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Declaração de papa sobre

camisinha é bem recebida por


ativistas
Em entrevista, Bento 16 teria concordado com uso do preservativo para reduzir risco de
transmissão de doenças.
21 de novembro de 2010 | 9h 45

Em 2009, Bento 16 disse que a camisinha era um risco à saúde pública

Grupos progressistas da Igreja Católica e ativistas da luta contra o HIV/Aids


receberam bem a declaração do papa Bento 16 de que o uso da camisinha é
aceitável "em certas situações".

A afirmação, que será publicada em um livro nesta terça-feira, marca uma


posição mais branda do Vaticano em relação ao uso de preservativos e ao
combate à Aids, segundo analistas.

Enquanto anteriormente o papa havia dito que o uso de camisinhas punha em


risco a saúde pública e ampliava o problema da Aids, em vez de ajudar a conter
a doença, agora o pontífice afirma que no caso de homens que se prostituem,
por exemplo, o uso de proteção seria "um ato de responsabilidade moral", ainda
que as camisinhas "não sejam realmente o caminho para lidar com o mal da
infecção pelo HIV".

O programa das Nações Unidas contra o HIV/Aids, UNAids, classificou os


comentários do papa de "um passo adiante significativo e positivo".

"A declaração reconhece que um comportamento sexual responsável e o uso de


preservativos têm um papel importante na prevenção do HIV", disse o diretor-
executivo do UNAids, Michael Sidibe.

O Movimento de Acesso ao Tratamento do Quênia, que combate o avanço do


HIV, disse que o papa havia aceitado a realidade de que a abstinência nem
sempre funciona.

"É aceitar a realidade da vida. Se a Igreja fracassou em conseguir que as pessoas


sigam seus valores morais e pratiquem a abstinência, ela deveria aceitar a
segunda melhor opção e encorajar o uso do preservativo", afirmou David
Kamau, líder da organização.
'Colapso dos ensinamentos da Igreja'

O grupo católito progressista We Are Church (Nós Somos a Igreja) disse que a
declaração do papa mostra que ele aprendeu com a experiência, enquanto o
ativista do movimento gay britânico Peter Tatchel disse à BBC que os
comentários do papa são importantes, mas "esclarecimentos" ainda são
necessários.

Para o coordenador do grupo Catholic Voices (Vozes Católicas), Austen Ivereigh,


mesmo que seja a primeira vez que o papa esteja divulgando essa opinião em
relação à camisinha, ela está de acordo com o que teólogos católicos têm dito há
muitos anos.

"Os ensinamentos da Igreja em relação à contracepção são anteriores ao


surgimento da Aids. O surgimento do HIV levantou a questão sobre o uso do
preservativo para prevenir a doença. Se a intenção é impedir a transmissão do
vírus, e não impedir a gravidez, teólogos diriam que esta é uma questão de uma
ordem moral diferente", disse Ivereigh.

Mas a mudança de posição do papa não agradou a todos. Clifford Longley, que
escreve para o jornal católico britânico The Tablet, disse que a declaração não é
apenas uma pequena mudança na postura da Igreja.

"Uma pequena concessão pode facilmente se tornar o colapso de todo o edifício


dos ensinamentos da Igreja Católica sobre contracepção", disse ele.

"As implicações me parecem muito mais vastas até do que o papa poderia
prever."

'Luz do mundo'

O L'Osservatore Romano, jornal do Vaticano, publicou no sábado trechos do


livro escrito por um jornalista alemão com base em uma série de entrevistas
com o papa Bento 16.

Ainda sem lançamento previsto no Brasil, o livro se chamará "Light of the


World: The Pope, the Church and the Signs of the Times" (Luz do mundo: o
papa, a igreja e os sinais dos tempos).

Quando questionado se a Igreja Católica era "fundamentalmente contra o uso de


camisinhas", o papa teria dito:

"Ela certamente não a vê como uma solução real e moral. (...) Em alguns casos,
quando a intenção é reduzir o risco de infecção, ela pode todavia ser um
primeiro passo no caminho para uma outra sexualidade, mais humana."
O papa citou o exemplo do uso de camisinha por homens que se prostituem
como um "primeiro passo no sentido da moralização"

Bento 16 disse que a "obsessão quanto à camisinha implica a banalização da


sexualidade", o que tornaria o sexo não mais uma expressão do amor, "mas
somente uma espécie de droga que as pessoas administram a si mesmas".

A posição da Igreja sobre métodos de contracepção tem gerado críticas à


instituição, principalmente após a Aids se alastrar pelo globo.

Médicos e especialistas dizem que a camisinha é um dos únicos métodos


capazes de frear a disseminação do vírus HIV. BBC Brasil - Todos os direitos
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Tópicos: Papa, Religião, Camisinha, Hiv, Aids, Bento 16, Bento


xvi, Preservativo, Contracepção,Internacional, Geral
COMENTÁRIOSCOMENTE TAMBÉM

3 comentários

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Domingos Giordani
Comentado em: Declaração de papa sobre camisinha é bem recebida por ativistas
21 de Novembro de 2010 | 19h41

Viva! O Papa liberou as prostitutas, pecadoras segundo a Igreja, para se protegerem da AIDS. Agora falta
liberar os "bons cristãos" também! Quem no século 21 ainda é idiota suficiente para obedecer a um Papa
de uma Igreja que já queimou quem dizia que a Terra não era o centro do Universo? Que idiotice!

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Ana Maria Araujo Lima
Comentado em: Declaração de papa sobre camisinha é bem recebida por ativistas
21 de Novembro de 2010 | 19h37

A reportagem evidencia o que todos nós já sabemos e estamos percebendo: preservativo não é a solução
para o problema da AIDS, haja visto a velocidade com que o problema aumenta e se espalha a cada dia
no mundo. Preservativos nada mais são do que um bom negócio, para o comércio envolvido e a indústria
que os fabrica. Nada mais. A solução segura para solução desse problema e de outros que acomete a
sociedade contemporânea vem de dentro das pessoas, mas exige algo que já não estamos mais
acostumados: força de vontade, determinação, prudência, firmeza de caráter e outras virtudes que a
Igreja, desde sempre apresenta e ensina. Não impõe, propõe. A resposta do Papa foi clara e, portanto
sem margem de dúvidas. Demonstra que a Igreja não é e nunca foi retrógada e que está, como sempre,
preocupada em apresentar soluções , mesmo que, “Em alguns casos, quando a intenção é reduzir o risco
de infecção, [a camisinha] pode ... ser um primeiro passo no caminho para uma outra sexualidade, mais
humana...." Ela indica o caminho que leva a humanidade a uma prática de vida mais saudável, mais plena
de sentido e não esquece a fragilidade das pessoas. As causas verdadeiras das mazelas da humanidade.

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Wilson Almeida Júnior
Comentado em: Declaração de papa sobre camisinha é bem recebida por ativistas
21 de Novembro de 2010 | 19h34

A IGREJA, NUNCA!Como católico tenho que refutar veementemente as palavras do


Pontificio!Mas ele sabe que a Opus Dei não concorda com ele!Para a fé Cristã, sexo
somente no casamento e deve ser somente com a mulher e esta com o homem,para
procriação, o que sair disso, é perversão!Nosso corpo é templo do Senhor e só deve ser
usado para a sua glória, é assim que fala e determina o livro sagrado.O que o Papa está
pregando, chama-se prostituição.Quem compuscar ou ajudar a compuscar o templo do
Senhor de Abrahão,Isaque,Jacó e Elias, conhecerá a morte da alma!Esse Papa é do
Diabo e não de Deus!

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