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Universidade Estadual da Paraíba

Centro de Ciências e Tecnologia - CCT


Departamento de Química
Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental

ANÁLISE DE ÁGUA RESIDUAL:


MÉTODO DA MEMBRANA FILTRANTE

Atividade apresentada como


exigência de avaliação correspondente
a 2ª unidade do componente
curricular: Microbiologia Experimental
Ministrado no semestre pela
professora Weruska Brasileiro.

Jaqueline P Salgado
Campina Grande – PB
Novembro– 2010
INTRODUÇÃO

A água é considerada um recurso renovável, graças ao ciclo hidrológico, porém está se


tornando não-renovável, devido ao consumo excessivo e a poluição. Um dos meios mais
comuns de poluição da água é o esgoto domestico e industrial. O esgoto é o termo usado para
caracterizar os despejos provenientes dos diversos usos da água e os resíduos que nela são
agregados. Ele contém 99,9% de água e 0,1% de resíduos sólidos ou dissolvidos. Estes resíduos
são o que traz danos a água, pois contêm fezes humanas, detergentes, gorduras, ácidos e
outros resíduos químicos. Logo, é o percentual de 0,1% que nos interessa tratar.
Os esgotos domésticos constituem a parcela mais significativa dos esgotos sanitários,
provêm, principalmente, de residências e de edificações públicas e comerciais que concentram
aparelhos sanitários, lavanderias, cozinhas, pia, lavatório, entre outros. O esgoto causa
impactos tanto sanitários quanto ambientais. O sanitário envolve problemas de saúde publica
diretamente causados pelo esgoto, quando este não é coletado e tratado corretamente pode
propagar varias doenças. O impacto ambiental está relacionado a degradação deste, que
também afeta a qualidade de vida da população.
Segundo o IBGE, no Brasil 58% da população não tem acesso á rede coletora de esgoto
e 84% dos municípios não contam com nenhum tipo de tratamento para resíduos sólidos e
líquidos coletados.
Com essa grande deficiência de saneamento básico em varias regiões brasileiras, em
especial de esgotamento sanitário, está colocando um grande numero de pessoas expostas
direta ou indiretamente a esgotos sanitários. O volume de esgotos sanitários lançados no solo
ou em corpos d`água, em estado bruto ou tratado inadequadamente, possui uma grande
quantidade de organismos patogênicos excretados por indivíduos infectados no meio
ambiente.
A transmissão de organismos patogênicos ao homem pode ocorrer por ingestão direta
de água não tratada; ingestão direta de água tratada de má qualidade; ingestão de alimentos
contaminados; ou pela infecção resultante do contato da pele com água ou solo
contaminados. Logo, os excretas e, em especial, os esgotos sanitários são as principais fontes
de contaminação dos corpos d’água e do solo, transmitindo grande quantidade de bactérias,
vírus, protozoários e helmintos patogênicos aos seres humanos.
O crescimento de microrganismos patogênicos é facilitado quando a DBO (Demanda
Bioquímica de Oxigênio) do esgoto está alta, pois assim o número de microrganismos
decompositores diminui, porque a demanda de oxigênio é mínima, favorecendo o crescimento
de organismos anaeróbios, o resultado dessa ação é aumento da matéria orgânica. Na qual
provavelmente pode conter os patogênicos.
Para o tratamento de esgoto domestico ou industrial antes de lançá-los em corpos
aquáticos, deve-se passar por três tipos de tratamentos: primário, secundário e terciário. No
primeiro métodos físicos são utilizados para remoção de resíduos sólidos. No tratamento
secundário, métodos biológicos são utilizados para remover resíduos sólidos que permanecem
após o tratamento primário. No tratamento terciário, métodos químicos e físicos são utilizados
para produzir efluente com água pura o bastante para ser ingerida ou que possua uma
quantidade de matéria orgânica mínima que possa ser decompostas pelos decompositores
naturais dos corpos d´água.
Um método muito comum e barato de tratamento biológico é o reator anaeróbio de
manta de lodo (UASB). Porém necessita de tratamentos posteriores, pois este não remove
organismos patogênicos, sendo muito eficiente na remoção de matéria orgânica.
O reator UASB em sua coluna ascendente consiste de um leito de lodo, uma zona de
sedimentação, e o separador de fase. Este separador de fases, um dispositivo característico do
reator (van Haandel e Lettinga, 1994), tem a finalidade de dividir a zona de digestão (parte
inferior), onde se encontra a manta de lodo responsável pela digestão anaeróbia, e a zona de
sedimentação (parte superior). A água residuária, que segue uma trajetória ascendente dentro
do reator, desde a sua parte mais baixa, atravessa a zona de digestão escoando a seguir pelas
passagens do separador de fases e alcançando a zona de sedimentação.
A água residuária após entrar e ser distribuída pelo fundo do reator UASB flui pela
zona de digestão, onde se encontra o leito de lodo, ocorrendo a mistura do material orgânico
nela presente com o lodo. Os sólidos orgânicos suspensos são quebrados, biodegradados e
digeridos através de uma transformação anaeróbia, resultando na produção de biogás e no
crescimento da biomassa bacteriana. O biogás segue em trajetória ascendente com o líquido,
após este ultrapassar a camada de lodo, em direção ao separador de fases. A presença de uma
zona de sedimentação acima do separador de fases resulta na retenção do lodo, permitindo a
presença de uma grande massa na zona de digestão, enquanto se descarrega um efluente
substancialmente livre de sólidos sedimentáveis (van Haandel e Lettinga, 1994).
Antes do processo de tratamento de águas residuais, são feitos testes para determinar
o melhor método de tratamento desta, de acordo com os organismos e substancias presentes
na água. Após o tratamento realiza-se mais testes, agora para determinar pureza da água. A
pureza da água é geralmente avaliada através da presença de bactérias do grupo coliforme, e
tem como referência a portaria do Ministério da Saúde (518/2004) que determina os padrões
de potabilidade de água de abastecimento, esta estabelece que em cada 100ml de água para
consumo humano analisada deve estar livre de coliformes. Já em águas residuais para
reutilização o Brasil ainda é carente de normas e diretrizes que definam plenamente os
conceitos, parâmetros e restrições ao reuso das águas servidas em residências, indústrias e
comércio, a Environmental Protection Agency (EPA) dos EUA, que publicou as Diretrizes para
reutilização da água, estabelecendo o tipo e o grau de tratamento bem como os parâmetros
de qualidade a impor a uma água para que esta possa ser reutilizada.
Os métodos mais utilizados para a analise de pureza da água são: o método de
fermentação em tubos múltiplos, o teste de ONPG e MUG e o método da membrana filtrante.
Dentre estes, o mais eficaz e eficiente, e que permite quantificar os microrganismos, é o
método da membrana filtrante.
O método da membrana filtrante consiste em filtrar uma amostra de 100ml de água
em membranas estéreis com filtros que possuem poros com diâmetros de 45µm. Neste
processo os microrganismos ficam retidos na membrana, os quais posteriormente são
transferidos para meios de culturas apropriados e são incubados durante 24h a uma
temperatura especifica. Esta técnica é muito precisa, além disso permite a analise de um
grande número de amostras, pois é de fácil manuseio e os períodos de incubação mais curtos.
As desvantagens do método é o alto custo da membrana, e também a dificuldade na analise
de amostras com material em suspensão, que pode entupir as membranas.

OBJETIVO

O experimento teve como objetivo discutir e entender o método da Membrana


Filtrante, a importância de se determinar e quantificar bactérias termotolerantes em água
residuais.
Pois conhecendo as concentrações de indicadores, tem-se uma melhor visão para o
estabelecimento do tipo de tratamento.

MATERIAIS E MÉTODOS

No procedimento experimental foram utilizados os seguintes materiais e substâncias:

 Recipiente para a coleta da amostra;


 Membrana filtrante de poros com 0,45µm de diâmetro;
 Placas Petri;
 Bico de Busen;
 Tubos de ensaio;
 Pipetas e pipetadores;
 Coniforme;
 Estufa;
 Agitador;
 Equipamento para filtração com porta filtro;
 Bomba de vácuo;
 Bequer;
 Pinça de aço;
 Contador de colônias;
 Amostra da água de esgoto de Campina Grande;
 MFC Ágar com ácido rosólico;
 Água de diluição.

Primeiramente fez-se 5 diluições da amostra de água residual(10 -1, 10-2 , 10-3 , 10-4 e 10-
5
) para facilitar a contagem dos microrganismos, pois como se trata de esgoto domestico
não se sabe a quantidade de organismos presentes e a diluição faz uma seleção dos
micróbios mais resistentes, que são os indicadores. Para a diluição de 10 -1, acrescentou-se
1ml da amostra em um tubo de ensaio com 9ml de água de diluição e fez a
homogeneização no agitador, para 10 -2 foi colocado 1ml da solução anterior em 9 ml de
água de diluição e assim sucessivamente para as outras diluições.

Fig.1- Amostra e as diluições


Antes de realizar a filtração o porta filtro e a membrana foram lavados com água de
diluição para remover qualquer contaminação. Fez-se a filtração a vácuo de 2ml de cada
diluição, posteriormente a membrana com os microrganismos retidos é transferida para a
placa de Petri com o meio de cultura MFC Ágar com ácido rosólico, este ácido favorece o
crescimento das bactérias termotolerantes. A membrana é sempre colocada com a parte
quadriculada invertida, pois a capilaridade facilita o contato dos microrganismos retidos
com o meio de cultura.

Fig.2- Equipamento para filtração a vácuo


As placas com meio de cultura foram incubadas invertidas por 24h a 44,4 oC, para
determinar e quantificar as bactérias termotolerantes, que assumiram uma coloração azul.
Após as 24h foi feita a contagem das bactérias no contador de colônias.

Fig.3- Placas para serem incubadas

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após 24 h pôde-se observar que em todas as placas continha bactérias


termotolerantes, pois colônias azuis foram formadas. Os dados obtidos estão expostos na
tab.1.

Diluição Número de colônias

10-1 Contagem impossível*

10-2 Contagem impossível*

10-3 54

10-4 2

10-5 2
Tab.1

*Com a alta concentração o número de colônias também é muito alto, sendo impossível a contagem.

Em cada colônia observada contem varias células. Porém nem todas estão viáveis. O
número de células viáveis presentes em uma amostra pode ser denominado UFC (unidades
formadoras de colônias), sendo a sigla equivalente em inglês CFU (colony forming units).
Para calcular o UFC, foi utilizada a seguinte fórmula para todas as diluições:

UFC n
= x 100
100 ml VxFt
Onde:

N = número de colônias
V = volume da amostra inoculada ( que no caso foi 2 mL)
Ft = Fator de diluição
Valores na tab.2.

Diluição UFC/100mL

10-1 -

10-2 -

10-3 2,7

10-4 0,01

10-5 0,01
Tab.2

CONCLUSÃO

A técnica da Membrana Filtrante é um método eficiente de contagem de


microrganismos em água residual, pois permite que seja manipulado um maior volume de
amostra, e o tempo de maturação é menor que o método de Tubos Múltiplos, por exemplo.
Não sendo muito viável economicamente, pois as membranas são de custo alto.
A analise de águas de esgoto é muito importante, pois sabendo as concentrações dos
organismos presentes na água, tem-se uma noção do tratamento a ser aplicado e também
onde se reutilizar a água residual. De acordo com a Environmental Protection Agency (EPA) dos
EUA, a água analisada não pode ser reutilizada para qualquer tipo de irrigação de espaços
verdes, lavagem de veículos, utilização em autoclismos, combate a incêndio, lavagem de
pavimentos, reutilização que implica o contacto acidental (pesca, canoagem) ou não (banho
em lagos, rios) da água residual com o ser humano, pois nestes casos a água deve estar
ausente de coliformes termotolerantes em 100mL. No entanto, água do esgoto analisada pode
ser reutilizada para usos para compactação de solos, uso em aterros sanitários e no fabrico de
cimentos, que permite até 200UFC/100mL.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BLACK, G. Jacquelyn. Microbiologia: Fundamentos e perpectivas. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 1999. VOL. 1.

BRAGA, Benedito et al. Introdução a Engenharia Ambiental. 2 ed. São Paulo-SP. Pearson
Prentice Hall, 2005.

ROCHA, Julio Cesar. Introdução a Química Ambiental. Porto Alegre-RS. Bookman, 2004

BRASIL, Fundação Nacional de Saúde. Manual Prático de analise de água. 1ed. Brasília-DF.
Fundação Nacional de Saúde, 2004.

BRASILEIRO, Weruska. Apostila de Microbiologia Experimental. Campina Grande-PB:


Universidade Estadual da Paraíba, 2010.
VON SPERLING, Marcos. Introdução a qualidade da águas e ao tratamento de esgotos:
Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. 2 ed. Belo Horizonte - MG.
Departamento de Eng. Sanitária e Ambiental, 1996.

Reuso da água. Disponível em :


www.enge.com.br
Acesso em 20 de novembro de 2010.

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