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Petição inicial de Recurso Contra Expedição de Diploma, proposta pelo Diretório Municipal do
PSD em face da Comissão Interventora do PFL em Aparecida de Goiânia, onde o autor tem o
objetivo de cassar o diploma de um vereador e empossar outro.
1. PRELIMINARMENTE
1.1. DA ADMISSIBILIDADE
Este dispositivo está elencado no Título III - DOS RECURSOS, Capítulo I – DISPOSIÇÕES
PRELIMINARES, do CE, Lei n. 4.737, de 15 de julho de 1965.
É o próprio disciplinamento do Recurso contra Diplomação que define o momento processual
adequado para o questionamento, qual seja 3 (três) dias a partir da diplomação, definindo
ainda a matéria suscetível de tal questionamento, supra mencionada.
“Tendo em vista que esse recurso é manejado contra fatos posteriores à votação, seria
equivocado exigir-se a prévia impugnação prevista no art. 169 do CE, contra apuração, para se
recorrer da diplomação. Não nos parece que tenha razão, nesse mister o mestre Tito Costa, ao
afirmar que ´(...) é preciso, no entanto, que tenha havido protesto perante as Juntas, por
ocasião das apurações, para que isso sirva de suporte o posterior recurso, ao ensejo da
diplomação´. Tal pensamento está comprometido com o princípio segundo o qual, apenas cabe
recurso se tiver havido anterior impugnação(...) (sendo que) a aplicação desse princípio é fruto
da confusão entre ação e recurso, da qual o recurso contra diplomação é o maior produto”.
É que o chamado “Recurso Contra Diplomação”, na verdade não o é como tal, mas constitui-se
em uma verdadeira Ação. Dentre outros motivos, porque o recurso processa-se no curso de
uma ação, o que não é o caso, já que o aludido “recurso” é contra aqueles fatos previstos nos
incisos do art. 262, do CE.
Portanto, mesmo que se dê um caráter de decisão judicial ao ato do juiz que expede o diploma,
caráter que de fato não possui, não é contra a Diplomação que se dirige o “recurso”. Esta
presta-se apenas à demarcação do dies a quo para ajuizar o referido remédio.
Não há que se falar, portanto, de inadmissibilidade do presente Recurso Contra
Expedição de Diploma com o pretenso fundamento na necessidade de anterior
impugnação.
Isto, porque, o móvel do recurso contra diplomação, in casu, é o que vem disciplinado no inc. III
do art. 262, do CE, qual seja, erro de direito ou de fato na apuração final quanto à
determinação do quociente eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação de
candidatos, ou a sua contemplação sob determinada legenda.
E ainda assim, o momento processual para tais questionamentos é o estipulado pelo mesmo
dispositivo, sobrevindo o “Recurso” ao ataque do erro tal que definido pelo inc. III, do art. 262,
in casu.
A melhor exegese é a que salta clarividente da vontade normativa, para consagrar o remédio
processual como mecanismo adequado para se questionar a Diplomação com base em erro de
fato ou de direito na apuração final, no caso presente. Todavia, prescindindo de qualquer
impugnação.
O art. 258, do CE, estatui que sempre que a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser
interposto em 3 (três) dias da publicação do ato, resolução ou despacho.
Diante desta dicção, c/c o disposto no art. 184, § 1º, do CPC, e tendo em conta que a
diplomação ocorreu no dia 05 de dezembro de 2000, os autores teriam até o dia 08 do mesmo
mês para a interposição deste recurso.
Contando que o dia 08, sexta-feira, é feriado judiciário, havendo suspensão do prazo, encerrar-
se-á em 11 de dezembro de 2000, segunda-feira.
2. MERITORIAMENTE
2.1. DO ERRO DE FATO E DE DIREITO
O inc. III, do art. 262, do CE, estipula que são casos de argüição através de recurso contra
diplomação:
Foi vencedora a única chapa registrada dentro do prazo legal, encabeçada por (XXX). Todavia,
o grupo dissidente dentro do próprio partido, liderado por (XXX), ingressou com Medida
Cautelar, tendo sido deferida liminar pela 2ª Vara Cível desta Comarca, que deu posse ao
grupo.
A intervenção resguardou direitos da chapa liderada pelo então candidato a Prefeito (XXX) da
Coligação PRA CONTINUAR AVANÇANDO. Expurgou-se, por sua vez, as pretensões de
(XXX), com seu grupo de dissidentes.
Contestada a inicial, veio a sentença do Juízo Eleitoral da 132ª Zona Eleitoral, proferida pelo
Douto Juiz (XXX), datada de 05 de setembro de 2000 nos autos que receberam o n.º (xxx), a
qual foi pelo indeferimento do pedido de registro.
Houve Recurso Especial Eleitoral (n.º (xxx)) para o c. TSE, o qual encontra-se em tramitação
até o presente momento.
O fato é que os candidatos impugnados tiveram os seus registros indeferidos e mesmo assim
participaram do pleito eleitoral. Isto trouxe prejuízo para o PSD. Com a contagem indevida dos
votos dos impugnados para o PFL, houve alteração da correta aplicação do quociente
partidário para redistribuição dos 6 (seis) lugares não preenchidos.
Excluindo-se da contagem os votos dos candidatos impugnados, caberia a sexta vaga ao
candidato do PSD, (XXX).
Os candidatos da chapa dissidente interna ao PFL tiveram seu pedido de registro indeferido por
sentença judicial em 05.09.00, a qual foi prolatada nos seguintes termos, in verbis:
“(...)
Constato que os impunados (sic) em sua peça contestatória, buscam de forma exaustiva
demonstrar a elegalidade do ato interventivo, Resolução n.º 34/2000, de 08/05/2000, baixada
pelo Diretório Regional do PFL do Estado de Goiás.
No entanto, vejo que um nenhuma linha enfrentou a questão referente a revogação da medida
liminar, conforme documentada às fls. 27/35.
Assim, não obstante a legalidade da intervenção, posto que o Diretório Regional do PFL, não
estava nem poderia estar impedido de exercer seus atos estatutários, pela referida medida
cautelar, há de se entender que, uma vez revogada a liminar, perderam os impugnados a
condição de representantes do Diretório Municipal do PFL de Aparecida de Goiânia, visto que
era aquela liminar o “chão” que sustentava seus pés, e uma vez retirada aquela base,
perderam toda sustentação.
Realce-se ainda, que os impugnados buscaram na Justiça Comum, através de Ação Cautelar a
obtenção de medida que pudesse suspender os efeitos do ato interventivo, e não conseguiram,
documento de fls. 24/26.
Isto posto, nenhuma dúvida resta quanto a ilegitimidade dos impugnantes para requerer
registro de candidaturas em nome do Partido da Frente Liberal de Aparecida de Goiânia, o qual
no momento encontra-se representado pela Comissão Interventora, ora impugnante.
Ao teor de todo o exposto, julgo por procedente a presente impugnação, e de conseqüência,
indefiro o pedido de registro de candidaturas aos Cargos de Prefeito e Vice-prefeito, bem
como de vereador formulado pelos impugnados”. (g.n.).l
A sentença foi confirmada pelo Eg. Tribunal Regional Eleitoral em 21.09.00 nos seguintes
termos, in verbis:
“(...)
Com efeito, na medida em que esta Corte considerou regular a convenção realizada pela
Comissão Interventora e deferiu o registro dos candidatos escolhidos naquela ocasião, resta
claro que não pode ser deferido o registro dos Recorrentes, pela simples razão de que a
convenção que os escolheu não ocorreu validamente, seja porque ocorreu após o ato de
intervenção, seja porque não foi convocada pelo órgão partidário legitimado.
Ante o exposto, conheço do recurso mas nego-lhe provimento para manter a douta sentença
recorrida”.
1. (XXX)
(“XXX”)........ PFL.........55
2. (XXX)
(“XXX”) ........PFL.........86
3. (XXX)
(“XXX”) ........PFL.........21
4. (XXX)
(“XXX”) ........PFL.........49
5. (XXX)
(“XXX”) ........PFL.........15
É preciso salientar que a força decisiva, tanto da sentença, quanto do acórdão que a confirmou,
foram pelo indeferimento do registro, tanto dos nomes da candidata a prefeita e seu vice,
quanto de todos os pretensos candidatos ao cargo de vereador.
Ademais, o Código Eleitoral, LEI Nº 4.737 de 15 de julho de 1965, quando tratou dos efeitos
dos recursos eleitorais assim dispôs taxativamente:
Portanto, em que pese o fato da chapa dissidente ter ingressado com Recurso Especial
Eleitoral para o C. TSE, tal recurso não possui o condão de suspender os efeitos do Acórdão
retro mencionado, que afastou do pleito eleitoral os mencionados candidatos.
Este fato configura-se em total nulidade de tais votos, para todos os efeitos. É o que exsurge
do teor do § 3º, do art. 175, do Código Eleitoral, que está redigido da seguinte forma:
Esse entendimento, nos termos da dicção do § 3º, do art. 175, do Código Eleitoral, está
consagrado pela jurisprudência do C. TSE:
Como os candidatos mencionados participaram do pleito eleitoral em total arrepio das decisões
de primeiro e segundo grau, trata-se de nulidade de votos para todos os efeitos, não podendo
tais votos ser contados, nem ao menos para a legenda do PFL. Pois são absolutamente nulos.
Desta forma, como deve ser interpretado o § 4º, do art. 175, do Código Eleitoral? Este
parágrafo 4º estipula que
Art. 175...
Diante de tais dispositivos, a questão discutida nos autos da ação principal não permite uma
interpretação meramente literal, sob pena de subverter a vontade do legislador. Não menos de
prevalecer uma contradição insanável no ordenamento jurídico. Contradição perigosa, se não
expurgada pela interpretação sistemática do ordenamento jurídico.
Note-se que as decisões judiciais forma cumpridas parcialmente, já que da chapa dissidente do
PFL, somente a candidata à prefeita, Olenice, deixou de concorrer.
É impositivo no Direito Eleitoral que os Recursos não possuem efeito suspensivo (art.
257, CE) Portanto, os demais dissidentes somente poderiam ter concorrido ao pleito
eleitoral se houvesse uma medida cautelar a lhes dar guarita, dando efeito suspensivo
ao RESPE – Recurso Especial Eleitoral n.º (xxx), que tramita junto ao TSE, coisa que não
ocorreu.
Esposando jurisprudência em consonância com o Artigo 257 do Código Eleitoral, relativamente
aos efeitos meramente devolutivos dos Recursos Eleitorais, decidiu o C. TSE nos seguintes
termos:
As eleições são caracterizadas por prazos diminutos e céleres, visando o seu andamento.
Assim, se fóssemos admitir o efeito suspensivo nos recursos eleitorais, certamente as
eleições não correriam em seus regulares prazos.
Portanto, em que pese o fato da chapa dissidente ter ingressado com Recurso Especial
Eleitoral para o C. TSE, tal recurso não possui o condão de suspender os efeitos do Acórdão
retro mencionado, que afastou do pleito eleitoral os mencionados candidatos.
Desta forma, a melhor interpretação que se possa dar ao § 4º, do art. 175, do CE, é a de que
os votos dados a candidatos inelegíveis ou não registrados, somente contam para o partido em
duas situações:
1º. Quando a sentença de 1º grau for proferida após as eleições;
Da forma como ficou definido o quociente partidário, o vereador Daniel Curtinhas do PFL foi
diplomado indevidamente, pelo procedimento estatuído no art. 109, inc. I e II, do Código
Eleitoral, ocupando a 6ª vaga redistribuída.
Acontece que a quantidade de votos imputada ao PFL deverá sofrer alteração com a subtração
dos 226 votos nulos que lhe foram atribuídos de forma irregular.
Então, ao invés de contar com 19.668 votos, o PFL passará a contar com 19.442, o que altera
substancialmente os resultados quanto à distribuição das 6 (seis) vagas seguintes à primeira
distribuição, pela dicção do art. 109, inc. I e II, do Código Eleitoral:
“Art. 109. Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários serão
distribuídos mediante observância das seguintes regras”:
Seguindo a dicção de tal artigo proceder-se-á a 6 (seis) operações para determinação dos
eleitos:
1ª OPERAÇÃO
2ª OPERAÇÃO
3ª OPERAÇÃO
4ª OPERAÇÃO
5ª OPERAÇÃO
2ª OPERAÇÃO
3ª OPERAÇÃO
4ª OPERAÇÃO
5ª OPERAÇÃO
6ª OPERAÇÃO
Suprimindo-se o erro na contagem dos votos, com a devida exclusão dos 226 votos dos
pretensos candidatos acima discriminados, que tiveram seus registros indeferidos, a
distribuição das 6 (seis) vagas ficariam na forma acima demonstrada. Ressalte-se que a 6ª
vaga cabe à coligação PSD/PC do B.
3. DO REQUERIMENTO
Diante do flagrante prejuízo causado aos autores, em face do erro na contagem de votos, com
o conseqüente erro na definição do quociente partidário, requer o seguinte:
1. A supressão do erro na contagem dos votos com a exclusão dos 226 votos dos candidatos
que tiveram seus registros cassados, com a exclusão de tais votos do quantitativo de votos
recebidos pelo PFL;
2. A supressão do erro no quociente partidário nos termos dos fundamentos supra expostos
para:
4. A citação dos réus, para querendo, apresentar contestação no prazo de 3 (três) dias.
Protesta provar o alegado através da juntada de novos documentos, que desde já requer, bem
como por todas as formas em direito admitidas.
Dá-se à causa o valor de R$ 500,00 (Quinhentos reais), para efeitos meramente formais.
Termos em que
Requer deferimento