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Rozelito Felix, Patrícia do Prado Felix e Rafael Timóteo RSP

Balanced Scorecard: adequação


para a gestão estratégica
nas organizações públicas
Rozelito Felix, Patrícia do Prado Felix e
Rafael Timóteo

Introdução

O valor tangível de uma empresa do setor privado está refletido nos seus controles
financeiros, representado pelo seu balanço. No entanto, para o setor público, o valor
de um órgão se reflete na maneira como seus “clientes” usam os serviços que são
oferecidos para os diversos segmentos da sociedade. Por exemplo: Sabemos qual é
o valor de um órgão que presta serviços educacionais, de saúde, de transporte, de
segurança? Qual é a importância desses serviços para o cidadão/sociedade? Ao
mesmo tempo, também é necessário saber: como os recursos previstos no orçamento
destinado a cada órgão estão sendo gastos e controlados? Como os investimentos
estão sendo realizados? Existe a real necessidade de conhecer indicadores que possam
subsidiar a tomada de decisões nessas questões.
O acompanhamento dos resultados, o alcance das metas e o maior controle
da qualidade da prestação dos serviços públicos, que são oferecidos ao cidadão/
sociedade, são princípios que foram inseridos na Emenda Constitucional 19/98.

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Outro princípio bastante interessante gestão estratégica: Gabinete de Segurança


e que irá proporcionar maior controle Institucional da Presidência da República
orçamentário, organização e transparência (GSI/PR), por intermédio do Departa-
está previsto na Lei Complementar 101/ mento de Segurança da Informação e
2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal. Comunicações (DSIC), Ministério da
A implementação de um modelo de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
gestão estratégica se faz necessária e merece (MAPA), Ministério Público do Estado de
especial atenção em sua aplicação. Os Goiás, Prefeitura de Curitiba, Banco
órgãos da APF e o cidadão/ sociedade Nacional de Desenvolvimento Econômico
necessitam de serviços que os auxiliem na e Social (BNDES), Governo do Estado de
prevenção de suas ações e na continuidade Minas Gerais, Governo do Rio de Janeiro.
de suas operações. Destaca-se o Conselho Nacional de
Diante de tal necessidade identificou- Justiça (CNJ) que, em 2010, reuniu os
se que o modelo de Balanced Scorecard, presidentes dos tribunais e demais órgãos
desenvolvido por Kaplan e Norton, seria do Poder Judiciário brasileiro no III
o exemplo a ser implementado, dentro Encontro Nacional do Judiciário e, em
de um contexto de adaptações, pois é conjunto, elaboraram o mapa estratégico
amplamente utilizado no mercado com 10 metas prioritárias para que os
nacional e internacional; inclusive sendo demais órgãos do Judiciário promoves-
usado pelo TCU, como descreve o sem encontros regionais e definissem suas
Acórdão 1952/2007: estratégias com base no mapa instituído.
Com isto estabeleceu-se um grande painel
3.1 – Indicadores de Gestão: O de medição de desempenho do Judiciário.
Anexo II da DN/TCU no 81/2006 Pensando nesse desafio, adaptou-se uma
contém três itens (02, 03 e 04 da Seção arquitetura para gestão e tradução das
1) que tratam de formas diferentes o estratégias em um conjunto organizado de
mesmo tema, qual seja, indicadores de informações que são agrupadas em
desempenho da gestão. A IN/TCU perspectivas: cidadão/sociedade, Adminis-
no 47/2004 já havia avançado conside- tração Pública Federal (APF), processos
ravelmente ao considerar o controle do internos, relações governamentais, aprendi-
desempenho da gestão, como forma zado e crescimento orçamentário. Esse
de contribuição para o aperfeiçoa- modelo adaptado é o Balanced Scorecard.Gov
mento da Administração Pública, como (BSC.Gov).
princípio a ser considerado no exame e
julgamento das tomadas e prestações Gestão estratégica
de contas dos gestores.
A estratégia tem um caráter revolucio-
O BSC mantém o equilíbrio nas nário, declara Henderson (1998).
dimensões orçamentárias e não orçamen-
tárias do negócio, permitindo ao nível Estratégia é a busca deliberada de
estratégico monitorar os órgãos da APF um plano de ação para desenvolver e
com a visão operacional de longo prazo. ajustar a vantagem competitiva de uma
Pode-se citar alguns órgãos púbicos empresa. Para qualquer empresa, a
que já utilizam o BSC como modelo de busca é um processo interativo que

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começa com o reconhecimento de o fracasso ou o sucesso da organização,


quem somos e do que temos nesse seu corpo administrativo tem equivalência
momento. Seus competidores mais de importância idêntica ao da estratégia.
perigosos são os que mais se parecem O planejamento estratégico é o
com você. As diferenças entre você e primeiro item a ser abordado pela adminis-
seus competidores são a base da sua tração estratégica, pois possibilita o planeja-
vantagem (HENDERSON, 1998). mento do desenvolvimento e de mudanças
organizacionais. Nesse processo a empresa
A palavra estratégia significa “a arte é considerada de forma completa, mas
da liderança”. Inserir estratégia no pressupõe que o todo também possa ser
contexto da organização significa: a) des- representado por uma unidade de negócio.
crever como alcançar as metas e objetivos Tal planejamento pode ser abordado em
organizacionais; b) considerar os valores
pessoais e sociais existentes na empresa;
c) orientar a utilização de pessoas e de
recursos financeiros; d) criar e sustentar
vantagem competitiva (T I F FA N Y e “O BSC mantém
PETERSON, 1998).
Tiffany e Peterson (1998) associam
o equilíbrio nas
normalmente a falha de estratégia a dimensões
aspectos não relevantes, considerados orçamentárias e
como essenciais, e o sucesso da estratégia não orçamentárias
à garantia de um processo de adequação do negócio,
do planejamento com as operações
contínuas do negócio. permitindo ao
A estratégia é uma forma de fazer bons nível estratégico
negócios a longo prazo. Trata-se de monitorar os órgãos
processo contínuo que necessita de indica- da APF com a visão
dores efetivos. Precisa estar de acordo com
operacional de
a situação em que se encontra a
organização, visando a sobrevivência, a longo prazo.”
manutenção, o crescimento ou o desen-
volvimento. O sucesso de uma estratégia
se vincula “a fazer as perguntas certas e a
encontrar boas respostas”. Uma estratégia
é competitiva quando busca posição três níveis: estratégico, tático e operacional.
favorável ao nicho de mercado, visando No nível estratégico, permite estabelecer a
se estabelecer em posição lucrativa e direção a ser seguida pela organização; no
sustentável (TIFFANY e PETERSON, 1998; tático, tem a finalidade de otimizar uma
OLIVEIRA, 1999; PORTER, 1989). unidade de negócio da organização; e no
Segundo Oliveira (1999), a estratégia é operacional, são definidas formas de
um caminho que visa o alcance, de forma desenvolvimento e de implementação de
diferenciada, de objetivos estabelecidos. A resultados específicos a serem alcançados
estratégia não é o único fator a determinar (CERTO, 1993; OLIVEIRA, 1999).

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O processo de planejamento estraté- No ambiente organizacional o que


gico tem o propósito de aumentar a eficácia determina as principais intenções da
de uma organização ou de uma unidade empresa, o seu curso e o tempo para
de negócio e aprimorar sua missão, sendo concretização da estratégia, são as metas e
considerado uma forma sustentável para os objetivos. As metas são compromissos
a criação de valores organizacionais que a organização assume e os objetivos
(KAPLAN e NORTON, 2000). são especificações de como se pretende
Segundo Certo (1993), o processo de alcançar cada meta (OLIVEIRA, 1999). Os
administração estratégica é dividido em cin- objetivos estratégicos organizacionais fun-
co etapas básicas: execução de análise do damentam o planejamento, a organização,
ambiente, estabelecimento de diretriz a motivação e o controle. Na falta deles,
organizacional, formulação de estratégia as organizações podem seguir quaisquer di-
organizacional, implementação da estraté- reções (CERTO, 1993).
gia organizacional e exercício do controle O alinhamento e o foco são os termos
estratégico. que possibilitam atingir bons resultados
A análise do ambiente tem o propó- estratégicos, a partir da sinergia entre as
sito de identificar riscos e oportunidades, partes que compõem a organização.
que influenciam na realização das metas (KAPLAN e NORTON, 2000).
organizacionais. Estabelecer a diretriz da O alinhamento dos objetivos organi-
organização trata-se essencialmente da zacionais garante a cada segmento signi-
definição da missão e dos objetivos organi- ficativo da organização, tais como divisões
zacionais. e departamentos, saber executar o seu
A formulação de uma estratégia organi- papel de forma a possibilitar que os
zacional visa determinar ações apropriadas objetivos globais sejam alcançados. A
ao alcance dos objetivos. Trata-se dos três definição dos subobjetivos deve permitir
níveis estratégicos presentes nas organiza- a realização dos objetivos organizacionais.
ções: organizacional, de negócio e funcional. A hierarquia dos objetivos pode atingir o
A implementação de estratégia compreen- nível individual ao estabelecer metas para
de a colocação da estratégia em ação. O cada um dos indivíduos que trabalhem
controle estratégico consiste em fazer com na organização, de modo que cada um
que o planejado se desenvolva. Abrange colabore na realização do objetivo do
como comparar o desempenho organiza- setor onde está lotado (GRANDER, 1963).
cional real com as metas e padrões estabele- Os bens intangíveis redirecionam a gestão
cidos. dos tangíveis para a gestão de estratégias
Segundo Kaplan e Norton (2000), a baseadas no conhecimento. A estratégia
implementação de uma estratégia nunca foi baseada no conhecimento se caracteriza
tão necessária como atualmente no pela relação com clientes, inovações de
ambiente organizacional. No entanto, a produtos e serviços, tecnologia da infor-
grande maioria das organizações que mação e banco de dados, além de consi-
consegue constituir a sua estratégia, não tem derar também as competências individuais
êxito em sua execução, ocasionando perda dos empregados e ser capaz de alinhar
de força, uma vez que a implementação unidades de negócio, unidades de apoio
da estratégia se caracteriza por ser mais e funcionários à estratégia organizacional
importante que sua própria qualidade. (KAPLAN e NORTON, 2000).

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A empresa que opta por uma política estratégia deve estar em concordância com
de valorização dos intangíveis precisa de a cultura, o clima organizacional e em
indicadores que possam medir resultados sintonia com os aspectos externos à
no fim de um período, pois, de acordo empresa (OLIVEIRA, 1999).
com Kaplan e Norton (1997), o que não é A implementação de uma estratégia
medido, não pode ser gerenciado. requer alinhamento corporativo, como
Segundo Herzog (2003), atualmente processo contínuo e participativo (Figura 1).
algumas empresas vêm realizando o A estratégia é alinhada à unidade
chamado alinhamento da organização à de negócio, provocando o seu compar-
estratégia de Kaplan e Norton (2000), tilhamento nas unidades de apoio e entre
a partir da elaboração do Balanced Scorecard os indivíduos intra e inter unidade. Este
corporativo e seu detalhamento nas áreas processo propicia uma sinergia entre as
de negócios. unidades de negócios e os serviços da
As organizações que têm o foco na organização. A transformação dos ativos
estratégia exigem que seus funcionários intangíveis envolve três categorias
conduzam atividades cotidianas de forma principais: as competências estratégicas, as
a agregar continuamente valores para seu tecnologias estratégicas e o clima favorável
êxito. A estratégia para ser efetiva não se à ação (Figura 2) (K APLAN e NORTON ,
caracteriza como um processo isolado, mas 1997).
em contínua evolução (KAPLAN, 2000). As competências estratégicas abor-
Segundo Porter (1990), a construção de dam habilidades e conhecimentos neces-
uma estratégia depende da atividade sários ao reforço da estratégia, suportado
selecionada para se atingir a excelência. A por tecnologias que visam facilitar maior
diferença entre tipos de estratégia é a alcance dasmetas. Para que tudo isso seja
escolha dessas atividades e da forma pela viabilizado há necessidade de um clima
qual serão executadas. apropriado às mudanças culturais neces-
A avaliação da estratégia precisa acon- sárias à motivação, à capacitação e ao
tecer não só após sua implementação, mas alinhamento com a estratégia (KAPLAN e
também no momento da sua escolha. A NORTON, 1997).

Fonte: adaptado de Kaplan (2000).

Figura 1: Sinergia das unidades organizacionais

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Fonte: adaptado de Kaplan e Norton (1997, p.138).

Figura 2: Transformação dos ativos intangíveis

Balanced Scorecard O Balanced Scorecard nasceu do estudo


de métodos de mensuração, intitulado
Conceitos Measuring Performance in the Organization of
O BSC foi desenvolvido pelos profes- the Future, de Robert Kaplan e David
sores da Harvard Business School, Robert Kaplan Norton, e se baseia em indicadores de
e David Norton, em 1992, e envolve três ativos tangíveis (GIUNTINI, 2003).
grupos de ações: estratégicas, operacionais e Vários estudos de casos sobre sistemas
organizacionais. O objetivo é o de estabe- de mensuração de desempenho foram
lecer um processo estruturado para a criação analisados e, entre eles, o Analog Devices, que
de medidas financeiras e não financeiras, visa a mensuração do progresso em atividades
representadas por objetivos estratégicos e de melhoria contínua. O Analog utilizava um
metas em todos os níveis, possibilitando a scorecard corporativo, empregando medidas
integração entre esses grupos e proporcio- financeiras, relativas a prazos de entrega ao cli-
nando o alinhamento de toda a organização. ente, à qualidade e ciclo de processos de
O fato inédito no BSC é a inovação produção e ao desenvolvimento de novos
de medidores de desempenho futuro, produtos (GIUNTINI, 2003).
focados estrategicamente em quatro pers- Diversas reuniões se realizaram com o
pectivas – financeira, clientes, processos objetivo de discutir o Analog e diversas ideias
internos e aprendizado e crescimento –, foram agregadas ao sistema original. A
dentro de uma estrutura e linguagem que ampliação do método originou novo título
comunica visão e estratégia. A definição e “Balanced Scorecard” (GIUNTINI, 2003).
integração dos objetivos estratégicos, das O Balanced Scorecard 1 é um sistema que
iniciativas, metas e indicadores dessas pers- controla desde a identificação das neces-
pectivas constituem os pilares do BSC, que sidades até a motivação das melhorias
devem ser conectados ao pensamento dos processos e produtos, criando
estratégico da organização (Figura 3). um ambiente propício ao alinhamento

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Fonte : Kaplan e Norton (2000).

Figura 3: Visão geral das perspectivas do BSC

estratégico organizacional. O BSC é o que caracteriza três dimensões de tempo


responsável por traduzir os objetivos consideradas no Balanced Scorecard: passado,
estratégicos em indicadores de desem- presente e futuro.
penho classificados nas quatro pers- Ao mencionar Balanced Scorecard, Olve
pectivas de Kaplan e Norton (1992): et al. (2001) referem-se ao grau de equilíbrio
financeira, cliente, processos internos e necessário entre os elementos da perfor-
aprendizado e crescimento. mance organizacional. O scorecard é um
Para Campos (1998), entender a registro de resultados esperados e alcan-
denominação do Balanced Scorecard é rela- çados. Representa o plano de negócio das
cionar a sua implementação com o equi- unidades da empresa e se torna um catali-
líbrio dos quatro grupos de indicadores. zador para as discussões a respeito dos
O balanceamento é garantido pelo sucesso rumos da organização.
da estratégia nas quatro perspectivas. Olve et al. (2001, p. 18) consideram as
Olve et al. (2001) baseiam-se no quatro perspectivas de Kaplan e Norton
conceito do BSC apresentado por Kaplan (1992, 1996), que se baseiam no seguinte
e Norton (1992), que considera uma organi- modelo:
zação a partir de quatro perspectivas vitais,
vinculando o controle operacional de curto i) Para obtermos sucesso financeiro,
prazo a uma visão estratégica de longo como devemos encarar nossos acio-
prazo do negócio. O controle operacional nistas?; ii) Para sermos bem-sucedidos
diário é considerado como impactante no nos nossos pontos de vista, como
resultado do desenvolvimento do amanhã, devemos encarar nossos clientes?;

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iii) Para satisfazermos nossos acionistas A estratégia formulada é possibilitada


e clientes, em quais processos de a partir da implementação do BSC nos
negócio interno devemos nos sobres- diversos níveis organizacionais, de forma
sair?; iv) Para sermos bem-sucedidos top-down, da unidade mais estratégica para
em nossos pontos de vista, como a menos, podendo ser implementada como
devemos manter nossa capacidade de um piloto de navegação pela construção
aprender e crescer? do BSC das unidades de negócios, poste-
riormente com o BSC das unidades de
Segundo Herzog (2003), nos últimos apoio e, finalmente, com o BSC Pessoal
15 anos destacaram-se poucos sistemas (KAPLAN e NORTON, 2000).
corporativos de gestão. O BSC é um O BSC pessoal reforça os elos entre
instrumento de destaque na transformação as áreas de negócios de forma a viabilizar
de estratégias em realidade. Atualmente, a comunicação da estratégia e da educação
algumas empresas vêm realizando o da organização.
chamado “alinhamento da organização à Segundo Kaplan e Norton (1997), o
estratégia” de Kaplan e Norton (2000), a modelo financeiro tradicional, desenvol-
partir da elaboração do BSC corporativo vido para empresas da era industrial,
e de seu detalhamento em áreas de preocupa-se em medir tangíveis que parti-
negócios. cipam de realizações do passado, enquanto
Segundo Kaplan e Norton (2000), fator as capacidades futuras de produção não
determinante de sucesso organizacional é a são previstas. A orientação focada em
competência em maximizar os resultados elementos intangíveis não desconsidera a
de ativos intangíveis, porém existe uma importância do foco financeiro.
dificuldade operacional de se medir esse A filosofia do scorecard, sintonizada com
procedimento. O Balanced Scorecard foi desen- a nova economia do conhecimento e da
volvido na década de 1990, com o objetivo informação, busca viabilizar a realização de
de possibilitar o processo de mensuração. quatro processos gerenciais complexos:
Entretanto, estudos comprovaram que sua esclarecimento na tradução da visão e da
utilização estava acontecendo para a estratégia; comunicação e associação dos
implementação de novas estratégias, a partir objetivos às medidas estratégicas; estabeleci-
da modelagem de alinhamento das mento das metas e alinhamento das
unidades de negócios, de serviços e dos iniciativas estratégicas; e melhoramento do
indivíduos às metas organizacionais. Em nível de feedback e do aprendizado estratégico
termos práticos, da visão, da estratégia e dos (KAPLAN e NORTON, 1997).
recursos, quando acionados adequada- O BSC é utilizado para alcançar o
mente, fluem e refluem respostas viabili- entendimento da missão e da estratégia de
zadas como implementação, inovação, uma unidade de negócio, transformando-
feedback e aprendizado. as em objetivos e medidas tangíveis. Há
As organizações focam suas estratégias possibilidade de o BSC ser iniciado com
com base no conhecimento e utilizam o BSC objetivos restritos e posteriormente
para operacionalizá-las, uma vez que a propagá-los por toda organização, deixando
grande probabilidade de fracasso ou sucesso de ter a característica de um sistema de
empresarial é a capacidade de execução da indicadores e passando a um sistema de
estratégia (KAPLAN e NORTON, 2000). gestão estratégica (KAPLAN e NORTON, 1997).

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A implementação do Balanced Scorecard lucratividade, além de possibilitar, por meio


contempla a necessidade de sistematizar da compreensão das necessidades dos
uma ação estratégica, assegurando uma clientes, maior competitividade no seu ramo
organização alinhada e focada na imple- de negócio.
mentação da sua estratégia. O BSC é a A perspectiva dos processos internos
integração de um sistema de mensuração da empresa tem foco na identificação dos
com um sistema de gerenciamento que pontos mais críticos e nos objetivos dos
possibilita a implementação rápida e clientes e acionistas. Essa abordagem reflete
eficiente de estratégias (KAPLAN e NORTON, uma estratégia completa, que possibilita aos
1997 e 2002). processos existentes otimização e elabo-
Como uma derivação do BSC, Kaplan ração de novos, com a finalidade de atingir
e Norton criaram o Balance Scorecard a excelência.
Collaborative (BSCol), que possibilita novo A última perspectiva do Balanced
tipo de serviço integrado que adiciona Scorecad pretende alcançar um constante
valor ao gerenciamento de processos. O aprendizado e crescimento organizacional.
BSCol está sendo usado por organizações Compõe a base do BSC e impacta na
responsáveis pelo processo de entrega de perspectiva dos processos internos, na do
produtos e serviços. cliente e na financeira.
A empresa que opta por uma política Essa perspectiva provém basicamente
de valorização dos intangíveis, precisa de de três fontes: o funcionário, os sistemas e
indicadores que possam medir resultados o alinhamento estratégico organizacional.
no fim de um período, pois, de acordo A fonte relacionada ao funcionário pode
com Kaplan e Norton (1997), o que não é ser visualizada em três focos: satisfação,
medido não pode ser gerenciado. produtividade e retenção.
A perspectiva financeira está relacio- Entre as quatro perspectivas do BSC,
nada à liquidez e à lucratividade essa é a que está menos desenvolvida,
da empresa. Para a concretização do pois nela são agregadas a cobertura de
objetivo, consideram-se as medidas finan- funções estratégicas, a disponibilidade
ceiras, como, por exemplo, o retorno do das informações estratégicas e o nível
capital investido e fluxo de caixa, que são de alinhamento de pessoas, equipes e
valiosas no acompanhamento do desem- áreas com os objetivos estratégicos da
penho organizacional, indicando se a organização. Os indicadores, que podem
implementação da estratégia está contri- especificar tais desenvolvimentos, preci-
buindo para a melhoria de seus resultados sam ser personalizados considerando
financeiros. tais focos.
Na perspectiva do cliente, o BSC se A perspectiva de aprendizado e cres-
propõe a identificar os segmentos de cimento, que trata da transformação
mercado afins com a unidade de negócios, dos ativos intangíveis, envolve três cate-
e, posteriormente, identificar que indica- gorias principais: competências estratégicas,
dores de desempenho são relevantes apara tecnologias estratégicas e clima favorável
a alavancagem do negócio. Nessa perspec- à ação.
tiva ocorre o alinhamento das medidas A perspectiva do aprendizado e do
diretamente vinculadas ao cliente, tais como: conhecimento é como a raíz de uma
satisfação, fidelidade, retenção, captação e árvore, a ela são atribuídos a sustentação,

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a nutrição e o crescimento. Considerando crescimento são desdobrados em objetivos


a estratégia organizacional, esse é o vetor estratégicos, indicadores, metas e planos de
mais efetivo no resultado, pois sustenta ação (SANTOS, 2003).
todas as outras perspectivas (Figura 4) O BSC, na experiência de Boesen (2002),
(KAPLAN e NORTON, 1997). é a ferramenta utilizada para a gestão do
Segundo Santos (2003), o BSC é uma desempenho organizacional. O BSC é
ferramenta de integração dos sistemas de responsável pela efetivação dos objetivos
gestão corporativa. O BSC converge os organizacionais, assim como pela descoberta
esforços estratégicos e visa o êxito da de meios inovadores para alcançá-los. O
organização. O ambiente organizacional referido autor menciona que o BSC permite
passa a se preocupar com o sucesso do estruturar as divisões da empresa que neces-
todo, não mais com ações isoladas dos sitam de melhorias, e que a aplicação de um
departamentos e dos funcionários. A BSC não ambicioso possibilitou o efetivo
criação do BSC objetivou focalizar não só entendimento de seus gerentes.
o aspecto financeiro, mas todos os Os sistemas de mensuração que se
integrantes do processo de gestão. Em sua baseiam exclusivamente em números
estrutura, o BSC desenvolve e alinha, nas causam conflito na atual realidade econô-
quatro perspectivas, a visão empresarial e mica organizacional, que necessita de
a sua estratégia. um desempenho métrico mais amplo;
Perspectivas financeiras, clientes, entretanto, as aplicações automatizadas de
processos internos e de aprendizado e BSC não alinham as áreas funcionais às

Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1997) e de Averson (1999).

Figura 4: Relações de causa e efeito das perspectivas do Balanced Scorecard

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estratégicas. Os softwares ABM (Activity- garantem a condução da organização ao


based Management) e o EVA (Economic Value estadodesejado. O Balanced Scorecard pos-
Added) possibilitam a mensuração de sibilita a criação de modelo operacional e
intangíveis, mas falta a eles um padrão que gerenciável de gestão estratégica, que pode
possibilite a comunicação entre aplicações ser adaptado por meio de estudos, avalia-
diferentes que compõem o ambiente do ções, elaboração e implantação de um
negócio (MORRIS, 2002; KAPLAN, 2002). projeto piloto.
Considerando a complexidade e o Norton (2002) associa o gerenciamento
potencial do BSC, a ferramenta é consi- de estratégia com o gerenciamento da
derada efetiva para a gestão do conheci- mudança, considerando que a necessidade
mento e auxilia no relato do “balanço social” de uma nova estratégia requer mudanças
da organização (ALMEIDA, 1999).
De forma similar a Kaplan e Norton
(1997), Giuntini (2003) considera que “o que
não é medido, não é gerenciado”. As orga-
nizações para manterem sua sustentação
devem gerenciar seu desempenho com “A implementação
monitoramento por meio de medições. O do Balanced Scorecard
Balanced Scorecard incorpora um conjunto
integrado de medidas que analisa o desem-
contempla a
penho sob a visão dos clientes, dos processos necessidade de
internos, dos funcionários e sistemas e do sistematizar uma
financeiro. A mensuração financeira é reali- ação estratégica,
zada a longo prazo e associada à finalização assegurando uma
da síntese de desempenho organizacional.
As quatro perspectivas do BSC
organização
“devem ser entendidas como um modelo alinhada e focada
e não como camisa de força”. São elas na implementação de
adequadas a uma variedade de empresas sua estratégia.”
de diversos setores do mercado, mas não
existe nenhum estudo que comprove que
as quatro perspectivas sejam suficientes e
definitivas (GIUNTINI, 2003, p. 9).
Uma organização que utiliza o BSC
como ferramenta de gestão estratégica, organizacionais. Esse processo passa por
possibilita ao gestor saber qual o impacto três fases: mobilização, condução do
de sua decisão sobre a unidade de negócio projeto e execução sustentável. Em cada
e toda a estratégia organizacional. Auxilia uma dessas fases o Balanced Scorecard pode
também a visão das relações entre ações ser utilizado com um objetivo distinto.
atuais e metas futuras (GIUNTINI, 2003). Na fase da mobilização o BSC é utili-
Segundo Fresneda (2003), a imple- zado para esclarecer a estratégia; na fase
mentação do BSC viabiliza a implantação de condução, é o instrumento que possi-
de planos estratégicos, por possibilitar a bilita a explicação da nova estratégia da alta
eficiência das ações estratégicas, que administração para todos os níveis da

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empresa; e na execução, o BSC educa e Balanced Scorecard – Limitações


alinha as pessoas na organização, geren- do BSC para a gestão estratégica no
ciando as metas a serem efetivadas a longo Governo Federal
prazo (NORTON, 2002).
Para Becker et al. (2001), o BSC torna Embora o setor privado e o setor
possível a mensuração do desempenho público tenham como foco a preocupação
organizacional, sob a perspectiva da em satisfazer o “cliente”, eles diferem quanto
implementação da estratégia. A ferramenta à amplitude de suas metas e ações, e ao perfil
apoia o desenvolvimento de formas de seus clientes; bem como na forma como
tangíveis para avaliar os intangíveis. Os utilizam os seus recursos financeiros (Quadro
gerentes utilizam o BSC não apenas para 2). Todavia, a satisfação do cidadão é uma
monitorar os resultados. São agentes obrigação do Estado e os seus interesses são
proativos na implementação da estratégia direcionados para a coletividade.
e garantem a expansão da estratégia em As perspectivas de processos internos
tarefa de todos. e de aprendizado e crescimento atendem
Orientar o processo decisório e plenamente às atividades desenvolvidas
constituir o processo de avaliação de pela APF; por outro lado, o BSC não
desempenho são objetivos do BSC, consi- apresenta uma perspectiva que contem-
derando-o um sistema de mensuração ple as ações que são desenvolvidas pelos
eficaz (BECKER et al., 2001). diversos conselhos, câmaras, comitês e
Becker et al. (2001) acreditam que a utili- grupos de trabalho, dos quais fazem parte
zação do Balanced Scorecard possa efetivar uma os servidores que pertencem aos órgãos
nova competência para a organização, o da APF e que são designados para a
gerenciamento do desempenho estratégico. participação nesses grupos. Tais parti-
De acordo com os referidos autores, essa cipações geram ações que podem ocasio-
competência é criada a partir da união da nar impactos nos processos internos de
implementação de uma estratégia da empresa cada órgão.
com um sistema de mensuração de desem- Diante dessas observações, são identi-
penho. A utilização do BSC garante aos ficadas as limitações do modelo de BSC,
gerentes a mensuração estratégica alcançada desenvolvido por Kaplan e Norton, para
com a possibilidade de saber o que medir e atender aos órgãos da Administração
como medir. O sucesso desse novo sistema Pública Federal.
está vinculado à ampla divulgação dos resul-
tados do Scorecard a toda empresa. Balanced Scorecard.Gov

Perspectivas Adaptações no BSC para aplicação


O BSC trabalha com objetivos estra- da gestão estratégica nas organizações
tégicos que se relacionam entre suas perspec- públicas
tivas (Quadro 1). Essas perspectivas, equili- Mediante a análise realizada, identifi-
bradas com os objetivos de curto e longo cou-se que o modelo tradicional de BSC
prazo, são essenciais para a implementação não é totalmente adequado aos órgãos da
da estratégia, desde que sejam integradas. APF, sendo necessárias adaptações, que
Vejamos, a seguir, como ocorre o relacio- giram em torno de agregação e adequação
namento. de perspectivas.

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Rozelito Felix, Patrícia do Prado Felix e Rafael Timóteo RSP

Quadro 1: Relações entre as perspectivas do BSC

Perspectiva de Descrição Indicadores Perspectiva de


origem relação
Financeira Os objetivos financeiros giram Faturamento Processos Internos
em torno do resultado final da Retorno sobre opera-
estratégia, satisfação dos acionistas, ções de investimento
crescimento ou custos. Valor econômico
agregado
Aumento de receitas
Redução de custos

Clientes Avalia o desempenho da institui- Participações de Processos Internos


ção na concepção do cliente. mercado Financeira
Importância na identificação dos Aquisição de clientes
clientes. Retenção de clientes
Lucratividade dos
clientes
Nível de satisfação
dos clientes
Processos Aborda os processos críticos que Tempo e qualidade Clientes
internos geram valor. dos processos Financeira
A qualidade dos processos e a internos
tomada de decisões estão direta- Excelência de proces-
mente relacionadas com as causas sos críticos
de insatisfação ou melhorias das
necessidades dos clientes.
Aprendizado e Desenvolve a capacidade de melho- Nível de satisfação de Clientes
crescimento rar, inovar, aprender e crescer. funcionários Financeira
Destaca a gestão dos recursos Rotatividade de Processos Internos
humanos, com o intuito de capa- funcionários
citar e motivar para que sejam Lucratividade por
atingidos os objetivos propostos. funcionário
Base para desenvolvimento de Capacitação e treina-
objetivos das demais perspectivas. mento de funcionários
Participação de
funcionários

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RSP Balanced Scorecard: Adequação para a gestão estratégica nas organizações públicas

Quadro 2: Comparação entre setor privado e setor público nas perspectivas


“financeira” e “clientes”
Perspectiva Privado Público
Financeira 1. As medidas financeiras são vistas como orien- 1. Os recursos financeiros são destinados
tações de curto prazo voltadas para retorno do aos órgãos por meio do orçamento públi-
capital empregado (Roce), lucros por ação. co e visam permitir a execução das políti-
2. O melhor desempenho financeiro tem cas públicas federais.
conexão direta com a gestão dos indicadores 2. A ênfase não está nos resultados
de desempenho relacionados com a melhoria financeiros e não se configura o
das operações, o atendimento ao cliente e lucro.
novos produtos, com a busca por maiores
volumes de vendas e margens operacionais,
rapidez no giro do ativo e redução dos custos
operacionais.
3. O retorno financeiro é decorrente do serviço
prestado ao cliente. 3. Não visa o retorno financeiro.
4. Deve conter metas principais e que sirvam de
referência para as demais perspectivas, ou seja, 4. As metas principais, objetivos estratégi-
devem ter objetivos estratégicos e medidas asso- cos e medidas associadas à consecução de
ciadas à consecução de um ou mais objetivos. um ou mais objetivos estão relacionados
diretamente com o orçamento destinado a
cada órgão da APF.
5. Os vetores de desempenho são condicio-
nados pelo setor de mercado e o ambiente 5. Não visa competitividade com o mer-
competitivo. cado.
6. Gera retorno para os investidores.
6. Não gera retorno para os investi-
dores, mas deve prestar contas dos
7. Os gastos não são limitados aos valores or- custos e investimentos realizados.
çados. 7. Os gastos são limitados aos valores
orçados.
1. As medidas voltadas para os clientes são
Clientes identificadas e concentradas para atender o 1. O público-alvo, que não é visto
mercado que se deseja competir e, muitas vezes, como um cliente, pode ser dividido
na personalização do cliente. em dois segmentos:
2. Oferece produtos ou serviços alinhados I – Administração Pública
com a preferência dos clientes. Federal (APF):
3. Satisfaz o cliente de acordo com o interesse Deve ser tratada de forma diferenciada,
da empresa. pelo fato de receber orientações ou
4. O desempenho financeiro é obtido por meio determinações dos órgãos normativos e
de produtos e serviços valorizados pelos clientes. de controle.
5. Ocorre a preferência de atuação em deter- II – Cidadão/Sociedade:
minada população e potenciais clientes.
A satisfação do cidadão/sociedade
6. O mercado de clientes está de acordo com é uma obrigação do Estado e os
suas preferências, dimensões de preços, quali- interesses são direcionados para a
dade, funcionalidade, imagem, reputação, coletividade.
relacionamento e serviço.
7. Os fornecedores podem sugerir novas
formas de negócios.
8. Ocorre a mensuração da intensidade com
que atrai ou conquista novos clientes ou
negócios.

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Rozelito Felix, Patrícia do Prado Felix e Rafael Timóteo RSP

Segundo Kaplan e Norton (1997), o Perspectiva relações governamentais


modelo pode ser facilmente adaptado para Envolve as articulações entre os
organizações públicas e instituições sem fins órgãos de governo, empresas privadas e
lucrativos. Perspectivas devem ser incor- organismos internacionais, cujo objetivo
poradas ou eliminadas a um Balanced principal é manter o relacionamento na
Scorecard, quando existe o interesse das busca de parcerias e soluções que sejam
partes interessadas e seja vital para o adequadas ao desenvolvimento das ativi-
sucesso da estratégia idealizada. dades e que venham a provocar interfe-
Tendo como base as limitações rências nos processos críticos de cada
descritas, as adaptações têm o objetivo de órgão da APF.
viabilizar a gestão estratégica nas organi-
zações públicas, oferecendo base para Perspectiva orçamentária
servir ao cidadão/sociedade, mantendo os Envolve os custos operacionais e
custos e investimentos sob o teto da investimentos a serem realizados e que
previsão orçamentária e melhorando a estejam previstos no orçamento público,
articulação interna e externa com os sob a ótica dos recursos disponibilizados
diversos segmentos da sociedade, como no plano plurianual (PPA), na Lei
empresas públicas ou privadas e orga- do Orçamento Público (LDO) e na Lei
nismos internacionais. de Orçamento Anual (LOA), que,
As adaptações são necessárias nas em conjunto, materializam o planeja-
seguintes perspectivas: a financeira foi mento e a execução das políticas públicas
renomeada para orçamentária e a clientes, federais.
desmembrada em cidadão/sociedade e Entre as seis perspectivas do BSC.Gov,
Administração Pública Federal. Além dis- a orçamentária é a mais crítica para os
so, foi criada a perspectiva de relações go- gestores públicos ao administrarem as
vernamentais. organizações públicas brasileiras, pois nela
são destinados os recursos financeiros que
Perspectivas adaptadas/agregadas servem como base ao desenvolvimento
ao BSC.Gov dos objetivos estratégicos das demais pers-
Perspectiva do cidadão/sociedade pectivas (Figura 5).
Está relacionada com os objetivos A perspectiva do aprendizado e
estratégicos inerentes aos serviços a serem crescimento, juntamente com a de
prestados ao cidadão e à sociedade, consi- processos internos, consomem a maior
derando os preceitos de uma gestão parte dos recursos e são muito impor-
pública moderna focada em resultados e tantes para a sustentação da perspectiva
orientada para a transparência. de Administração Pública Federal e de
cidadão/sociedade; considerando que a
Perspectiva da Administração Pública perspectiva de relações governamentais é
Federal essencial para que ocorra a articulação
Envolve uma abordagem com foco entre os demais órgãos públicos norma-
na modernização da gestão pública, nos tivos e de controle.
resultados das tomadas de decisões e no
desenvolvimento da eficiência nas insti-
tuições públicas brasileiras.

Revista do Serviço Público Brasília 62 (1): 51-74 Jan/Mar 2011 65


RSP Balanced Scorecard: Adequação para a gestão estratégica nas organizações públicas

Balanced Scorecard.Gov como Perspectivas do BSC.Gov e


modelo de gestão estratégica para indicadores
as organizações públicas
Os administradores públicos precisam
Modelo BSC.Gov reconhecer os vetores do sucesso de longo
O modelo de gestão estratégica prazo, cujos objetivos e medidas utilizadas
BSC.Gov, adaptado para as organizações no BSC.Gov não se limitam a um conjunto
públicas, mantém a relação entre seis pers- de desempenho orçamentário e não orça-
pectivas equilibradas (Figura 6), que devem mentário, mas derivam de um processo
refletir a estratégia e a visão. hierárquico top down, norteado pela visão e
A estratégia deve ser descrita por estratégia traduzida em objetivos estratégicos
meio das perspectivas: orçamentária, e medidas tangíveis que viabilizem a toma-
aprendizado e crescimento, relações da de decisões nos diversos níveis e órgãos
governamentais, processos internos, da Administração Pública Federal. A base é
Administração Pública Federal e cidadão/ um conjunto de indicadores (Quadro 3) que
sociedade. demonstrem de forma eficiente os resul-
tados e as melhorias advindas da moderni-
Etapas do BSC.Gov zação do modelo de gestão.
O Balanced Scorecard, como modelo de
gestão estratégica para as organizações Análise do BSC para imple-
públicas, deve trilhar os seguintes passos: mentação nas organizações públicas
Primeiro: traduzir a estratégia em
objetivos estratégicos. A utilização do Balanced Scorecard (BSC),
Segundo: estabelecer metas para cada como referência de modelo de gestão
perspectiva. estratégica a ser utilizado nas organizações
Terceiro: articular e manter relações públicas, teve como requisito uma análise
governamentais intra e entre os órgãos das iniciada com a identificação do relaciona-
diversas esferas de governo, empresas mento existente entre as perspectivas. Esse
privadas e organismos internacionais, em relacionamento demonstrou que o BSC, da
busca de parceria e inovação tecnológica. forma como foi concebido, é aplicado con-
Quarto: destacar os processos mais críti- forme o Quadro 2: a perspectiva financeira
cos para obtenção de desempenho superior é o objetivo principal, colocando-se no topo
no atendimento ao cidadão/sociedade e APF. da figura, seguida da perspectiva de clientes,
Quinto: investir na reciclagem de ficando a de aprendizado e crescimento na
servidores e colaboradores, na infraestru- base e a de processos internos, mantendo o
tura de tecnologia da informação e comu- elo entre as demais.
nicação que produza inovações e melhorias As limitações que foram encontradas,
significativas para os processos internos, após a comparação entre a aplicação do
para a APF e para o cidadão/sociedade. BSC no setor público e no setor privado,
Finalmente, as metas orçamentárias ocorreram em duas perspectivas: financei-
devem ser claramente estabelecidas para ra e clientes.
que sustentem a execução dos demais No setor privado, a perspectiva finan-
objetivos estratégicos que constituem as ceira é voltada para a obtenção de lucro e
demais perspectivas. para a competitividade, diferentemente do

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Rozelito Felix, Patrícia do Prado Felix e Rafael Timóteo RSP

Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (1997) e de Averson (1999).

Figura 5: Relações de causa e efeito das perspectivas do Balanced


Scorecard.Gov

Fonte: Adaptado a partir de Robert S. Kaplan e David P. Norton (1997, p.10).

Figura 6: O Balanced Scorecard para as organizações públicas

Revista do Serviço Público Brasília 62 (1): 51-74 Jan/Mar 2011 67


RSP Balanced Scorecard: Adequação para a gestão estratégica nas organizações públicas

Quadro 3: Perspectivas BSC.Gov e indicadores

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Rozelito Felix, Patrícia do Prado Felix e Rafael Timóteo RSP

setor público que não visa o lucro. Os seguinte forma: desmembramento da pers-
recursos são destinados para atendimento pectiva de clientes em (Administração
à sociedade e ao cidadão, ou seja, para a Pública Federal e cidadão/sociedade),
coletividade, e sem qualquer tipo de compe- adequação do nome da perspectiva
tição. Na perspectiva de clientes, como é “financeira” para “orçamentária” e a
definida na iniciativa privada, os objetivos criação da perspectiva de “relações gover-
estratégicos e metas são diretamente relacio- namentais”.
nados para atender às necessidades de O principal objetivo de elaborar um
mercado e, muitas vezes, esse atendimento modelo de gestão estratégica foi descrito
ocorre de forma personalizada. Tal com a proposta do Balanced Scorecard.Gov
personalização está de acordo com a pre- (BSC.Gov), que apresenta seis perspectivas:
ferência de atuação em determinada popu- aprendizado e crescimento, relações gover-
lação e potenciais clientes, que visa obtenção namentais, processos internos, Administra-
e retenção de clientes. Esses fatos, tratados ção Pública Federal, cidadão/sociedade e a
de forma tão simples e eficiente no setor orçamentária, que está na base do modelo
privado, não são coerentes com as atividades para suportar as demais perspectivas. Jun-
desempenhadas pelos diversos segmentos tamente com esse modelo foram sugeridos
do setor público, pois os “clientes”, ou seja, indicadores para fins de padronização das
a Administração Pública Federal e a socie- métricas a serem utilizadas.
dade/cidadão não têm essa conotação. A
satisfação do cidadão/sociedade é uma Conclusão
obrigação do Estado brasileiro e os
interesses são voltados para a coletividade. As organizações públicas, guiadas por
Tudo isso dificulta a implantação do BSC uma diversidade de normas legais e pres-
da forma como foi desenvolvido por sionadas pela escassez orçamentária, estão
Kaplan e Norton, requerendo, assim, adap- atualmente colocadas perante a necessidade
tações e agregação de perspectivas. urgente de adaptar novos instrumentos de
Outro fator interessante é que as organi- gestão pública, que possibilitem a melhoria
zações públicas atuam de forma participativa de vida do cidadão/sociedade, da econo-
com os demais órgãos, por meio de comitês, mia do país, e apresentem resultados de
câmaras, conselhos que promovem reuniões grande visibilidade e dimensão, que possam
com grupos de trabalho, definindo normas fazer do serviço público um serviço de
e padrões a serem utilizados, mas que não qualidade, eficiente, transparente e compa-
estão diretamente relacionados com os tível com os impostos cobrados.
processos internos; no entanto, poderão As conclusões descritas mostram o
causar impactos sobre esses mesmos pro- resultado final a que se propôs o artigo. O
cessos. Assim sendo, o modelo não intuito foi apresentar que, por meio das
apresenta uma perspectiva que suporte os informações que podem ser obtidas pelo
objetivos estratégicos e metas para as modelo proposto, é possível realizar a
relações que existem intra e entre as orga- gestão estratégica nas organizações
nizações públicas. públicas, utilizando-se de um modelo
As adaptações foram necessárias para concebido na iniciativa privada, como
que fosse possível a implementação nas forma de auxiliar o gerenciamento das
organizações públicas, e ocorreram da ações. Esse gerenciamento é mostrado nas

Revista do Serviço Público Brasília 62 (1): 51-74 Jan/Mar 2011 69


RSP Balanced Scorecard: Adequação para a gestão estratégica nas organizações públicas

perspectivas adaptadas e agregadas para o planejamento estratégico e orçamento


esse fim, e, principalmente, na inversão da (PPA, LOA, LDO), alinhamento
perspectiva orçamentária que serviu como organizacional, integração entre os órgãos
base para as demais perspectivas do públicos e maior proximidade no atendi-
Balanced Scorecard.Gov. mento ao cidadão/sociedade, consideran-
Esse objetivo foi atingido com a do que as ações do Estado devem estar
análise inicial do modelo desenvolvido orientadas ao cidadão/sociedade, na con-
pelos professores Kaplan e Norton, dição de usuários de serviços públicos e
passando pela identificação de suas limi- destinatários das ações das organizações
tações para implementação no setor públicas.
público e adaptação de novo modelo para Destacam-se como fatores de maior
atendimento às organizações públicas. contribuição do BSC.Gov a eficiência na
O modelo de gestão estratégica, ora busca da modernização da gestão pública e
adaptado para as organizações públicas o controle orçamentário, visto que os obje-
(BSC.Gov), é mais que uma ferramenta tivos estratégicos, relacionados com a pers-
gerencial à disposição dos gestores pectiva orçamentária, devem estar atrelados
públicos, no sentido de promover a aos resultados que irão contribuir para a
redução das deficiências na prestação de cultura e a busca da eficiência, privilegiando
serviço ao público. O BSC.Gov apresen- as organizações públicas que demonstrem
ta uma série de benefícios, como maior capacidade de gerir os seus gastos.
integração de medidas orçamentárias e não (Artigo recebido em julho de 2010. Versão final
orçamentárias, vínculo da estratégia com em abril de 2011).

Nota

1
Campos (1998) o denomina de Cenário Balanceado.

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Rozelito Felix, Patrícia do Prado Felix e Rafael Timóteo RSP

Resumo – Resumen – Abstract

Balanced Scorecard: adequação para a gestão estratégica nas organizações públicas


Rozelito Felix, Patrícia do Prado Felix e Rafael Timóteo
Os órgãos da Administração Pública Federal (APF) terão maior êxito no alcance de seus objetivos
estratégicos, investindo na implantação de um modelo de gestão estratégica, adaptado para o ambiente
de governo, mantendo o alinhamento estratégico com os órgãos normativos e de controle.
Este artigo tem como objetivo apresentar um modelo de gestão estratégica, adaptado a partir
das perspectivas do Balanced Scorecard (BSC) desenvolvido pelos professores da Harvard Business
School, Robert Kaplan e David Norton, em 1992, para ser utilizado pelos órgãos da APF; tal
modelo mantém um alinhamento estratégico organizacional com as recomendações do Tribunal de
Contas da União (TCU).
O modelo irá permitir a gestão estratégica a partir da identificação dos objetivos estratégicos,
metas, indicadores e ações referentes às perspectivas do Balanced Scorecard, o que permitirá o equilíbrio
entre os indicadores de eficiência no acompanhamento das metas de cada órgão da APF, colaboran-
do para uma gestão estratégica integrada, que venha a modernizar a gestão pública, agilizando as
tomadas de decisões e a troca de informações.
Neste contexto, o artigo faz uma análise no BSC, verificando as relações de interdependência
entre as perspectivas, detectando as limitações para sua implementação no setor público, adaptando
e agregando novas perspectivas e finalmente elaborando um modelo de gestão estratégica, denomi-
nado como Balanced Scorecard.Gov (BSC.Gov).
Palavras-chave: Balanced Scorecard; alinhamento estratégico; Administração Pública Federal;
gestão estratégica.

Balanced Scorecard: adecuación para la gestión estratégica en las organizaciones


públicas
Rozelito Felix, Patrícia do Prado Felix y Rafael Timóteo
Los órganos de la Administración Pública Federal (APF) tendrá mayor éxito en el logro de sus
objetivos estratégicos mediante la inversión en la aplicación de un modelo de gestión estratégica,
adaptada al entorno de gobierno, manteniendo la alineación estratégica con los organismos regula-
dores y de control.
Este artículo tiene como objetivo presentar un modelo de gestión estratégica, una adaptación de las
perspectivas del Balanced Scorecard (BSC) desarrollado por los profesores de Harvard Business School,
Robert Kaplan y David Norton en 1992, para ser utilizado por los órganos de la APF, este modelo
mantiene una alineación organizativa estratégica con las recomendaciones del Tribunal de Cuentas (TCU).
El modelo permitirá la gestión estratégica de la identificación de objetivos estratégicos, metas y
acciones relacionadas con las perspectivas del Balanced Scorecard, lo que promoverá un equilibrio entre
los indicadores de resultados en el seguimiento de los objetivos de cada organismo de la APF, que
contribuyen a una gestión estratégica integrada, que conduzca a la modernización de la administración
pública, a la racionalización de la toma de decisiones y el intercambio de información.
En este contexto, este artículo analiza el BSC, la verificación de la interdependencia entre las
perspectivas, la identificación de las limitaciones para su aplicación en el sector público la adaptación,
y la adición de nuevas perspectivas y, finalmente, el desarrollo de un modelo de gestión estratégica,
conocido como equilibrado Scorecard.Gov (BSC.Gov).
Palabras clave: Balanced Scorecard, la alineación estratégica, la Administración Pública Federal, la
gestión estratégica.

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RSP Balanced Scorecard: Adequação para a gestão estratégica nas organizações públicas

Balanced Scorecard: adequacy to the strategic management on public organizations.


Rozelito Felix, Patrícia do Prado Felix and Rafael Timóteo
The FPA bodies will be more successful achieving their strategic goals by investing on the
deployment of a strategic management model, adapted to the government location, keeping the
strategic alignment with control regulatory agencies.
This article aims to present a strategic management model, adapted from the perspectives of
the Balanced Scorecard - BSC developed by the Harvard Business School professors, Robert Kaplan
and David Norton in 1992, to be use by agencies of the Federal Public Administration - FPA as a
factor in strategic organizational alignment according to Union Accounts Court-TCU.
The model will allow a balance between the performance indicators in monitoring the mark of
FPA bodies, collaborating in an integrated strategic management, which will modernize the public
administration, speeding up the decisions and information exchange.
In this context, this article analyzes the BSC, verifying the interdependency between the
perspectives, detecting the constraints to the implementation in the public area, adding and adapting
new perspectives and finally making a strategic management model, known by Balanced Scorecard.Gov
(BSC.Gov).
Keywords: Balanced Scorecard, strategic alignment, the federal public administration, strategic
management..

Rozelito Felix da Silva


Possui MBA em Estratégia da Informação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mestrado em Engenharia
Elétrica pela UnB. Atua no Departamento de Segurança da Informação e Comunicações da Presidência da
República. Contato: rfelixs@brturbo.com.br
Patrícia do Prado Felix
Pós-graduada em Análise de Sistemas pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e em Segurança da Informa-
ção pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB). Mestre em Engenharia da Produção pela Universida-
de Federal de Santa Catarina (UFSC). Trabalha com o banco de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS/
Ministério da Saúde). Contato: patfelix@brturbo.com.br
Rafael Timóteo
Mestre em Telemática e Sistemas de Informação e pós-doutorado pela École Supérieure d’Electricité (Supelec).
Doutor em Processamento de Sinais e Telecomunicações pela Université de Rennes 1-França. Atua no departa-
mento de Engenharia Elétrica da UnB. Contato: desousa@unb.br

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