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Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista

em Gestão Estratégica – 2015

Análise da viabilidade econômica para a implementação de métodos geofísicos


como ferramentas de auxílio na agricultura de precisão

Renato De Felicis Moraes¹; Cassia Renata Pinheiro²*;

1
ESALQ/USP – Aluno do curso de MBA em Gestão Estratégica – Rua Jaguaré, 186 – apto 123 – bloco
01 - Jaguaré - CEP 05344-030 – São Paulo (SP), Brasil.
2
ESALQ/USP – Doutora em Genética e Melhoramentos de Plantas – Av. Pádua Dias, 11 – Agronomia -
CEP 13428-900 – Piracicaba (SP), Brasil.

* Autor correspondente <cassiapinheiro@usp.br>


Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista
em Gestão Estratégica – 2015

Análise da viabilidade econômica para a implementação de métodos geofísicos


como ferramentas de auxílio na agricultura de precisão

Resumo

Atualmente, existe a necessidade do aumento da eficiência de todos os setores


da economia globalizada para manter a competitividade. Para a agricultura, não
poderia ser diferente. A evolução da tecnologia da informação, geoprocessamento,
sistemas de posicionamento global e muitas outras tecnologias estão proporcionando
à agricultura uma nova forma de se compreender a propriedade, deixando de ser um
único terreno e sim várias partições dentro do mesmo, porém com características
específicas para cada tipo de solo. Esta mudança na forma de entender a agricultura
está tornando cada vez mais o produtor rural em um empresário e, principalmente, um
investidor rural, por controlar cada vez mais a linha de produção e obter melhores
resultados a cada safra. Este trabalho teve o objetivo de analisar a viabilidade
econômica do emprego de metodologias na agricultura de precisão, através dos
indicadores econômicos valor presente líquido (VPL), taxa mínima de atratividade
(TMA), taxa interna de retorno (TIR) e payback descontado (PBD). Foram comparados
dois tipos de investimentos nesta tecnologia: o aluguel e a compra de equipamentos
geofísicos voltados à agricultura de precisão. Apresentando um VPL de R$ 68.062,37
e TIR 21,51%, em um horizonte de cinco anos, a opção de terceirizar o serviço através
do aluguel do equipamento e a análise de tal investigação do solo é uma ótima
escolha de investimento para se obter uma melhor compreensão do solo utilizado para
o seu cultivo.

Palavras-chave: geofísica, otimização, economia, valor, retorno.

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Introdução

A Agricultura de Precisão, por ser um tema abrangente, sistêmico e


multidisciplinar, não se limita a algumas culturas nem a algumas regiões. Trata-se de
implementar sistemas de manejo integrado de informações e tecnologias,
fundamentados nos conceitos de que as variabilidades de espaço e tempo influenciam
nos rendimentos dos cultivos (Embrapa, 2014).
Esse sistema formado por um conjunto de ferramentas para a agricultura pode
fazer uso de diversas técnicas de navegação, sistemas de informações, instrumentos,
sensores, métodos físicos e matemáticos.
Uma das questões mais importantes na agricultura de precisão é determinar os
critérios específicos para o manejo da plantação, com base na variabilidade das
características do solo e das propriedades hidrológicas. Determinar a variabilidade das
propriedades do solo muitas vezes exigem amostragens repetitivas e de alta
densidade, o que é caro, demorado e trabalhoso (Schweig, C. 2014).
A partir da definição supracitada, se podem explorar ferramentas geofísicas
para auxiliar o cultivo e manejo na agricultura de precisão, avaliar diferentes
características do solo, de forma rápida e eficaz, principalmente quando combinamos
dados de pH, condutividade elétrica, matéria orgânica e estrutura do solo.
Os métodos de eletrorresistividade e GPR (do inglês “Ground Penetrating
Radar”) podem ser utilizados com eficiência para identificar as variações destes
parâmetros, dividindo-se a área de interesse em zonas com propriedades específicas
de investimento e cultivo. Esta metodologia pode guiar as aplicações precisas desde
uma taxa de cultivo variável até a localização ideal da implantação de um sistema de
irrigação.
A metodologia de eletrorresistividade mede as características de resistividade e
condutividade do solo e isso está diretamente relacionado com a umidade,
permeabilidade e com a composição do solo (Schweig, C. 2014). É uma ótima maneira
de se mapear a “textura” do solo e as condições deficientes de drenagem que geram a
limitação e apodrecimento de raízes, causando a perda de produtividade do
empreendimento agrícola (Veris Technologies, Inc., 2014).
O GPR ou Georadar (do inglês “Ground Penetrating Radar”) é um método
eletromagnético que mede a variações das ondas eletromagnéticas emitidas da
superfície e refletidas pelo solo. Isso permite definir variações texturais, de umidade, e
identificar objetos enterrados (Schweig, C. 2014). Também se pode identificar a

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espessura dos níveis de matéria orgânica e como a umidade se distribui nos diferentes
horizontes, otimizando o uso de fertilizantes e da irrigação.
Uma das vantagens da adoção, na agricultura de precisão da tecnologia de
geofísica, é a identificação de variabilidade relacionada com a produtividade das
propriedades do solo com precisão e de forma barata e eficiente.
A integração dos resultados geofísicos com as análises químicas e
amostragem do solo vêm mostrando um bom potencial em agricultura de precisão,
podendo orientar a adubação e a irrigação do solo de áreas mais pobres em nutrientes
(áreas mais resistoras e mais secas) e assim, poderia permitir um aumento na
produção de grãos e otimizar os custos nos processos de cultivo.
Com base no exposto, pretendeu-se neste documento, analisar a viabilidade
econômica do emprego destas metodologias na agricultura de precisão, através de
métodos amplamente utilizados na economia, tais como valor presente líquido (VPL),
taxa mínima de atratividade (TMA), taxa interna de retorno (TIR) e payback
descontado (PBD). Foram considerados dois tipos de investimentos nesta tecnologia:
o aluguel e a compra de equipamentos geofísicos voltados à agricultura de precisão.

Material e Métodos

Para a análise da viabilidade econômica no emprego das metodologias


geofísicas apresentadas neste estudo, foi considerada uma área de estudo de 10.000
m² (1 hectare), localizada no município de Pedra Preta, distante 300 km de Cuiabá,
situada na Fazenda Farroupilha, na Serra da Petrovina. Seu cultivo principal é de soja
e esta fazenda já foi alvo de estudos geofísicos aplicados à agricultura de precisão,
onde o uso de metodologias geofísicas e estatísticas foi associado a uma maior
produtividade de grãos e lucratividade, consequências dos baixos custos de irrigação
e de corretivos de solo (veja Oliveira, 2006).
Para a realização da investigação de solo, serão consideradas duas opções de
investimento, sendo a primeira opção alugar os equipamentos geofísicos e realizar o
estudo com a consultoria de uma empresa geofísica e a segunda opção foi adquirir os
equipamentos geofísicos e realizar o estudo com a consultoria de uma empresa
geofísica.
Nestas duas opções, será considerada a utilização de maquinário e motorista
próprio do fazendeiro contratante do serviço.

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Foram realizados 02 (dois) orçamentos em empresas fabricantes dos


instrumentos geofísicos e 02 (dois) orçamentos com empresas especializadas em
consultoria geofísica agrícola.
Os indicadores econômicos foram valor presente líquido (VPL), taxa mínima de
atratividade (TMA), taxa interna de retorno (TIR) e payback descontado (PBD). Outros
parâmetros utilizados para a análise consideraram o investimento em equipamentos e
novas tecnologias; investimentos em consultores; custos operacionais e manutenção;
depreciação de equipamentos e materiais e retorno do investimento inicial.

Valor presente líquido (VPL)

Para Megliorini & Vallim (2009) valor presente líquido ou o NPV (Net
Present Value) é a diferença entre o valor descontado do fluxo de caixa para a data
do investimento inicial e o valor de um investimento inicial de um projeto. Ainda
para Megliorini & Vallim (2009) todos os projetos que apresentarem VPL maior igual
a zero podem ser aceitos, pois geram retorno igual ou maior que o custo de
capital. Quando um projeto apresenta o VPL menor que zero, seu retorno é inferior a
seu custo de capital e ele deixa de ser atrativo.
Para Hoji (2010) o VPL consiste em determinar o valor no instante inicial,
descontando o fluxo de caixa líquido de cada período futuro gerado durante a vida útil
do investimento, com a taxa mínima de atratividade e adicionando o somatório dos
valores descartados ao fluxo de caixa líquido do instante inicial. Hoji (2010) ainda
salienta que o investimento será economicamente atraente se o valor presente líquido
for positivo.
O valor presente líquido (VPL) é o critério mais recomendado por especialistas
em finanças para decisão de investimento.
É um instrumento para se avaliar projetos trazendo-se para o presente uma
série futura de despesas e receitas considerando-se uma determinada taxa de
desconto e assemelha-se à função valor presente (VP) do Excel.
Segundo Lapponi (2010), o VPL do projeto deverá ser calculado conforme a
equação (1):

𝑗 𝐹𝐶
𝑉𝑃𝐿 = ∑𝑛𝑗=1 (1+𝑖)𝑗 − 𝐹𝐶0 (1)

Em que:

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VPL = Valor presente líquido;


FCj = Fluxo de caixa no período J;
i = taxa de juros reais para o período considerado;
N = Número de períodos projetados;
J = Período de tempo analisado.

Taxa mínima de atratividade (TMA)

A taxa mínima de atratividade pode ser entendida como a menor taxa de


retorno aceitável pelos potenciais investidores para que se proponham a correr o risco
associado a um ativo ou projeto. A teoria de finanças pressupõe que os investidores
tenham aversão ao risco e, portanto, que requeiram taxas de retornos maiores para
opções de investimento com maiores riscos (Ross et al, 1995).
Esta taxa representa o mínimo que um investidor se propõe a ganhar quando
faz um investimento, ou o máximo que um tomador de dinheiro se propõe a pagar
quando faz um financiamento.
A TMA é formada a partir de três componentes, que fazem parte do que se
denomina “Cenário Econômico-Financeiro”. São as componentes:

- Custo de Oportunidade: É o ponto de partida e representa a remuneração que


teríamos pelo nosso capital caso não o aplicássemos em nenhuma das alternativas
analisadas.

- Risco do Negócio: É o segundo componente da TMA, já que o ganho tem que


remunerar o risco inerente à adoção de uma nova alternativa de investimento.

- Liquidez: Pode ser descrita como a facilidade, a velocidade, com que conseguimos
sair de uma posição no mercado e assumir outra.

A TMA pode ser considerada como pessoal e intransferível, uma vez que varia
de investimento para investimento e de pessoa para pessoa.
Neste caso, a taxa não foi obtida pela forma clássica por meio do cálculo do
CMPC (Damoradan, 2002; Brealey e Myers, 2003), apenas foi adotado o valor de
15%.

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Taxa interna de retorno (TIR)

Segundo Securato (2008, p. 53) “a TIR de um projeto é a taxa de juros para a


qual o valor presente das entradas iguala, em valores absolutos, o valor presente das
saídas do seu fluxo de caixa”. Ou seja, a Taxa Interna de Retorno (TIR) de um
investimento é a taxa de juro que faz com que o Valor Presente Líquido (VPL) do seu
fluxo de caixa seja igual à zero.
A TIR representa o ponto de reversão da decisão de investir. Se a taxa mínima
de atratividade para o investimento for inferior a TIR, o projeto deverá ser aceito. Se a
taxa mínima de atratividade for superior a TIR, o projeto deverá ser rejeitado.
A TIR encontrada deverá ser comparada com a taxa de desconto no momento
da decisão do investimento. Para o aceite do mesmo, o parâmetro deverá ser maior
que a taxa mínima de atratividade (TMA), neste caso, adotada em 15%.
A equação (2) é utilizada para o cálculo da TIR:

𝑗 𝐹𝐶
𝑉𝑃𝐿 = ∑𝑛𝑗=1 (1+𝑇𝐼𝑅)𝑗 − 𝐹𝐶0 = 0 (2)

Em que:

VPL = Valor presente líquido;


FCj = Fluxo de caixa no período J;
N = Número de períodos projetados;
TIR = Taxa interna de retorno.

Payback descontado (PBD)

O payback descontado (PBD) refere-se ao tempo necessário para a obtenção


do retorno financeiro sobre o capital investido em um projeto. Para o estudo deste
projeto será considerado este cálculo, uma vez que será utilizada a taxa de juros
presente no fluxo de caixa do projeto durante o período compreendido (Perina 2009).
As equações (3) e (4) abaixo indicam como o cálculo é efetuado:

𝑃𝐵𝐷 = 𝑚 + 𝑓 (3)

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Em que:

PBD = Payback descontado;


m = Número de períodos onde as entradas são menores que o valor FC0 (parte inteira
do PB);
f = Fração do payback.

∑𝑚
𝑡=0 𝐹𝐶𝑡
𝑓= 𝐹𝐶𝑚+1
(4)

Sendo que:

FCt = Fluxo de caixa no período t.

Análise gráfica

Será realizada a análise gráfica de entradas e saídas para a identificação do


tempo de retorno para o capital investido, conforme modelo do gráfico (1) apresentado
por Perina, 2009.

Gráfico 1 – Análise de fluxo de caixa de um projeto.

Fonte: Perina (2009).

Sendo que:

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FC0 = Fluxo de caixa no tempo 0 (início do investimento).

Resultados e Discussão

A empresa contatada para o orçamento do equipamento de GPR foi a GSSI


Inc. e apresentou o orçamento de US$ 27.929,00 (apêndice A). Considerando as taxas
de importação e imposto, seu preço nacionalizado é de R$ 131.057,90 segundo a
somatória das tabelas 1 e 2 abaixo. A Tabela 1 apresenta o valor do equipamento
orçado em dólares e se respectivo câmbio em reais. A Tabela 2 apresenta os custos
relacionados à importação do equipamento.

Tabela 1. Câmbio e frete do equipamento de GPR.


Equipamento ($) Frete ($) Taxa (US$) Total C&F (R$)
27.929,00 718,00 3,02 86.513,94
Fonte: Thomson Reuters (câmbio dia 20 abr. 2015).

Tabela 2. Impostos e taxas da nacionalização do equipamento de GPR.


Previsão de impostos Valor (R$)
Imposto de importação (14%) 12.111,95
Imposto produto industrializado (5%) 4.325,70
I.C.M.S. (18%) 15.572,51
COFINS (9%) 7.786,26
PIS (2%) 1.730,28
TAXA SISCOMEX 244,00
Armazenagem GRU 114,71
Taxa de desconsolidação 2.277,67
DTA – FW – remoção 380,88
Total 44.543,96
Fonte: Advance Assistência Aduaneira Ltda. – CNPJ: 10.751.941/0001-10.

A empresa contatada para o orçamento do equipamento de Eletrorresistividade


para agricultura foi a Veris Technologies e apresentou o orçamento de R$ 93.300,00
(apêndice B), confeccionado pelo representante brasileiro.
A empresa consultora especializada em métodos geofísicos aplicados à
agricultura, aqui chamada de empresa “A”, apresentou o valor de R$ 1.000,00

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(apêndice C) para cada hectare estudado (somente interpretação dos dados


coletados), com um mínimo de contratação de 40 hectares.
No caso da locação dos equipamentos (com operadores e consultor geofísico),
o valor para o GPR e Eletrorresistividade é de R$ 60.000,00 para a investigação
realizada em 40 hectares (contratação mínima) apresentados pela empresa “B”.

Custos para o investimento

A Tabela 3 apresenta os custos para investimento quando se alugam os


equipamentos geofísicos. O custo variável e o custo fixo foram baseados no trabalho
acadêmico de Silva, 2009 e as despesas apresentadas pela empresa B, foram
orçadas em 2015.
A Tabela 4 segue o mesmo critério, porém possui o investimento inicial da
compra dos equipamentos geofísicos.

Tabela 3. Custos de investimento para aluguel dos equipamentos.


Quantidade
Descrição Unidade Valor unitário Valor Total
(hora/ha)

Custo Variável R$ 35,98 R$ 287,84


Combustível R$/hora R$ 22,65 08 R$ 181,20
Manutenção R$/hora R$ 13,33 08 R$ 106,64

Custo Fixo R$ 27,03 R$ 216,64


Salário R$/hora R$ 7,00 08 R$ 56,00
Depreciação do veículo R$/hora R$ 8,00 08 R$ 64,00
Alojamento + Seguro do veículo R$/hora R$ 1,33 08 R$ 10,64
Administrativo + Alimentação R$/hora R$ 10,70 08 R$ 85,60

Despesas R$ 60.000,00 R$ 60.000,00


Aluguel + Consultor geofísico R$/40ha R$ 60.000,00 - R$ 60.000,00
Empresa B

TOTAL R$ 60.504,48
Fonte: o Autor.

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Tabela 4. Custos de investimento para compra dos equipamentos.


Investimento Inicial R$ 224.357,90

Descrição Unidade Valor unitário Total

Veris 3100 1 R$ 93.300,00 R$ 93.300,00


GSSI GPR SIR 4000 1 R$ 131.057,90 R$ 131.057,90
TOTAL R$ 224.357,90

Quantidade
Descrição Unidade Valor unitário Valor Total
(hora/ha)

Custo Variável R$ 35,98 R$ 287,84


Combustível R$/hora R$ 22,65 08 R$ 181,20
Manutenção R$/hora R$ 13,33 08 R$ 106,64

Custo Fixo R$ 27,03 R$ 216,64


Salário R$/hora R$ 7,00 08 R$ 56,00
Depreciação do veículo R$/hora R$ 8,00 08 R$ 64,00
Alojamento + Seguro do veículo R$/hora R$ 1,33 08 R$ 10,64
Administrativo + Alimentação R$/hora R$ 10,70 08 R$ 85,60

Despesas R$ 40.000,00 R$ 40.000,00


Consultor geofísico – empresa A R$/40ha R$ 40.000,00 - R$ 40.000,00

TOTAL R$ 40.504,48
Fonte: o Autor.

Para horizonte da análise proposto de 05 anos, os custos de produção de


soja, por exemplo, por hectare, são de R$ 2.359,00 em 2014/15 (INTL FCStone,
2014).
Também se faz necessário o conhecimento da rentabilidade média da receita
bruta obtida por produtores, por hectare, que é aproximadamente R$ 3.456,00, para o
cultivo de soja, por exemplo, admitindo um valor de R$ 64,00 para cada saca de 60 Kg
e uma produção média de 54 sacas por hectare (IMEA, 2013).
Com estes valores em mãos é possível realizar um fluxo de caixa e, assim,
obter os resultados para comparação das opções deste estudo.
Abaixo, as tabelas 5 e 6 apresentam os valores de fluxo de caixa e resultados
contábeis para uma fazenda de 40 hectares que não utiliza métodos geofísicos para
auxílio na agricultura de precisão. Todos os valores apresentados para 01 (um)

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hectare foram multiplicados por 40 a fim de tornar a análise econômica melhor


mensurada e coerente com os orçamentos propostos, apesar dos custos por hectare
diminuírem conforme o crescimento da área.

Tabela 5. Fluxo de caixa de investimento e resultado contábil (opção sem geofísica).


Valores em reais.
Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Investimentos
Máquinas e Equipamentos
Depreciação acumulada 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Valor contábil líquido da máquina,


0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
após a depreciação (final de ano)

Custo de oportunidade
-6.000,00 6.000,00
(depósito)
Capital de giro líquido
150.000,00 150.000,00 150.000,00 150.000,00 150.000,00 0,00
(final de ano)

Variação do capital de giro líquido -150.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00 150.000,00

Fluxo de caixa total de


-156.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00 156.000,00
investimento

Resultados
Faturamento 138.240,00 138.240,00 138.240,00 138.240,00 138.240,00
Custos de Plantio -94.360,00 -94.360,00 -94.360,00 -94.360,00 -94.360,00
Depreciação 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Lucro antes do imposto de renda 43.880,00 43.880,00 43.880,00 43.880,00 43.880,00
Imposto (27,5%) -12.067,00 -12.067,00 -12.067,00 -12.067,00 -12.067,00
Lucro Líquido 31.813,00 31.813,00 31.813,00 31.813,00 31.813,00
Fonte: O Autor.

Tabela 6. Fluxo de caixa total (opção sem geofísica). Valores em reais.


Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Faturamento 138.240,00 138.240,00 138.240,00 138.240,00 138.240,00
Custo de operação 0,00 -94.360,00 -94.360,00 -94.360,00 -94.360,00 -94.360,00
Imposto de renda 0,00 -12.067,00 -12.067,00 -12.067,00 -12.067,00 -12.067,00
Fluxo de caixa das Operações 0,00 31.813,00 31.813,00 31.813,00 31.813,00 31.813,00
Fluxo de caixa total de
-156.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00 156.000,00
investimento
Fluxo de caixa total do projeto -156.000,00 31.813,00 31.813,00 31.813,00 31.813,00 187.813,00
Fonte: O Autor.

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VPL (10%) = R$ 61.460,03


VPL (20%) = R$ 1.833,25
TIR = 20,39%
PBD = 3,6 anos

Nas tabelas 7 e 8 são apresentados os valores para a opção de aluguel dos


equipamentos geofísicos. Os custos de produção, neste caso, foram decrescidos em
2/3 (dois terços), para o valor de R$ 786,33, pois com a utilização dos métodos
geofísicos, pode-se planejar melhor o cultivo, direcionando-se os gastos com irrigação
e adubo. Além disso, foi adicionado no custo o valor de R$ 60.504,48, apresentado na
tabela 1.

Tabela 7. Fluxo de caixa de investimento e resultado contábil (opção aluguel). Valores


em reais.
Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Investimentos:
Máquinas e Equipamentos 0,00
Depreciação acumulada 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Valor contábil líquido da máquina,


0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
após a depreciação (final de ano)

Custo de oportunidade
-6.000,00 6.000,00
(depósito)

Capital de giro líquido


150.000,00 150.000,00 150.000,00 150.000,00 150.000,00 0,00
(final de ano)

Variação do capital de giro líquido -150.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00 150.000,00

Fluxo de caixa total de


-156.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00 156.000,00
investimento

Resultados:
Faturamento 138.240,00 138.240,00 138.240,00 138.240,00 138.240,00
Custos de Plantio -91.957,68 -91.957,68 -91.957,68 -91.957,68 -91.957,68
Depreciação 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Lucro antes do imposto de renda 46.282,32 46.282,32 46.282,32 46.282,32 46.282,32

Imposto (27,5%) -12.727,64 -12.727,64 -12.727,64 -12.727,64 -12.727,64


Lucro Líquido 33.554,68 33.554,68 33.554,68 33.554,68 33.554,68
Fonte: O Autor.

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Tabela 8. Fluxo de caixa total (opção aluguel). Valores em reais.


Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Faturamento 138.240,00 138.240,00 138.240,00 138.240,00 138.240,00
Custo de operação 0,00 -91.957,68 -91.957,68 -91.957,68 -91.957,68 -91.957,68
Imposto de renda 0,00 -12.727,64 -12.727,64 -12.727,64 -12.727,64 -12.727,64
Fluxo de caixa das Operações 0,00 33.554,68 33.554,68 33.554,68 33.554,68 33.554,68
Fluxo de caixa total de investimento -156.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00 156.000,00
Fluxo de caixa total do projeto -156.000,00 33.554,68 33.554,68 33.554,68 33.554,68 189.554,68
Fonte: O Autor.

VPL (10%) = R$ 68.062,37


VPL (20%) = R$ 7.041,94
TIR = 21,51%
PBD = 3,6 anos

Nas tabelas 9 e 10 são apresentados os valores para a opção de compra dos


equipamentos geofísicos, com contratação de uma empresa consultora. Os custos de
produção também foram decrescidos em 2/3 (dois terços), para o valor de R$ 786,33,
porém, foi adicionado no custo o valor de R$ 40.504,48, conforme apresentado na
tabela 2.

Tabela 9. Fluxo de caixa de investimento e resultado contábil (opção compra). Valores


em reais.
Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Investimentos:
Máquinas e Equipamentos -224.357,90 50.480,53
Depreciação acumulada 22.435,79 44.871,58 67.307,37 89.743,16 112.178,95

Valor contábil líquido da máquina,


201.922,11 179.486,32 157.050,53 134.614,74 112.178,95
após a depreciação (final de ano)

Custo de oportunidade
-6.000,00 6.000,00
(depósito)

Capital de giro líquido 150.000,00 150.000,00 150.000,00 150.000,00 150.000,00 0,00


(final de ano)

Variação do capital de giro líquido -150.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00 150.000,00

Fluxo de caixa total de -380.357,90 0,00 0,00 0,00 0,00 206.480,53


investimento

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em Gestão Estratégica – 2015

Tabela 9. Fluxo de caixa de investimento e resultado contábil (opção compra). Valores em reais
(continuação).

Resultados:
Faturamento 138.240,00 138.240,00 138.240,00 138.240,00 138.240,00
Custos de Plantio -71.957,68 -71.957,68 -71.957,68 -71.957,68 -71.957,68
Depreciação -22.435,79 -22.435,79 -22.435,79 -22.435,79 -22.435,79
Lucro antes do imposto de renda 43.846,53 43.846,53 43.846,53 43.846,53 43.846,53
Imposto (27,5%) -12.057,80 -12.057,80 -12.057,80 -12.057,80 -12.057,80
Lucro Líquido 31.788,73 31.788,73 31.788,73 31.788,73 31.788,73
Fonte: O Autor.

Tabela 10. Fluxo de caixa total (opção compra). Valores em reais.


Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5
Faturamento 138.240,00 138.240,00 138.240,00 138.240,00 138.240,00
Custo de operação 0,00 -71.957,68 -71.957,68 -71.957,68 -71.957,68 -71.957,68
Imposto de renda 0,00 -12.057,80 -12.057,80 -12.057,80 -12.057,80 -12.057,80
Fluxo de caixa das Operações 0,00 54.224,52 54.224,52 54.224,52 54.224,52 54.224,52
Fluxo de caixa total de investimento -380.357,90 0,00 0,00 0,00 0,00 206.480,53
Fluxo de caixa total do projeto -380.357,90 54.224,52 54.224,52 54.224,52 54.224,52 260.705,05
Fonte: O Autor.

VPL (10%) = - R$ 45.596,13


VPL (20%) = - R$ 135.213,49
TIR = 6,17%
PBD não é favorável para o horizonte de 5 anos. O PBD para a opção de compra é de
8 anos.

As duas primeiras análises realizadas são satisfatórias para o mercado, pois


atingiram o patamar da taxa interna de retorno de 15% e retornaram o investimento
igualmente. A grande diferença nestes dois investimentos é que na primeira opção, em
que o agricultor não utiliza métodos geofísicos em seu terreno, o mesmo não possuirá
uma visão detalhada sobre a área de cultivo, o que pode gerar dúvidas quando tiver
que tomar decisões importantes, principalmente sobre irrigação e correção do solo por
adubos.
A última análise de investimento, para a compra do equipamento, não resultou
em números satisfatórios, pois não atingiu o patamar da taxa interna de retorno
estipulado em 15%. O PBD também não é favorável para o horizonte estudado, sendo
este projeto considerado inviável para ser adotado.

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Em suma, são apresentados os seguintes resultados na Tabela 11 abaixo:

Tabela 11. Comparação dos resultados obtidos.


Índice/Opção Sem geofísica Aluguel Compra
VPL (10%) R$ 61.460,03 R$ 68.062,37 - R$ 45.596,13
VPL (20%) R$ 1.833,25 R$ 7.041,94 - R$ 135.213,49
TIR 20,39% 21,51% 6,17%
PBD 3,6 anos 3,6 anos -------

Conclusão

Estabelecendo um comparativo entre as opções de investimento, pode-se


perceber que a melhor opção a ser escolhida é a opção de aluguel do equipamento
geofísico através de uma empresa consultora, pois os resultados são válidos e
apresenta retornos dentro do praticado no mercado, através dos valores obtidos nos
cálculos de VPL, TIR e PBD. Além disso, os custos de análise podem diminuir à
medida que a área a ser investigada aumenta.
A associação de técnicas de precisão, metodologia geofísica e metodologia
estatística tornam-se ferramentas importantes para o estudo da produtividade de uma
cultura agrícola, pois através desses estudos integrados é possível determinar e inferir
o uso mais eficaz de corretivos de solo e irrigação. Para tanto, recomenda-se não só
um estudo de reconhecimento, como também um estudo periódico, que permitiria
identificar e caracterizar por etapas de colheita a real variabilidade do terreno,
estimando a produtividade futura e direcionando a adubação e irrigação do solo,
permitindo assim o aumento na produtividade de grãos e a otimização dos custos no
processo de cultivo.

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Agradecimentos

À ESALQ – USP / PECEGE por proporcionar este curso com um corpo docente
extraordinário e competente.
Aos professores deste curso que engrandecem nossa compreensão muito
além da teoria, mas, sobretudo com suas experiências de vida.
À minha orientadora Cássia Renata Pinheiro, que sempre me atendeu com
extrema prontidão e orientou este trabalho com grande esforço.
À Nata formada pelos grandes colegas deste curso, Alessandra da Silva,
Angelo Nunes, Camila da Costa, Danilo Mendes, Júlia Teixeira, Marcel Komatsu e
Marina Sanches, com os quais formei laços de amizade duradouros.
À minha família e amigos, pelo amor, incentivo e apoio incondicional,
especialmente Lucyara, Gabriel e Lucas, meus eternos amores.

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Referências

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Apêndice A – Cotação equipamento de GPR

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Apêndice B – Cotação equipamento de Eletrorresistividade

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Apêndice C – Cotação de consultoria geofísica – Empresa “A”

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Apêndice D – Cotação de empresa geofísica – Empresa “B”

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