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Conselheiro Fábio Túlio Filgueiras Nogueira Auditor Oscar Mamede Santiago Melo
Presidente em Exercício Relator
RELATÓRIO
A Auditoria, com base nos documentos insertos nos autos, emitiu relatório inicial,
constatando, sumariamente, que: a) as contas foram apresentadas no prazo legal, com os
demonstrativos em conformidade com a RN TC 99/97; b) o orçamento foi aprovado através
da Lei Municipal n.º 270/2007, estimando a receita em R$ 6.434.424,00 e fixando a despesa
em igual valor, e autorizando a abertura de créditos adicionais suplementares, no valor de
R$ 3.217,212,00, equivalentes a 50% da despesa fixada na LOA; c) não houve abertura de
créditos adicionais sem autorização legislativa; d) a receita orçamentária efetivamente
arrecadada no período ascendeu à soma de R$ 8.761.363,52; e) a despesa orçamentária
realizada atingiu a quantia de R$ 8.836.697,42; f) o somatório da Receita de Impostos e
Transferências – RIT atingiu o patamar de R$ 5.386.352,64; e g) a Receita Corrente Líquida
– RCL alcançou o montante de R$ 8.393.850,61.
Processadas as devidas citações, o Prefeito, Sr. Hércules Barros Mangueira Diniz, apresentou
defesa, fls. 2071/2096.
Em sua análise, a Auditoria considerou elidida a irregularidade que trata da não adoção de
medidas para recuperação de créditos e retificou seu entendimento no tocante ao déficit
orçamentário, que passou de R$ 291.894,30 para R$ 166.018,66, que equivale a 1,89% da
receita orçamentária arrecadada; as despesas com restos a pagar sem comprovação, que
foram alteradas de R$ 39.292,11 para R$ 22.278,24; e despesas não comprovadas com
pagamento de obrigações previdenciárias no valor de R$ 81.268,80, retificadas para
R$ 44.102,65. As demais irregularidades foram mantidas na íntegra.
A defesa alega que a diferença apontada pela Auditoria refere-se ao parcelamento da dívida
da Câmara Municipal junto à Previdência Social, cabendo ao Poder Executivo o repasse das
parcelas ao INSS e a compensação dos valores no repasse mensal do duodécimo para a
Câmara.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
O defendente apenas encaminhou cópias dos REO e RGF. Contudo, não foi comprovada a
efetiva publicação de tais instrumentos em órgão de imprensa oficial.
A defesa afirma que o saldo dito fictício não condiz com a realidade dos fatos contábeis
ocorridos, uma vez que existe a figura da “Conciliação Bancária”, que significa registrar o
saldo constante no extrato bancário mais as entradas e saídas ainda não consideradas pelo
banco.
A Auditoria esclarece que o Manual de Procedimentos das Receitas Públicas, citado pela
defesa, em vigor no exercício de 2008, estabelece que o registro da receita dá-se em função
do fato gerador, no enfoque patrimonial, sendo um Ativo Financeiro, ou seja, sendo um
direito e nunca uma receita a receber, pois se assim o fosse contrariaria o regime de caixa
da Lei 4.320/64.
A defesa alega que não existe diferença este os citados demonstrativos. A Auditoria é que
inclui os encargos com a parte patronal do INSS, acarretando a diferença, enquanto que a
prefeitura considerou estas despesas como empenhadas e pagas no exercício seguinte.
A Auditoria argumenta que a defesa não justificou a omissão de despesa no exercício.
A defesa informa que já se pronunciou sobre a dívida quando discutiu sobre o Passivo Real
a Descoberto e não apresentação de documentos que compõem a conta denominada de
“Crédito Inscrito na Dívida Ativa”.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
O defendente anexou diversos processos licitatórios que já haviam sido considerados pela
Auditoria no Relatório de Instrução Inicial, ocasião em que considerou que nas licitações na
modalidade inexigibilidade não foram preenchidos os requisitos exigidos pela legislação.
Também já havia emitido seu entendimento acerca de despesas realizadas com diversos
fornecedores que atingiram valores superiores aos autorizados nos respectivos processos.
O valor apontado como excesso pela Auditoria refere-se à diferença entre o valor pago pela
locação no exercício e o valor de aquisição de veículo semelhante, obtido através de consulta
ao mercado de automóvel, no site www.pesquisauto.com.br. A defesa alega que a Auditoria
não esclareceu os critérios adotados na avaliação do mercado e não levou em consideração
nem a forma de aquisição nem a economia em gastos de manutenção. A defesa ressalta
ainda que a locação de veículos para órgãos públicos, que vão dispor do veiculo para uso
excessivo, é uma prática benéfica ao erário e vem sendo adotada pelo Governo Estadual,
assim como por outros órgãos e empresas.
A Auditoria reforça seu entendimento de que o valor pago pela locação daria para adquirir
um veiculo idêntico, o que seria mais vantajoso para o município.
A defesa esclarece inicialmente que a Auditoria considerou em seu cálculo toda a despesa de
pessoal quando deveria ter levado em conta apenas o pessoal efetivo, sobre quem incide a
previdência própria. Apresenta quadro com dados relativos aos valores devidos e pagos e
conclui com um valor pago a maior no exercício de 2008, relativo à contribuição patronal e
do servidor, correspondente a R$ 61.164,09.
O Órgão de Instrução não acolhe a argumentação haja vista que não foram anexados aos
autos documentos que corroborassem o demonstrativo apresentado.
As medidas citadas pela Auditoria dizem respeito ao não repasse das contribuições
previdenciárias, ou repasse com atraso sem o pagamento de juros e multa. Ressalta ainda
que o Órgão Previdenciário apresentava uma disponibilidade financeira para o exercício
seguinte de apenas R$ 103.312,05. Tanto a defesa quanto a Auditoria repetem os
argumentos utilizados no item anterior.
A Auditoria não acolhe o rateio realizado tendo em vista que houve apropriação de guias
previdenciárias nas secretarias de saúde e educação em valores maiores do que as
obrigações previdenciárias devidas nas respectivas secretarias. O rateio deveria levar em
consideração as despesas com vencimentos e vantagens fixas, no entanto, foram adotados
outros critérios sem que houvesse justificativas.
A defesa argumenta que o valor apontado pela Auditoria levou em consideração a despesa
do Poder Legislativo. Apresenta quadro onde conta que a diferença a ser repassada ao INSS
referente ao exercício de 2008 equivale a R$ 23.181,41. No entanto, ressalta que o Tribunal
de Contas não tem poderes de fiscalização, apuração e inscrição de débito previdenciário.
A Auditoria considera as argumentações inválidas pelo fato de que as obrigações
previdenciárias do Poder Legislativo não foram atribuídas ao Poder Executivo. Salienta que
o atraso nos recolhimentos provocam a elevação da dívida municipal, comprometendo as
gestões futuras, além de ocasionar o pagamento de juros e multa.
A Unidade Técnica não acata os pagamentos das despesas com cheques, os quais não
ficaram demonstrados através de guias e cópias de cheques.
O Ministério Público através de sua representante emitiu o Parecer Nº 0339/11 onde opina
pela:
É o relatório.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROPOSTA DE DECISÃO
AUDITOR OSCAR MAMEDE SANTIAGO MELO (Relator): Após análise dos autos, passo a
comentar as irregularidades então remanescentes:
Quanto ao repasse para o Poder Legislativo, entendo que não houve interferência do Poder
Executivo sobre o Legislativo, ocorreu apenas uma compensação dos valores devidos pela
Câmara e pagos pela Prefeitura, não havendo, portanto, repasse a menor. No tocante à
publicação dos REO e RGF, a documentação anexada aos autos, no entendimento do
Relator, constitui comprovação de publicação dos referidos instrumentos da gestão fiscal no
Boletim Oficial.
Com relação às despesas excessivas com locação de veículo, a Auditoria considera como
excesso a diferença entre o total pago pela locação do veículo e o preço de mercado para
sua aquisição. No entendimento do Relator, o valor de R$ 5.200,00, apontado como excesso,
não deve ser imputado ao gestor, uma vez que não foi levado em consideração nem o custo
de manutenção nem a depreciação do veiculo, para fins de avaliação da opção mais
vantajosa para a Administração Municipal.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
c) Recomende ao Prefeito de Diamante que adote medidas visando evitar a repetição das
falhas constatadas no exercício em análise.
É a proposta.
João Pessoa, 20 de abril de 2011