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1.

ª Lei da Termodinâmica

Num sistema isolado a energia transfere-se e/ou transforma-se, havendo sempre a sua
conservação.

Convenções em termodinâmica

A energia interna de um sistema pode aumentar ou diminuir, dependendo das transferências


de energia que ocorrem.

Assim, convencionou-se que:

– a energia recebida pelo sistema como trabalho, calor e/ou radiação considera-se positiva;

– a energia cedida pelo sistema à sua vizinhança como trabalho, calor e/ou radiação considera-
se negativa.

Segunda Lei da Termodinâmica

Degradação da energia

Todos os processos que ocorrem à nossa volta necessitam de energia.

A energia encontra-se armazenada nos sistemas e quando estes interactuam entre si há


transferência de energia.

Nestas transferências há energia que é utilizada para o fim pretendido e energia que não é
usada para esse fim, ou seja, uma parte da energia é usada de forma útil e outra diz-se que é
desperdiçada.

O funcionamento da televisão é um exemplo prático e muito comum deste facto.

A reversibilidade dos processos

Os processos que ocorrem à nossa volta podem ser classificados em reversíveis e irreversíveis.

Processo reversível - Processo que ocorre de modo a que o sistema possa retornar ao estado
anterior, ou seja, voltar ao estado inicial, sem alterar a sua energia e a da sua vizinhança.

Processo irreversível - Processo em que o sistema não pode inverter as alterações que sofreu.

Processos espontâneos - Na Natureza ocorrem, geralmente, processos espontâneos e


irreversíveis, ou seja, processos cujas evolução e transformações não é possível inverter e em
que a vizinhança não actua sobre o sistema realizando trabalho, transferindo calor ou radiação
de forma a tornar o processo reversível.

Estes processos ocorrem espontaneamente num dado sentido.


O Segundo Princípio da Termodinâmica afirma que não é possível tornar reversíveis processos
como a passagem de calor de uma fonte com temperatura mais elevada para outra de
temperatura inferior ou a geração de calor sem alterar outras propriedades da Natureza.

Assim, pela 2ª Lei da Termodinâmica:

Os processos que ocorrem espontaneamente na Natureza dão-se sempre no sentido da


diminuição da energia útil.

Entropia

Esta grandeza representa-se pela letra S - Num sistema fechado, um aumento da entropia é
acompanhado por uma diminuição da energia utilizável.

Num sentido mais lato, a entropia pode ser interpretada como uma medida da desordem dos
sistemas.

Ou seja, uma entropia elevada implica maior desordem. Em qualquer variação real, um
sistema fechado tende para uma entropia mais elevada e, por isso, para uma maior desordem.

Assim, conclui-se que a entropia do Universo está a aumentar e a sua energia utilizável a
diminuir.

A entropia e a reversibilidade dos processos

Como os processos que ocorrem nos sistemas podem ser reversíveis ou irreversíveis
considera-se que:

– se ΔS < 0, o processo é reversível

Um valor de variação de entropia menor que zero significa que o sistema evoluiu para um
estado de menor entropia. Nestes casos o sistema é forçado a seguir este caminho através de
acções exteriores sobre ele como realização de trabalho e/ou fornecimento de calor. Ou seja,
não ocorre espontaneamente na natureza.

– se ΔS > 0, o processo é irreversível

O processo é irreversível, pois a entropia do sistema aumenta. Este tipo de processos ocorre
espontaneamente e com uma probabilidade de regresso ao estado inicial nula.

A entropia e a 2ª Lei da Termodinâmica

A contínua evolução do Universo e o consequente aumento da sua entropia permite


estabelecer um enunciado diferente para a segunda lei da termodinâmica.

De acordo com esta lei, a energia utilizável de um sistema diminui sempre que ocorrem
processos espontâneos na Natureza, pois parte dessa energia é degradada.
Consequentemente a entropia aumenta pois estamos a falar de processos espontâneos que
são, por isso, irreversíveis.

Com base nesta ideia pode-se enunciar a 2.ª lei da Termodinâmica do seguinte modo:

Em qualquer processo irreversível, um sistema isolado vai evoluir no sentido em que há um


aumento de entropia do sistema.

Unidade 2

Transferências e transformações de energia em sistemas complexos

Sistemas mecânicos

Um sistema mecânico é todo aquele que apresenta energia cinética e energia potencial a nível
macroscópico.

No estudo de sistemas mecânicos considera-se apenas a variação de energia macroscópica,


desprezando-se a variação da energia microscópica (energia interna) destes sistemas.

Transferências e transformações de energia em sistemas complexos

Funcionamento de um veículo motorizado

Para funcionar, um veículo motorizado necessita de energia que provém dos combustíveis. Os
combustíveis geralmente utilizados neste tipo de veículos são a gasolina ou o gasóleo.

Estes veículos apresentam motores de combustão interna – máquinas térmicas em cujo


interior se produzem reacções de combustão.

Os veículos motorizados só se movimentam se houver transformação e transferência de


energia potencial química em energia cinética, energia interna e energia radiante.

Transformação da energia em veículos motorizados

Por exemplo, num automóvel, a energia interna do combustível (energia potencial química)
transforma-se em energia cinética macroscópica do veículo (energia útil) e em energia interna
e sonora (energia dissipada).

A energia associada ao deslocamento do veículo, que é a energia cinética macroscópica, é


considerada a energia útil.

A energia dissipada para a vizinhança – como calor, como radiação e como som – provém da
energia radiante do motor e da variação da energia interna dos gases de escape, da água de
refrigeração, das peças em contacto e do solo.

Transferências da energia em veículos motorizados


No funcionamento do motor de um veículo motorizado para além de se verificarem
transformações de energia, também se verificam transferências.

Estas transferências de energia ocorrem entre o motor e os vários sistemas que constituem o
veículo.

Conservação da energia em sistemas mecânicos

Nos processos de transformação e de transferência de energia no motor de veículos


motorizados há conservação da energia total do sistema mecânico.

Modelo da partícula material (centro de massa)

Corpo rígido e o seu movimento

Podemos classificar os corpos em dois grupos distintos: corpos rígidos e sistemas discretos de
partículas. Por agora, interessam-nos apenas os corpos que se incluem no primeiro grupo.

Modelo da partícula material

Da energia fornecida a um corpo rígido, apenas a energia útil é responsável pelo seu
movimento. Admitindo que as variações de energia interna (ΔU) neste tipo de sistemas são
muito pequenas e, por isso, desprezáveis, então são consideradas apenas as variações
macroscópicas de energia mecânica e o corpo é considerado uma partícula material.

Esta partícula material representa o corpo como um ponto cuja massa é a massa do corpo e
não tem tamanho ou estrutura bem definidos. Quando um corpo é representado como uma
partícula material, apenas são considerados os movimentos de translação desse corpo e não o
seu movimento de rotação.

Excepções ao modelo da partícula material.

Os sistemas em que ocorrem fenómenos de:

– aquecimento/arrefecimento;

– deformação,

não podem ser representados pelo modelo da partícula material, uma vez que sofrem
variações consideráveis de energia interna.

Centro de massa de um corpo

Ponto onde se pode considerar concentrada toda a massa de um corpo. Quando são aplicadas
forças sobre um corpo que se comporta como uma partícula material, pode dizer-se que essas
forças actuam sobre o seu centro de massa. Nalguns corpos, o centro de massa coincide com o
centro geométrico do corpo enquanto noutros coincide com o centro de gravidade.
Validade da representação de um sistema pelo centro de massa e aproximações

Quando os corpos ou sistemas são sólidos e indeformáveis e não experimentam quaisquer


variações de energia interna, podem ser aproximados a partículas materiais e representar-se
pelo centro de massa.

O centro de massa possui as seguintes características:

– desloca-se como se tivesse massa igual à do corpo;

– tem movimento de translação pura;

– as forças que actuam sobre o corpo comportam-se exactamente como se estivessem a ser
exercidas no centro de massa;

– a sua velocidade é igual em cada instante, à de qualquer das partículas que constituem o
corpo.

Analisando estas características facilmente percebemos que sistemas em que ocorram


fenómenos de aquecimento/arrefecimento e/ou de deformação não podem ser representados
pelo seu centro de massa (CM).

Trabalho

Forças

As forças traduzem e medem interacções entre corpos.

Assim, a aplicação de uma força sobre um corpo pode provocar uma alteração do seu estado
de repouso ou de movimento e pode ainda causar-lhe deformação.

Os efeitos que uma força produz são visíveis, no entanto a força, em si, não se vê. Logo, uma
força é um conceito intuitivo e é necessário defini-la para a ficarmos a conhecer melhor.

Para definir uma força, que é uma grandeza vectorial, é necessário conhecer a sua direcção,
sentido, intensidade e ponto de aplicação.

Efeito das forças

Quando as forças actuam sobre um corpo podem ter diversos efeitos, tais como:

– deformação do corpo;

– produção de movimento ao corpo;

– modificação do movimento do corpo;

– variação da velocidade do corpo.


Trabalho

Por vezes, quando uma força actua num corpo produz ou modifica o seu movimento, dizendo-
se, então, que a força realizou trabalho sobre esse corpo.

Em linguagem corrente o vocábulo “trabalho” é frequentemente associado a uma acção ou


esforço físico, quando, por exemplo, se diz que se vai “trabalhar ao computador” ou que “o
trabalho do campo é cansativo”.

Em Física, este conceito relaciona-se com as forças e com o deslocamento que a acção destas
provoca nos corpos.

Para se poder considerar que uma força realiza trabalho tem que haver movimento (ou uma
alteração do movimento) do corpo como consequência da sua aplicação e tem de existir uma
componente dessa força na direcção do deslocamento.

Trabalho de uma força constante

Quando uma força que actua sobre um dado corpo em movimento é constante durante todo o
seu trajecto, isto significa que mantém o seu valor e a sua direcção e sentido.

A expressão que permite calcular o trabalho realizado por uma força é:

W = Fef X r

Força eficaz Fef

Define-se força eficaz Fef como a componente da força, que actua sobre um corpo, paralela à
direcção do movimento desse corpo. Esta força é responsável pelo trabalho realizado sobre o
centro de massa do corpo.

Quando a força aplicada sobre o corpo faz um determinado ângulo com a direcção do
movimento, projectamos as suas componentes nas direcções dos eixos coordenados (vertical e
horizontal).

Deslocamento r
Define-se como deslocamento de um corpo o vector que representa a mudança de posição do
seu centro de massa, e que corresponde à movimentação do ponto de aplicação da força.

As forças que actuam sobre um corpo definem o tipo de trabalho que realizam sobre ele.

– positivo, potente ou motor, se a força eficaz aplicada apresenta o mesmo sentido e direcção
do deslocamento;

– nulo, se a força aplicada possui direcção perpendicular à do deslocamento;


– negativo ou resistente, se a força eficaz apresenta sentido contrário ao do deslocamento.

Trabalho como medida de energia

Tal como já estudaste, o trabalho é uma medida da energia transferida entre dois sistemas.
Portanto, quando uma força realiza trabalho sobre um corpo vai fazer com que haja variação
de energia do centro de massa desse corpo.

Então:

– quando o trabalho é positivo ou motor a força contribuiu para um aumento da energia do


centro de massa (o sistema recebe energia);

– quando o trabalho é negativo ou resistente a força contribui para uma diminuição da energia
do centro de massa do sistema (o sistema cede energia);

– e quando o trabalho é nulo, não se verificam variações de energia do centro de massa.

Trabalho realizado por um conjunto de forças

Por vezes, o deslocamento de um corpo faz-se devido à acção de várias forças.

Estas forças vão provocar alterações da energia do centro de massa.

Neste caso, o trabalho realizado sobre o corpo é a soma dos trabalhos realizados por todas as
forças que actuam sobre o corpo. Ou seja, é equivalente ao trabalho que a força resultante
exerce sobre o centro de massa.

Trabalho realizado por uma força constante


É possível calcular o trabalho realizado por uma força constante conhecendo a intensidade da
força aplicada, o valor do deslocamento e o ângulo formado entre os vectores que
representam estas duas grandezas.

W = F∙d∙ cos α

Mas, como será que varia a quantidade de energia transferida como trabalho com o ângulo
formado pelos vectores força e deslocamento?

Trabalho realizado em função do ângulo formado entre a força e o deslocamento

O ângulo formado entre a força aplicada sobre um corpo e o seu deslocamento influencia o
valor da força eficaz, uma vez que é esta que efectivamente contribui para o trabalho realizado
pela força.
Conforme já vimos, o trabalho realizado por uma força pode ser:

– positivo, motor ou potente;

– negativo ou resistente;

– nulo,

consoante o sentido da força eficaz relativamente ao deslocamento.

Assim, a representação gráfica da intensidade da força eficaz em função da posição é:

– acima do eixo das abcissas se o trabalho for positivo, motor ou potente.

– abaixo do eixo das abcissas se o trabalho for negativo ou resistente.

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