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Esta é a décima vez que o Brasil ocupa assento não-permanente no Conselho de Segurança (CSNU), cargo para o
qual foi eleito pela Assembleia Geral para o mandato 2010-2011. Brasil e Japão são os dois países que mais vezes
ocuparam assento eletivo no CSNU.
Conforme a Carta das Nações Unidas, o CSNU tem a responsabilidade primária pela paz e segurança internacionais.
Um dos instrumentos de que se vale o CSNU para cumprir sua função é o estabelecimento de operações de
manutenção da paz. Na atualidade, há 16 operações de manutenção da paz ativas em todo o mundo.
O Brasil participa, no momento, de nove dessas operações, com cerca de 2.200 militares e policiais.
A participação brasileira na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH) é o principal
envolvimento do Brasil em operações de manutenção da paz. O Brasil é o maior contribuinte de tropas para essa
Missão. De 2004 a fevereiro de 2010, o Brasil manteve contingente de 1200 militares, com rotação semestral. Após o
terremoto, passou a manter contingente de 2.100 militares no terreno. Desde o início da participação brasileira até
hoje, mais de 13 mil militares brasileiros tiveram experiência no Haiti. O comando militar de todos os 8.609 militares
que compõem a MINUSTAH, provenientes de 19 países, é exercido por generais brasileiros desde 2004.
Maria Luiza Ribeiro Viotti, atual Representante Permanente do Brasil junto às Nações Unidas, na foto com o
Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon. Foto: ONU/Evan Schneider.
O mundo não é, naturalmente, o de 1945. Na atual distribuição internacional de poder, os países em desenvolvimento
aparecem crescentemente como interlocutores imprescindíveis para o encaminhamento eficaz das grandes questões
internacionais. A responsabilidade diferenciada inicialmente conferida aos cinco membros permanentes pela
manutenção da paz e da segurança internacionais tende a ser cada vez mais compartilhada com outros Estados.
No que diz respeito às operações de manutenção da paz, por exemplo, embora os cinco membros permanentes ainda
arquem com a maior parte do seu custo financeiro, são os países em desenvolvimento que se tornaram importantes
contribuintes de tropas (90,7% do total de tropas e policiais). Além disso, o envolvimento de atores regionais na
solução de conflitos é cada vez mais frequente.
O Brasil e o G-4 – A motivação em favor da expansão do Conselho de Segurança decorre da percepção majoritária
entre os membros da ONU da necessidade de que o órgão seja mais representativo do mundo contemporâneo –
sobretudo do mundo em desenvolvimento –, e de que tal expansão ocorra nas categorias permanente e não-
permanente. Por refletir uma configuração de poder de quase 65 anos atrás, a atual composição do Conselho não
favorece encaminhamento adequado dos problemas de paz e segurança internacionais.
Uma reforma que amplie o Conselho nas categorias permanente e não-permanente, com o ingresso de maior número
de países em desenvolvimento em ambas, e que também preveja a reformulação de seus métodos de trabalho,
atenderá aos imperativos de dotar o órgão de maior representatividade e transparência, assim como de aumentar a
legitimidade e a eficácia de suas decisões.
O Brasil advoga que apenas um Conselho de Segurança verdadeiramente representativo e transparente, que permita
um grau maior de participação dos Estados-Membros, poderá representar adequadamente os interesses da
comunidade internacional. A expansão do CSNU, com o ingresso de novos membros permanentes e não-
permanentes, contribuirá para que as decisões do órgão, que afetam toda a comunidade internacional, sejam
tomadas de forma mais representativa, inclusiva e justa.
O ingresso do Brasil como membro permanente reforçaria, ademais, a capacidade do país de influir em decisões de
alcance global segundo os princípios que defende e que regem sua política externa e que correspondem, em grande
medida, àqueles igualmente defendidos por uma ampla maioria dos demais países em desenvolvimento.
Em setembro de 2004, Brasil, Alemanha, Índia e Japão resolveram unir esforços em torno das premissas básicas de
expandir o CSNU nas categorias de membros permanentes e não-permanentes e incluir um maior número de países
em desenvolvimento em ambas. Em 2005, o G-4 apresentou projeto específico de resolução (L.64), que resultaria
num Conselho expandido para um total de 25 membros. Os novos assentos permanentes, em número de 6, seriam
atribuídos a África (2), Ásia (2), Europa Ocidental (1) e América Latina e Caribe (1). Os novos assentos não-
permanentes, em número de 4, seriam atribuídos a África (1), Ásia (1), Europa Oriental (1) e América Latina e Caribe
(1).
A proposta do G-4 também previa reavaliação da reforma após 15 anos, quando seria considerada, entre outras
questões, a extensão do direito de veto aos novos membros permanentes. Apesar da mobilização em torno do tema,
o projeto do G-4 não foi levado a voto. As principais dificuldades para que os Estados-Membros tomem uma decisão
na matéria são a reivindicação africana do exercício imediato do direito de veto por parte de novos membros
permanentes e a posição refratária à reforma de alguns dos atuais membros permanentes.
A falta de uma decisão sobre a expansão do Conselho de Segurança não significa que o tema tenha sido retirado da
pauta. Em setembro de 2008, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou por consenso a Decisão 62/557, que
determinou o início das negociações intergovernamentais sobre a reforma do CSNU e estabeleceu o Plenário Informal
da Assembleia Geral como foro negociador.
As negociações intergovernamentais tiveram início em fevereiro de 2009 e os membros do G-4 continuam
coordenando posição, de modo a avançar a expansão do Conselho nas categorias de membro permanente e não-
permanente, com maior participação de países em desenvolvimento nas duas categorias.
Em setembro de 2010, os Ministros das Relações Exteriores do G-4 reuniram-se em Nova York à margem da 65ª
Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, para trocar impressões sobre a reforma do Conselho de Segurança.
Na ocasião, os Ministros saudaram o início das negociações baseadas em texto negociador, que havia sido solicitado
por mais de 140 Estados-Membros durante a 64ª Sessão da Assembleia Geral. Os chanceleres do G-4 também
reafirmaram a disposição de se aproximar de outros países e trabalhar em estreita cooperação com vistas a alcançar
resultados concretos na reforma do Conselho de Segurança durante a 66ª sessão da Assembleia Geral.
No biênio 2010-2011, o Brasil integra o Conselho de Segurança, na condição de membro não-permanente. Por
ocasião da mais recente eleição para as vagas rotativas do Conselho, em outubro de 2009, o Brasil recebeu os votos
de 182 dos 183 países votantes. O País foi eleito para o assento pela décima vez, o que constitui recorde igualado
somente pelo Japão.
N Conselho de Segurança que mostram a posição do País sobre os diversos assuntos da agenda do órgão da ONU
responsável por manter a paz e a segurança internacionais.
Os discursos na íntegra em inglês de 2010 (clique aqui) e de 2011 (clique aqui) podem ser encontrados no site da
Missão Permanente do Brasil junto às Nações Unidas.