As dificuldades percebidas, a partir do contexto terapêutico, envolvem muito
mais do que apenas a crise conjugal ao comportamento de ambos, mas também à maneira e concepções que eles têm sobre as relações interpessoais, sobre a instituição casamento, sobre o papel de pai e mãe e a relação com o filho.
A família aqui identificada, traz como demanda dificuldade de se comunicar e
interagir, os membros não conseguem executar uma atividade conjunta. Os pais são permissivos, com dificuldades de impor limites ao filho.
Percebemos possíveis conflitos presentes na família, as discussões do casal,
as agressões verbais contra o esposo refletem na criação dos filhos e nos seus sintomas de mau comportamento.
Devido a esse modo de interação dentro do sistema familiar, torna-se um meio
para fortalecer um padrão de relacionamentos e fronteiras difusas. Visto que, acontecem quando os indivíduos se encontram emaranhados, ou seja, quando há uma excessiva e intensa ligação entre os membros da família. As fronteiras difusas são constituídas por relações complexas e papéis confusos, não é estabelecida de forma clara a função de cada membro nem existe de fato preocupação e comunicação entre eles (NICHOLS; SCHWARTZ, 2007).
Deste modo, compreende-se que a desestruturação familiar enfrentada, evoca
as dificuldades de mudanças no relacionamento conjugal e no papel de mãe e pai para seu filho.
Para a Terapia Familiar Sistêmica, como o nome sugere, as famílias são vistas
como um sistema, quase como um organismo, que precisa se alimentar para continuar existindo, porém, nem sempre, as relações e comportamentos que alimentam esse organismo são funcionais, saudáveis. Temos por disfuncionais todos estes padrões que trazem sofrimento e doença para os laços familiares. Referências:
ASSIS, Maria Fernanda Jorge de. Terapia relacional sistêmica: a arte de
reformular. Episteme, Tubarão, v. 2, n. 5/6, p.118-134, 1996.
CARLA, Ariane; FERRARI, Michele; GRASEL, Dulce. ANÁLISE DE CASO
CLÍNICO: PAPÉIS, LIMITES E FRONTEIRAS NO CONTEXTO FAMILIAR. Santa Cruz do Sul, v. 3, n. 1, p. 48-66, jan./jun. 2018