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EMBUSCA DE @ UT Ox 8, BLO) Ronaldo Rogério de Freitas Mourao O grande apelo popular da Astronomia Corecen meen nie men ean et arin) One nmest ence mrs me OE LTS Cer ccm CGT COME TOES eT CG eee emo eet oR Tal sedugdo apresenta freqiientemente o CaCO nT Ca erie TT RTT Amo Omer MOIR hog cn Tos Dome tee Tan Coen ae TC mT Stee? Pois 0 homem ainda nao aprendeu a viver em Rot OM eN Ene Roe Rot tee eet} Oe or ae TT CO ec eT SCOTS SE CC MCRL SSOLE SOU Ore Cec CCDC COROT a NOMmCO MIE MRE NIT LO) DOS Seer OM CTO RUC aN CERO CEL or ee) ecm icwetes iment meee ets Ome CMe oon MCE rc re? Poni mC MCR enn Cente? dos contos de fadas para o leitor leigo. APR Tem eon Con OP Ge setae CMCC CMC scone mL ORR e Tr mente o ideal para quem quer ver-se longe das mazelas da politica ¢ das maquinagoes da COMO OT UNECE ETS TC intitulada “Espaco, economia e politica”, NOTE OT eE RCO OR et ine Res rar Rea RO RCIe MeN CR Ten et Emm ir Tnta te a Oke TecmcCOnGn co Mecon tM tr eT SCs SOME te omen mco ter nceny PP enCOn ee RT er cane iog COIN Ome me a Cer Te} PES aCc TTR CT COMR CRIN On Cen Poeeen MTP CRS emo Mtr arcs Or eee ice Ue ee Te eee ELEC San EN rei eer Lola UCL SOMA LL OEE Trac CU SEC MOMe Teme anon sempre certo e Util, pois, acelerando as pes- PROCS TOecoR Mento ear cence tarts Porat merce h nro yas es Esse lado positivo é acentuado por Mourdo em varios de seus artigos para o JORNAL DO BRASIL, aqui reunidos. Assim, detém-se Pertenece ers ‘ PEC IRCen Ont Cn meee ont ny Tom OmOMCr TT med ETON MTeoR CS como 0 alto grau de desenvolvimento tecno- légico especifico a que se atingiu ultimamen- Fam ere ror MT eek re eon PCat aco icon tree Ccnme ror Ferorranre mmr ircu nner ere uur tte Cod Ser Men ONE CTC at SoU PONT Cama oceN Cr COMTI Cor NCCI UCT rte Ronaldo Mourao nado se contenta em Antenne en crc ee Sem cerns erie ome en eC mee COC futuro, Deste. com visivel esperanga ¢/ou OTTO EC MUR Een TIDE UO Me UC MOUSE mcrae ncn nto cnt stcen ts partindo do pressuposto que a ci¢neia avance omer Use OSCR TT IR TG Fete eet meen caer ces Ee CO ene comum, permanentemente atribulado por injungdes negativas de toda ordem, ¢ que Frees eereerearermn mC ence ero MnnTLCon um mundo “novo”. ou, no dizer camoniano SCM Coae eT OMe CTT inclusive a perpetuacdo da espécie. E é no pas- MTC Cnet en OES OTOL Parone ee am cree ene encom POT Cem COU HO TROLLS ELMO MAUL TCDD Peer etre Ti eRe mec ea onc Da Pitan oem m ites nn I STen Rance CUD Emmanuel Liais, um Caxias e alguns outros: E nei falta a este astronomo-poeta a men- Re eee STINTS CN VCore teomre Te estuda a astronomia que decorre de seus poemas, sua nogdo de asterismos os mais diversos, a sua eterna preocupagdo com 0 universo e o infinito. Unindo o mais popular ROS PMN MICO nee econ Reon RRS Crum OEM RNase cas Ree Creme ccC Mtr Men netccn may Pere Ree es ERS TC eNO Le) ACU COT OCMC ccna) matéria-prima de seu universo poético. Trent ad EM BUSCA DE OUTROS MUNDOS EM BUSCA DE OUTROS MUNDOS Ronaldo Rogério de Freitas Mourdo Copyright © 1981 by Ronaldo Rogério de Freitas Mourgo Revisfo: Luis Augusto Pires Mesquita e Teresinha de Jesus Sa Composi¢ao/montagem: José Omar Dutra e Pedro Salvaro F. Impresso no Brasil Printed in Brazil 1982 Mourao, Ronaldo Rogério de Freitas. M891e Em busca de outros mundos / Ronaldo Rogério de Freitas Mourao. — Rio de Janeiro: F. Alves, 1982. (Colegdo Astronomia e Astrondutica) 1. Astronomia I. Titulo IT. Série CDD - 520 81-0792 cDU - 52 Todos os direitos desta tradugao reservados a: LIVRARIA FRANCISCO ALVES EDITORA S.A. Rua Sete de Setembro, 177 — Centro 20050 — Rio de Janeiro — RJ rota O faa alog, noiaT ms obama’ oltwol eatierl sb oftjgaAl obfano A -ebiterdn nisq se-uowtueb #,LATU ab amis 2 aston’ ,efosalll ob sbab aaa ob sb cb -alznoreupa ob oBztwi(l ab stsdo-opondaina seoware SOC aa ab IsqoineXs orllseno) ob atetnmiotne) robseiipes + Lenore obtiermedD . . eaupeel aataiven os eweigpesq ob dodiodm! sb wmstaes sow sb sem oymoneuzh wish Jnhqigeneh be mororh gel seine zetiognatiee OBpagluvib. sb sorvil zomerih sh voiwe 9 zobidrstea ab ~wiyajisid w cocstin'} ssituinoneh 5 uhemenah einup ao oes coil wath) are) 2 2 avaereiatie tots fanoiveY ofliseno’d — p¥AI-ub sinA ol oiguing © aydeser AO) mil STR gigiver abeciondi mic adpatesG oh cling o ,8er ae l Aobotoges) 082 | rwloqo aint) ab caipibd whol sknonomeh A6¥. Wieoladsi\ oh ob shui’ Suing “hiO4ucl" ssiewily ard soltelioth, . FOR. zine ma sanodind an ubsinsenga 2247 serum” -ain@l ofpesilivi> evs ;(oByibe #f) Fe bee fee ee sh etvt shea Sat capa it als) clita) en Aotgite #1) 202! aman’ eee enn ate sacar ok eer at PROF AR lebronthet cikagthiG — tothCl shew > slenomenteh breT Antone nalvll) miactiie (8 sibs 81) 80! exoslbll eovll, p cme pecnradeorpigr enti (aby {cigibe’ "1) 08@} seco¥ motlbd .xqde> em cewheld sostrul Aotgibe FE) SL Tae O8C1 srasib ayetA oazionett sturwit oh siasls3 wrt) 080) savlA oseiodsr4 ature request’ th = cowdnld 4 #5) £801 Congibs £1) O Autor Ronaldo Rogério de Freitas Mourdo é formado em Fisica pela Facul- dade de Filosofia, Ciéncias e Letras da UERJ, e doutorou-se pela Universida- de de Paris. Em 1968, tornou-se astronomo-chefe da Diviséo de Equatoriais do Observatério Nacional e Pesquisador Conferencista do Conselho Nacional de Pesquisas. Escreveu mais de uma centena de trabalhos de pesquisas em revistas estrangeiras, entre elas, Astronomy and Astrophysics, Acta Astronomica, ete. Descobridor de asterdides e autor de diversos livros de divulgagao cientifica, entre os quais Astronomia e Astrondutica, Universo: as inteligén- cias extraterrestres e a Carta Celeste. Em 1979, recebeu 0 prémio José Reis do CNPq — Conselho Nacional de Pesquisas e, em 1981, o prémio de Destaque em Ciéncias da revista Ele Ela. Do mesmo Autor: Astronomia Popular, Edig&o de Ciéncia Popular, 1960 (esgotado). Réalisation d’une chambre “Tout-Ciel” pour L étude de la Nebulosité Noc- turne. Tese apresentada na Sorbonne, em Paris. 1967. Atlas Celeste, Editora J. C. M., 1971 (1 edigdo); Editora Civilizagao Brasi- leira S.A., 1973 (23 edicdo); Editora Vozes (34 edigao). Céu da Bahia (Planisfério Celeste Mével), Fundagdo Universidade Feira de Santana, 1975 (12 edicao). Da Terra as Galixias, Edigdes Melhoramentos, 1977 (12 e 23 edigao); Edito- ra Vozes (38 edigdo). Astronomia e Poesia, Difel — Difusao Editorial S.A., 1977. Al6, Galéxia (linha ocupada), Imago Editora, 1978. Astronomia e Astrondutica, Livraria Francisco Alves Editora, 1978 (18 edi- 40); 1981 (2 edigao). Buracos Negros: Universo em Colapso, Editora Vozes, 1980 (12 edigdo); 1981 (23 edicdo); 1982 (34 edicao). Livraria Francisco Alves Editora, 1980. Universo — As Inteligéncias Extraterranas, Livraria Francisco Alves, 1980 (12 edigdo); 1982 (28 edigao). SUMARIO 1 ESPAQO, ECONOMIA E POLITICA, 11 Nao Circule, Comunique-se, 13 Vale a Pena Correr para o Espago?, 17 A Tecnologia é Neutra, 23 2 ENERGIA SOLAR, 27 As Células Solares e a Solugdo da Crise Energética, 29 Centrais Heliolétricas Espaciais, 34 As Células Solares e o seu Funcionamento, 37 3 ASTRONAUTICA, 41 Um Mundo Jamais Imaginado pelos Astrénomos, 43 A India na Luta pelo Espago, 48 A Grande Odisséia da Pioneer 11, 54 Satélite para Mapear o Magnetismo Terrestre, 57 ‘A Conquista do Espaco nos Anos 70, 60 A Procura das Civilizag6es Extraterrestres nos Anos 70, 71 A Conquista do Espago nos Anos 80, 77 A Redescoberta de Saturno, 81 A Exploracdo do Cometa Halley, 87 Saturno depois da Voyager, 90 Voyager 2 Chega a Saturno Dia 25, 93 Os Soviéticos Dominam o Espago, 99 4 AEXPLORACAO DA LUA, 103 De que Serviu ao Brasil a Ida do Homem a Lua, 105 A Origem das Crateras Lunares, 109 A Explorago do Solo Lunar, 112 Idade e Origem da Lua, 115 O Interior da Lua, 118 Esbogo de uma Bibliografia Brasileira sobre a Lua, 121 5 O SKYLAB E A SUA QUEDA, 123 Skylab — O Desastre de 1 Bilhdo de Délares, 125 Anatomia de uma Esperanga, 131 O Skylab e 0 Lixo Espacial, 137 6 ASTRONOMIA, 141 Plutdo, Ano 50, 143 Confirmada a Existéncia das Lentes Gravitacionais, 146 Nao Ha Vida em Tita, 149 SS 433 um Novo Objeto Celeste?, 151 O Destino da Terra, 154 Estaria o Sol se Contraindo?, 156 Tremores de Terra e as suas Causas, 160 Vénus nfo E mais o Planeta Misterioso, 163 7 METEOROS E METEORITOS, 167 Os Primeiros Sinais de uma Vida Extraterrestre, 169 Meteoro, 174 O Meteorito que Destruiu a Vida na Terra, 177 Serra da Cangalha, uma Cratera Meteorftica no Maranhfo, 180 8 ASTRONOMIA NO BRASIL, 183 Os 80 Anos da Morte de Emmanuel Liais, 185 Caxias e o Observatério Nacional, 188 . A Revolugao de 30 e a Astronomia, 191 Anisio Teixeira e a Astronomia, 195 Bicentendrio da Fundagao do Observatério do Rio de Janeiro, 198 Mouchez, um Astrénomo pouco Conhecido no Brasil, 201 9 DIVERSOS, 207 Os Papas e a Astronomia, 209 A Astronomia de Vinfcius de Moraes, 213 Céu de Canudos, 219 ESPAGO, ECONOMIA E POLITICA N&o Circule, Comunique-se Hi 0 hfbito, hoje, de se criticar a pesquisa espacial esquecendo a sua enorme potencialidade. A tecnologia espacial seré, em 20 anos, a causa das maiores modificag0es sociais e econdmicas jf ocorridas no mundo modemo, Seus efeitos se estenderdo a todas as atividades humanas tradicio- nais. No espaco, 0 homem est4 encontrando o meio ideal de observar tan- to a Terra como as estrelas. De 14 é mais facil pesquisar e estudar os recursos minerais, agricolas e pecudrios de qualquer nago. A energia solar no espa¢o € ilimitada, facil de ser captada e transformada em energia elétrica. O proble- ma, no momento, é descobrir o meio para transmiti-la até a Terra, em forma elétrica. Por outro lado, o vazio e ayséncia de gravidade serd um dos fatores fundamentais para o desenvolvimento de numerosas produgbes industriais, com a enorme vantagem de que a polui¢do no existe, pois, ao se distribuir pelo espago, ela nfo acaba, como no nosso planeta, retida no interior da nossa atmosfera, No instante, em que os defensores da conservacdo da natureza no Brasil compreenderem que a poluicdo espacial no prejudica a ecologia da Terra, eles serao, como nos EUA, os maiores entusiastas na luta pelo espago. Convém lembrar que foi gracas 4 conquista espacial que se tor- nou possivel afirmar que ndo existe no nosso sistema planetdrio nenhuma floresta tropical como a floresta amazdnica, e que cumpre aos homens de- fenderem a Terra, realmente 0 tinico grande parafso do sistema solar. Assim, pelo menos, até onde as naves espaciais atingiram, ainda nao se encontrou nada equivalente. Uma tal visto pode conduzir a dois grandes erros. O primeiro serd © de se subestimar a importancia da pesquisa espacial considerando-a uma utopia de visiondrio e, em conseqiiéncia, iniciar-se um combate sistematico aos recursos a Ihe serem destinados. O segundo erro € o de superestimar imaginando que logo, amanhd, estaremos viajando ¢ conquistando 0 cosmo, em enormes ilhas espaciais. Na realidade, a exploragdo e colonizacao deste meio quase virgem se farfo, racionalmente, a medida que as necessidades da civilizagHo as fizerem necessdrias. Assim, um dos primeiros aproveitamentos da tecnologia espa- 13 cial foi 4 aplicagao com sucesso dos satélites de telecomunicagao. Sua im- portancia é tao grande que, com uma enorme economia de combustivel, tor- nou-se supérflua toda a ida, meramente contemplativa, aos grandes centros esportivos, pois gragas a televisio por satélites é possivel assistir a uma dispu- ta esportiva que se realize em qualquer ponto do planeta. Ha uma grande esperanga de que a escassez energética seja resolvida pela energia solar obtida no espago e retransmitida a superficie terrestre por intermédio de microondas. Os estudos e projetos j4 comegaram na NASA. Concepedo artistica da colocacdo em érbita de estacdo helioelétrica espacial que enviard energia elétrica para a Terra, em forma de microondas. (NASA) 14 Enquanto a solug4o nao aparece para resolver o problema da falta de com- bustivel que tanto preocupa os Governos, no nosso atual estégio de desenvol- vimento técnico-cientifico 0 agravamento da situacdo podera ser reduzido, até certo ponto, com a adogdo de um novo modo de vida cujo lema ser Nao Circule — Comunique-se. Esta divisa das civilizagdes do futuro tera como base a economia de combustivel e tempo. Os meios de transportes serdo utilizados somente pelos jornalistas na procura de novas informa¢es, que eles retransmitirao ao vivo, de qualquer ponto do planeta, pelos técnicos em reparagdo dos equipamentos espaciais e pelos indivéduos em seus mo- mentos de lazer. As viagens de neg6cios, reunides de diretoria etc., serio desnecessé rias, uma vez que todos os principais contactos vao realizar-se através dos video-telefones, sistemas combinados de televisor, computador e copiadora. Esse sistema constituira um aperfeigoamento do telex que ja substitui e economiza nas grandes empresas uma enorme quantidade de combustivel quase sempre gasto inutilmente em deslocamentos supérfluos. O telex pode e deverd ser, nos processos administrativos, além de um meio de economi- zar combustivel, um processo de desburocratizagio que dard nova responsa- bilidade as comunicagées. Com efeito, a comunicacZo escrita é um docu- mento que dé maior responsabilidade ao que se diz. Tal necessidade serd Como parte do desenvolvimento do programa espacial dos Estados Unidos, cientistas da NASA (Administrago Nacional de Aeronautica e Espaco) encontram-se empenhados no projeto de um laboratério celeste para 12 homens. Varios segmentos poderiam ser anexados ao corpo principal, enquanto estivessem em rbita, a fim de ‘constituirem uma base cientffica capaz de acomodar 100 homens. Na foto, a concep¢ao artistica do laboratério celeste, com seus segmentos adicionais. 15 muito mais importante para os pafses como o nosso, onde quem fala poucas vezes deseja ver sua afirmativa publicada nas atas de reuniGes, pois o que se diz nao se escreve e o que se escreve cumpre-se raramente. Deixemos de lado essas considerag6es pouco otimistas e vejamos como ird ficar 0 panorama dos meios de comunicag6es. ‘As conferéncias e congressos internacionais se farfo através dos yideo-telefones, que utilizarfo os sistemas de transmissdo por intermédio de satélites. Os contratos poderfo ser fechados através de um sistema de gravacdo da voz e imagem, pois cada voz terd 0 seu numero de classificagio, como, atualmente, se faz com impressfo digital. Ser a impressdo fonica de valor jurfdico. Os telejornais retransmitidos por satélites estardo permanen- temente no ar e os profissionais de todas as especialidades terao a seu dispor uma rede sistemdtica de noticias. Sistemas automdticos de registros de dados, comandados por palavras-chave; selecionardo os assuntos de maior interesse para consulta posterior, no caso de auséncia do telespectador. Tais informagdes poderao ser registradas através de cédigos de forma que s6 as pessoas interessadas tenham acesso a elas. As técnicas de impressfo terfo um desenvolvimento espetacular. Os textos dos livros serao registrados em fitas magnéticas, mostrando-se a ima- gem animada, como nos cinemas. As consultas as grandes bibliotecas serao efetuadas por meio de sistemas de videos ligados a copiadoras, que registra- rao as partes procuradas pelo interessado. A escassez de matérias-primas serd solucionada pelas buscas realiza- das pelas sondas espaciais no nosso sistema planetério. Uma crise de maté- tias-primas serd invidvel, pois 0 consumo seré controlado por computadores que analisardo a produgdo através dos sensores remotos dos satélites. A maior parte dos combustiveis nas civilizagdes do futuro s6 seré gasta em objetivos de passeio e diversio nos momentos de lazer. As atuais testrigdes de gastos de combustivel sero vistas nos préximos anos como uma prova do nosso atual atraso, cultural e cientifico, de uma civilizacdo em estd- gio ainda pré-espacial. Essa curta e pouco ousada exploragao sobre o desen- yolvimento dos meios espaciais de comunicagao serve para mostrar a impor- tancia da pesquisa espacial. Alids, ao tentar desenvolver a tecnologia espacial por seus proprios recursos, a India e a China esto realmente antevendo os efeitos do espacgo em um futuro nao muito longfquo. 22 de agosto de 1979 Vale a Pena Correr para o Espaco? Ao autorizar um crédito de 500 mil délares para ser aplicado a par- tir de janeiro do ano passado pela Fundagdo Nacional de Ciéncias com o objetivo de examinar as possibilidades do langamento de satélites destinados ao aproveitamento da energia solar, 0 Senado norte-americano aprovou também um pardgrafo no qual declara que se deve estudar ainda no mesmo projeto a factibilidade do aproveitamento, na construgdo das estruturas das estagOes espaciais daquele projeto, de “‘matéria-prima proveniente tanto da superficie lunar como dos asterdides”. Este pequeno acréscimo em uma decisfo do Senado dos Estados Unidos ¢, na verdade, uma grande vitoria, pois daré meios para que uma concepefo desenvolvida ¢ muito popularizada por cientistas e escritores de ficgo cientffica se torne realidade. De fato, a exploragéo de minérios na Lua e nos asterdides justificaria, em prazo no muito longo, todos os carfssimos investimentos que tanto os Estados Unidos como a Unido Soviética tém feito na corrida espacial, e abriria novas possibi- lidades para 0 desenvolvimento econdmico e tecnolégico de nosso planeta. A mineragao dos asterdides é uma idéia ha muitos anos defendida, en- tre outros, pelo cientista soviético Konstantin Tsiolkovsky e 0 escritor inglés Arthur Clarke. Todavia, uma solucdo vidvel para o desafiante problema da exploracdo dos recursos minerais da Lua e dos asterdides — assim como dos processos de sua extrago em escala industrial — com 0 objetivo da constru- co da estrutura nas futuras cidades espaciais, segundo a concepedo de uma nova tecnologia, s6 foi realmente analisada a partir dos trabalhos do fisico norte-americano Gerard K. O’Neill, da Universidade de Princeton. A extracdo da matéria-prima de que as civilizagdes do futuro terfio necessidade ndo ser4 limitada, como se poderia a principio pensar, as possi- bilidades da Terra. E as necessidades serdo enormes, no s6 na superficie de nosso planeta como também nas estruturas das estagdes e cidades do espaco. Assim, as pesquisas de novas fontes de recursos minerais nao pode- ro se restringir 4 superficie terrestre, onde, além das limitagdes econdmicas e politicas, deverdo surgir as da defesa ecolégica, pois 0 controle da poluiggo industrial exigir, no futuro, que as inddstrias altamente poluentes sejam instaladas no espago, fora da atmosfera terrestre. 17

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