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As Castas e as Vocações Humanas

Por Luiz Gonzaga de Carvalho Neto


No Facebook

As castas hindus são parte da ordem social da Índia, mas em qualquer parte elas existem
realmente como possibilidades humanas, pois de fato as pessoas têm quatro motivações
ou direções reais na vida: A diversão, a família (ter muitos filhos e trabalhar duramente
para alimentar e educar todos eles), fazer o bem ativamente para o máximo de pessoas
sacrificando-se a si mesmo, e por último o conhecimento e contemplação de Deus.

Pessoas que não se enquadram em nenhuma dessas categorias ou que nunca conseguem
se decidir são "párias".

Hoje em dia vemos muitas


pessoas que pensam na
"carreira", não querem ou
pelo menos não aspiram uma
família numerosa e estável, o
bem do próximo não entra na
jogada e muito menos a
contemplação de Deus. Ora,
essas pessoas, que geralmente
se tem em alta conta pois são
a "elite" da sociedade, são na
verdade os "shudras" (a mais
baixa casta), só pensam na
sua própria diversão "no que
gostam", pois é isso que essa dita "carreira" é, uma diversão.

Olha, se o camarada não se decidiu explicitamente pelo celibado e nem casou e teve
filhos, ainda está só rodeando. Se ele chegar aos quarenta ou cinquenta anos assim, é um
pária, nem shudra consegue ser mais.

A condição de "pária" dita aqui, não tem relação com sucesso ou fracasso profissional.

Faça assim: Case-se, constitua família, eduque-os, trabalhe duramente enchendo-se de


responsabilidades e sustente-os. Com isso você será um bom e honesto "vaishya", se isso
for insuficiente e o que faltar não forem hobbies e diversões e sim fazer o bem para o
máximo de pessoas, você será um "kshatrya". Sem fazer a primeira etapa, não dá para
fazer a segunda.

Estamos usando os termos hindus analogicamente, somente para expressar vocações


humanas reais.

As "castas" superiores contém, virtualmente ou de fato, as inferiores, mas não o contrário.

Volto a dizer que estamos usando o termo "castas" no sentido de "vocações humanas". É
apenas uma analogia.
Com "Castas superiores" quero dizer "pessoas com mais talentos". E a diversão deles não
precisa ser "espiritual", basta ser moralmente lícita e feita com moderação.

Nessas quatro "possibilidades humanas", ou pelo menos nas três de cima, não há nenhuma
conotação moral ou espiritual, o sujeito não é melhor ou pior por ter esta ou aquela das
possibilidades, ele é melhor se realiza a sua própria com mais plenitude.

"superiores diante de Deus, não dos homens." Pelo contrário, elas são superiores somente
diante dos homens, diante de Deus é superior e melhor quem é mais santo e não que tem
a "casta" mais elevada.

Não existem castas espirituais.

Existem castas com mais obrigações morais e espirituais, quanto mais elevada mais
responsabilidades morais e espirituais tem.

"A quem mais foi dado, mais será cobrado"

Évola pira nisso aí.

Quando falamos de "castas" podemos estar falando do caso particular da Índia, em que
elas são uma organização social que às vezes corresponde à realidade mas às vezes não.
Ou podemos estar falando de vocações humanas, que é o caso aqui.

Évola não faz essa distinção.

Não sei se elas são "destino" ou "escolha" (o que é irrelevante e impossível de se saber)
mas elas são vocações humanas de fato.

Faça assim, case-se, tenha filhos e assuma várias responsabilidades. Esse é o primeiro
passo.

Todo jovem religiosos se vê como um "kshatrya". Para ele vale a mesma regra, case-se,
tenha uma penca de filhos, trabalhe como um burro de carga e se depois disso ainda sentir
vontade e força de fazer o bem ativo para muitos, tenha certeza que você é de fato um
kshatrya.

Demos essa recomendação para um rapaz aqui do facebook uns seis anos atrás, ele tinha
uns 22 ou 23 anos, hoje em dia ele está casado, vai ter o quarto filho, é pobre e ainda
assim trabalha pelo bem de muitos.

A pessoa sem responsabilidades para com o próximo e que não seja muito jovem, é só
um consumidor do ar alheio.

Em uma família de mendigos, se o pai e os filhos homens maiores ajudam a mendigar e


a esposa e as filhas não ficam reclamando o tempo todo, todos são pessoas de
responsabilidades para com o próximo. Ou seja, grana não tem nada que ver com a parada.

Trabalhar SÓ por prazer e amor (e não por responsabilidade para com o próximo) é
diversão.

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Tem o "por que gosto", "por que tenho que ter família e para isso preciso trabalhar e
melhor se for em algo que gosto" e também "por que quero fazer o bem para todos que
eu puder com esse trabalho e com a grana que eu ganhar com ele"

O próprio ideal da "carreira" como sendo algo somente "que eu gosto" ou "que eu me
realizo" e não para o sustento da família ou para o bem geral, é um ideal shudra,
elaborado, mas shudra, a autosatisfação.

O cara que vive feliz em sua carreira somente pela autosatisfação que ela concede e que
nem pensa em família e no bem das pessoas é de fato um shudra, isso se ele for realmente
feliz. O problema é que isso se tornou o modelo mais elevado hoje em dia.

Se um sujeito não liga ou sacrifica a família e o bem do próximo para algo que "o realiza",
seja como hobby ou como compulsão, e é feliz com isso, ele é de fato um "shudra". Se
fazendo isso ele sente depressão, amargura ou insatisfação, está enfermo na alma.

Não há problema em se trabalhar com algo que nos realiza ou nos satisfaz pois isso é
bom, eu falo de motivação principal e central, quando não única.

E mesmo que eu o tivesse conhecido, jamais falaria coisas como "você é um shudra" ou
"você é um brâmane" para ninguém, seria ridículo e arrogante.

Nosso objetivo aqui não é ser crítico, e sim ajudar quem quer descobrir sua própria
vocação.

Pessoas que tenham uma vocação real e saudável para sacerdócio também tem vocação
para constituir família, então não é anormal ter dúvidas. Reze e espere até ter certeza.

Várias pessoas têm me enviado uma pergunta como mensagem privada, então aqui vai a
resposta: Sim, o Brasil é uma sociedade "shudra" em que o valor máximo é o prazer e a
auto-satisfação. E não faz a menor diferença os prazeres e auto-satisfações serem mais
"refinados", não faz diferença viver para ir no baile funk que termina em suruba regada a
cola e maconha ou ir em uma festa refinadíssima da alta sociedade que também termina
em suruba regada a champagne e cocaína. Não faz diferença ser um pobre que tem um
empreguinho e vive para o "sabadão" ou ser alguém com uma carreira de sucesso cujo
único ou principal objetivo é a "auto realização" e o "sucesso", ambos estão somente atrás
de prazeres, ou seja, shudras.

Se a motivação central das ações do sujeito é o prazer, a auto-satisfação, a auto-realização


ou qualquer coisa do tipo, na prática ele é, ou vive como um "shudra" e ponto final. O
"vaishya" não é o camarada que vive em busca de auto-satisfações mais "refinadas", e
sim o sujeito que trabalha pela família e tem os valores familiares como motivação central
das suas ações.

O "kshatrya" é aquele que também tem os valores familiares em alta conta, mas os sujeita
a valores mais perenes como a generosidade, o trabalho para o próximo (desconhecido) e
a justiça para todos, pois ele, em princípio, encara todos os seres humanos como membros
da sua família.

Por exemplo: Em uma desavença entre o filho de um vaishya e o filho de um kshatrya, o


vaishya SEMPRE tomaria partido do próprio filho, já o kshatrya tomaria naturalmente

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partido da justiça, mesmo que com isso ferrasse o próprio filho, coisa que ele lamentaria,
claro.

Boa é uma sociedade com valores hierárquicos na cabeça de cada indivíduo. Esqueça a
"carteirinha de kshatrya ou de brâmane", isso termina em duginismo. Valores são
transmitidos por educação e pregação religiosa e não por decretos ou pela forma da
sociedade.

É complicado explicar isso aqui no Facebook, mas vamos tentar. A diferença é que, em
geral, a pessoa da terceira "sobe" para o mandamento mais importante (amar a Deus sobre
todas as coisas) através do segundo mandamento mais importante (amar o próximo como
a ti mesmo) enquanto a pessoa do quarto tipo "desce" do mandamento mais importante
para o segundo mandamento mais importante. Esse exemplo só se aplica a pessoas do
terceiro e do quarto tipo que buscam a Deus.

O dilema central do terceiro tipo é "bem e mal", o do quarto é "Verdade e falsidade". O


"bem" está incluído na "Verdade", não é toda ela.

Para detalhar mais: Uma pessoa do terceiro tipo pode inocentemente e sem culpa alguma
(embora não seja o ideal) acreditar que não precisa buscar a contemplação ou união com
Deus e que mesmo assim pode viver para fazer o bem para o próximo, isso não se aplica
a pessoas do quarto tipo.

Voltamos a ressaltar que essas "motivações humanas centrais" não tem NENHUMA
relação com a posição social do indivíduo, embora haja uma tendência geral à
hereditariedade (geral e não total ou absoluta). As pessoas não herdam somente o "DNA"
dos pais.

Eu realmente não me arrisco a esse tipo de associação, pois já encontrei muitas pessoas
com as duas motivações mais elevada vivendo, na prática, como proletários. Por isso
insisto novamente que isso que eu disse na postagem não tem absolutamente nenhuma
relação com posição social ou econômica.

No mundo cristão e no mundo islâmico, não se pode falar de castas como "ordem social",
e sim somente como "motivações centrais"

Vamos manter as coisas na simplicidade. As pessoas TENDEM a herdar índole,


capacidades, habilidades e até virtudes de seus antepassados, é isso.

Lembre-se que eu disse que é uma "tendência geral" e não absoluta, certo? Se é herdado
é de nascimento, para ver isso, basta fazer uma boa pesquisa com crianças adotadas.

Quem conhece astrologia sabe que existe até mesmo a tendência de se "herdar" aspectos
astrológicos (que indicam esses aspectos da personalidade).

Conhecendo pessoas e pesquisando, não existe outra maneira. Por causa do meu trabalho
eu acabo lidando intimamente com MUITAS pessoas.

Isso não quer dizer que se o sujeito tem um pai criminosos ele será um criminoso também.
Isso é completamente falso.

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Depois de examinar literalmente dezenas de milhares de mapas astrológicos eu posso
dizer que existe a tendência de herdar aspectos, e os aspectos indicam exatamente isso,
as tendências gerais e capacidades do sujeito.

Por exemplo: Meu pai tem Saturno (o grande maléfico) na casa 6, todos os cinco filhos
homens dele têm Marte (o pequeno maléfico) na casa 6. A pessoa pode dizer que é
coincidência, mas...

Nem mesmo na Índia as coisas funcionaram sempre assim na prática, quanto mais na
cristandade, que nunca foi formalmente e totalmente organizada por "castas".

Aqui só podemos falar de "castas" como valores e motivações centrais.

Sabedoria e contemplação, justiça e misericórdia, família e trabalho. Esses são os três


níveis de valores (o dos "shudras" não é um valor).

Buscar com o máximo empenho conhecer a verdade, ajudar a todos que eu puder, cuidar
bem da minha família. Essas são as motivações.

O problema no Brasil é que o valor mais elevado propagado pela "cultura" aqui é o único
que de fato é um "não-valor" que é o "prazer", a "auto-satisfação" a "auto-realização" etc.

Não que ter prazer, ou auto-satisfação e auto-realização, seja algo ruim, mas essas coisas
não são valores reais e por isso não podem ser as motivações centrais das nossas vidas.

Crianças e adolescentes são todos "shudras" (salvo raríssimas exceções), pois só pensam
naquilo que os satisfaz, alguns ficam assim para sempre...

Uma pessoa que chegou aos trinta anos e nem mesmo, voluntariamente e de coração,
assumiu responsabilidade familiar seja com esposa e filhos ou seja cuidando de seus pais
por que "dá muito trabalho e não me satisfaz", é na melhor das hipóteses um "shudra".

Não interessa sua posição social e "formação".

Falamos de pessoas que não querem se casar para manter sua "liberdade sexual" e de
farra, de pessoas que não querem pensar em ninguém além delas mesmas, ou seja,
trocaram valores familiares por puro prazer. Acho que isso ficou claro no texto e nos
comentários.

Uma pessoa que realmente sacrifica a vida matrimonial e se torna abstinente pelo bem de
todos ou pela busca da Verdade, evidentemente não tem uma motivação "shudra", mesmo
que essa pessoa não entre em um mosteiro (a abstinência é um requisito de sinceridade
nesse caso).

Uma pessoa interessada somente no bem de todos ou na busca da verdade que se case
com alguém interessado principalmente na busca do prazer, está buscando problemas
(será corneado).

Uma pessoa interessada somente no bem de todos ou na busca da verdade que se case
com alguém interessado principalmente em valores familiares encontrará alguns
problemas de convivência, mas pelo menos não será corneado.

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