Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
www.icls.com.br
“Tradicional” significa basicamente esse estudo tal como foi praticado desde a
Antiguidade grega até a Idade Média, sob a ótica da cristandade medieval.
Poderíamos usar ao invés de “cosmologia tradicional” a expressão “cosmologia
cristã”, mas isso teria alguns inconvenientes. Primeiro, um inconveniente aos
cristãos: “cosmologia cristã” pode dar a impressão que esse estudo faz parte do
depósito da fé, daquilo em que um cristão tem que crer e meditar, daqueles
conhecimentos ou verdades que ele tem que integrar na sua vida. Isso pode impor a
um cristão um fardo completamente artificial, fazê-lo pensar que precisa aprender
cosmologia para ir para o Céu, ou que algum erro em relação a isso vai levá-lo para
o inferno. Mas isso não é verdade, para ser um bom cristão ninguém precisa fazer
um estudo de cosmologia. Por outro lado, é verdade que um estudo de cosmologia
pode enfatizar aspectos da realidade cósmica tal como ela aparece para nós na
revelação cristã. Então, ainda que a cosmologia medieval tenha começado pelos
gregos, o seu texto fundamental é o Gênesis, o relato dos seis dias da criação – esse
é o resumo do cosmos do ponto de vista cristão.
1
Trecho do Hangout “Cosmologia Tradicional & Ciência Moderna” realizado em Dez. 2014.
1
O Que é Cosmologia Tradicional (Hangout)
Podemos dizer que a base da cosmologia cristã é, por um lado, o relato dos seis
dias da criação – os dois primeiros capítulos do Gênesis – e a passagem no
Evangelho de São João em que é dito que todas as coisas foram feitas por meio do
Verbo e nada foi feito senão por meio Dele. Esse é o núcleo essencial da cosmologia
cristã, e essas duas coisas certamente fazem parte do depósito da fé cristã. A
disciplina filosófica “cosmologia cristã”, porém, não faz parte do depósito da fé, ela
ilustra ou desenvolve esse depósito na direção de investigar o que é o universo em
torno de nós. Ela é cristã na medida em que não contradiz esse depósito original e,
na verdade, se inspira nele; mas ela é, digamos, extra-cristã na medida em que ela
lança mão de recursos de uma tradição de pensamento que é anterior à cristandade e
também se estende para fora dela, no mundo judaico e no mundo islâmico.