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Ir para: navegação, pesquisa O Teorema fundamental do Cálculo é a base das duas


operações centrais do cálculo, diferenciação e integração, que são considerados como
inversos um do outro. Isto significa que se uma função contínua é primeiramente
integrada e depois diferenciada, volta-se na função original. Este teorema é de
importância central no cálculo tanto que recebe o nome teorema fundamental para todo
o campo de estudo. Uma consequencia importante disto, às vezes chamada de segundo
teorema fundamental do cálculo, permite computar integrais utilizando a antiderivada
da função a ser integrada. Em seu livro de 2003 (pág.393), James Stewart credita a idéia
que conduziu ao teorema fundamental ao matemático inglês Isaac Barrow apesar da
primeira prova conhecida deste teorema ser reconhecida ao matemático escocês James
Gregory.

O teorema fundamental do cálculo estabelece a importante conexão entre o Cálculo


Diferencial e o Cálculo Integral. O primeiro surgiu a partir do problema de se
determinar a reta tangente a uma curva em um ponto, enquanto o segundo surgiu a partir
do problema de se encontrar a área de uma figura plana. Aparentemente, mas apenas
aparentemente, entre os dois problemas parece não existir nenhuma relação.

Barrow, professor de Newton em Cambridge, descobriu que os dois problemas estão


intimamente relacionados, percebendo que os processos de diferenciação e integração
são processos inversos. Entretanto, foram Newton e Leibniz, independentemente, que
exploraram essa conexão e desenvolveram o Cálculo.

Em particular, eles perceberam que o Teorema Fundamental permitia encontrar a área


de uma figura plana de uma forma muito fácil, sem a necessidade de se calcular a soma
de áreas de um número indefinidamente grande de retângulos, mas sim usando a
primitiva da função envolvida.

O teorema afirma que se I for um intervalo de R com mais do que um ponto e se f for
uma função contínua de I em R, então, para cada a ∈ I a função F de I em R definida
por

é derivável e a sua derivada é precisamente a função f. Por outras palavras, F é uma


primitiva de f.

Intuição
Intuitivamente, o teorema simplesmente diz que a soma de variações infinitesimais em
uma quantidade ao longo do tempo (ou ao longo de outra quantidade) adiciona a
variação líquida naquela quantidade.

Para explicar esta afirmação, começaremos com um exemplo. Suponha que uma
partícula viaja em uma linha reta com sua posição dada por x(t) onde t é o tempo. A
derivada desta função é igual a variação infinitesimal em x pela variação infinitesimal
do tempo (é claro, a própria derivada é dependente do tempo). Vamos definir esta
variação na distância com o tempo como a velocidade v da partícula. Na notação de
Leibnitz:
Rearranjando a equação, fica claro que:

Pela lógica acima, uma variação em x, chamada Δx, é a soma das variações
infinitesimais dx. Que também se iguala à soma dos infinitesimais produtos da derivada
e do tempo. Esta soma infinita é a integração; a operação de integração permite
recuperar a função original a partir de sua derivada. Claramente, esta operação funciona
como inversa já que podemos diferenciar o resultado de nossa integral para recuperar a
função velocidade.

Formalização
Formalmente, o teorema diz o seguinte:

Considere f uma função contínua de valores reais definida em um intervalo fechado [a,
b]. Se F for a função definida para x em [a, b] por

então

para todo x em [a, b].

Considere f uma função contínua de valores reais definida em um intervalo fechado [a,
b]. Se F é uma função tal que

para todo x em [a, b]

então

Corolário

Considere f uma função contínua de valores reais definida em um intervalo fechado [a,
b]. Se F é uma função tal que

para todo x em [a, b]

então

Prova
Parte I

É dado que
Considere dois números x1 e x1 + Δx em [a, b]. Então temos

Subtraindo as duas equações

Pode ser mostrado que

.
(A soma das áreas de duas regiões adjacentes é igual a área das duas regiões
combinadas.)

Manipulando esta equação obtemos

Substituindo a equação acima em (1) resulta em

De acordo com o teorema do valor médio para a integração, existe um c em [x1, x1 + Δx]
tal que

Substituindo a equação acima em (2) temos que

Dividindo ambos os lados por Δx temos

.
Note que a expressão do lado esquerdo da equação é o coeficiente diferencial de
Newton para F em x1.

Considere o limite com Δx → 0 em ambos lados da equação.

A expressão do lado esquerdo da equação é a definição da derivada de F em x1.

Para encontrar o outro limite, usaremos o teorema do sanduíche. O número c está no


intervalo [x1, x1 + Δx], então x1 ≤ c ≤ x1 + Δx.

Também, e .
Assim, de acordo com o teorema do sanduíche,

Substituindo em (3), temos

A função f é contínua em c, então o limite pode ser inserido na função. Assim, temos

que completa a prova.

(Leithold et al, 1996)

Parte II

Esta é uma prova limite por Soma de Riemann. É algumas vezes tratada como o
segundo teorema fundamental do cálculo [1] ou aximoma de Newton-Leibniz.

Considere f contínua no intervalo [a, b], e F a antiderivada de f. Comece com a


quantidade

Considere os números x1 a xn tal que . Que leva a

Agora, somamos cada F(xi) juntamente com sua inversa aditiva, de forma que a
quantidade resultante é igual:

A quantidade acima pode ser escriva como a seguinte soma:

Aqui, aplicamos o teorema do valor médio. Como anteriormente, é o seguinte:

Considere f contínua no intervalo fechado [a, b] e diferenciável no intervalo aberto (a,


b). Então existe um c em (a, b) tal que

Segue que

A função F é diferenciável no intervalo [a, b]; logo, ela é também diferenciável em cada
intervalo xi-1. Logo, de acordo com o teorema do valor médio (acima),

.
Substituindo a equação acima em (1), temos

Esta consideração implica que F'(ci) = f(ci). Também, xi − xi − 1 pode ser expressado
como Δx de partição i.

Uma sequência convergente de somas de Riemann. Os números na parte superior direita


são as áreas dos retângulos cinzentos. Convergem para o integral da função.

Note que estamos descrevendo a área de um retângulo, como o produto de sua largura
pelo comprimento, e somando as áreas obtidas. Cada retângulo, por virtude do teorema
do valor médio, descreve uma aproximação da seção da curva traçada. Note também
que Δxi não precisa ser o mesmo para qualquer valor de i, ou em outras palavras que as
larguras dos retângulos podem diferir. O que temos de fazer é aproximar a largura da
curva com n retângulos. Agora, com o tamanho das divisões cada vez menor e n
aumentando, resultando em maior número de partições para cobrir o espaço,
chegaremos mais e mais perto da real área da curva.

Tomando-se o limite da expressão com a norma das partições tentendo a zero,


chegamos na Integral de Riemann. Que quando, tomamos o limite quando a mais larga
das partições aproxima-se de zero em tamanho , então temos que todas as outras
partições são menores e o número de partições se aproxima do infinito.

Então, tomamos o limite em ambos lados de (3). Que resulta

Nem F(b) nem F(a) são dependentes de ||Δ||, então o limite do lado esquerdo fica F(b) -
F(a).

A expressão do lado direito da equação define a integral ao longo de f de a até b. Logo,


obtemos
que completa a prova.

Exemplos
Como um exemplo, suponha que precisamos calcular

Aqui, f(x) = x2 e podemos usar F(x) = (1 / 3)x3 como a antiderivada. Logo:

Generalizações
Não precisamos assumir a continuidade de f em toda a extensão do intervalo. A Parte I
do teorema diz que: se f é uma função integral de Lebesgue qualquer em [a,b] e x0 é
um número em [a,b] tal que f é contínuo em x0, então

é diferenciável para x = x0 com F'(x0) = f(x0). Podemos tirar ainda mais restrições de
f e supor que ela é pelo menos localmente integrável. Neste caso, podemos concluir que
a função F é diferenciável quase em toda sua extensão e F'(x)=f(x) em quase toda sua
extensão. Isto é geralmente conhecido como Teorema da diferenciação de Lebesgue.

A Parte II do teorema é verdadeira para qualquer função integral de Lebesgue f que


possui uma antiderivada F (nem todas a funções integrais possuem, entretanto).

A versão do teorema de Taylor que expressa o termo erro como uma integral pode ser
visto como uma generalização do teorema fundamental.

Há uma versão do teorema para funções de números complexos: suponha que U é um


conjunto aberto em C e f: U -> C é uma função que tem uma antiderivada holomórfica
F em U. Então para cada curva γ : [a, b] -> U, a curva integral pode ser computada
como

O teorema fundamental pode ser generalizado para curvas e superfícies integrais em


maiores dimensões e em manifolds.

E a mais poderosa declaração neste direção é o Teorema de Stokes.

referências
1. ↑ Apostol, Tom M. (1967), Calculus, Vol. 1: One-Variable Calculus with an
Introduction to Linear Algebra (2nd ed.), New York: John Wiley & Sons,
ISBN 978-0-471-00005-1 .

 Stewart, J. (2003). Fundamental Theorem of Calculus. In Integrals. In Calculus:


early transcendentals. Belmont, California: Thomson/Brooks/Cole.
 Larson, Ron, Bruce H. Edwards, David E. Heyd. Calculus of a single variable.
7th ed. Boston: Houghton Mifflin Company, 2002.
 Leithold, L. (1996). The calculus 7 of a single variable. 6th ed. New York:
HarperCollins College Publishers.
 A Malet, Studies on James Gregorie (1638-1675) (PhD Thesis, Princeton,
1989).
 H W Turnbull (ed.), The James Gregory Tercentenary Memorial Volume
(London, 1939)

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