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Usinagem

Temperatura de Corte

Temperatura de Corte

Prof. Dr. Rodrigo Henriques Lopes


rodrigolopes@utfpr.edu.br 1
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Temperatura de Corte

Sumário Efeito de conversão

Fluxo de calor

Balanço energético

Zonas de geração de calor

Medição de temperatura em usinagem

Métodos práticos e analíticos

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Spec. energy me rescpectively W c/Vw

Resgatando o conceito de potência de corte.

A pressão específica de corte pode, também,


ser entendida como sendo a energia efetiva
consumida para arrancar uma unidade de
volume de material da peça.

𝐹𝑐 . 𝑣𝑐 𝐹𝑐
𝑘𝑠 = 𝜇𝑒 = =
𝑣𝑐 . 𝑓𝑐 . 𝑎𝑝 𝑏. ℎ
(TOENSHOFF e DENKENA, 2013)
𝑷𝒄 = 𝑘𝑠 . 𝑣𝑐 . 𝑓𝑐 . 𝑎𝑝 = 𝑘𝑠 . 𝑄𝑤
Qw – volume de material removido
por unidade de tempo. 3
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Portanto, a energia mecânica teórica do processo de corte fica com a seguinte forma
(TOENSHOFF e DENKENA, 2013):

𝑷𝒄 = 𝑘𝑠 . 𝑄𝑤
A potência de avanço pode ser negligenciada por motivos já tratados.
Assim, a potência de corte mencionada pode ser convertida em energia térmica ou
potencial pelos efeitos físicos seguintes:
❑ deformação plástica, cisalhamento
❑ atrito
❑ separação de material
❑ mudança de fluxo de material
❑ tensões residuais.
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Assim, essas frações de energia estão relacionadas à taxa de remoção de material ou,
equivalentemente, às frações de energia de volume de material removido
(TOENSHOFF e DENKENA, 2013).
Em um balanço de energia, a energia específica ks é igual à soma das frações de
energia da deformação plástica k; do atrito k; da separação de material kT; da
mudança de fluxo de material kM; e da energia elástica (de mola) ou da energia por
tensões residuais kel.

𝑘𝑠 = 𝑘 + 𝑘 + 𝑘 𝑇 + 𝑘𝑀 + 𝑘𝑒𝑙

❑ As componentes de energia são estimadas qualitativamente e suas influencias


principais são aparentes.
❑ E o modelo de cisalhamento de plano é utilizado, que pode ser descrito
analiticamente.
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(TOENSHOFF e DENKENA, 2013)
Magnitude muito maior
em condições de corte
comuns.

𝑘𝑠 = 𝑘 + 𝑘 + 𝑘 𝑇 + 𝑘𝑀 + 𝑘𝑒𝑙
Ganham peso considerável em
cortes ultraprecisos (h  10nm) ou
altíssimas velocidades de corte
(vc  104m/min).

ks - energia específica
k - energia da deformação plástica / cisalhamento
k - energia do atrito
kT - energia da separação de material
kM - energia da mudança de fluxo de material
kel - energia elástica (de mola) ou da energia por tensões residuais 6
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Frações da energia de corte
(TOENSHOFF e DENKENA, 2013).

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A potência de corte, que é transformada pelos efeitos dominantes (k e k),

geralmente é removida por calor. Frações menores são armazenadas como

energia elástica (energia potencial por tensões residuais) nas camadas

superficiais da peça e no cavaco (TOENSHOFF e DENKENA, 2013).

Cerca de 1 a 3% não gera calor


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Em usinagem o calor pode ser gerado em três Peça

zonas distintas:
A
Cavaco
I. Zona de cisalhamento primário (zona A).
B
D C
II. Zona de cisalhamento secundário (zonas B e C).
Ferramenta
III. Zona de interface entre a peça e a superfície de
folga da ferramenta (zona D).

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8 a 10%

𝑞𝑧 + 𝑞𝑎1 + 𝑞𝑎2 = 𝑞𝑐 + 𝑞𝑝 + 𝑞𝑚𝑎 + 𝑞𝑓


onde,
O fluxo de calor para o meio
ambiente é baixo, a não ser
qz – calor gerado na zona de cisalhamento primário. que fluido de corte seja
qa1 – calor gerado na zona de cisalhamento secundário. utilizado.

qa2 – calor gerado na zona de interface peça- superfície


de folga da ferramenta.
qc – calor dissipado pelo cavaco.
qp – calor dissipado pela peça.
qma – calor dissipado pelo meio ambiente.
qf – calor dissipado pela ferramenta de corte. 10
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Modelo de distribuição de calor


(TOENSHOFF e DENKENA, 2013).
ferramenta
qf

cavaco

ferramenta
ksQw qc Distribuição da energia na região de
cavaco corte (TOENSHOFF e DENKENA,
2013).

peça qp
peça
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CALOR GERADO NA ZONA DE CISALHAMENTO PRIMÁRIO (qz)

➢ Maior parte vai para o cavaco.

➢ Pequena fração vai para a peça.

➢ Pode ser até benéfico para a usinagem, pois aumenta a temperatura nas zonas primária e secundária e
diminui a resistência mecânica do material da peça.

➢ Aumento de temperatura da peça – pode afetar precisão dimensional.

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➢ Temperatura do cavaco – por volta de 650°C (Aços endurecidos e ligas e Ni).

➢ Faixa normal (temperatura cavaco) – entre 200 a 350°C.

➢ Indicação de temperatura dos cavacos (sem fluido) – COR.

➢ INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO CAVACO NA TEMPERATURA DA


FERRAMENTA ? – tempo de contato e temperatura na interface cavaco-ferramenta.

Praticamente
nenhuma!

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CALOR GERADO NA ZONA DE CISALHAMENTO SECUNDÁRIO (qa1)

qa1 – É A FONTE DE CALOR MAIS IMPORTANTE EM USINAGEM.

Apenas de 8 a 10% calor gerado por essa fonte vai para ferramenta. Contudo, é
responsável, em alguns casos, por elevações de temperatura da ordem de 1100 oC.

Temperatura é fator controlador da taxa de remoção de material (TRM – Qw), quando


na usinagem de materiais duros e de alto ponto de fusão, como ferros fundidos,
aços, ligas de níquel e ligas de titânio.

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➢ A temperatura na interface cavaco-ferramenta aumenta com a velocidade de corte


(vc).

➢ Na presença da zona de fluxo a quantidade e a taxa de deformação são tão altas e


complexas que se torna irrealista a tentativa de calcular o aumento de temperatura
naquela região.

➢ A temperatura na zona de fluxo, e portanto, a temperatura da ferramenta depende da


quantidade de trabalho realizado para cisalhar o material e da quantidade de material
que passa pela zona de fluxo, e isso varia com o material da peça.

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Temperaturas máximas da interface cavaco-ferramenta em função da velocidade de corte, para vários materiais utilizando
ferramentas HSS (Machado et. al, 2015, APUD Trent e Wright, 2000). 16
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Machado et al. (2015, APUD Trent e Wright, 2000) enumeram ao menos três parâmetros metalúrgicos
que influenciam a temperatura da ferramenta:

1. O ponto de fusão do principal elemento químico do material da peça. Quanto maior o ponto de
fusão deste elemento, maior a temperatura da interface cavaco-ferramenta, para qualquer velocidade de corte.

2. Elementos de liga que aumentam a resistência do material da peça. Eles aumentam a temperatura
da interface cavaco ferramenta em qualquer taxa de remoção de material.

3. Presença de fases de baixa resistência ao cisalhamento na interface (tais como, MnS e


grafita). Elas podem reduzir a temperatura.

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CALOR GERADO NA ZONA DE INTERFACE ENTRE A PEÇA E A


SUPERFÍCIE DE FOLGA DA FERRAMENTA (qa2)

Caso a usinagem ocorra com pequenos ângulos de folga (<2º) ou quando o

desgaste de flanco estiver presente, esta fonte de calor tornar-se-á importante no

processo de usinagem. Neste caso a análise é similar à Qa1, com a presença da zona

de fluxo e altas temperaturas na superfície de folga, podendo levar a ferramenta de

corte ao colapso.

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As temperaturas na cunha de corte são essenciais para o desgaste. A


oxidação e a difusão, que causam parcialmente o desgaste da ferramenta,
são fortemente aceleradas em temperaturas mais altas. A distribuição da
temperatura nas camadas superficiais da peça é decisiva para efeitos de
integridade superficial, como mudanças de dureza, tensões residuais e
alterações na estrutura do material (TOENSHOFF e DENKENA, 2013).
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Vários métodos, analíticos e práticos, vêm sendo desenvolvidos ao longo do

tempo com o objetivo de determinar a temperatura gerada durante o processo de

usinagem. Porém, nenhum deles é universalmente aceito como absoluto.

Na prática, há uma grande dificuldade para que se consiga medir ou estimar as

temperaturas envolvidas em um processo de usinagem.

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Vários métodos de medição de temperatura foram desenvolvidos, embora


todos tenham desvantagens específicas do processo.
A medição é difícil devido:
• às pequenas dimensões da zona aquecida (apenas décimos de mm²);
• altas temperaturas (ca. 500 °C);
• gradientes de temperatura abruptos (d/ds > 500 K/mm);
• alta carga mecânica (mais de 1.000 MPa) e;
• alta velocidade de aquecimento (d/dt > 106 K/s).
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(TOENSHOFF e DENKENA, 2013)
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! Medição da força termoelétrica entre a ferramenta e a peça (método termopar


ferramenta-peça).

! Medição direta por inserção de termopares na ferramenta de corte.

! Medição do calor de radiação com sensores infra-vermelhos.

Métodos
Medição utilizando vernizes termossensíveis.

práticos/experimentais
Medição por técnicas metalográficas.

Medição usando pós-químicos.

Medição usando o método do filme PVD.


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(TOENSHOFF e DENKENA, 2013)

Métodos de Medição de Temperatura

Condução de calor Radiação de calor

Medição de resistência Medição da radiação total

Efeito Seebeck Medição de banda de radiação

Modificações no material Termometria


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MÉTODOS ANALÍTICOS

▪ Elementos Finitos.
▪ O método dos elementos finitos (MEF) é uma técnica de análise numérica
destinada à obtenção de soluções aproximadas de problemas regidos por
equações diferenciais.

▪ Problemas Inversos em Condução de calor.

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Elementos Finitos

Al7075

Fonte de origem:http://www.engin.brown.edu/courses/En175/Notes/BVP/BVP.htm
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Elementos Finitos

Al6061

Fonte de origem:http://www.engin.brown.edu/courses/En175/Notes/BVP/BVP.htm
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Elementos Finitos

Al7050

Fonte de origem:http://www.engin.brown.edu/courses/En175/Notes/BVP/BVP.htm
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Elementos Finitos

Ferro Fundido Cinzento

Fonte de origem:http://www.engin.brown.edu/courses/En175/Notes/BVP/BVP.htm
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Elementos Finitos

Ti-6Al-4V
Fonte de origem:http://www.engin.brown.edu/courses/En175/Notes/BVP/BVP.htm
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Elementos Finitos

Aço Inoxidável AISI 316


Fonte de origem:http://www.engin.brown.edu/courses/En175/Notes/BVP/BVP.htm
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Problemas Inversos para determinar a temperatura na ferramenta

Exemplo (Carvalho, 2005)


UFU

• A ferramenta e o porta-ferramenta são gerados a partir de um volume de controle tridimensional- Paralelepípedo


perfeito.
• Dimensões do volume de controle: 81.68 x 86.51 x 31.00 mm
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Vista Tridimensional da Malha Numérica - software: Inv3D


(Carvalho, 2005)

Principais Dificuldades:
● Resistência térmica de contato.
● Propriedades térmicas da ferramenta,
calço e porta-ferramenta.

Ferramenta e calço
K = 43.1 W/mK e =14.8x10-6 m²/s
Porta-ferramenta
K = 49.8 W/mK e =13.05x10-5 m²/s Total: 135.700 nós
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Vista Tridimensional da Malha Numérica - software: Inv3D


(Carvalho, 2005)
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Posicionamento dos Termopares no Modelo Térmico


(Carvalho, 2005)
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Experimento
Experimento realizado: Metal duro classe K10 usinando FoFo cinzento. (Carvalho, 2005)

Avanço (f): 0.138; 0.277; 0.554 mm/volta

Rotação (vel. de corte): 560 (135.47) ; 710 (171.76); 900 (217.72) rpm (m/min)

Profundidade de corte (ap): 3.0 mm no diâmetro


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Resultados: Distribuição Bidimensional da


Temperatura (Carvalho, 2005)

X Y

Z
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Resultados: Distribuição Bidimensional da


Temperatura (Carvalho, 2005)

ferramenta
X Y

calço
porta- Z
ferramenta
ferramenta ferramenta

calço calço

porta- porta-
ferramenta ferramenta
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Referências Bibliográficas:

CARVALHO, S.R. Determinação do campo de temperatura em ferramentas de corte durante o processo de


usinagem por torneamento. 2005. 123 f. Tese de doutorado – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia.

KLOCKE, F. Manufacturing Processes 1: Cutting. Springer, 2011. https://doi.org/10.1007/978-3-642-11979-8.

MACHADO, A. R.; COELHO, R. T.; ABRÃO, A. M.; SILVA, M. B. Teoria da usinagem dos materiais. Editora Blucher,
2015.

TOENSHOFF, H. K.; DENKENA, B. Basics of Cutting and Abrasive Processes. Springer, 2013.
https://doi.org/10.1007/978-3-642-33257-9.

TRENT, E. M.; WRIGHT, P. K. Metal cutting. 4th ed. Butterworth Heinemann, 2000. ISBN 9788131203521.

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U PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

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