música existente entre os povos.

Linguística e visões de mundo


Quem concebeu a ideia de que linguagem e visão de mundo (cosmovisão) são inextrincáveis foi
o filologista Wilhelm von Humboldt (1767–1835). Argumentou ele que a linguagem é parte da grande
aventura criativa da humanidade. Os aspectos culturais, idiomáticos e linguísticos comunitários devem
ter ocorrido quase simultaneamente, segundo ele, e não se concebem independentemente.

Em contraste nítido com o determinismo apenas linguístico, que considera a língua como uma
restrição ou aprisionamento cultural, Humboldt sustentou que o discurso é inerente e implicitamente
criativo. Os seres humanos modificam sua língua e sua linguagem, na medida das demandas sociais.

Essa hipótese foi bem recebida no final da década de 1940, mas diminuiu em proeminência após uma
década. Na década de 1990, novas pesquisas dão mais apoio à teoria da relatividade linguística, nas
obras de Stephen Levinson e sua equipe no instituto Max Planck para psicolinguística em Nijmegen,
Países Baixos.[6] A teoria também ganhou atenção através do trabalho de Boroditsky na Universidade
de Stanford.

Uma visão de mundo descreve um consistente (em um grau variável) e integral sentido de existência e
fornece um quadro para gerar, sustentar e aplicar conhecimento.

A teoria, ou pelo menos hipótese, foi bem recebida no final dos anos 1940, mas diminuiu de
importância após uma década. Nos anos 1990, novas pesquisas deram maior suporte para ateoria da
relatividade linguística, nos trabalhos de Stephen Levinson e sua equipe do Instituto Max
Planck de psicolinguística em Nijmegen, Países Baixos. A teoria também recebeu atenção pelo
trabalho de Lera Boroditsky na Universidade de Stanford.

Religião e visões de mundo

Vários autores sugerem que sistemas de crença religiosa ou filosófica devem ser vistos efetivamente
como visões de mundo em vez de um conjunto de hipóteses ou teorias particulares. Nishida
Kitaro escreveu extensivamente sobre "a visão de mundo religiosa" ao explorar a significância
filosófica das religiões orientais.

Na concepção judaico-cristão original, sob o primado da fé, a visão de mundo sob todos os aspectos
está contida e relatada na Bíblia Sagrada. Em particular, quanto à cosmogênese, todo o relato acha-se

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contido inicialmente no livro Gênesis (no hebraico transliterado, Bereshit). Demais, toda a Bíblia
Sagrada confirma-o também.

Conquanto se possa argumentar ser uma "apenas questão de fé", o que é efetivamente verdade, não é
menos verdadeiro, todavia, que o relato bíblico da criação tem valor ontológico no mínimo em nível
de equivalência com as demais visões. A esse respeito, a Bíblia Sagrada declara diretamente :

No princípio, Deus criou o céu e a terra. (Gênesis (AT) 1: 1); e No princípio era o Verbo e o Verbo estava
com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio dele e sem ele
nada foi feito. (Evangelho segundo João 1 (NT): 1-3)

Particularmente, conforme o livro do neo-calvinista David Naugle "Worldview: The History of a


Concept", "a concepção do cristianismo como uma visão de mundo foi um dos mais significantes
desenvolvimentos na história recente da igreja.
O pensador cristão não católico James W. Sire define visão de mundo como "um compromisso, uma
orientação fundamental do coração, que pode ser expressa como uma história ou um conjunto de
pressupostos (suposições que podem ser verdadeiras, parcialmente verdadeiras, ou falsas) que nós
sustentamos (consciente ou subconscientemente, consistente ou inconsistentemente) sobre a
construção básica da realidade, e que providencia a fundação na qual nós vivemos e movemos e tem a
nossa existência" Ele sugere que "nós todos devemos pensar em termos de visões de mundo, isto é,
com uma consciência que não apenas da nossa própria maneira de pensar mas também das outras
pessoas, de maneira que nós possamos primeiramente compreender e então genuinamente nos
comunicar com os outros em nossa sociedade pluralista.

Alguns autores católicos atuais consideram que sem a introdução de "um princípio de fé" não se pode
construir nenhum sistema metafísico e nenhuma Weltanschauung . Essa corrente, normalmente
presentes nos livros cristãos, defende um principio apologético religioso, ou seja, em defesa da
palavra de Deus.

Entretanto, é de se considerar que, a despeito dessas concepções singulares, hoje, a Igreja Católica
Romana atualmente aceita a teoria científica da "Grande Explosão Original" (Big Bang), e a Teologia
liberal, indo muito mais além, considera essa narrativa como apenas alegórica, abandonando, pois,
seu sentido literal.

O Papa Francisco afirmou, em 27 de outubro de 2014, durante discurso na Pontifícia Academia de


Ciências, que a Teoria da Evolução e o Big Bang são reais e criticou a interpretação das pessoas que
leem o Gênesis, livro da Bíblia, achando que Deus "tenha agido como um mago, com uma varinha
mágica capaz de criar todas as coisas". Segundo ele, a criação do mundo "não é obra do caos, mas
deriva de um princípio supremo que cria por amor". "O Big Bang não contradiz a intervenção criadora,
mas a exige", disse o pontífice na inauguração de um busto de bronze, homenagem ao Papa Emérito
Bento XVI:

O que é Cosmovisão?

Todo ser humano possui uma cosmovisão. Talvez você já tenha lido esta palavra em
algum lugar ou mesmo ouvido algo sobre o assunto, mas não tem a menor ideia do
significado deste termo. Mas saiba que mesmo assim, mesmo sem saber o que é isso,
você possui uma cosmovisão.

Aquilo que cada pessoa é, o que defende, o que vive, é resultado da cosmovisão que
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permeia sua vida. Em nosso caso específico, vivemos de acordo com a Cosmovisão
Cristã (um desdobramento da Cosmovisão Teísta).

Como a humanidade é diversificada ao extremo, nos mais distintos aspectos, existe


uma gama muito variada de cosmovisões. Para todo e qualquer cristão ser mais
eficiente no cumprir da Grande Comissão (Mt 28:19-20), é importante conhecer as
premissas que caracterizam e diferenciam as variadas cosmovisões existentes. Para
aquele que enxerga na apologética uma ferramenta útil para a propagação do
Evangelho, o discernimento das cosmovisões é essencial.

Assim o teólogo e apologista Norman Geisler define o termo cosmovisão:

"Modo pelo qual a pessoa vê ou interpreta a realidade. A palavra alemã é weltanschau-


ung, que significa 'um mundo e uma visão da vida', ou 'um paradigma'. É a estrutura
por meio da qual a pessoa entende os dados da vida. Uma cosmovisão influencia muito
a maneira como a pessoa vê Deus, origens, mal, natureza humana, valores e destino.

Sistema Cosmovisão Expresso no:

Um Deus infinito e pessoal existe além do e no universo. Ele criouCristianismo, Judaísmo e


Teísmo todas as coisas e sustenta tudo de modo sobrenatural. Islamismo

Deus está além do universo, mas não nele. Defende uma visão
Pensamento de Voltaire, Thomas
naturalista de mundo, assim Deus não age sobrenaturalmente naquilo
Deísmo Jefferson e Thomas Paine
que criou.

Pensamento de Karl Marx,


Não existe nenhum Deus além do ou no universo. Afirma que o
Frederich Nietzsche e Richard
Ateísmo universo físico é tudo que existe. Tudo é matéria auto-suficiente.
Dawkins

Deus é o todo/universo. Não há um criador distinto; criador e criação


Certas formas de Hinduísmo,
são a mesma realidade. O universo é Deus, a matéria é Deus, as
Panteísmo Zen-Budismo e Ciência Cristã
pessoas o são. Tudo é Deus.

Deus está no universo, como a mente está no corpo. O universo é o


Pensamento de Alfred
‘corpo’ de Deus, seu pólo real e tangível. O outro pólo está além deste
Panenteísmo Whitehead e Charles Hartshorne
plano.

Existe um Deus finito além do e no universo. Deus é limitado em Pensamento de John Stuart Mill,
Teísmo finito natureza e poder. Aceitam a criação, mas negam a intervenção. William James e Peter Bertocci

Muitos deuses existem além do mundo e nele. Tais deuses influenciamGregos e romanos antigos,
Politeísmo a vida das pessoas. Nega qualquer Deus infinito. mórmons e neopagãos (wicca)

Na medida que nos aprofundarmos neste tema, vamos compreender duas coisas básicas:
1) Cosmovisões distintas existem, mas não é possível concordar coerentemente com as premissas
centrais de duas ou mais cosmovisões;

2) Cosmovisão é como óculos; para que a realidade faça sentido é preciso visualizá-la de acordo com

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uma cosmovisão coerente e verdadeira, ou seja, com as "lentes corretas".
Existem sete cosmovisões básicas; são sete matrizes das quais as demais formas de enxergar o todo
derivam: Teísmo, Deísmo, Ateísmo, Panteísmo, Panenteísmo, Teísmo Finito e Politeísmo. Veja um
pouco de cada uma na tabela abaixo:

Por João Rodrigo Weronka, com informações de NAPEC.

Este pequeno texto é apenas uma introdução, uma proposta para estudo de cada uma das
cosmovisões descritas acima. Numa série de sete textos que virão, vamos nos aprofundar em seus
ensinos, divulgadores e movimentos relacionados a sua respectiva matriz.

O primeiro estudo será sobre a Cosmovisão Teísta, dando forte ênfase ao Cristianismo.

Partindo da Cosmovisão Cristã, iremos lançar os argumentos suficientes para mostrar por que cremos
que ela é a única cosmovisão verdadeira e digna de crédito, e por inferência, digna de ser defendida.
Como disse Edward John Carnell: Se o cristianismo não é digno de defesa, então o que é?

Esta cosmovisão escriturística mencionada é às vezes chamada de "reformacional" após a Reforma


Protestante, que descobriu novamente o ensino bíblico concernente à profundidade e escopo do pe-
cado e da redenção. O desejo de viver pelas Escrituras somente, antes do que pelas Escrituras ao lado
da tradição, é uma marca dos Reformadores. Nós seguimos seu caminho nesta ênfase bem como em
querer uma reforma progressiva, em querer ser reformados pelas Escrituras continuamente (ver Atos
17:11; Romanos 12:2), antes do que viver por tradições não examinadas.

depressa quando eles são enfrentados com questões práticas que se levantam,
assuntos políticos atuais ou convicções que se confrontam com as suas. Como eles
reagem ao servi-ço militar obrigatório, por exemplo? Qual é sua resposta ao
evangelismo ou à contracultura, ao pa-cifismo ou comunismo? Que palavras de
condolências podem oferecer ao lado da tumba? Quem eles responsabilizam pela
inflação? Qual é a visão deles sobre aborto, pena de morte, disciplina na educação de
crianças, homossexualidade, segregação racial, inseminação artificial, censura de fil-
mes, sexo extra-conjugal e questões desse tipo? Todos estes assuntos despertam
respostas que fornecem indicações da cosmovisão de uma pessoa pela sugestão de
certos padrões ("conservador" ou "progressivo", sendo muito rudes e não confiáveis
os padrões que a maioria das pessoas reconhece). Em geral, conseqüentemente, todos
possuem uma cosmovisão; embora inarticulada, ele ou ela pode expressá-la. Ter uma
cosmovisão é simplesmente parte de ser um ser humano adulto.

Qual o papel da cosmovisão em nossas vidas? A resposta a isto, creio, é que nossa
cosmovisão fun-ciona como um guia para nossa vida. Uma cosmovisão, até quando ela
é meio inconsciente e desar-ticulada, funciona como um compasso ou um mapa de
estrada. Ela nos orienta no mundo de forma geral, dando-nos um senso do que é alto e
do que é baixo, do que é certo e do que é errado na con-fusão de eventos e fenômenos
que nos confrontam. Nossa cosmovisão forma, em um grau significa-tivo, o modo pelo
qual avaliamos os eventos, assuntos e estruturas de nossa civilização e de nossa
época. Ela nos permite "colocar" ou "situar" os vários fenômenos que estão ao nosso
alcance. De fato, outros fatores têm uma função neste processo de orientação
(interesse próprio psicológico ou econômico, por exemplo), mas estes outros fatores
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não eliminam a função orientadora da cosmovi-são de alguém; eles freqüentemente
influenciam através de nossa perspectiva de vida.

Uma das características exclusivas dos seres humanos é que nós não podemos fazer
nada sem um tipo de orientação ou condução que uma cosmovisão dá. Nós
necessitamos ser guiados porque so-mos inescapavelmente criaturas com
responsabilidade, que por natureza são incapazes de sustentar opiniões puramente
arbitrárias ou fazer decisões inteiramente sem princípios. Nós necessitamos de algum
credo para viver por ele, algum mapa pelo qual tracemos nosso curso. A necessidade
de uma perspectiva condutora é básica para a vida humana, talvez mais básica do que
alimento ou sexo.

Não somente nossas visões e argumentos são decididamente afetados pela nossa
cosmovisão, mas também todas as decisões específicas que somos levados a fazer.
Quando o relacionamento matri-monial começa a ficar áspero, o divórcio é uma opção?
Quando a cobrança de impostos é injusta, você trapaceia em seus formulários de
impostos? Os crimes devem ser punidos?". Você demitirá um empregado tão logo isto
se torne economicamente vantajoso? Você começará a se envolver em políticas? Você
desencorajará seu filho ou filha de ser tornar um artista? As decisões que você faz
nestes e muitos outros assuntos são guiadas pela sua cosmovisão. As disputas sobre
elas envolvem freqüentemente um conflito de perspectivas de vida básicas.

Novamente, temos de admitir que pode haver inconsistência aqui: não somente
podemos sustentar crenças conflitantes, mas às vezes podemos falhar em agir em
harmonia com as crenças que susten-tamos. Este é um fato de nossa experiência diária
que todos devemos reconhecer. Mas, isto significa que nossa cosmovisão
conseqüentemente não tem o papel guiador que estamos atribuindo a ela? Não
necessariamente. Um navio pode ser desviado de seu curso por uma tempestade e
ainda estar se dirigindo ao seu destino. É o padrão em geral que conta, o fato que o
timoneiro faz tudo que for possível para permanecer no curso. Se sua ação está fora de
sintonia com suas crenças, você tende a mudar suas ações ou suas crenças. Você não
pode manter sua integridade (ou sua saúde mental) por muito tempo se não fizer
nenhum esforço para resolver o conflito.

Esta visão da relação de nossa cosmovisão com a nossa conduta é disputada por
muitos pensadores. Os marxistas, por exemplo, sustentam que o que realmente guia
nosso comportamento não são nos-sas crenças, mas os interesses de classes. Muitos
psicólogos olham para as cosmovisões mais como guiadas do que como guiando,
como racionalizações para comportamentos que são realmente con-trolados pelas
dinâmicas de nossa vida emocional. Outros psicólogos sustentam que nossas ações
são basicamente condicionadas pelos estímulos físicos vindos de nosso meio. Seria
tolice desconsi-derar a evidência que esses pensadores apresentam para reforçar seus
pontos de vista. Na realidade, é verdade que o comportamento humano é muito
complexo e inclui tais assuntos como interesses de classes, o condicionamento e a
influência de desejos reprimidos. A questão é o que constitui o fator decisivo e
dominante que conta para o padrão da ação humana. O modo como respondemos esta
questão depende de nossa visão da natureza essencial da humanidade: isto é em si
mesmo um assunto de nossa cosmovisão.

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Do ponto de vista cristão, devemos dizer que nossa crença é um fator decisivo em
nossas vidas, embora as crenças que professamos possam estar em desacordo com
as crenças que estão atualmen-te operando em nossas vidas.

É um mandamento do evangelho que vivamos nossas vidas em conformidade com as


crenças ensi-nadas nas Escrituras. O fato de freqüentemente falharmos em viver este

Como cristãos, confessamos que as Escrituras têm a autoridade de Deus, que é


superior a tudo mais - acima da opinião pública, da educação, da criação de crianças,
da mídia, e em resumo, acima de todas as poderosas interferências em nossa cultura
pela qual a cosmovisão está constantemente sen-do formada. Contudo, uma vez que
estas interferências em nossa cultura deliberadamente ignoram, e de fato usualmente
rejeitam por completo a suprema autoridade das Escrituras, há considerável pressão
sobre os cristãos para restringirem seu reconhecimento da autoridade das Escrituras à
área da Igreja, da teologia e da moralidade pessoal - uma área que tem se tornado
basicamente irrelevan-te no rumo tomado pela cultura e pela sociedade como um todo.
Esta pressão, contudo, é em si mesma o fruto de uma cosmovisão secular, e deve ser
resistida pelos cristãos com todos os recursos de que dispõem. Os recursos
fundamentais são as próprias Escrituras.

As Escrituras representam muitas coisas para o cristão, mas a principal é a instrução.


Não há passa-gem nas Escrituras que não possa nos ensinar algo sobre Deus e Seu
relacionamento conosco. Nós devemos nos aproximar das Escrituras como
estudantes, particularmente quando começamos a pen-sar criticamente sobre nossa
própria cosmovisão. "Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nos-so ensino foi
escrito", diz Paulo sobre o Velho Testamento (Romanos 15:4), e o mesmo se aplica ao
Novo Testamento. Eis por que o conceito de "sã doutrina" é tão central no testemunho
apostólico - não doutrina no sentido de teologia acadêmica, mas como instrução
prática nas realidades de vida e morte de nosso andar em compromisso com Deus. É
por meio deste tipo de ensino que a constância e encorajamento provenientes das
Escrituras nos capacitam, como Paulo apontou na mesma passa-gem, não para nos
desesperarmos, mas para estabelecermos nossa esperança em Cristo. Isto está
envolvido também no que Paulo chama a "renovação de nossas mentes" (Romanos
12:2). Nós ne-cessitamos deste renovo se formos discernir qual é a vontade de Deus
em toda a sua extensão para nossas vidas - "sua boa, agradável e perfeita vontade".
Testar nossa cosmovisão à luz das Escritu-ras e revisá-la de acordo com ela é parte do
renovo da mente.

Esta ênfase no ensino escriturístico é claramente um aspecto fundamental da religião


cristã. Todas as variedades de cristãos, apesar de todas suas diferenças, concordam
sobre este ponto de uma for-ma ou de outra. Contudo é necessário enfatizá-la
novamente com referência à questão de nossa cosmovisão, porque quase todos os
ramos da Igreja Cristã também concordam que o ensino das Escrituras é basicamente
um assunto de teologia e moralidade pessoal, um setor privado rotulado de "sagrado"
e "religioso", separado dos amplos assuntos do ser humano, rotulados de "seculares".

As Escrituras, de acordo com esta visão, precisam certamente formar nossa teologia (incluindo nossas
"éticas teológicas"), mas são, na melhor das hipóteses, somente indiretamente e tangencialmente
relacionadas a assuntos seculares tais como política, arte e conhecimento: a Bíblia nos ensina uma
visão de Igreja e uma visão de Deus, não uma cosmovisão.

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Este é um erro perigoso. Sem dúvida, nós devemos ser ensinados pelas Escrituras em
assuntos tais como batismo, oração, eleição e igreja, mas as Escrituras falam
centralmente a tudo em nossa vida e mundo, incluindo tecnologia, economia e ciência.
O escopo do ensino bíblico inclui assuntos ordi-nários "seculares" como labor, grupos
sociais e educação. A menos que tais assuntos estejam apro-ximados em termos de
uma cosmovisão baseada honestamente em categorias escriturísticas centrais como
criação, pecado e redenção, nossa avaliação destas dimensões supostamente não-
religiosas de nossas vidas será provavelmente dominada por uma das competitivas
cosmovisões do Ocidente secularizado.

Conseqüentemente, é essencial relacionar os conceitos básicos de "teologia bíblica" à


nossa cosmovisão - ou melhor, entender estes conceitos básicos como constituindo
uma cosmovi-são. Em certo sentido, o apelo que está sendo feito aqui para uma
cosmovisão bíblica é simples-mente um apelo para o crente levar a sério a Bíblia e seu
ensino para a totalidade de nossa civiliza-ção agora mesmo, e não para relegá-la a
alguma área opcional chamada "religião".

Tudo isto levanta a questão do relacionamento do que eu tenho chamado de


"cosmovisão" com a teologia e a filosofia. Este é um assunto que causa certa
confusão, uma vez que na conversação co-mum quaisquer perspectivas abrangentes
sobre as coisas que apela à autoridade da Bíblia são cha-madas de "teologia", e
qualquer perspectiva que apela à autoridade da razão é chamada de "filosofi-a". O
problema com este modo de falar é que ele falha em fazer uma distinção entre a
perspectiva de vida que todo ser humano tem pelo fato de ser humano e as disciplinas
acadêmicas especializa-das que são ensinadas pelos professores de teologia e
filosofia. Além disso, ela faz uma suposição equivocada que a teologia não pode ser
pagã ou humanística e que a filosofia não pode ser bíblica. A diferença entre cristão e
não-cristão não pode ser tão facilmente dividida entre duas disciplinas acadêmicas.

Teologia e filosofia são campos especializados de investigação que nem todos podem
adentrar. Elas requerem habilidades especiais, um certo tipo de inteligência e uma
quantia considerável de melhor: "conhecimento" ou "instrução". Eles são campos para
especialistas treinados. Isto não é dizer que elas estão fechadas ao leigo inteligente;
simplesmente significa que os leigos têm uma desvantagem melhor: "definida" em si,
pelo simples fato de estarem nas ciências médicas, econômicas e em campos não-
acadêmicos específicos como altas finanças e diplomacia internacional. Em todos
estes campos há homens e mulheres profissionais, que são especializados na área.
Teologia e filosofia não são exceção.

Mas a cosmovisão é um assunto totalmente diferente. Você não necessita de títulos ou


habilidades especiais para ter uma perspectiva na vida. Sabedoria bíblica ou sã
doutrina não aumentam com o avanço do treinamento teológico. Se aumentasse, os
profetas e apóstolos, para não mencionar o próprio Jesus, teriam sido totalmente
deficientes comparados com os brilhantes e jovens teólogos de hoje que acabam de
sair de uma faculdade. Brilhantismo acadêmico é algo totalmente diferente de
sabedoria e de senso comum - e uma cosmovisão é uma questão de sabedoria e senso
comum, seja bíblico ou não.

Sem tentar definir precisamente a natureza de "ciência" e "teoria" (que neste contexto
podemos considerar sinônimos), podemos dizer que filosofia e teologia, como
disciplinas acadêmicas, são cientificas e teóricas, enquanto que uma cosmovisão não

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é. Uma cosmovisão é uma questão da ex-periência diária da humanidade
compartilhada, um componente inescapável de todo saber humano, ou melhor, (desde
que o conhecimento cientifico é sempre dependente do conhecimento intuitivo de
nossa experiência diária) pré-científico, por natureza. Ela pertence a uma ordem de
cognição mais básica do que a da ciência ou teoria. Da mesma forma que a estética
pressupõe algum senso inato de beleza, e a teoria legal pressupõe uma noção
fundamental de justiça, assim a teologia e filosofia pressupõem uma perspectiva pré-
teórica sobre o mundo. Elas dão uma elaboração cientifica de uma cosmovisão.

No geral, então, podemos dizer que cosmovisão, filosofia e teologia são semelhantes
no sentido de serem abrangentes em escopo, mas que elas são diferentes no que uma
cosmovisão é pré-científica, ao passo que a filosofia e teologia são científicas. A
distinção entre filosofia e teologia pode talvez se tornar mais clara se introduzirmos
dois conceitos chaves: "estrutura" e "rumo". A filosofia pode ser descrita como aquela
disciplina científica abrangente (totalmente orientada) que se foca na estrutura das
coisas - isto é, na unidade e diversidade daquilo que é dado nas coisas criadas. Teo-
logia (isto é, teologia sistemática cristã), por outro lado, pode ser considerada aquela
disciplina cientifica abrangente (totalmente orientada) que se foca no rumo das coisas -
isto é, no mal que contagia o mundo e a cura que pode salvá-lo. A filosofia cristã olha
para a criação à luz das categorias básicas da Bíblia; a teologia cristã olha para a Bíblia
à luz das categorias básicas da criação. Uma cosmovisão, ao contrário, é igualmente
relacionada tanto com as questões estruturais como direcionais. Ela não tem contudo a
diferenciação de foco característica das disciplinas científicas abrangentes (ou
amplas).

Há muito que se pode dizer sobre estas distinções, especialmente sobre a distinção
entre estrutura e direção, mas que terá de esperar até um ponto posterior em nossa
discussão. No momento estamos somente tocando nele resumidamente para
esclarecer o relacionamento entre os três modos abran-gentes de entender o mundo.

Agora que temos uma idéia geral do que uma cosmovisão é, resta-nos falar o que é
diferente na cosmovisão reformacional. Que características peculiares a distinguem de
outras cosmovisões, tanto da pagã ou humanista como daquelas cristãs.

Devemos começar aceitando o fato que há diferentes cosmovisões cristãs, até dentro
da corrente principal da ortodoxia cristã histórica. Há um sentido, naturalmente, em
que todas as igrejas cristãs ortodoxas (que iremos entender neste contexto como
sendo aquelas igrejas cristãs que aceitam os assim chamados credos ecumênicos da
igreja primitiva) compartilham uma boa quantidade do ensi-no bíblico básico. Todas
elas aceitam a Bíblia como a Palavra de Deus, crêem em um Criador trans-cendental
que fez todas as coisas, que a desgraça humana é devida ao pecado e que Jesus Cristo
veio para expiar este pecado e redimir a humanidade de sua maldição, afirmam que
Deus é pessoal e triúno, que Cristo é tanto divino como humano, e assim por diante.
Nós não devemos minimizar a extensão na qual a Igreja Ortodoxa Oriental, a Católica
Romana e vários tipos de tradições protes-tantes compartilham a mesma herança e
confissão bíblica.

Não obstante, estamos bem cientes das profundas divisões dentro da igreja cristã.
Estas divisões refletem diferenças de cosmovisão bem como diferenças de teologia no
sentido estrito da palavra. Gostaria de brevemente identificar as diferenças básicas
entre a cosmovisão reformacional e outras cosmovisões cristãs.

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Um modo de ver esta diferença é usar a definição básica de fé cristã dada por Herman
Bavinck: "Deus o Pai reconciliou o mundo criado por Ele porém caído, através da morte
de Seu Filho, e re-nova-o em um Reino de Deus pelo Seu Espírito". A cosmovisão
reformacional toma todos os ter-mos chaves nesta confissão trinitariana ecumênica
num sentido universal e todo-abrangente. Os termos "reconciliado", "criado", "caído",
"mundo", "renova" e "reino de Deus" são tidos por cós-micos no escopo. Em principio,
nada à parte do próprio Deus fica fora da extensão destas realidades fundamentais da
religião bíblica.

Todas as outras cosmovisões cristãs, ao contrário, restringem o escopo de cada um


destes termos de um ou outro modo. Compreende-se que cada um se aplica somente a
uma área delimitada do uni-verso de nossa experiência, usualmente chamado de a
esfera "religiosa" ou "sagrada". Tudo que esteja fora desta área delimitada é chamado
de a esfera "mundana", ou "secular", ou "natural" ou "profana". Todas estas teorias
das "duas esferas", como são chamadas, são talvez melhor "varian-tes" de uma
cosmovisão basicamente dualística, em oposição à perspectiva integral da cosmovisão
reformacional, que não aceita uma distinção entre as esferas sagrada e secular no
cosmo.

Esta é uma maneira de explicar a distinção da cosmovisão reformacional. Outra


maneira é dizer que suas características distintivas são organizadas ao redor da visão
central de que "a graça restaura a natureza" - isto é, a redenção em Jesus Cristo
significa a restauração de uma criação originalmente boa. (Naturalmente quero dizer
"realidade criada" nestes contextos). Em outras palavras, redenção é re-criação. Se
olharmos para isto mais atentamente, podemos ver que esta afirmação básica real-
mente envolve três dimensões fundamentais: a criação originalmente boa, a perversão
da criação através do pecado e a restauração da criação em Cristo. Isto mostra quão
central a doutrina da cria-ção se torna em tal visão, visto que o propósito completo da
salvação é, então, o de salvar uma cria-ção corrompida pelo pecado. Nas cosmovisões
não-reformacionais, contudo, a graça inclui algo além da natureza, com o resultado que
a salvação é algo basicamente "não-criacional", super-criacional, ou até mesmo anti-
criacional. Em tais perspectivas, seja o que for que Cristo traga além da criação
pertence à esfera sagrada, enquanto que a criação original constitui a esfera secular.

Nos próximos três capítulos, observaremos as três categorias bíblicas básicas da


criação, queda e redenção. Até aqui falamos bastante abstratamente sobre a
cosmovisão reformacional para colocá-la no amplo contexto das cosmovisões cristãs
como um todo. Agora é tempo de nos tornar mais espe-cíficos, relacionando a
cosmovisão reformacional tanto nos temas centrais das Escrituras como nas
realidades básicas de nossa experiência cultural e social.

Fonte: Albert M. Wolters, "What is a Worldview?" em Creation Regained: Biblical basis


for a reformation worldview (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2000), 1-11.

Albert M. Wolters é Professor Adjunto de Religião e Teologia no Classical Languages at


Redeemer College, Hamilton, Ontário.

Tradução livre: Felipe Sabino de Araújo Neto


Cuiabá-MT, 07 de Maio de 2003.

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Cosmovisão cristã em poucas palavras

Cosmovisão é visão de mundo. Todos temos uma visão de mundo, independentemente


de a professarmos ou não.

Julio Pardo04/09/2017

Todos nós possuímos opiniões sobre os diversos assuntos que nos cercam. O tempo
todo debatemos ideias. Mas, como chegamos nas conclusões a que chegamos?

Segundo a disciplina da lógica, toda conclusão parte de uma premissa ou de um


pressuposto. Isso significa que a partir de uma base ou de uma proposta
argumentativa, nós construímos o nosso pensamento.

Muitas vezes, assimilamos ideias de terceiros sem compreender os seus pressupostos.


O conjunto desses pressupostos, portanto, são as lentes pelas quais enxergamos o
mundo à nossa volta. Essas lentes representam a nossa cosmovisão.

A Bíblia é um livro recheado de pressupostos. Portanto, existe, sim, uma cosmovisão


cristã. Ela moldará o pensamento do cristão sobre todas as coisas que o cercam. Dito
isso, não podemos crer em um dualismo entre o sagrado e o profano, onde o
cristianismo é restrito à vida da igreja e a vida fora dela é considerada “imunda”.

O cristianismo é sobre toda a nossa vida, todas as esferas da nossa existência.

O debate de ideias esconde, na realidade, um debate de cosmovisões. Por isso, em


assuntos diversos, costumamos ver quase sempre as mesmas pessoas nos mesmos
lados da discussão. Isso não é uma simples coincidência: os mesmos pressupostos
levam a conclusões iguais em diferentes assuntos. Além disso, visões distintas
também podem chegar a conclusões parecidas, em alguns assuntos. Isso não significa
que ambas são igualmente corretas.

Cosmovisão, segundo James W. Sire em seu livro “Dando nome ao elefante”, como
um conceito, é:

“…um compromisso, uma orientação fundamental do coração, que pode ser expresso
em uma história ou em um conjunto de pressuposições (suposições que podem ser
verdadeiras, parcialmente verdadeiras ou totalmente falsas) que sustentamos
(consciente ou subconscientemente, consistente ou inconsistentemente) sobre a
constituição básica da realidade, e que fornece o fundamento no qual vivemos, nos
movemos e existimos”

É importante enfatizar que a cosmovisão não é apenas um compromisso intelectual,


mas é também um compromisso do nosso coração.

O coração, o centro da vontade humana, também influencia (e muito) a maneira como


pensamos. Jesus nos diz que “a boca fala daquilo que está cheio o coração”. (Mt12.34)

11
Para entendermos melhor a cosmovisão cristã, vamos partir dos 4 grandes pilares da narrativa
bíblica.

Estes são: criação, queda, redenção e consumação.

Cosmovisão da criação

A forma como você enxerga a Deus afeta a forma como você enxerga o mundo.

Na criação vemos o Deus onipotente, onipresente, onisciente, auto-suficiente, amoroso, verdadeiro e


justo criando todas as coisas.

Na criação vemos, também, que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Isso significa que
Deus criou o homem perfeito e santo, e que ele carrega, impresso em seu coração, alguns atributos de
Deus. Se cremos em um deus que possui atributos diferentes daqueles descritos na Bíblia, ou até sem
algum deles, temos toda a nossa cosmovisão distorcida.

Se crermos, por exemplo, que Deus é amor mas não justiça, nos tornamos pessoas condescendentes
com o mal, pois esquecemos do atributo da justiça de Deus. Se cremos que Deus é justiça, mas não
amor, nos tornamos pessoas impiedosas, pois esquecemos do atributo da misericórdia de Deus. A
justiça de Deus é amorosa, e o amor de Deus é justo.

A cosmovisão afeta a maneira como vemos todas as coisas porque Deus é senhor sobre todas as
coisas. Como bem disse Abraham Kuyper:

“Não há um único centímetro quadrado, em todos os domínios de nossa existência, sobre os quais
Cristo, que é soberano sobre tudo, não clame: ‘É meu!’ “

Cosmovisão da queda

A forma como você enxerga o homem afeta a forma como você enxerga o mundo. Após a queda no
Éden, toda a humanidade foi afetada pelo pecado. Isso significa que o homem, como um todo, sofreu
as consequências da queda e, a partir de Adão, tem uma inclinação natural para o mal. A sua natureza
agora é totalmente caída.

A negação desse conceito bíblico, de que homem é inclinado para o mal, é conhecida como “visão
irrestrita do homem”. Isso significa que as pessoas, que creem nessa ideia, acreditam ser possível livrar
o homem do mal através de reformas (ou revoluções) sociais e políticas, pois pensam que ela, a
sociedade, é o grande agente corruptor do homem.

A Bíblia apresenta uma visão restrita do homem: isso significa que não acreditamos no avanço moral
da humanidade pelas suas próprias forças. Apesar disso, temos esperança, pois a palavra de Deus
oferece a redenção do homem mediante o sacrifício e obra de Jesus Cristo. A redenção do homem,
portanto, não está em filosofias ou em ideologias, mas somente em Cristo.

Cosmovisão da redenção

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A forma como você enxerga o evangelho afeta a forma como você age no mundo. Não cremos em
salvação por obras pois sabemos que, por causa da queda, o homem é incapaz de se achegar a Deus
por suas próprias forças.

Uma visão que deposita no homem ou em ideologias humanas a esperança de redenção, é uma visão
anti-bíblica, para não dizer idólatra.

Cosmovisão da glorificação

O local onde depositamos a nossa esperança afeta a forma como enxergamos o mundo. A cosmovisão
cristã nos fala da esperança da volta de Cristo e da restauração definitiva do seu Reino.

Ter esperança no dia do Senhor, e que ele irá julgar os vivos e os mortos, também reflete a maneira
como enxergamos o mundo. A descrença no retorno de Jesus, ou num momento de justiça final, nos
traz desespero. E o desespero, que é a perda de todas as esperanças, é incompatível com a fé cristã.

Conclusão:

A conversão representa o reconhecimento do senhorio de Cristo em todas as esferas da nossa vida. E


Deus escolheu a Bíblia, a sua Palavra, para falar com a gente. Portanto, oro para que as Escrituras
sejam o seu farol, por onde, através dessa luz, você enxergue todas as outras coisas.

“Eu creio no cristianismo tal como creio no Sol. Não porque apenas o vejo, mas porque através dele eu
vejo todas as outras coisas.” C. S. Lewis

COSMOVISÃO

COSMOVISÃO

por David. K. Naugle

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A concepção do cristianismo como uma “cosmovisão” tem sido um dos eventos mais significativos na
Igreja nos últimos 150 anos. Neste novo livro, David Naugle fornece a melhor discussão até então da
história e do uso contemporâneo da cosmovisão como uma abordagem totalizante para a fé e a vida.

Este volume informativo primeiro localiza a origem da cosmovisão nos escritos de Immanuel Kant e
examina a rápida proliferação de seu uso em todo o mundo de fala inglesa. Naugle então fornece o
primeiro estudo jamais realizado dos insights de grandes filósofos ocidentais sobre o tema da
cosmovisão e oferece uma análise original do papel que esse conceito tem desempenhado nas ciências
naturais e sociais. Finalmente, Naugle dá a fundamentação bíblica e teológica do conceito, explorando
as maneiras únicas em que a cosmovisão tem sido usada nas tradições evangélica, ortodoxa e católica.
Essa apresentação clara do conceito de cosmovisão será valiosa para uma grande variedade de
leitores.

História da criação no Gênesis

A Criação de Adão, de Michelangelo.

A história da criação é criacionista que vem do judaísmo e do cristianismo descrito nos primeiros
capítulos do livro do Gênesis, na Bíblia. Consiste na ideia de que Deus criou o universo e os seres
vivos de forma sobrenatural. No entanto, o termo é mais comumente usado para se referir à rejeição,
por motivos religiosos, de certos processos biológicos, particularmente a evolução. Criacionistas, em
geral, rejeitam a idade do universo e da Terra estipulada pela ciência moderna e defendem que o
universo surgiu em apenas seis dias há menos de 10 mil anos e sua cosmologia é originária
do literalismo bíblico. Existem, no entanto, um espectro contínuo de tipos de criacionismo, variando
desde o criacionismo da Terra plana até a aceitação dos teorias científicas modernas sem conflito com
a leitura da Bíblia. Uma vertente do criacionismo cristão é o criacionismo científico, que tem entrado
em conflito com a teoria da evolução nas escolas e tribunais.

Atualmente, para muitos cristãos e judeus, os sete dias da criação do mundo, de que fala a Bíblia, não
devem ser entendidos literalmente e representam apenas uma forma metafórica e alegórica de
explicar a criação do Universo. Mas, mesmo assim, algumas correntes cristãs,
denominadas fundamentalistas, originárias em certas regiões dos Estados Unidos, ainda acreditam
numa leitura literal da Bíblia. Alguns judeus ortodoxos defendem pontos de vistas semelhantes a de
cristãos fundamentalistas e rejeitam a teoria da evolução por considerem-na incompatível com os
livros da Torá, porém os judeus são consensualmente contrários ao criacionismo cristão. A principal
razão disto é que consideram o criacionismo cristão baseado na bíblia do Rei James e não em textos
hebraicos originais, que incorporam comentários adicionais ao texto bíblico.

Tipos de criacionismo bíblico

Comparação das vertentes criacionistas

Idade do
Humanidade Espécies biológicas Terra
Universo

Criacionismo Criado diretamente Criado diretamente Menos de 10 mil anos. Menos de


da Terra Jovem por Deus. por Deus. Reformulada por 10 mil
14
Macroevolução não
Dilúvio Global. anos.
ocorre.

Criado diretamente
Idade científica aceita. Idade
Criacionismo Criado diretamente por Deus.
Reformulada por científica
da Terra Antiga por Deus. Macroevolução não
Dilúvio Global. aceita.
ocorrem.

Criado diretamente Criado diretamente


Idade
Criacionismo por Deus. Baseado na por Deus Idade científica aceita.
científica
Progressivo anatomia dos + Evolução.Sem Sem dilúvio global.
aceita.
primatas. ancestral comum.

Divergente: Alguns
Divergente: Evolução Intervenção divina em Idade
Design acreditam que a
dos primatas e algum momento no científica
Inteligente existência da Terra é
criação direta. passado. aceita.
intervenção divina.

Idade
Evolução Evoluiu de um Idade científica aceita.
Evoluiu dos primatas. científica
Teísta ancestral comum. Sem dilúvio global.
aceita.

Terra Jovem

Dentro do grupo de criacionistas cristãos, há os que apoiam a tese da criação da Terra considerando
como literais os seis dias do Gênesis bíblico. Tais cristãos denominam-se criacionistas da Terra
Jovem ou literalistas bíblicos.

Terra Antiga

Outros aceitam a idade da Terra, ou até mesmo do Universo, defendida pelos evolucionistas, mas
mantendo ainda posições conflitantes com a biologia destes. São apelidados criacionistas da Terra
Antiga ou, muitas vezes, da Terra Velha. Já o evolucionismo criacionista, já citado, defende a tese de
que a Bíblia ou outros livros considerados sagrados dão margem a uma mistura da evolução, origem
da vida e criação, dizendo que Deus deu origem à vida, mas permitiu que esta evoluísse.

A Bíblia faz menção de seis dias criativos e um sétimo dia não terminado. Os criacionistas que apoiam
a tese da Terra Antiga, tentam realizar uma interpretação abstrata da palavra "dias", dizendo
que dias podem significar milhares ou até mesmo bilhões de anos, tentando tornar compatível a tese
da criação com a datação apresentada pelos que crêem na evolução, embora a Geologia apresente
várias provas de que a datação dos criacionistas está incorreta.

Os criacionistas trabalham basicamente com a Bíblia para refutar os argumentos dos evolucionistas. A
maior dificuldade dos não criacionistas é serem levados a sério, devido à tentativa de separarem
demais ciência e religião, razão e fé. Enquanto a ciência consiste em realizar experimentos, testes,
observações e outros métodos que permitam a comprovação de fatos, até determinar um resultado

15
concreto, a religião é baseada na fé, nas tradições, nos registros bíblicos e, no caso dos católicos, do
magistério.

Criacionismo Científico

Quanto à difusão do criacionismo clássico, segundo uma pesquisa do Instituto Gallup veiculada
pela Folha de S.Paulo, noventa por cento dos norte-americanos acreditam em um Deus criador, sendo
que quarenta e cinco por cento acham que a criação ocorreu exatamente como o livro
do Gênesis descreve. A pesquisa mostra que, entre os membros da Academia Nacional de Ciências
estadunidense, dez por cento expressam crença num deus, o que não significa necessariamente que
sejam criacionistas. A maioria deles são evolucionistas teístas, como Francis Collins, que deixa claro
seu repúdio tanto ao criacionismo quanto ao design inteligente em seu livro The Language of God: A
Scientist Presents Evidence for Belief (publicado em julho de 2006). Várias religiosos possuem
diferentes visões do criacionismo, como o cristão, muçulmano, hindu etc.

Catolicismo

Igreja Católica e Ciência

Os católicos, que herdaram a crença criacionista oriunda da tradição judaica, acreditam que a
explicação da "feitura do universo" dada pela Bíblia pode ser compatível com uma verdadeira
explicação científica, pois Deus não pode contradizer-se criando uma verdade natural em
contraposição com outra sobrenatural.

Atualmente, muitos deles, defendendo a posição oficial da Igreja Católica, não são estritamente
criacionistas, porque, apesar de acreditarem na criação divina, eles aceitam ao mesmo tempo as
teorias da evolução e do Big-Bang. Neste caso, que pode ser chamado de criacionismo
evolucionista ou evolucionismo criacionista, os católicos defendem que estas teorias científicas não
negam a origem divina do mundo, tendo somente a função de descrever o método com que Deus
tenha criado todas as coisas. Aliás, a própria Igreja Católica, através do seu Magistério, não considera
o criacionismo e o design inteligente como teorias científicas ou teológicas.

Há ainda segundo outras doutrinas católicas, onde essa parte do Gênesis teria a função de somente
ensinar à humanidade que temos que descansar.

Gênesis e a Ciência

Algumas denominações cristãs, após muitas discussões e vendo que definir uma doutrina sobre a
criação, estaria trazendo mais discórdia do que esclarecimento.

Mesmo depois de adotarem outrora doutrinas especificas sobre o tal fato, resolveram deixar em
aberto para que os fiéis tirem suas próprias conclusões se baseando sempre na Bíblia. Haja vista que
com o avanço da ciência, novas teorias são debatidas e como a Bíblia não dá detalhes precisos sobre o
ato da criação, não parece prudente ser dogmático nesta questão.

Desta forma, se acredita que ciência e religião podem caminhar mais próximas. Levando em conta que
ambas, já cometeram erros no passado sendo extremamente radicais nos seus pensamentos.

As pricipais teorias sobre a criação do mundo

16
Criscionistas da Terra Jovem
Em comum, os integrantes desta linha criacionista acreditam que o planeta tenha sido criado por Deus
há apenas 6 mil ou, no máximo, 10 mil anos. Subdividem-se em três grupos principais

- Terra Plana: para esse grupo, que faz interpretação literal da Bíblia, a Terra é chata, coberta por um
firmamento, e as águas suspensas seriam as causadoras do Dilúvio. Embora seja um grupo cada vez
menos expressivo, essa visão que remete à Antiguidade e à Idade Média persiste em pleno século XXI.
Ex.: Charles K. Johnson (International Flat Earth Society)

- Geocêntricos: aceitam que a Terra é redonda, mas negam todas as evidências científicas que, desde
Copérnico (1473-1543) e Galileu (1564-1642), provam que é a Terra que gira ao redor do Sol e de seu
próprio eixo - e não o contrário. Ex.: Gerardus Bouw (Biblical Astronomer Organization) e Tom Willis
(Creation Science Assotiation for Mid-America)

Criacionistas da Terra Antiga


Aceitam as evidências da antiguidade do planeta, mas ainda as encaixam na lógica das escrituras
bíblicas. Subdividem-se em quatro grupos principais:

- Teoria do Intervalo: estabelece que houve um longo intervalo temporal entre os versículos 1:1 e 1:2
do Gênesis, após o qual Deus teria criado o mundo em seis dias. Busca assim conjugar evidências
geológicas e cosmológicas mais remotas sem abrir mão da criação divina literal registrada na Bíblia.
Ex.: Herbert W. Armstrong (autor de Mistery of the Ages)

- Teoria do Dia-Era: estabelece que o conceito de ''dia'' nas Escrituras representa, de forma figurada,
períodos muito mais longos que 24 horas, compreendendo até mesmo intervalos de milhões de anos.
Ex.: Testemunhas de Jeová (Watchtower Bible and Tract Society of New York)

- Teoria Progressiva: aceita o big bang e a maioria das teorias da Física Moderna como reforços do
poder criativo de Deus. Mas acredita que todos os seres vivos foram criados de modo progressivo e
seqüencial por Deus, sem relação de parentesco ou ancestralidade. Ex.: Hugh Ross (autor de Reasons
to Believe)

- Design Inteligente: versão criacionista mais sofisticada e de maior repercussão nos círculos
acadêmicos e de poder do mundo atual. Como estratégia de marketing, seus adeptos não gostam de
ser classificados como criacionistas

Afirmam que a complexidade do mundo natural prova uma intencionalidade. Seus argumentos se
organizam de forma cada vez mais técnica para combater a teoria darwinista, em campos como
Genética e Microbiologia. Ex.: Phillip Johnson, Michael Behe, William Dembski e George Gilder
(Discovery Institute)

Evolucionismo

EVOLUCIONISMO TEÍSTA
Corrente que aceita completamente a Teoria da Evolução, mas não abre mão de seu caráter divino
original. Crê que a descrição do Gênesis é simbólica, levando em conta o estilo literário hebraico da
Antiguidade. Acredita que o processo criativo de Deus se expressa através dos postulados da Evolução,
não vendo oposição entre Ciência e Fé. É a visão oficial do Vaticano e do papa, assim como da maioria

17
das confissões protestantes, especialmente as denominadas ''históricas''. Ex.: Teilhard de Chardin
(autor de The Phenomenon of Man)

EVOLUCIONISMO METODOLÓGICO MATERIALISTA


Acredita que Deus não interfere no processo evolutivo. Pode ser subdividido em dois grupos principais

- Linha Metodológica: limita-se a descrever o mundo natural por meio de métodos científicos de
investigação, excluindo o componente sobrenatural da equação. Adota uma postura agnóstica, nem
defendendo nem negando sua existência. Ex.: Stephen Jay Gould (autor de Rock of Ages: Science and
Religion in the Fullness of Life).

- Linha Filosófica: mais próxima de uma atitude proclamada como ''ateísta positiva''. Entende que o
sobrenatural não existe. Mas prefere não discutir sobre isso. Cabe a quem tem fé o ônus da prova.
Todos os processos, incluindo aí a Evolução, são naturais e assim devem ser estudados e analisados.
Ex.: Richard Dawkings (autor de The Blind Watchmaker)

CRIACIONISMO EVOLUCIONÁRIO
Grupo que conjuga influências tanto do ideário criacionista quanto do evolucionista. Considera que
Adão não foi o primeiro ser humano criado, mas sim o primeiro dotado de alma por Deus. É muito
semelhante ao Evolucionismo Teísta, diferindo apenas em alguns postulados teológicos, sendo mais
próximo do judaísmo que do cristianismo. Ex.: Susan Schneider (autora de Evolutionary Creationism:
Torah Solves the Problem of Missing Links)

Evolução da Terra e fenômenos geológicos

Por Marcus Vinicius Castro Faria

Mestre em Geografia pela Universidade Federal Fluminense

ORIGEM

Desde sua origem, há 4,56 bilhões de anos, a Terra já sofreu inúmeras mudanças
geológicas. Apesar da aparente estabilidade, os continentes se mantem em constante
movimento e algum dia podem até se partir, fazendo com que algumas cordilheiras
surjam e outras desapareçam.

Tudo faz parte de um ciclo geológico. Enquanto a maioria dos processos são muito
lentos e quase imperceptíveis, outros são abruptos e tem consequências muitas vezes
devastadoras. Os desastres naturais, como os terremotos e as erupções vulcânicas,
mostram a magnitude dos processos que ocorrem no interior do planeta.

ESTRUTURA INTERNA DA TERRA

O interior da Terra divide-se em três partes quimicamente diferentes: crosta, manto e


núcleo, de maneira semelhante à composição de um ovo.

Estrutura interna da Terra (Foto: Reprodução/Colégio Qi)

A crosta terrestre

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A crosta é porção externa, fina e rígida da Terra. Embora seja composta de material
rochoso, é muito frágil em resistência. Nosso planeta possui uma crosta continental e
uma oceânica que diferem em espessura, densidade e tipo de rochas.

A crosta continental possui as rochas mais antigas já encontradas (4 bilhões de


anos). A relativamente jovem crosta oceânica compõe-se de material rochoso pesado;
pelo fato de prevalecerem os compostos de silício e magnésio, ela também é conhecida
como “SiMa”. O material da crosta continental é menos denso, composto de granito
com alto conteúdo de silício e alumínio (“SiAl”).

O manto

Em média, o manto tem 2.850 km de espessura e representa aproximadamente 68% da


massa da Terra. Sua camada superir consiste em material rochoso e, junto com a
crosta sólida, forma a litosfera. Há, no manto terrestre, alguns pontos mais quentes que
o restante, chamados de hot spots (pontos quentes). Nesses locais, o material do
manto tende sempre a subir e atravessar a crosta. Quando ele consegue isso, forma-se
na superfície da Terra um vulcão.

O núcleo

O núcleo é composto basicamente de ferro (80%) derretido, alcançando uma


temperatura de 1.000°C. Acredita-se que o núcleo terrestre seja formado de duas
porções, uma externa, de consistência líquida, e outra interna, sólida e muito densa.

TIPOS DE ROCHA

Tipos de rocha (Foto: PRESS, Frank. Para entender a Terra. Bookman, 2008. p. 105)

As rochas são compostas por um agregado sólido de minerais. As primeiras rochas da


Terra foram formadas a partir do resfriamento superficial do magma, fazendo com que
a rocha derretida cristalizasse essas rochas são chamadas magmáticas ou ígneas.

Quando essa rocha sofre mudanças na estrutura cristalina original (mineralogia,


textura ou composição química), devido a mudanças de pressão ou temperaturas altas
o bastante para as rochas modificarem, seja por recristalização ou por reações
químicas, surgem as rochas metamórficas.

As rochas sedimentares, mais abundantes na superfície da Terra, são formadas pela


compactação de sedimentos produzidos pelo intemperismo (sedimentação), isto é, a
desagregação física, dissolução química ou decomposição biológica das rochas em
fragmentos de vários tamanhos.

FORMAÇÃO DOS CONTINENTES

Evolução dos continentes (Foto: Colégio QI)

Teoria da Deriva dos Continentes

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Apesar da atual divisão do mundo em continentes parecer uma situação estática, se
nos basearmos em um referencial de milhões de anos, tudo indica que não é bem
assim.

Segundo a Teoria da Deriva dos Continentes, existe um movimento, ainda que


imperceptível dentro de nossa vivência de tempo, que faz com que os continentes se
desloquem lentamente. Essa teoria foi proposta em 1912 pelo alemão Alfred Wegener,
que observou o recorte da costa leste da America do Sul e o comparou com a da costa
oeste da África e notou algumas semelhanças, como se os dois lados tivessem um dia
estado juntos.

Em determinada época, há centenas de milhões de anos, todos os continentes


formavam um só bloco, a Pangeia. Ao longo de milhões de anos, com o movimento das
placas tectônicas a Pangeia dividiu-se inicialmente em duas partes: Gondwana e
Laurásia. Daí para frente, as partes foram fragmentadas, até assumir a forma atual.

Teoria da tectônica de placas

A tectônica de placas é uma teoria geológica sobre a estrutura da litosfera. A teoria


explica o deslocamento das placas tectônicas que formam a superfície terrestre, assim
como a formação de cadeias montanhosas, as atividades vulcânicas e sísmicas e a
localização das grandes fossas submarinas. Dessa forma, a crosta está dividida em
muitos fragmentos, as placas tectônicas. As placas flutuam sobre o manto, mais
precisamente sobre a astenosfera, uma camada plástica situada abaixo da crosta.
Movimentam-se continuamente, alguns centímetros por ano. Em algumas regiões do
globo, duas placas se afastam uma de outra e em outros, elas se chocam. Acredita-se
que o motor da tectônica de placas seja a corrente de convecção – material quente que
sobe e material frio que desce produzida por essa troca.

Os continentes continuam se movendo até hoje. A teoria da Tectônica de Placas, que


aperfeiçoou a Teoria da Deriva Continental, é, atualmente, a forma mais aceita de se
explicar a formação dos continentes.

EXERCÍCIO

QUESTÃO: (UNESP) Analise o mapa.

(Foto: Reprodução)

Os números representam as velocidades em cm/ano entre as placas, e as setas, os


sentidos dos movimentos.

Os terremotos que abalaram o Haiti, em janeiro e o Chile, em fevereiro, atingiram,


respectivamente, 7,0 e 8,8 graus na escala Richter. A explicação para esses terremotos
é o fato de que ambos os países:

a) estão posicionados no centro das placas tectônicas.


b) estão localizados em áreas que raramente sofrem abalos sísmicos, o que torna
esses eventos catastróficos.
c) estão situados nos limites convergentes entre placas tectônicas.
d) têm todo o território situado em arquipélagos formados por cadeias de montanhas
vulcânicas submarinas.
e) estão em áreas de movimento de placas tectônicas divergentes.

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Comentário: Letra C. O movimento tangencial ou transformante entre as placas Norte-
americana e a das Caraibas (ou Caribe) explica a magnitude do terremoto do Haiti. E o
movimento convergente entre as placas de Nazca e Sulamericana justifica o intenso
terremoto do Chile.

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MAIS GEOGRAFIA FÍSICA

James Hutton e o Sublime Geológico: A Teoria da Terra entre o Iluminismo e o


Romantismo

Palavras-chave: James Hutton. Teoria da Terra. Iluminismo. Romantismo.

Resumo

O trabalho do geólogo, naturalista e médico escocês James Hutton [1726-1797], no


contexto do Iluminismo Escocês, sofreu grande influência das ideias de pensadores
como Isaac Newton e David Hume, representando uma síntese e uma transposição para
as nascentes ciências geológicas da força motriz do pensamento iluminista da época.
Sua visão da terrível magnitude das forças naturais e da imensidão do tempo geológico
perante a efemeridade da vida humana reflete os conceitos kantianos de Sublime
Dinâmico e Matemático, respectivamente.

A partir do desenvolvimento da Geologia como uma ciência que abriu os olhos humanos para a
história natural, é possível traçar um paralelo entre as teorias de James Hutton e as visões sobre a
natureza dos poetas românticos do século XIX, principalmente Coleridge e Wordsworth. Desta forma,
a geologia nasce como ciência exatamente na encruzilhada entre dois dos maiores movimentos
intelectuais e culturais da civilização ocidental, o Iluminismo e o Romantismo.

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Biografia do Autor

Fabricio Caxito, Universidade Federal de Minas Gerais

Professor Adjunto do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Minas


Gerais desde 2013 e diretor do Centro de Pesquisas Manoel Teixeira da Costa desde
2016. Doutor (2013) em Geologia Regional pela UFMG. Fui pesquisador visitante do
centro de pesquisas GEOTOP, Université du Québec à Montréal e McGill University no
Canadá (2010, 2011 e 2012), e do Danish Center for Isotope Geology da Universidade de
Copenhagen, Dinamarca (2017). Minha principal área de pesquisa é a reconstrução da
história geotectônica de antigas cadeias de montanhas, principalmente através da
aplicação do mapeamento geológico, geoquímica, geocronologia e geologia isotópica.

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Busco também reconstruir as condições e a evolução geoquímica dos sistemas
terrestres de superfície (hidrosfera-atmosfera-litosfera) através da análise química e
isotópica do registro sedimentar antigo.

História Geológica do Planeta Terra – Geografia Enem, Encceja e Vestibular

O primeiro ponto trabalhado em consenso pela Ciência Contemporânea é a questão do


início de tudo a partir do fenômeno do BIG BANG - a grande explosão. O Big Bang
também conhecido como o 'Modelo da grande explosão térmica'. Estude aqui a
estrutura geológica da terra e arrase nas questões do Enem!

A teoria do Big Bang parte do princípio de Friedmann, onde, enquanto o Universo se


expande, a radiação contida e a matéria se esfriam. Esta formulação explicativa ocorreu
na década de 1920, a partir das teorias de Albert Einstein, e consistem na explicação
mais aceita pela ciência.

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