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14 de Junho de 2021

Welfare State No Brasil

RESUMO: As políticas de Bem-Estar


Social no Brasil nunca foram
solidas o suficiente para garantir que os serviços
sociais oferecidos pelo
estado suprissem a necessidade da população de forma
quantitativa e
qualitativa. Com o processo de a Globalização garantir o
Bem-Estar
Social pode ser mais difícil. A globalização dos
mercados de capitais e
das indústrias reduz a possibilidade de utilização, por
parte dos
governos nacionais, de alguns instrumentos cruciais de política
econômica, o que dificulta a criação e manutenção de políticas sociais
duradouras e eficientes. A internacionalização da economia e a
concorrência de
mercado entre as nações enfraquece os Estados
enquanto unidades decisórias e
faz com que os tornem dependentes da
economia global para tomar medidas
cabíveis as demandas
inconstantes de políticas de bem estar social
principalmente nos países
subdesenvolvidos. A crise econômica e a
política atual juntamente com
políticas de desenvolvimento que remetem a
descentralização,
terceirização e privatização deixam a consolidação do Welfare
State no
Brasil cada vez mais distante de ser alcançada.

PALAVRAS
CHAVE: BEM-ESTAR-SOCIAL, POLÍTICAS PÚBLICAS,
GLOBALIZAÇÃO

INTRODUÇÃO: A presente pesquisa


tem como objetivo abordar
sobre as políticas públicas de desenvolvimento social
no Brasil e
demostrar o problema de sua efetividade fazendo uma breve
abordagem
histórica da tentativa de se criar o Welfare State no país
bem como os efeitos
da globalização.
MATERIAIS E MÉTODOS: Na presente
pesquisa foi utilizada a
metodologia de pesquisa bibliográfica, em artigos
publicados em
periódicos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 Na história brasileira, nunca se constituiu um


formato de sistema de
seguridade social próximo do modelo do Welfare State. O
que
aconteceu na história da formação do novo estado Brasileiro foi
implantação
de algumas políticas públicas de bem-estar-social e ainda
assim insuficientes e
ineficazes. É necessário destacar que a partir de
1930, com a crise do sistema
político e econômico oligárquico-
exportador e o processo de industrialização
restringida, grande parte
da população brasileira ainda se concentrava nas
zonas rurais (Draibe,
1985:22). Nesses espaços, os
conflitos se davam em um contexto de um
sistema escravagista e semifeudal.
Apesar do rápido processo de
urbanização, graças à crise do sistema e do
desenvolvimento da
manufatura, os trabalhadores não reuniam condições concretas
e
objetivas que fossem responsáveis pelo amadurecimento de lutas e
movimentos
políticos. Ou seja, as condições não alcançavam um
estágio de amadurecimento
para a luta operária. O poder se
concentrava nas mãos da oligarquia agrária. A
luta política que se
travava no contexto intercalasses, com a classe
oligárquica batalhando
para assegurar seu poder político e prestígio, ao mesmo
tempo em que
seu poder econômico ia perdendo espaço. Enquanto isso a burguesia
industrial em ascensão fortalecia progressivamente seu poder
econômico e
ampliava o espaço político na estrutura social em
transformação. As camadas
mais populares, os trabalhadores fabris,
funcionários públicos e a grande massa
camponesa tinham pouco
poder de influenciar politicamente esse processo e
presenciavam, com
certa fraqueza, essa transição que era feita pelo alto.
Serviam de massa
de manobra dos vários grupos de interesses que iam se
estabelecendo
na sociedade. A modernização seria, portanto, o reforço das
estruturas
de subordinação, sob novas formas diante de um quadro de mudanças
na
estrutura produtiva engendrado pelas pressões e limitações do
comércio
internacional. O Estado Novo, portanto, não passou de uma
ditadura que imprimiu
mudanças institucionais importantes,
vislumbrando a transformação do país numa
economia capitalista
moderna. Ao contrário do que houve em países da Europa, a
classe
trabalhadora em vez de se fortalecer diante dos avanços das forças
produtivas, foi sendo enfraquecida pelo esvaziamento que o próprio
Estado
getulista promovia, ao incorporar a luta de classe no seio do
próprio Estado. A
luta de classes no Brasil foi reprimida tanto pelas
velhas oligarquias, no
Brasil Império, quanto pela burguesia em
formação, na transição para o Estado
moderno. O país não dispôs de
um sistema de seguridade social de cobertura
universal, semelhante
aos Estados de bem-estar social europeu, durante todo o
período
militar. Repete-se a mesma estratégia adotada. Primeiramente, o
crescimento e desenvolvimento econômico, depois o investimento
social. (Dain
e Soares, 1998:60). Os benefícios principalmente em de
educação e saúde, foram direcionados para as classes médias em
consolidação no
país.

 Importa acrescentar que esse fracasso também


se deveu porque as
sociedades brasileiras, mais precisamente as classes
trabalhadoras, não
tinham, ainda, amadurecido a ideia de que a abertura
democrática
também poderia servir de trampolim para a luta por reivindicações
sociais para além da abertura democrática apenas. (GUEDES, 2006)

 No
Brasil com a Constituição de 1988 a expressão seguridade social
transformou-se
um padrão de proteção social abrangente e
redistributivo, e se desenvolveu em
torno da Previdência.

 As
políticas sociais se revestiram de um caráter salvacionista. As
políticas
públicas se resumem a insuficientes benefícios para os pobres,
enquanto ao
mercado cabe a oferta de proteção àquelas cujas situações
permitem a obtenção
de planos de saúde e seguros privados. Nas
escolas públicas, a péssima
qualidade de ensino empurra para a rede
particular de ensino os filhos dos
menos desfavorecidos.

 Os
países periféricos como o Brasil são vulneráveis com as mudanças
do mercado
globalizado e fica cada vez mais difícil sustentar políticas
de bem-estar
social.
 O novo contexto econômico (globalização) fere
a política social, mas
não necessariamente
a destrói. As maneiras diversas que os Estados
têm enfrentado as
dificuldades mostram que a necessidade reside,
antes, em encontrar
caminhos adequados às realidades singulares de
cada um, o que só pode ocorrer
na esfera da política, e mediante
acordos entre atores socias. A realização de
mudanças profundas nas
políticas de bem estar social como diminuir benefícios
ou eliminar
serviços públicos podem enfraquecer os governos que estão no poder
e
pode levar os mesmos a negação de votos e perda de poder e de força
política.
A prática dos lobbies (grupo dos que frequentam as
antecâmaras dos parlamentos
com o objetivo de influenciar os
deputados no sentido de votarem de acordo com
seus interesses)
ganhou notável visibilidade no período de atuação da
Assembleia
Constituinte e hoje está presente no cotidiano da política e no
interior
do Congresso Nacional. O lobismo se configura como um formato de
intermediação de interesses que acentua as divisões sociais e favorece
os
poderosos, num país de imensas lacunas entre as classes sociais
como o Brasil,
a prevalência dos lobbies reitera a exclusão das
minorias. O
modo lobista de influenciar decisões incide negativamente
sobre as
possibilidades de alargamento da proteção social promovida
pelo Estado, uma vez
que coíbe coalizões amplas e duradouras.

 No Brasil, a necessidade de um eficiente


sistema público de seguridade
social é inegável, mas a alteração das
estratégias para consolidá-lo é
fundamental. Construir um Welfare State na
época atual, e diante do
contexto de globalização, é um empreendimento
complexo. Em um
país onde a privatização e os interesses particulares de luta
pelo poder
crescem em ritmo acelerado criar políticas de assistência social
eficazes
fica cada vez mais difícil. (WERNECK, 1997)

Definir como lidar com


a tendência de crescente exclusão social
decorrente do atual modelo econômico
global atualmente é um desafio
para todas as Nações. A internacionalização dos
agentes econômicos
privados e a privatização dos serviços públicos de
infraestrutura, além
de trazer claros benefícios à eficiência econômica da
produção, têm
gerado tendência simultânea de aumento do desemprego formal e
crescente flexibilização da mão-de-obra. Em decorrência, os governos
inevitavelmente acabam pressionados a garantir certa proteção social
às
crescentes populações carentes, mesmo com seus recursos
fragilizados pela meta
de equilíbrio orçamentário. Um novo pacto para
o desenvolvimento exigirá uma
profunda reflexão sobre a natureza das
novas relações entre o Estado, à
sociedade civil e o setor privado. Um
recente relatório do Banco Mundial diz:
“A integração global das
economias e a difusão da democracia reduziu o espaço
para políticas
arbitrárias”. Impostos, regras de investimento e políticas
econômicas
têm que responder às normas da economia globalizada. As mudanças
tecnológicas abriram novas oportunidades de serviços sem fronteiras e
ampliaram
o papel dos mercados. Estas mudanças têm significado
novos e diferentes papéis
para os governos, não mais como provedores,
mas como facilitadores e
reguladores. Drucker sugere que o governo
tivesse o monopólio tão somente da
defesa e das armas nacionais, a
garantia da manutenção das leis, da ordem, da
justiça e da segurança, e
o estabelecimento de um conjunto de regras básicas
que permitissem
aos agentes econômicos se movimentarem livremente. As
atividades do
governo deveriam ser encaradas como temporárias sob pena de
introduzirem distorções no jogo econômico e o Estado teria de se
retirar assim
que organizações não governamentais de qualquer
espécie se mostrassem capazes
de fazer melhor do que ele.

No Brasil, a redução das dimensões do


Estado tem sido apresentada
como capaz de resolver os problemas de um setor
público endividado.
E a flexibilização do mercado de trabalho e a eliminação de
algumas
garantias sociais dos trabalhadores é colocada como condição
importante
para o desemprego, mas essas possíveis soluções podem,
ser perigosas e ter
efeito contrário do esperado. O envelhecimento da
população, que significa um
importante peso adicional aos custos de
previdência e a própria evolução da
tecnologia nos serviços sociais,
principalmente nos equipamentos médicos com
alta tecnologia e custos
elevados. O surgimento de uma doença cara e de perfil
epidemiológico
assustador como a AIDS, por exemplo, e as novas resistências de
bactérias aos antibióticos usuais também têm o seu papel no
surgimento de novos
ônus à saúde pública.
Se é claro que os custos para o
fornecimento de serviços públicos pelos
Estados têm aumentado no mundo todo, o
que dizer da eficiência dos
serviços prestados? Seria a progressiva diminuição
da produtividade
relativa dos serviços públicos, ineficientes por natureza,
responsável
pela sensação de que, apesar de as despesas dos governos se
multiplicarem na área social, a qualidade estaria cada vez pior e mais
defasada? Esta é mais uma questão importante. Afinal, a lógica
ineficiente das
concorrências públicas numa década em que hardwares
e softwares tornam-se
obsoletos em alguns meses, associada à
corrupção e a pouca qualificação quase inevitáveis
em grande parte do
setor público, estaria condenando definitivamente os Estados
a
terceirizar ou privatizar seus serviços públicos e sociais?

A lógica privada parece ter amplas


condições de aumentar a eficiência
operacional das empresas estatais. Mas
como garantir que essas
vantagens cheguem ao consumidor? Para tanto, é preciso
garantir
condição de competitividade e um sistema regulatório independente e
eficaz. Nos vários casos de monopólio natural, os sistemas regulatórios
deverão
ser implacáveis, sob pena de ficar-se apenas com as
desvantagens da
substituição de monopólios públicos por privados.
Para tanto, as agências
reguladoras devem garantir a presença ativa de
representantes da sociedade
civil e dos consumidores, além de
membros do governo.

As tendências de aumento do desemprego


formal e da flexibilização do
trabalho, tende a aumentar a pressão sobre os
Estados nacionais
exigindo a retomada de políticas públicas eficazes na área
social.
Assim, carência de recursos dos governos endividados junto com à
ineficiência da administração pública, nos faz concluir que somente um
novo e
original acordo entre os governos e as sociedades civis e um
sistema para
fiscalizar tais acordos é que nos permitirá avançar.
(DUPAS, 1998)

CONCLUSÃO:
O caráter redistributivo do Welfare State brasileiro foi
comprometido pela
elevada segmentação da sociedade resultante de
um modelo de desenvolvimento
concentrador, pela ausência de
coalizões entre trabalhadores industriais e não
industriais e por uma
burocracia com baixos níveis de autonomia em relação ao
governo. As
políticas sociais são estruturadas com base em princípios de
autofinanciamento; e distribuídas por critérios particularistas, o que
encarece
o custo das políticas sociais implantadas e as tonam ineficaz
acarretando em
serviços públicos de péssima qualidade.

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:

GOMES,
Fábio Guedes. Conflito social e welfare state: Estado e
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GERSCHMAN, S., and VIANNA, MLW., orgs. A miragem da


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[online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 1997. ISBN
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DUPAS, Gilberto. A lógica


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Disponível em: https://dansax.jusbrasil.com.br/artigos/1231252069/welfare-state-no-brasil

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