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RELATÓRIO PRIMEIRO
CONTATO
Psicologia do Desenvolvimento II
Pedro Scarpa
VE41
São Paulo
2019
Dados de Identificação
Nome da criança: Melissa
Data de nascimento: 17/07/2010
Sexo: Feminino
Idade: 9 anos
Melissa tem uma irmã chamada Ingrid, que tem 4 anos de idade. Segundo a
mãe, Keyla, ambas se dão bem. Keyla e Jader estão casados há 15 anos e
dizem ter um bom relacionamento.
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1. Histórico Desenvolvimental
A entrevista teve início com a chegada do aplicador, e o local escolhido foi a
casa da mãe de Keyla, porque segundo ela sua própria casa estava em reforma, e
esta atrapalharia a conversa. Keyla havia sido informada com antecedência sobre
como proceder com Melissa durante a aplicação das atividades, então julgou ser
melhor que fossem realizadas num espaço sem barulho mas que ainda era familiar a
criança. Essa atitude pode destacar um zelo e um comprometimento com a
atividade, visto que o comportamento inicial de Keyla foi muito receptivo e
entusiasmado com a aplicação.
A criança foi introduzida e já a plena vista parecia ter uma idade superior a de
9 anos pela desenvoltura física e altura. Foi cordial nas apresentações, sempre
mantendo a linha dos olhos baixa e com as pernas próximas e os braços juntos e
segurados, o que evocou uma atenção especial do aplicador a prestar atenção a
autoestima na hora da confecção dos desenhos e do diálogo com a criança, como
um primeiro dado importante.
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Melissa nasceu com 58cm e 3,85kg e APGAR de 9 com um parto normal, que
segundo a mãe foi “muito rápido”, dando entrada no hospital pela noite e tendo
liberação médica pela manhã. Relata que já estava em casa no dia seguinte com a
filha, e que não houve complicações posteriores. A mãe diz também ter estranhado
a filha, e em um tom jocoso comenta “Achei que não era minha filha. Grande desse
jeito, e branca, falei - Não é minha, devolve que a mãe dela tá sentindo falta!”, esse
momento é marcado por uma demonstração de afeto onde Keyla e Melissa riem
juntas e se abraçam, o que possivelmente destaco um vínculo saudável e afetivo.
Keyla relata também que quando Melissa nasceu, havia um surto de gripe suína, e
que ela tinha muito medo de que a filha recém-nascida fosse infectada, então
passou os primeiros dois meses quase sem sair de casa, o que ela relata como uma
experiência desgastante e cansativa.
Melissa tinha muitas cólicas, e segundo a mãe chorava muito, mas era um
bebê “comportado” e “bonzinho”, em suas palavras, e começou a engatinhar com 6
meses de idade, onde por relato foi dito que ela era “um gênio”, e que desenvolveu
sua motricidade sem muitos “erros”, caindo relativamente pouco, e dominando o
caminhar num tempo que a mãe julgou recorde. Referente a andar, Melissa
começou com 11 meses.
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formação de frases completas se deu com 1 ano e 3 meses, e a mãe ressalta que
não houve muitos problemas, que ela sempre “falou certinho”.
Através do escotismo Keyla relata que Melissa aprende muitos valores como
dividir as coisas, respeito e gratidão pela comida, consideração pelos esforços
alheios, respeito a autoridade dela e às regras, senso comum para com as
atividades do dia-a-dia, etc. Conta também que isso aproxima as relações familiares
pois a volta do escoteiro é um compartilhamento de experiências que diz gostar de
fazer com a criança, e também a desempenhar as ditas tarefas para ganhar os
emblemas. Ela relata que a tarefa que mais gostou de fazer foi a árvore genealógica,
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onde Melissa juntamente a sua mãe desempenharam uma pesquisa sobre as
gerações da família, conversaram com a tataravó da menina (ainda viva), e fizeram
uma apresentação em cartolina com fotos e colagens.
Com relação aos estudos, Melissa possui um bom rendimento escolar, que
segundo a mãe, chega a ser tão bom que a faz esnobar as matérias, caindo em uma
“inércia” pela falta de desafios. Diz gostar muito de Matemática e de Ciências,
porque é onde se sente mais mobilizada. Manifesta aversão a artes e educação
física, e é repreendida pela mãe que como profissional da educação afirma que
essas matérias são importantes.
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de fato o que era a morte, sem se usar de analogias ou fantasia, e que julgou que
“por ser inteligente” Melissa entenderia.
Os controles de esfíncteres são bom, segundo a mãe, que afirma que Melissa
tirou as fraldas com 1 ano e 8 meses, e que foi estimulada a usar o vaso sanitário
sistematicamente. Relata também que houve poucos casos de incontinência
noturna, e que desde os 6 anos a menina consegue ir e se limpar sozinha.
Sobre a imposição de limites, Melissa fica de “cara feia”, mas cede muito
rápido. Keyla afirma que esporadicamente precisa dar umas palmadas na criança,
mas a menina nega para todas as pessoas que a mãe eventualmente a bate,
mesmo que abertamente a mãe fale isso.
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um ambiente de bom desenvolvimento para o bebê, o que pode ser suposto pelo
desenvolvimento de Melissa e pelo vínculo afetivo testemunhado na entrevista.
2. Linguagem
Melissa é uma criança tímida e não faz muito contato visual, mas com
estímulos da mãe e do aplicador, verbaliza durante a confecção dos desenhos.
Melissa se queixava sobre ser “incapaz” ou os desenhos estarem “horríveis”,
destacando também uma autoestima baixa, ou uma potencial necessidade de
aprovação. Ao ser questionada sobre o que desenhava, ela afirmava
categoricamente o que eles representavam, sem se delonga em explicações. O
relato abaixo, se deu quando fora perguntado sobre o escotismo:
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Melissa: Isso, tataravó. Ela é bem velhinha, mas teve um montão de filho, e a
mamãe disse pra eu perguntar pra ela sobre a família, aí eu conversei com ela.
Aplicador: E então? Como você fez?
Melissa: Eu perguntei sobre os meus “tatatataravós” e…
Keyla: Bisavós
Melissa: Isso! Bisavós. Eu perguntei pra ela sobre os meus bisavós, e sobre os
avós, e sobre minha mãe, daí a gente montou uma cartolina grandona e colou foto
de todo mundo, mas não tinha do meu avô - minha mãe falou que ele não tinha mais
foto. Aí eu levei a cartolina e ganhei o distintivo, todo mundo gostou muito.
Aplicador: O que falaram sobre o seu trabalho?
Melissa: O chefe adorou! Eu colei papel crepom colorido pra enfeitar, e glitter. Ficou
muito bonito. Eu ganhei o distintivo dourado, e ninguém fez uma cartolina mais
bonita que a minha!
Aplicador: Dourado?
Melissa: Isso. Tem bronze, prata e ouro. Cada cor serve pra mostrar o quanto você
foi bem na atividade!
Aplicador: E você tirou a máxima?
Melissa: Sim!
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Em relação aos aspectos fonéticos, Melissa articula bem os sons e é
compreendida com facilidade. No começo da narrativa, falava sem contato visual,
mas de forma audível. Melissa consegue ser compreendida com facilidade, não
apresentando omissões, trocas e inversão de letras ou sílabas.
3. Desenho
3.1. Descrição
A postura física de Melissa enquanto desenhava era com a coluna reta, mas
ligeiramente inclinada para frente, sentada com as pernas no chão. Melissa é destra.
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Pega no lápis como “pinça fina”. Em relação ao papel, mudava os ângulos da folha
ligeiramente, mas no geral, a folha se manteve no plano horizontal. Não apresentou
sincinesias, porém parecia envergonhada enquanto realizada o primeiro desenho,
evitando olhar para o aplicador. Ao pegar no lápis, pensou por algum tempo no que
desenharia, e perguntou para a mãe, e esta não querendo interferir no processo da
filha, disse “desenha o que você quiser, Mel”, e Melissa procurou pelo quarto algo
para desenhar, optando pelo ventilador. Melissa demonstra organização, ao sempre
colocar os lápis de volta nos respectivos lugares após utilizá-los. No segundo e
terceiro desenhos, hesita mais e parece planejá-los, além de não sorrir tanto quanto
no primeiro. A partir dessa descrição, indica-se que Melissa dispõe das condições
motoras necessárias para realização do desenho.
3.2. Classificação
Os três desenhos coletados podem ser classificados no estágio de desenho
de realismo intelectual, sendo os dois primeiros (Ventilador e Jurar Bandeira) no
estágio intelectual B (II), e o último desenho (Escola) no estágio intelectual A (I). O
primeiro desenho se apresentou em plano deitado simples, que apresenta a cadeira
com uma tentativa de profundidade. O segundo se apresenta em plano axial, e
Melissa afirmou que a bandeira “tremulava com o vento”. O terceiro desenho apenas
em plano axial, com as pernas da mesa apresentando profundidade. De acordo com
Luquet, no estágio do realismo intelectual, a criança desenha não o que vê, mas
aquilo que sabe, como foi desenhado elementos que compõem a realidade da
criança
3.3 Conclusão
Considerando o histórico e a realização dos desenhos, a capacidade de
desenhar de Melissa está dentro dos padrões normais da idade. O estágio do
realismo intelectual se dá, de acordo com Luquet, de 4 a 10/12 anos, e Melissa se
encontra com 9 anos de idade, apresentando características de plano simples e
axial, porém ainda não apresentando plano reflexo, sobreposição de planos, e
transparência.
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