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ORÇAMENTO E DETECÇÃO DE INTERFERÊNCIAS ATRAVÉS DA

UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS BIM DE UMA RESIDÊNCIA


UNIFAMILIAR

Guilherme Henrique Langer Borgo


Msc. Alexandre Baioni Trento

RESUMO
A indústria da construção civil vem agregando avanços tecnológicos tanto na execução das edificações
quanto em seu processo de concepção, os quais visam a melhoria da qualidade, eficiência e
produtividade, assim como a redução de custos e prazos. O presente trabalho tem por objetivo modelar
as diferentes disciplinas de projetos relativas a uma residência unifamiliar, executar o levantamento de
quantidades, bem como detectar as interferências entre as disciplinas de projetos, utilizando os conceitos
do Building Information Modeling (BIM), através de softwares correlatos a esta temática. Para atingir os
objetivos declarados, utilizou-se o software Revit a fim de modelar parametricamente os projetos
arquitetônico, estrutural, elétrico e hidrossanitário e gerar as quantidades de materiais destas disciplinas.
Então utilizou-se o software Navisworks para detectar possíveis interferências entre as modalidades de
projeto citadas. Os arquivos originais da residência utilizados como base para a modelagem foram
elaborados por métodos tradicionais CAD (Computer Aided Design), proporcionando, como objetivo
específico, apresentar as vantagens do software Navisworks para detecção de interferências. Como
resultado, obteve-se os modelos tridimensionais e as tabelas com quantitativo de materiais,
demonstrando velocidade na produção destes. Por fim, foram detectadas incompatibilidades não
verificadas nos projetos originais e registradas em relatório específico. Pelo conjunto de atributos
percebidos, os softwares BIM demonstraram-se capazes de contribuir para a concepção de edificações.

PALAVRAS-CHAVE: BIM, Building Information Modeling. Detecção de Interferências. Clash


Detection. Quantitativo de Materiais.

1 INTRODUÇÃO
Seguindo uma tendência mundial, a indústria da construção civil no Brasil vem buscando por
empreendimentos mais racionais e com menor desperdício de recursos. Para que isto seja possível é
necessária a compatibilização das diversas disciplinas de projetos presentes em uma obra (AVILA,
2011).
Segundo Mattos (2010), existem quatro estágios no ciclo de vida de uma obra. O primeiro é o de
concepção e viabilidade. Neste está abrangida a definição do escopo, formulação do empreendimento,
estimativa de custos, estudo de viabilidade e anteprojeto. O segundo é o detalhamento do projeto e
planejamento. Neste estágio estão abrangidos o orçamento analítico, planejamento e o projeto executivo
da obra. Já no estágio três, considera-se a execução, controle da qualidade e fiscalização da obra e
serviços nela presente. O quarto é a finalização da obra. Nele está inserida a inspeção final, testes,
transferência de responsabilidades, resolução das pendências e termos de compromisso.
Um projeto, quando desenvolvido em um ambiente multidisciplinar, onde existe cooperação
entre os diversos profissionais envolvidos na concepção, tende a ser mais complexo e em uma situação
ideal, melhor estudado, diminuindo o número de retrabalhos e problemas na execução. Deve-se
conscientizar que o projeto produz informações com desdobramentos no planejamento, controle de
materiais, cronograma e mão de obra para subsidiar as atividades do canteiro (NASCIMENTO, 2013).
Quando as atividades de projetos não são valorizadas, e estes são entregues à obra sem
compatibilização, geram grandes perdas de eficiência. É necessário integrar os diversos projetos,
visando o perfeito ajuste entre eles, com o objetivo de minimizar os conflitos existentes, simplificando a
execução, e assim mantendo as características do produto que foram idealizadas (NASCIMENTO,
2013).
Avila (2011) ratifica este entendimento, apontando a compatibilização como uma ferramenta
fundamental no processo de desenvolvimento dos projetos, detectando problemas ainda na fase de
concepção, reduzindo retrabalhos, custo e prazos, qualificando o empreendimento e aumentando a

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competitividade junto ao mercado.
Além da compatibilização, outra etapa importante para a competitividade no mercado é o
orçamento, o qual se inicia por uma estimativa de custos, configurando-se em uma previsão quanto aos
valores envolvidos no empreendimento. Este é realizado pela construtora com base nos projetos
anteriormente executados e experiência no cenário. Deste processo pode-se determinar a viabilidade
econômica da obra e sua rentabilidade, anteriormente à definição do projeto em questão. É importante
que se possa analisar a possibilidade de realização da obra de acordo com sua previsão de custos
determinada à partir de um levantamento de materiais preciso. (OLIVEIRA, 2011).
O orçamento é uma etapa mais avançada, servindo para estabelecer o real valor do projeto. O
orçamento é realizado quando o projeto está definido e envolve a identificação, descrição, valoração,
mas, principalmente a quantificação. Deve levar em conta ainda todos os aspectos que envolvem a obra,
como valor da mão de obra, impostos, material utilizado, aluguel de equipamentos e o índice de
bonificação de despesas indiretas (BDI) (OLIVEIRA, 2011).
A fim de auxiliar e qualificar os processos de de projetos e orçamentação, está presente no
mercado o BIM, o qual traz conceitos e ferramentas computacionais capazes de produzir modelos de
construção paramétricos que automatizam o levantamento de materiais e o planejamento de um
empreendimento, diminuem o risco de potenciais falhas existentes nos métodos tradicionais baseados
em sobreposições de desenhos bidimensionais CAD (Computer Aided Design). Estas ferramentas
possibilitam a redução no tempo e custo de execução de um empreendimento, pois com o aumento das
informações disponíveis qualifica a tomada de decisões (EASTMAN,2013).
Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo modelar as diferentes disciplinas de projetos
relativas a uma residência unifamiliar, executar o levantamento de quantidades, e detectar as
interferências entre estas utilizando os conceitos do Building Information Modeling (BIM).

2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo irá apresentar os aspectos teóricos a respeito dos temas orçamento, BIM (
Building Information Modeling) e Detecção de Interferências através da revisão de literatura
técnica abrangendo estas temáticas, além de explicar as funções dos softwares Revit e
Navisworks os quais foram utilizados para realização do estudo.

2.1 ORÇAMENTO
O levantamento de quantidades é a atividade chave para execução de qualquer
orçamento. Este possui diversas funções, geralmente ligados à área de finanças e economia. É,
neste sentido, a quantidade monetária estimada necessária para atender certas despesas, sejam
estas de uma empresa, organização, família, obra ou estado. É uma ferramenta utilizada tanto
por pessoas físicas quanto jurídicas, para previsão das receitas e despesas, sendo um documento
que permite definir as prioridades e avaliar a capacidade de realização de um objetivo
(LIMMER, 1997).
Por ser a base da fixação de preço de um projeto, a orçamentação torna-se uma das
principais etapas da construção civil. Um dos requisitos básicos para um bom orçamentista é o
conhecimento detalhado dos serviços e precisão no levantamento de quantidades, para que
possa identificar as dificuldades e consequentemente determinar seus custos de forma correta.
Um trabalho bem executado com critérios técnicos bem estabelecidos, informações confiáveis
e um bom julgamento, pode gerar orçamentos precisos, embora não exatos, pois o verdadeiro
custo de um empreendimento é impossível de se fixar em função de imprevistos durante a fase
de construção. A criação de um orçamento se inicia com o levantamento de quantitativo, sobre
o qual é feita uma estimativa de custos e em função destes o construtor irá atribuir seu preço de
venda, esse sim bem estabelecido (MATTOS, 2006).
A denominada “Estimativa de Custos” é uma avaliação feita com base em custos
históricos e comparação com projetos similares. Assim é possível obter uma ordem de grandeza
ao valor de um empreendimento. Em geral é feita a partir de indicadores genéricos, os quais
servem para uma primeira abordagem sobre os recursos financeiros necessários à obra, a

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tradição, experiência e conhecimento do cenário relevantes para este fim. Um indicador
bastante utilizado, é o custo baseado no metro quadrado construído. Inúmeras são as fontes de
referência deste parâmetro, sendo o Custo Unitário Básico (CUB) o mais utilizado. No entanto,
cada construtora pode gerar seus próprios indicadores com o passar do tempo ao adquirir
experiência (VARGENS, 2019).
Segundo Mattos (2006), a lei obriga o Sindicato da Indústria da Construção Civil dos
estados a calcular e divulgar mensalmente, até o dia 5 de cada mês, os custos unitários básicos
da construção civil, abrangendo os diversos padrões de construção (baixo, normal e alto). A
NBR 12.721 define os critérios de coleta, cálculo, lotes de insumos (materiais e mão de obra),
de acordo com os padrões de construção, que levam em conta as condições de acabamento,
qualidade do material empregado e equipamentos existentes.
Com um grau de detalhamento maior que a estimativa de custos, o orçamento preliminar
requer o levantamento de alguns quantitativos. Geralmente feito após a elaboração do
anteprojeto anterior ao projeto básico. O orçamento preliminar trabalha com uma quantidade
maior de indicadores, representando um aprimoramento da estimativa inicial. Alguns
indicadores úteis são, por exemplo, o volume de concreto, peso de aço e área de fôrmas. Estes
servem para gerar conjuntos de serviços menores, facilitando o orçamento e análise dos preços
(VARGENS, 2019).
O levantamento da estimativa de materiais, fornece o ponto de partida para a gestão de
custos de um projeto, este pode ser realizado tanto manualmente quanto eletronicamente,
dependendo da preferência e das ferramentas disponíveis pelo orçamentista. Os métodos
tradicionais são feitos a partir da quantificação dos elementos do projeto, de desenhos feitos no
AutoCAD. Após isto, orçamentistas utilizam planilhas de custos para estimar um orçamento.
Este processo está sujeito ao erro humano além de ser demorado (SABOL, 2008).
Ferramentas BIM utilizam objetos ao invés de linhas, contendo as propriedades dos
materiais, que compõem tabelas de quantitativos. Estas ferramentas fornecem a quantificação
exata e automatizada, aumentando a velocidade além de reduzir os erros humanos antes
cometidos, assim otimizando a gestão de custos (SANTOS, 2009).
Porém, o orçamento analítico é a maneira mais detalhada e precisa de prever o custo da
obra. É feito a partir de composições de custos unitários compostos pelos materiais levantados e
pesquisa de preços dos insumos. Objetiva aproximação ao custo real da obra, com uma pequena
margem de incerteza. Além dos custos diretos, os custos indiretos são incorporados a esse tipo
de orçamento como encargos trabalhistas, equipamentos e impostos. Para a elaboração deste, é
necessário que o orçamentista tenha em mãos o projeto executivo, projetos complementares,
especificações técnicas e preço dos insumos. Após isto, com a montagem dos custos indiretos
acrescido do BDI, é possível chegar ao preço de venda. Assim, o orçamento analítico é o que
exige mais empenho do orçamentista, pois demanda leitura e interpretação do projeto, cálculo
de áreas e volumes, além de outros itens a fim de quantificar todos os materiais, serviços e
equipamentos necessários para a realização completa da obra (MATTOS, 2006).
O índice BDI na construção civil é um elemento orçamentário que ajuda o profissional
responsável pelo orçamento a compor o preço de venda adequado, levando em conta os custos
indiretos. Este índice não é absoluto, cada obra, serviço deve ter um próprio BDI, pois as
condições de cálculo e preço de venda são especificas para cada caso, este é afetado pela
localização do empreendimento, tipo de administração, impostos gerais sobre o faturamento
entre outros. O índice de benefícios e despesas indiretas deve cobrir todas as despesas do
projeto, incluindo o lucro almejado. Em um orçamento, o preço final do empreendimento é
determinado pelos Custos Diretos e Custos Indiretos, o primeiro consta no orçamento e é
inerente à execução do projeto, o segundo é incorporado ao produto final, porém faz parte do
custo total, por exemplo: impostos, juros, lucros e despesas com escritório (VARGENS, 2019).

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Portanto, esta é a caracterização do contexto em que se insere o levantamento de
quantidades de materiais e serviços realizados no presente trabalho.
2.2 DETECÇÃO DE INTERFERÊNCIAS (CLASH DETECTION)
A detecção de interferências é o passo inicial para o processo de compatibilização de
projetos. Para que se entenda o que é incompatibilidade, primeiramente é necessário
compreender o que é compatibilidade.

A compatibilização consiste na ação do gerenciamento e integração dos


projetos, tendo como objetivo a sincronização entre eles, eliminando conflitos entre os
projetos relacionados de determinada obra, simplificando a execução, otimizando a
utilização de materiais, tempo e mão de obra bem como posteriores manutenções
(CALLEGARI, 2007).

A exigência quanto a compatibilização de projetos é uma tendência na construção civil.


A construção de qualquer empreendimento necessita de uma série de projetos: estrutural,
instalações hidrossanitários, instalações elétricas, arquitetônico, prevenção de incêndio, entre
outros. Estes, na maioria das vezes, são realizados por escritórios distintos e acabam entrando
em conflito. A compatibilização pode ser compreendida como uma forma de sobreposição dos
diversos tipos de projetos da obra, tendo como objetivo, identificar as interferências entre eles
que possam influenciar na etapa de execução. A proposta é detectar e eliminar estas
interferências entre os elementos construtivos, ainda na fase de concepção, ajustando cada
projeto, a fim de diminuir o retrabalho, tempo e desperdício de material, assim aumentando o
lucro (MONTEIRO, 2017). A figura 1, aponta o conflito entre a estrutura e tubulação hidráulica
de um edifício.
Figura 1- Exemplo de incompatibilidade.

Fonte: Reginato, 2017.


Melhado (2005) conclui que o processo de projeto tradicional, onde os agentes
produtores trabalham apenas dentro de suas especialidades e não observam a visão macro,
resulta em um produto com baixa qualidade.
A detecção de interferências pode ser feita de diversas formas, porém a mais simples e
empregada, ocorre por meio da sobreposição dos projetos em papel ou com a utilização do
software AutoCAD 2D. Apesar de ser uma prática muito utilizada, por estar em duas dimensões,
dificulta a visualização das interferências dos projetos da obra com precisão, pois depende
exclusivamente da acuidade visual do técnico responsável pelas detecções (MONTEIRO,
2017).
Foram originadas a partir da tecnologia BIM, ferramentas capazes de auxiliar no
processo de detecção de interferências, permitindo a interação dos diversos projetos, analisando
-os tridimensionalmente e fazendo com que não haja mais de um elemento no mesmo espaço

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(MONTEIRO, 2017).
Para obras de pequeno porte como residências unifamiliares, mesmo com menos
interferências, a compatibilização de projetos é essencial. Uma vez que possuem as mesmas
áreas de projetos que um edifício, como é o caso de residências de alto padrão que possuem
especificidades de automação e personalizações capazes de criar pontos de conflito. A
compatibilização se faz necessária, a fim de diminuir os retrabalhos, aumentar a racionalização
e diminuir custos e prazos (MENEGATTI, 2015).

2.3 BUILDING INFORMATION MODELING – BIM


O BIM é um modelo digital constituído por um banco de dados que admite acrescentar
informações para diversos fins relacionados a construção civil, além de proporcionar um
aumento de produtividade e racionalização do processo. Também conhecido como Modelagem
da Informação da Construção, este oferece uma tecnologia potencialmente transformadora pela
sua capacidade de fornecer um recurso compartilhado digital para todos os participantes na
gestão do ciclo de um edifício, desde o desenho preliminar, até as últimas fases da obra
(MENEGATTI, 2015).
Kymmel (2008) define o BIM como uma plataforma composta por modelos 3D,
projetando uma simulação da obra em questão, que abrigam todos os dados necessários
relativos ao projeto e ao produto seja no planejamento, construção, operação e desmobilização.
O uso de modelos 3D, permite que o entendimento do projeto seja acessível a todos, não
sendo limitado apenas aqueles que conhecem as simbologias e representações de desenho. Com
isso, facilita o entendimento dos clientes e do usuário final, contribuindo para soluções mais
alinhadas às suas necessidades (MENEGATTI, 2015).
Os softwares baseados em BIM permitem a construção do edifício no ambiente virtual
com todos os seus elementos, onde irão simular a construção, possibilitando extrair uma
variedade infinita de cortes e vistas, o que facilita o entendimento e a execução (MENEGATTI,
2015). Consiste na formulação de um protótipo digital da obra que possibilita uma série de
experimentos e ajustes no projeto antes que se concretize, permitindo a consideração antecipada
de vários aspectos referentes à edificação (KYMMEL, 2008).
Grande parte das ferramentas BIM geram modelos de arquivos próprios fechados,
porém permitem a exportação destes em formatos neutros abertos, podendo ser importado em
outros aplicativos e assim permitindo o intercâmbio dos dados, mantendo a semântica existente
entre os objetos e a consistência de informações, para isso dá-se o nome de interoperabilidade
(DE AMORIN et al, 2019).
Isto justifica-se pela necessidade de se trabalhar em diferentes aplicativos, em razão de
não ser viável nem desejável, uma única solução dar suporte a todas as questões ao longo de
vida de um edifico (DE AMORIN et al, 2019). O padrão utilizado para a comunicação entre as
ferramentas BIM é o Industry Foundation Classes (IFC), que é um conjunto de classes de
objetos que permite o desenvolvimento de uma linguagem comum, possibilitando a troca de
informação entre os softwares BIM, solucionando o problema entre formatos de arquivos
diferentes, por exemplo, um modelo arquitetônico feito no ArchiCAD que gera um arquivo em
.pnl pode ser exportado em IFC e depois importado para outro software que suporte outro
formato de arquivo (FÉ, 2019).
A figura 2 apresenta o esquema de funcionamento da plataforma BIM, constituído por
um modelo integrado de todo o processo de projeto.

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Figura 2- Esquema de funcionamento da plataforma BIM

Fonte: Revista AU, Julho/2011.


Uma das características do modelo BIM é a disponibilidade e a conexão de informações
que se tornam parte do projeto, conhecidos como dimensões do modelo BIM. Quanto mais
dimensões tiver o modelo, maiores serão os tipos de informações possíveis de serem modeladas
a partir deles, tornando as tomadas de decisão mais complexas e acertadas (CAMPESTRINI et
al. 2015).
O BIM 3D é um modelo computacional contendo as informações espaciais e
informações dos elementos do projeto, como pilares, vigas, lajes, paredes, portas, janelas e
tubulações. É possível extrair informações sobre a compatibilização espacial do projeto,
especificação de materiais e acabamentos, quantitativo além de pranchas 2D e passeios virtuais
(CAMPESTRINI et al. 2015).
O BIM 4D é a integração das informações do BIM 3D com o fator tempo, possibilitando
a realização do cronograma da obra, o que permite aos construtores um melhor controle de
prazos, graças a simulação das etapas da construção (SAKAMORI, 2015).
Associando os dados de custo ao modelo BIM 4D tem-se o BIM 5D, o qual permite a
emissão de relatórios dos custos em qualquer ponto no tempo. A criação de modelos 5D,
permite que os vários participantes do empreendimento, como proprietários, arquitetos e
engenheiros visualizem o andamento das atividades de construção e os custos relacionados com
o tempo (SAKAMORI, 2015).
Para as diferentes dimensões BIM, é necessária a utilização de softwares com
especificidades e capacidades como os escolhidos para realização do estudo.

2.4 SOFTWARE REVIT


Este software desenvolvido pela Autodesk utiliza o conceito de modelagem paramétrica
dos elementos de construção. O Revit foi desenvolvido para possibilitar que profissionais
envolvidos em projetos de construção produzam suas ideias, da concepção até a execução,
usando modelos coordenados e consistentes. Este possui recursos para projetos de arquitetura,
estrutura, hidrossanitário e elétrico (MENEGATTI, 2015).
Projetos feitos nesta ferramenta possuem uma grande vantagem competitiva,
fornecendo melhor coordenação e qualidade, ainda contribuindo para uma maior interação

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entre os arquitetos e o restante da equipe responsável pelo empreendimento, onde qualquer
alteração no modelo acarreta mudanças em todos os documentos do projeto, sejam vistas,
cortes, fachadas e quantitativo. O eixo principal da plataforma é a engrenagem de
parametrização, o qual pode ser entendido a seguir (PEREIRA, 2016).

No projeto paramétrico, em vez de projetar uma instância de um elemento de


construção como uma parede ou porta, um projetista define uma família de modelos
ou uma classe de elementos, que é um conjunto de relações e regras para controlar os
parâmetros pelos quais as instâncias dos elementos podem ser geradas, mas cada um
irá variar conforme seu contexto.
Uma forma de entender como a modelagem paramétrica trabalha é examinar a
estrutura de uma família de paredes, incluindo seus atributos de forma e suas relações,
usa-se a denominação família de parede porque ela é capaz de gerar muitas instâncias
de seu tipo em diferentes localizações e com parâmetros variados. Uma família de
parede pode se concentrar em paredes retas e verticais, mas a capacidade de variar a
geometria, inclusive aquelas com superfícies curvadas e não verticais, as vezes podem
ser desejadas. (EASTMAN et al, 2014).

Por conta da modelagem paramétrica tridimensional, é capaz de otimizar os processos


através da quantificação dos dados e criar tabelas, as quais podem ser importadas para outros
softwares, dos diversos materiais presentes nos projetos, especificando os tipos de materiais,
tamanhos, quantidades, áreas, volumes, custo e até especificações do fabricante, informações
estas que estão inseridas nos parâmetros dos elementos das respectivas famílias (CRESPO et al,
2007).
Escritórios no Brasil que possuem parcerias em projetos no exterior, estão sendo
solicitados a migrar para o Revit, com a finalidade de trabalho em um servidor web, onde um
mesmo arquivo do software é capaz de possuir diversas equipes trabalhando em vários locais
diferentes, uma atualizando a outra de forma automática, e ainda assim, possuindo um controle
sobre o que cada um pode fazer ou não dentro desse projeto (PEREIRA, 2016).
2.5 SOFTWARE NAVISWORKS
O software Navisworks, o qual também faz parte da Autodesk, possui diversas
ferramentas as quais auxiliam no planejamento de obras. O recurso Timeliner faz a conexão do
modelo do Navisworks, com o cronograma do projeto, o qual pode ser importado de diferentes
plataformas, e cria uma sequência em quatro dimensões, com a visualização da ordem das
tarefas, atuando como uma interface visual entre o gráfico de Gantt e o projeto, exibindo
simultaneamente com a progressão das atividades ao longo do tempo (BARBOSA, 2013).
Outro recurso existente no software é o Quantification Workbook, o qual possibilita a
extração de quantitativos dos elementos do modelo, que apresentam materiais definidos, os
quais podem ser exportados em planilhas permitindo que estas informações possam ser
utilizadas em sistemas próprios (BOSZCZOWSKI, 2015).
O Navisworks também pode ser utilizado para unir diferentes disciplinas em um único
modelo central e através do recurso Clash Detection, o qual permite que os usuários verifiquem
os conflitos existentes de maneira seletiva, como a detecção de interferências entre os projetos
estrutural e hidráulico, pois cada componente no modelo é associado a um tipo específico de
sistema (SACENTI, 2016).
A detecção de incompatibilidades pode ser feita em diferentes níveis de detalhamento e
em diversos número de projetos, porém boas detecções dependem de modelos precisos e bem
estruturados. Deve-se assegurar que o projeto está modelado com um nível de detalhe
apropriado, pois se impreciso, diversos problemas não serão encontrados até que a obra seja
executada, assim sendo demandado tempo e capital para resolver, não fazendo sentido sua
utilização, pois faz a análise de interferências mais profundas, de acordo com as disciplinas
comparadas sendo capaz de identificar todos os tipos de conflitos que possam passar
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despercebidas pelos olhos humanos (SACENTI, 2016).
3 MÉTODO
Considerando o objetivo do trabalho de modelar os projetos de uma residência
unifamiliar, quantificar os materiais através do software Revit e detectar as interferências pelo
software Navisworks, serão descritos os passos metodológicos seguidos.
3.1 MODELAGEM DAS DICIPLINAS
O objeto de modelagem utilizado foi uma residência unifamiliar, contendo três
pavimentos, estando localizado no térreo a garagem, lavabo, boudoir, lavanderia, cozinha, sala
de jantar, sala de estar e espaço gourmet, no pavimento superior dois quartos, um banheiro, uma
suíte e duas sacadas e no último pavimento sua área técnica. A edificação possui uma área
construída total de 145,34m².
Os projetos executivos arquitetônico, estrutural, elétrico e hidrossanitário foram cedidos
pela empresa Flash Engenharia e Empreendimentos, nos formatos DWG e PDF para realização
do trabalho em questão. Estes foram modelados no software Revit 2019, versão estudantil,
seguindo os detalhes e especificações de materiais disponíveis no projeto bidimensional para
que permitisse a quantificação paramétrica simultânea destes.
Como consideração, mesmo que percebidos problemas de compatibilidade entre
projetos já no processo de modelagem, a fim de não gerar prejuízos à detecção de interferências
pelo BIM, os mesmos foram desconsiderados.
3.2 LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS
Para realização desta etapa, utilizou-se o mesmo software Revit 2019, a partir do qual,
foram configuradas tabelas de quantidades por modelo produzido, compostas por parâmetros
definidos na modelagem. Estas alimentam a composição de custo unitário para uma posterior
realização de orçamento analítico. As tabelas produzidas foram organizadas conforme
descrição que segue.
3.2.1 LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS DO PROJETO ARQUITETÔNICO
A partir do projeto arquitetônico, foram geradas tabelas contendo diferentes parâmetros
de tipo e instância descritos e ordenados por:
Tabela de portas: Família e tipo, quantidade, altura e largura.
Tabela de janelas: Família e tipo, largura, altura, altura do peitoril e quantidade.
Levantamento de materiais piso: Nome, área, volume e quantidade.
Levantamento dos materiais de parede: Nome, área e volume.
No intuito de exemplificar a confecção dos quantitativos, a Tabela 1, demonstra sua
organização onde as colunas referem-se aos parâmetros determinados e as linhas representam
os elementos de construção ou materiais que a compõem.
Tabela 1: Exemplo de tabela elaborada no software Revit.
Tabela de janelas
Família e tipo Largura (m) Altura (m) Altura do peitoril (m) quantidade
Janela com esquadria
fixa 60 x 80 0,6 0,8 1,4 1
Janela com esquadria
maxim- ar 60 x 210 0,6 2,1 0,1 1
Janela com esquadria
maxim- ar 60 x 80 0,6 0,8 1,4 2
Janela com esquadria
maxim- ar 190 x 205 1,9 2,05 0,1 1
Janela com esquadria
maxim- ar 295 x 205 2,92 2,05 0,1 1
Total geral: 6 6
Fonte: O Autor com base no software Revit 2019.

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3.2.2 LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS DO PROJETO HIDROSSANITÁRIO
A partir do projeto hidrossanitário, foram geradas tabelas contendo nome e parâmetros,
descritas a seguir:
Tabela de tubos: Tipo, diâmetro e comprimento.
Tabela de acessórios de tubos: Família, diâmetro e quantidade.
Tabela de conexões: Família, diâmetro e quantidade.
Tabela de peças hidrossanitários: Família e quantidade.
3.2.3 LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS DO PROJETO ESTRUTURAL
A partir do projeto estrutural, foram geradas tabelas contendo nome e parâmetros,
descritas a seguir:
Tabela de fundação concreto: Família e tipo, volume e quantidade.
Tabela de pilar concreto: Família e tipo, volume, nível base, nível superior.
Tabela de vigas concreto: Descrição, tipo, volume e quantidade.
Tabela de lajes: Tipo, material e volume.
3.2.4 LEVANTAMENTO DE QUANTITATIVOS DO PROJETO ELÉTRICO
A partir do projeto elétrico, foram geradas tabelas contendo nome e parâmetros,
descritas a seguir:
Tabela de circuito elétrico: Tomadas de uso geral, tomadas de uso específico, número do
circuito e corrente.
Tabela de conduíte: Tipo, Diâmetro e comprimento.
Tabela de conexões de conduíte: Tipo, tamanho e quantidade.
3.3 DETECÇÃO DE INTERFERÊNCIAS
Utilizou-se o software Navisworks Manage na versão 2019 estudantil para a importação
dos modelos 3D anteriormente gerados pelo Revit. A importação se deu de origem à origem, ou
seja, com a sobreposição precisa de cada modelo por meio de coordenadas cartesianas. Uma
vez integradas as disciplinas de projeto, foram programadas regras paramétricas para detecção
das interferências. Foram elas:
- Estrutura x Hidrossanitário;
- Arquitetônico x Estrutura;
- Soleira x Estrutura;
- Guarda corpo x Estrutura;
- Piso x Tubulação pluvial;
- Fundação x Tubulação esgoto;
- Esquadria x Estrutura;
- Revestimento de parede x Revestimento de piso;
Importante destacar que o foco desta etapa do presente trabalho não foi analisar as
interferências nem propor suas possíveis soluções, mas sim estruturar e executar o processo
BIM para detectá-las caso existissem, uma vez que se tratava de um projeto executivo em CAD.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao realizar a modelagem paramétrica tridimensional dos projetos arquitetônico,
estrutural, elétrico e hidrossanitário foi possível verificar as contribuições apontadas por
Menegatti (2015) relativas ao processo de representação gráfica proporcionada pelo BIM por
meio do software Revit em relação aos processos CAD. Foi possível realizar, por exemplo,
quantos cortes fossem necessários para o entendimento e conferência do projeto sem demandar
maiores esforços ou desperdício de tempo, o que não acontece nos programas CAD, onde cada
peça gráfica deve ser desenhada por linhas de forma individual, ampliando a possibilidade de
equívocos de desenho e dificultando edições posteriores. Esta situação pode ser explicada
entendendo que no BIM, os desenhos 2D são subprodutos do modelo digital 3D, onde qualquer

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alteração neste, repercute em todos os desenhos bidimensionais (plantas, cortes e elevações),
configurando uma vantagem competitiva aos profissionais adeptos deste processo conforme
descreve Pereira (2016).
Além disso, pôde-se obter vistas em três dimensões e rotacioná-las em todas as direções
de forma dinâmica, possibilitando verificar a correção do que está sendo produzido, simular as
consequências das decisões de projeto e a completa visualização do edifício.
Ao modelar o arquitetônico foram inseridos elementos de acabamentos como soleiras,
janelas, portas e revestimentos cerâmicos, os quais, utilizando o estilo visual realista e o nível
de detalhes alto disponíveis no software BIM, permitiu visualizar os elementos de forma
realista, o que facilitaria o entendimento de toda a equipe responsável e do proprietário,
diminuindo problemas com a especificação de materiais e detalhes de acabamento nas fases de
projeto, antecipando assim potenciais dificuldades em obra.
A figura 3 apresenta a visualização 3D anteriormente citada, em posições distintas e
com detalhamento de esquadrias, guarda corpos, calçamento e alguns materiais de fachada.

Figura 3- Modelagem arquitetônica frente e fundos.

Fonte: O Autor com base no softwareAutodesk Revit/2019.

Quanto aos projetos hidrossanitário e elétrico, também pode-se apontar algumas


contribuições do BIM percebidas ao traçar especialmente as tubulações. Os softwares BIM,
mais especificamente o software Revit, ao traçar as mesmas por linha de eixo, insere as
conexões necessárias automaticamente em caso de mudanças de percurso e, caso o operador
esteja realizando operações erradas, como uma conexão em ângulo inexistente em termos de
conexões disponíveis no mercado, aponta o erro e impossibilita a ação, reduzindo erros
humanos.
Ao modelar os sistemas de esgoto e águas pluviais, para os quais são necessárias as
definições de declividades mínimas, o Revit as insere no projeto organizando os níveis das
tubulações automaticamente. Ressalta-se que as famílias utilizadas para confecção de projetos
de instalações são provenientes das próprias indústrias de tubos e conexões, as quais
disponibilizam gratuitamente todos os seus produtos para inserção em trabalhos técnicos com o
BIM. Desta forma, projeta-se com nível de detalhe absolutamente realista em termos de
dimensões e consequente precisão, bem como evita soluções inexequíveis tecnicamente. Além
disso, no momento da quantificação, pode-se aproveitar todas as especificações, números de
série, dentre outros parâmetros existentes, criando verdadeiras listas de compra empregáveis na
fase de execução.
A figura 5 apresenta os projetos elétrico e hidrossanitário sobrepostos ao modelo
arquitetônico anteriormente apresentado, demonstrando os sistemas prediais projetados.

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Figura 5 - Modelagem elétrica e hidráulica.

Fonte: O Autor com base no software Autodesk Revit/2019.


No caso do projeto estrutural, foi possível modelar todos os elementos com as
dimensões de projeto originais utilizando as famílias de fundações, pilares, vigas e lajes
disponíveis no software Revit. A mesma ocorre à partir da importação da base 2D em CAD,
utilizando o posicionamento de eixos estruturais como referência para modelagem e correto
posicionamento em relação. Esta modelagem serve apenas para reprodução do projeto
estrutural e utilização em processos de detecção de interferências ou ainda para concepção
rápida de uma estrutura utilizando suas propriedades analíticas, pois, não é possível realizar
cálculos estruturais diretamente nesta ferramenta. Em uma dinâmica de projeto real em BIM,
pode-se utilizar os arquivos IFC interoperáveis provenientes de softwares de cálculo estrutural
específicos. Notou-se ao utilizar a vista 3D do programa, que se pode observar linhas azuis
representando a localização dos pilares e vigas, linhas laranjas que representam o centro
geométrico e linhas verdes que mostram o deslocamento vertical da estrutura.
A figura 6 apresenta a modelagem da estrutura sobreposta ao modelo arquitetônico,
demonstrando os diversos elementos estruturais como vigas, lajes e pilares, assim como as
linhas citadas.

Figura 6 - Modelagem estrutural.

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Fonte: O Autor com base no software Autodesk Revit/2019.
Além dos modelos produzidos, foi possível verificar a importância da qualidade da
modelagem paramétrica dos elementos da construção e inserção de dados relativos aos
mesmos, uma vez que ao criar tabelas para a quantificação dos materiais, nestas vieram
inseridas diversas especificações destes antes modelados, auxiliando a realização e organização
da quantificação, etapa preliminar ao orçamento de uma obra. Além disto, foi possível notar a
agilidade para a criação das tabelas, a precisão das informações contidas e a relação paramétrica
de causa e efeito no modelo. Qualquer alteração neste se reflete na tabela, assim como alteração
de valores de dimensões nas tabelas, por exemplo no caso de uma esquadria (tabela 2 – colunas
Altura e Largura), repercutem graficamente no modelo alterando sua aparência. Estas
operações numéricas com as tabelas são características BIM apontadas por Crespo et al (2007).
Exemplificado o processo desenvolvido, são exibidas pelo menos duas tabelas de quantidades
para cada disciplina de projeto modelada neste estudo. Estes quantitativos podem ser
observados como segue:
Tabela 2 - Quantitativo de portas.
Tabela de portas
Quantidade Altura (m) Largura (m) Família e tipo
1 2,4 2,2 Porta de vidro com esquadria de correr
1 2,4 2 Porta de vidro com esquadria de correr
1 2,4 1,2 Porta de vidro com esquadria de correr
1 2,15 1,91 Porta de vidro com esquadria de correr
1 2,2 2,2 Porta de vidro com esquadria de correr
1 2,2 2,72 Porta de vidro com esquadria de correr
1 2,1 1,1 Porta pivotante
1 2,1 0,6 Porta interna única com painel de madeira
2 2,1 0,7 Porta interna única com painel de madeira
3 2,1 0,78 Porta interna única com painel de madeira

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Total = 13

Tabela 3 - Levantamento materiais parede.


Levantamento dos materiais de parede
Nome Área Volume
Granito amarelo 1 m² 0,00 m³
Pedra canjiquinha 8 m² 0,00 m³
Alvenaria - Tijolo 362 m² 47,93 m³
Argamassa de parede 460 m² 10,27 m³
Azulejo 46 m² 0,34 m³
Chapisco 276 m² 3,41 m³
Pintura 414 m² 1,03 m³
Reboco 133 m² 3,99 m³
Tijolo aparente 17 m² 0,42 m³
Tabela 4 - Quantitativo de pilares.
Tabela de pilares de concreto
Família e tipo Volume Nível base Nível superior quantidade
Pavimento térreo
Pilar de concreto 14x30cm 0.12 m³ Pavimento térreo Pavimento 1 6
Pilar de concreto 19x30cm 0.16 m³ Pavimento térreo Pavimento 1 5
total 1.52 m³
Pavimento 1
Pilar de concreto 14x30cm 0.13 m³ Pavimento 1 Pavimento 2 6
Pilar de concreto 19x30cm 0.17 m³ Pavimento 1 Pavimento 2 5
total 1.63 m³
Pavimento 2
Pilar de concreto 14x30cm 0.09 m³ Pavimento 2 Cx d’água 4
total 0.36 m³
Total geral 3.51 m³
Tabela 5 - Quantitativo de fundação.
Tabela de fundações
Família e tipo Volume quantidade
1 Estaca/ Bloco 0.21 m³ 1
Estaca/ Bloco 1 2.43 m³ 7
Estaca/ Bloco 2 1.46 m³ 3
2 Estaca/ Bloco 1.03 m³ 1
Total 5.12 m³ 12
Tabela 6 - Quantitativo de tubos.
Tabela de tubos
Tipo Diâmetro (mm) Comprimento (m)
PVC - Água Fria - Tubo Soldável Tigre 25 94.33
PVC - Água Fria - Tubo Soldável Tigre 32 0.24
PVC - Esgoto - Série Normal Tigre 40 22.83
PVC - Esgoto - Série Normal Tigre 50 21.08
PVC - Esgoto - Série Normal Tigre 75 0.37
PVC - Esgoto - Série Normal Tigre 100 89.97
Total 228.82
Tabela 7 – Quantitativo de acessórios de tubo.
Tabela de acessório de tubo

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Contador Família Diâmetro (mm)
3 Adaptador com Anel - Água Fria Soldável - MEP - Tigre 25
2 Adaptador com Registro - Água Fria Soldável - MEP - Tigre 25
3 Adaptador com Registro - Água Fria Soldável - MEP - Tigre 32
6 Registro de Gaveta - Água Fria - MEP - Tigre 25

Tabela 8 - quantitativo de conduítes.


Tabela de conduítes
Tipo Diâmetro (mm) Comprimento (m)
Flexível Corrugado 20 222.71
total 222.71

Tabela 9 - quantitativos conexões de conduíte.


Tabela de conexões de conduíte
Família e tipo Tamanho (mm) quantidade
Curva flexível corrugado 20 -20 150
Caixa de junção do conduíte 20 -20 7
Para a realização da detecção de interferências, é necessário que critérios previamente
sejam estabelecidos, pois se as disciplinas de projetos forem unidas de uma só vez e utilizado o
comando clash detection, será criado um número extremamente grande de incompatibilidades.
Por conta disto, é necessário que de início seja associada apenas duas disciplinas de cada vez,
para posteriormente associar mais números de disciplinas.
Na realização do presente estudo, para obtenção das interferências, nos parâmetros
utilizou-se o tipo rígido, na tolerância 0,001 metro e no passo 0,1. Diversos testes foram feitos
associando elementos da construção, sendo eles estrutura e hidrossanitário, arquitetônico e
estrutura, estrutura e esquadria e hidrossanitário e fundações.
A figura 7 apresenta a associação dos projetos arquitetônico e estrutural e
hidrossanitário e estrutural, demonstrando conflitos entre as disciplinas citadas, demonstrando
a importância da compatibilização.
Figura 7 – Incompatibilidade de projetos.

Fonte: O autor com base no software Navisworks/ 2019.


A figura 8 apresenta a associação dos projetos de estrutura e esquadrias e hidrossanitário
e fundações, demonstrando conflitos existentes e a importância desta etapa em uma edificação.
Figura 8 – Interferência de projetos.

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Fonte: O autor com base no software Navisworks/ 2019.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao realizar o presente estudo, diversas contribuições dos conceitos BIM puderam ser
verificadas como possíveis. Durante a modelagem dos projetos da residência, observou-se a
importância dos parâmetros dos materiais, pois existe uma grande variedade de materiais para
obter o mesmo produto. Por exemplo, uma parede pode ser construída com blocos cerâmicos de
diversas dimensões para chegar ao resultado esperado. Ao modelar a parede com o bloco
cerâmico desejado, o projetista facilita o trabalho do responsável pelo orçamento, pois este
saberá exatamente o material desejado, assim reduzindo os erros e auxiliando no orçamento.
Outro ponto observado foi a agilidade e precisão proporcionadas pela parametricidade
do BIM ao criar tabelas com quantitativos de materiais. Além das questões apontadas no item 4,
estas podem conter as informações básicas como área, volume, quantidade e dimensões dos
materiais especificados, mas também personalizáveis por meio de novos parâmetros criados
pelo usuário como, por exemplo, contato do revendedor, níveis de atenuação de ruídos, dentre
outros oriundos de necessidades do projeto, os quais são relevantes para realização de um
planejamento adequado, orçamento preciso ou ainda funções peculiares.
Observou-se ainda o potencial de contribuição da detecção de interferências realizada
no contexto BIM, pois diversas foram encontradas mesmo se tratando de um projeto executivo
em CAD. A detecção convencional acaba dependendo do analista em um ambiente de
sobreposição 2D em que muitas vezes não se percebem nuances tridimensionais como a
sobreposição de tubos, vigas que atingem o topo de esquadrias, dentre várias outras, as quais
acarretariam na elasticidade do cronograma e custos para corrigi-las, estas sendo evitáveis
quando detectadas com a utilização de um software BIM como o Navisworks.
É importante ressaltar alguns pontos negativos levantados no referencial teórico durante
o estudo. Para que seja possível trabalhar com softwares BIM, são necessários computadores de
alto desempenho, os quais possuem valores elevados não necessários para programas CAD.
Além disso, é necessária a capacitação do usuário, o que requer investimento em cursos, uma
vez que as ferramentas BIM são complexas de usar (LANGNER, 2019).
Como última observação, considerando o conjunto de atributos percebidos e descritos
durante o trabalho, confrontando a atividade empírica aos aportes teóricos sobre o tema, de fato
as ferramentas BIM demonstraram-se eficazes na agilidade e precisão do orçamento e na
detecção de interferências.
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