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Autos 476/09

Vistos.

BRUNO C. S. e LUCAS H. G. , já qualificados nos autos, foram


denunciados[1] como incursos no art. 157, § 2º, I, II, na forma do art. 29, ambos
do Código Penal.

O Inquérito foi instaurado por Portaria em 03 de abril de 2009 (fls. 02).

Relatório final foi apresentado pelo Delegado João Batista Vasconcelos (fls.
27/28).

A denúncia foi recebida (fls. 33).

Os réus foram citados (fls. 39) e interrogados: Bruno (fls. 98) e Lucas (fls. 99).
As Defesas Prévias foram apresentadas: Bruno (fls. 66/68) e Lucas (fls.47/49).

Foram ouvidas as vítimas (fls. 95/97).

Em Alegações Finais (fls. 102/106), o Ministério Público (Dr. Renato Fanin)


requereu a procedência da ação penal, com a consequente condenação dos
acusados nos termos da denúncia.

A Defesa do réu Bruno, por sua vez, pugnou pela absolvição do acusado, antes a
carência do conjunto probatório produzido durante a instrução processual (fls.
117/119).

A Defesa do réu Lucas (Dra. Regina Célia Gomes) postulou pela improcedência
da presente ação, com sua consequente absolvição, de acordo com o art. 386,
VII, do Código de Processo Penal (fls. 121/125).

É o relatório.
· CI·O.

No mérito, a ação penal é procedente.

Consta da denúncia que os acusados, agindo em concurso e previamente


ajustados, subtraíram, para si, mediante grave ameaça exercida com emprego
de arma de fogo, dois Notebooks, um relógio de Pulso, uma máquina fotográfica
digital, um aparelho celular e R$ 2.000,00 em dinheiro, bens pertencentes às
vítimas Vera, Eduardo e Natália.

A materialidade é inconteste de acordo com boletim de ocorrência (fls.03/04)


e prova oral colhida.

A autoria é induvidosa.

O réu Bruno (fls. 98) negou os fatos. Disse que não sabe o motivo da acusação.
Alegou que a foi abordado pelos policiais e injustamente acusado do roubo.

Em juízo, o acusado Lucas (fls. 99) negou os fatos. Disse que no dia do ocorrido
estava trabalhando, portanto nada sabe a respeito do roubo. Afirmou que
conhecia o réu Bruno apenas de vista.

As negativas dos acusados foram infirmada pelas provas coligidas.

A vítima Eduardo (fls. 95) explicou que saía da casa da avó de sua namorada
quando foi abordado pelos réus. Afirmou que um deles sacou uma arma,
colocou em suas costas e pediu para que voltasse a casa. Contou que ao
entrarem na residência, os acusados mandaram que todos deitassem no chão.
Disse que foi amarrado juntamente com sua sogra. Declarou que depois de ser
amarrado nada mais viu, visto que teve que permanecer de cabeça abaixada.
Afirmou que os acusados levaram aparelhos como notebook e celular, além de
dinheiro. Assegurou que os réus ficaram cerca de quinze minutos na residência.
Contou que a avó de sua namorada não foi amarrada, os acusados a deixaram
ficar sentada no sofá. Explicou que permaneceu na sala, portanto não soube
declarar o que ocorreu no momento em que os rapazes estavam no quarto.
Declarou que no momento da abordagem era Lucas quem estava na
posse da arma. Contou que sua sogra também viu Bruno na posse de uma
arma. Assegurou que foi amarrado por Bruno, enquanto Lucas lhes
ameaçava com a arma. Afirmou que no momento em que os acusados
chegaram e efetuaram a abordagem estavam com o rosto descoberto. Disse que
Lucas estava de boné, todavia era possível reconhecê-lo.

A vítima Vera (fls. 96) explicou que estava em sua casa e viu seu genro deitado
no chão, junto dele estavam os acusados. Contou que os agentes estavam
armados. Afirmou que foi amarrada. ·eclarou que identificou o réu
Bruno, o qual que lhe amarrou. Disse também que ele estava armado.
Assegurou que foram levados dois notebooks, celular, além de R$ 1.300,00.

A vítima Natália (fls. 97) disse que estava em sua casa, momento em que os
acusados entraram na residência. Afirmou que eles a mandaram deitar no chão,
a amarraram e taparam seu rosto, todavia o objeto utilizado deslizou, sendo
possível ver os acusados. Afirmou que reconheceu o acusado que entrou
em seu quarto, e disse que este estava armado . Contou que foram
roubados dois notebooks, um celular, relógio, R$ 1.300,00, máquina
fotográfica. Declarou que nenhum objeto foi recuperado.

Os depoimentos seguros das vítimas, que nada tinham contra os réus, já


autorizam o decreto condenatório neste caso.

Com relação à palavra da vítima, já se decidiu:

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Impossível, assim, a absolvição dos acusados. Estou convicto a respeito da


atuação de ambos durante o roubo.

As provas colhidas na fase policial foram corroboradas em juízo. Os acusados


também foram reconhecidos pela vítima Eduardo fotograficamente (fls. 11).
As vítimas Vera e Natália reconheceram fotograficamente o réu Bruno, e,
quanto a Lucas, afirmaram que seu porte fisco é muito parecido com o de um
dos agentes (fls. 07 e 14)

Reafirmo que tudo o que foi colhido na fase policial contra os réus foi
devidamente corroborado dentro do contraditório.

Os acusados não trouxeram aos autos provas suficientes para rebaterem o que já
estava provado contra suas pessoas.

Bem provada, pois, a responsabilidade dos réus pelo delito de roubo.

Releva notar que a ³qualificadora´ (causa especial de aumento) de emprego de


arma de fogo restou cabalmente configurada pela prova oral colhida.

Igualmente bem demonstrado o concurso de pessoas, de acordo com as


declarações das vítimas, prestadas em várias oportunidades e que não deixaram
margens para dúvidas.

Observo que não há nenhum indício de inimputabilidade ou semi-


imputabilidade dos réus.

·AS SANÇÕ S

Do acusado Bruno

Atendendo aos ditames do artigo 59, do Código Penal, fixo a pena base acima do
mínimo legal, tendo em vista que o réu possui vários envolvimentos criminais,
inclusive condenações. O aumento será de 1/5.

Na segunda fase, reconheço sua reincidência e aumento a pena de mais 1/6.

Na terceira fase, aumento a pena de dois quintos, em razão do emprego de


arma e concurso de pessoas, circunstâncias que facilitam o roubo e
demonstra maior audácia do agente.

A pena final será de 07 anos, 10 meses e 02 dias de reclusão, além de 19 dias-


multa.
Do acusado Lucas

Atendendo aos ditames do artigo 59, do Código Penal, fixo a pena base no
mínimo legal, vez que o acusado não ostenta outros envolvimentos na esfera
criminal.

Na segunda fase, não haverá alteração.

Na terceira fase, aumento a pena de dois quintos, em razão do emprego de


arma e concurso de pessoas, circunstâncias que facilitam o roubo e
demonstra maior audácia do agente. [2]

A pena final será de 05 anos, 07 meses e 06 dias de reclusão, além de 14 dias-


multa.

As penas serão cumpridas inicialmente em regime fechado[3] (cf. nota de


rodapé), tendo em vista o emprego de arma somado ao concurso de pessoas,
tudo nos termos do art. 33, § 3°, do Código Penal. O crime de roubo agravado
revela periculosidade dos agentes e aterroriza as pessoas honestas, pacatas e
trabalhadoras de Limeira.

Tal conduta deve ser reprimida com maior severidade, até porque a Lei de
Execução Penal Brasileira é branda e os réus terão direito a benefício em curto
espaço de tempo.

Impossível a substituição por pena alternativa.

·A · CISÃO FINAL

Posto isto e por tudo mais que dos autos consta, julgo procedente a presente
ação penal para:

a) condenar o réu BRUNO C. S., já qualificado nos autos, ao cumprimento


das penas de 07 anos, 10 meses e 02 dias de reclusão, além de 19 dias -
multa, estes em um quinto do mínimo legal, por inf ração ao art. 157, § 2º, I e
II, na forma do art. 29, ambos do Código Penal.
b) condenar o réu LUCAS H. G. , já qualificado nos autos, ao cumprimento
das penas de 05 anos, 07 meses e 06 dias de reclusão, além de 14 dias -
multa, estes em um quinto do mínimo legal, por infração ao art. 157, § 2º, I e
II, na forma do art. 29, ambos do Código Penal.

As penas privativas serão cumpridas em regime inicial fechado, como já


fundamentado.

Não poderão recorrer em liberdade, uma vez inalterados os motivos ensejadores


da prisão preventiva, ainda mais depois de condenação baseada em provas
robustas.

Também responderam todo o feito recolhidos e não se justifica a soltura após a


condenação .

Ainda, condeno os réus ao pagamento das custas no valor de 100 UF SPs,


cada um, nos termos da lei.

Autorizo a expedição de certidão de honorários dos atos praticados.

P. R. I. C.

Limeira, 17 de novembro de 2009.

Dr. LUIZ AUGUSTO BARRICHELLO NETO

Juiz de ·ireito

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