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Poesia patriótica:
A Guerra do Paraguai entre Versos e Ilusões
PORTO NACIONAL, TO – 10 DE MAIO DE 2010
INTRODUÇÃO
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Sobre a participação escrava na campanha do Paraguai ver: SILVA, Eduardo. Dom Obá II D’África, o
príncipe do povo. São Paulo: Companhia das Letras, 1997; SALLES, Ricardo. Guerra do Paraguai:
escravidão e cidadania na formação do exército. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990; SOUSA, Jorge
Prata. Escravidão ou morte: os escravos brasileiros na Guerra do Paraguai. Rio de Janeiro: Maurad:
Adesa, 1996; KRAAY, Hendrik. Soldiers, oficers, and society: the arm in Bahia, 1808-1889. Tese
(Doutorado) – University of Texas at Austin, 1995; ALVES, Marieta. A escravidão e a campanha
abolicionista. Anais do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro: IHGB, 1985, p. 59-
85; BENTO, Cláudio Moreira. O Exército e a abolição. In: WEHLING, Arno. A abolição do cativeiro.
Rio de Janeiro: IHGB, 1988; SOARES, Antônio Joaquim Macedo. Campanha jurídica pela libertação
dos escravos, 1867 a 1888. Rio de Janeiro: José Olimpio, 1938; CHIAVENATTO, Júlio. O negro no
Brasil: da senzala à Guerra do Paraguai. São Paulo: Brasiliense, 1982.
ignorados. Os escravos fugiam solitários ou em bandos e apresentavam-se aos
recrutadores com nomes falsos, para despistar seus senhores. Eram os primeiros que
desejavam o embarque imediato, a fim de não serem recapturados. Com a demonstração
de bravura, mesmo que em defesa de uma pátria que não lhes pertenciam, esperavam
retornar da guerra com a condecoração no peito e a carta de liberdade nas mãos.
Encontraram sim, na volta ao Brasil, os velhos grilhões e a humilhação de serem detidos
em meio às festividades, ainda vestidos com as fardas desbotadas pela prolongada
campanha, depois da árdua tarefa cumprida.
Cada navio de passageiros que chegava do teatro da guerra trazia a notícia de
um novo triunfo; no dia seguinte, porém, também se liam nos jornais as longas relações
dos que haviam morrido nos combates, em torno da bandeira pátria, ou nos hospitais,
longe dos seus, que ficavam na viuvez e na orfandade. Do mesmo cais seguiam, para os
hospitais da Corte ou para seus lares, os feridos, os mutilados e os moribundos, vítimas
de moléstias adquiridas nos campos alagadiços, nos vastos pantanais, nos sertões
inóspitos e tórridos do Paraguai.
Finalmente, depois de cinco anos de luta, no dia 1º de março de 1870, o hino
brasileiro era tocado em Aquidaban. Era o sinal da vitória final das tropas da Tríplice
Aliança. Terminava a luta medonha e sem tréguas entre o Paraguai, Brasil, Argentina e
Uruguai, com a morte de López e de seus generais. O exército paraguaio havia sido
completamente desbaratado, embora o Brasil tivesse sessenta mil homens fora de
combate, entre os quais, generais de mar e de terra.
Começava o regresso dos batalhões de Voluntários da Pátria e Guardas
Nacionais à pátria, seguidos pelos soldados de linha, todos representados por uma
fração do grupo primitivo. Alguns novos agrupamentos resultavam da fusão de cinco ou
seis batalhões diversos, dizimados nos sucessivos e encarniçados combates e pelas
epidemias de cólera, de varíola e de beribéri, entre outras doenças.
Quem poderá descrever o delírio que se apoderou da capital do Império, as
galas com que a cidade se adornou para receber os denodados heróis que, de volta da
guerra, traziam o pavilhão nacional desagravado da afronta recebida injusta e
traiçoeiramente? Os primeiros que pisaram o solo pátrio formaram a brigada sob o
comando do bravo baiano Faria Rocha. Este, depois de haver sido abraçado com a
maior efusão pelo Imperador, fez sua marcha triunfal pela Rua Primeiro de Março,
antiga Rua Direita, enfeitada com os imponentes arcos que os comércios nacional e
estrangeiro mandaram erigir em honra dos defensores do Brasil.
As jovens senhoras, entre êxtases e risos de júbilo – possuídas de orgulho e
radiantes de felicidade por verem chegar incólumes os penhores de seus corações –
atiravam nuvens de flores. Junto às jovens, formando um triste contraste, estavam
pálidas matronas cobertas de luto, que aos soluços e prantos de dor e de pungente
saudade não encontravam ali seus entes queridos. Apesar de serem privadas até mesmo
do piedoso consolo de ver os ossos dos filhos, mortos na campanha, essas mães também
lançavam flores e engrinaldavam as esfarrapadas bandeiras enegrecidas pelo fumo dos
mortíferos instrumentos de guerra e pela poeira de tantos campos de batalhas! Algumas
bandeiras voltaram manchadas com o sangue daqueles que as carregavam e que, a elas
abraçados, foram feridos e morreram no mais sangrento combate!
Quem poderá esquecer a chegada do general Pinheiro Guimarães, 8 o poeta, o
dramaturgo, o homem da ciência, o modelo de tenacidade, o soldado valente? Sobre
fogoso ginete, que marchava orgulhoso na alfombra florida que cobria as ruas, à frente
de sua casa, à frente de sua brava brigada, aquele patriota era alvo invejável de
frenéticas ovações. Como as lágrimas de contentamento corriam pela sua face varonil,
mas envelhecida, em tão poucos anos, pelas privações, pelos sofrimentos e perigos!
Logo foram rememoradas, nas províncias, as cenas festivas da Corte, com a
chegada de cada legião de bravos ao destino final! Às festividades públicas seguiram-se
as festas particulares: umas ruidosas, com inebriante deleite; outras menos animadas,
porque na casa havia algum amputado, ou doente em estado grave. Enquanto isso, em
outras casas, restava a dor duplamente esmagadora – pela perda de seres queridos e pela
miséria em que foram abandonadas desditosas viúvas e delicadas e tímidas meninas!
JUSTIFICATIVA
Terceira geração do romantismo (1860-1870)
Pela Semana Ilustrada passaram os mais conhecidos escritores e jornalistas
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Sobre o general Pinheiro Guimarães ver: GUIMARÃES, Francisco Pinheiro. Um Voluntário da
Pátria: folha de serviços prestados pelo General Dr. Francisco Pinheiro Guimarães às classes
armadas. 2. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1958.
da época: Machado de Assis, Quintino Bocaiúva, Pedro Luís, Joaquim Manuel de
Macedo,
Joaquim Nabuco, Bernardo Guimarães, etc. E teve como correspondentes na guerra
contra
o Paraguai Joaquim José Inácio, futuro Visconde de Inhaúma, Antônio Luis von
Hoonholtz, futuro barão de Tefé, e Alfredo d’Escragnolle Taunay.
OBJETIVOS
Interessa-nos, anotar em um recorte sobre as possibilidades das fontes
jornalísticas do século XIX, compreender a trajetória da Guerra contra o Paraguai
METODOLOGIA
CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOUZA, Jorge Prata de. Escravidão ou morte. Rio de Janeiro, Editora Mauad-Adesa,
1996