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UFS – Programa de Pós-Graduaçãoem Letras/PPGL

Disciplina: Estudo do texto poético


Prof. Dr. Alexandre de Melo Andrade

Minha desgraça

Minha desgraça, não, não é ser poeta,


Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco...

Não é andar de corovelos rotos,


Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro...

Minha desgraça, ó cândida donzela,


O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter para escrever todo um poema
E não ter um vintém para uma vela.

AZEVEDO, Álvares de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 2000.

Quadras desafinadas

A poesia não paga conta


A poesia não para guerra
A poesia é uma larva tonta
girando no meio da terra

A poesia não dá ibope


A poesia não ganha Oscar
A poesia é só um gole
tomado em qualquer birosca

A poesia não dá dinheiro


A poesia não tem altar
A poesia é só um veleiro
a se perder dentro do mar

SANTANA, Jeová. Poemas passageiros. Maceió: Uneal/Poligraf, 2011.

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