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INTRODUÇÃO
Feitas as apresentações acerca das motivações e fontes que nos servirão de base e dados
os devidos esclarecimentos sobre a natureza do assunto e da metodologia científica que será
utilizada, passemos ao conteúdo da presente Monografia.
Em nosso primeiro capítulo (Conceituação), de caráter prefacial e/ou contextualizador,
apresentamos as acepções e etimologias do vocábulo “Logos” e das palavras “sentido” e
“vida”. Nele, serão abordados os principais fundamentos para considerações filosóficas,
teológicas e religiosas que se seguirão, o que tende mesmo a ser tomado como uma espécie de
porta de entrada para o desenvolvimento do tema que ora nos ocupa. O destaque cabe ao
vocábulo Logos, palavra mística de profundo sentido, relacionada a um Princípio universal e
fundamento único da vida e do sentido que lhe é inerente, o qual é apreendido, nominado e
representado nas culturas e religiões de maneiras diferentes.
No capítulo segundo tratamos da relação entre Epos, Mito e Logos e a questão do
sentido, destacando a importância do Epos como instrumento de linguagem e expressão do
Mito, consistindo-se na primeira tentativa de descrever o mundo e dar sentido as relações
humanas. Na primeira etapa, discorremos sobre o Epos e o Logos pré-heraclítico,
especialmente no que diz respeito ao emprego dos Epeas na Ilíada e na Odisséia e sua
utilização na religião olímpica, ora como palavra divina, ora como palavra humana. Este
capítulo reveste-se de grande importância para compreensão do engravidamento do
pensamento mítico e de seus epeas, fazendo nascer o vocábulo Logos. Na segunda etapa,
apresentamos a relação de pertinência entre Mito e Logos demonstrando que o mito no
sentido de “narrativa sagrada”, é praticamente equivalente a um Logos qualificado de Hieros,
não havendo descontinuidade entre Mito e Logos, senão no seu aspecto conceitual e
representativo, uma vez que subjaz entre eles o mesmo Princípio único e universal,
fundamento da vida e do sentido que lhe é inerente. Ademais, o Mito se mostra como uma
sabedoria de vida que, segundo os sábios de Israel, está de acordo com a grande sabedoria de
Deus, tendo lançado as primeiras bases da comunicação, significação e abertura para o
sentido, a que Heráclito de Éfeso exortava ouvir.
Como encerramento, discorremos sobre o Logos e o sentido da vida de acordo com as
correntes de pensamento da tradição filosófica e fontes judaico-cristãs aonde é representado
por um Princípio absoluto e vital cujo espírito de vida e luz criou, anima, sustenta e vivifica o
cosmos e tudo o que nele existe. Nessa ocasião, apresentamos as principais idéias e teorias de
seus mais ilustres pensadores, a saber: Heráclito de Éfeso, Zenão e os estóicos, Filon de
Alexandria e o autor do Prólogo Joanino. O aspecto importante desta abordagem fica por
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conta das diferentes representações desse Logos divino e universal ao longo de sua evolução
conceitual, decorrente das apreensões imperfeitas de sua essência. Assim, em Heráclito de
Éfeso, Ele seria um “Sentido” divino representado por uma lei universal que governa o
cosmos e o mundo dos homens, e que aponta para um deus transcendente; em Zenão e os
Estóicos, seria a alma do mundo, a força criadora eterna, a energia sustentadora e orientadora,
a razão universal que dirige todos os acontecimentos do cosmos e do mundo dos homens e a
quem os seres humanos devem obedecer. Em Filon de Alexandria, seria a ação de Deus no
mundo, o instrumento da criação, modelo do mundo e imagem de Deus, a Palavra reveladora
e o único meio a partir do qual a alma humana adquire o conhecimento verdadeiro, que vem
de Deus como dom divino, como graça. No autor do Prólogo joanino, é o Verbo divino
criador do cosmos e de tudo o que nele existe, a Palavra de Deus encarnada em Jesus Cristo, a
vida e a luz dos homens, o próprio Deus.
Uma última notação que se julga pertinente fazer é a de chamar a atenção para nossas
notas de rodapé. Acredita-se enriquecer o conteúdo da presente monografia, favorecendo não
apenas à boa compreensão como também à reflexão. Nesse caso, algumas notas, cujo teor se
apresenta muitas vezes complexo, em vez de omitidas, são aqui mencionadas a fim de que a
abordagem de cada tópico seja apresentada de maneira tão completa quanto possível.