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RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA

Petição inicial de Recurso Contra Expedição de Diploma, proposta pelo Diretório Municipal do
PSD em face da Comissão Interventora do PFL em Aparecida de Goiânia, onde o autor tem o
objetivo de cassar o diploma de um vereador e empossar outro.

EXMº SR. DR. JUIZ DA 132ª ZONA ELEITORAL DA COMARCA DE APARECIDA DE


GOIÂNIA – GO.

DIRETÓRIO MUNICIPAL DO PARTIDO SOCIAL DEMOCRATICO – PSD, pessoa jurídica de


direito privado, legalmente constituído e registrado perante o Tribunal Superior Eleitoral, nos
termos do art. 17, § 2º, da Constituição Federal, por seu representante legal, (XXX), brasileiro,
casado, funcionário público, portador do RG n.º (xxx) e do CPF n.º (xxx), residente e
domiciliado à rua (xxx), (xxx), Bairro (xxx), Aparecida de Goiânia - Go e (XXX), brasileiro,
divorciado, vereador, portador do RG n.º (xxx) e do CPF n.º (xxx), residente e domiciliado à
Rua (xxx), (xxx), Bairro (xxx), Aparecida de Goiânia-Go., via de seus representantes legais
(m.j.), vem perante V.Exª oferecer

RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA

em desfavor da COMISSÃO INTERVENTORA DO PFL em Aparecida de Goiânia, na pessoa


de seu representante legal e presidente (XXX), com endereço domiciliar à rua (xxx), n.º (xxx),
Bairro (xxx), Aparecida de Goiânia – Go, e do vereador diplomado no dia (xxx), (XXX), no
mesmo endereço.

EXMº SR. DR. JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO


ESTADO DE GOIÁS.

RAZÕES DO RECURSO EM FACE DA DIPLOMAÇÃO DE VEREADORES OCORRIDA EM


05.12.00 E EFETIVADA PELA 132ª ZONA ELEITORAL DA COMARCA DE APARECIDA DE
GOIÂNIA – GO.

RECORRENTE: Diretório Municipal do Partido Social Democratico – PSD (representante


legal: (XXX)) e (XXX)

RECORRIDO: COMISSÃO INTERVENTORA DO PFL em Aparecida de Goiânia


(representante legal: (XXX)) e (XXX)

1.           PRELIMINARMENTE
1.1.           DA ADMISSIBILIDADE

É da dicção do art. 262, inc. III, do CE:


Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos seguinte casos:
I – omissis
III – erro de direito ou de fato na apuração final quanto à determinação do quociente
eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação de candidato, ou a sua
contemplação sob determinada legenda.

Este dispositivo está elencado no Título III - DOS RECURSOS, Capítulo I – DISPOSIÇÕES
PRELIMINARES, do CE, Lei n. 4.737, de 15 de julho de 1965.
É o próprio disciplinamento do Recurso contra Diplomação que define o momento processual
adequado para o questionamento, qual seja 3 (três) dias a partir da diplomação, definindo
ainda a matéria suscetível de tal questionamento, supra mencionada.

1.2. DA DISPENSA DE PRÉVIA IMPUGNAÇÃO PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO


CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA

Conforme o Ilustre Doutrinador Adriano Soares da Costa,

“Tendo em vista que esse recurso é manejado contra fatos posteriores à votação, seria
equivocado exigir-se a prévia impugnação prevista no art. 169 do CE, contra apuração, para se
recorrer da diplomação. Não nos parece que tenha razão, nesse mister o mestre Tito Costa, ao
afirmar que ´(...) é preciso, no entanto, que tenha havido protesto perante as Juntas, por
ocasião das apurações, para que isso sirva de suporte o posterior recurso, ao ensejo da
diplomação´. Tal pensamento está comprometido com o princípio segundo o qual, apenas cabe
recurso se tiver havido anterior impugnação(...) (sendo que) a aplicação desse princípio é fruto
da confusão entre ação e recurso, da qual o recurso contra diplomação é o maior produto”.

É que o chamado “Recurso Contra Diplomação”, na verdade não o é como tal, mas constitui-se
em uma verdadeira Ação. Dentre outros motivos, porque o recurso processa-se no curso de
uma ação, o que não é o caso, já que o aludido “recurso” é contra aqueles fatos previstos nos
incisos do art. 262, do CE.
Portanto, mesmo que se dê um caráter de decisão judicial ao ato do juiz que expede o diploma,
caráter que de fato não possui, não é contra a Diplomação que se dirige o “recurso”. Esta
presta-se apenas à demarcação do dies a quo para ajuizar o referido remédio.
Não há que se falar, portanto, de inadmissibilidade do presente Recurso Contra
Expedição de Diploma com o pretenso fundamento na necessidade de anterior
impugnação.
Isto, porque, o móvel do recurso contra diplomação, in casu, é o que vem disciplinado no inc. III
do art. 262, do CE, qual seja, erro de direito ou de fato na apuração final quanto à
determinação do quociente eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação de
candidatos, ou a sua contemplação sob determinada legenda.
E ainda assim, o momento processual para tais questionamentos é o estipulado pelo mesmo
dispositivo, sobrevindo o “Recurso” ao ataque do erro tal que definido pelo inc. III, do art. 262,
in casu.
A melhor exegese é a que salta clarividente da vontade normativa, para consagrar o remédio
processual como mecanismo adequado para se questionar a Diplomação com base em erro de
fato ou de direito na apuração final, no caso presente. Todavia, prescindindo de qualquer
impugnação.

1.2.           DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO

O art. 258, do CE, estatui que sempre que a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser
interposto em 3 (três) dias da publicação do ato, resolução ou despacho.
Diante desta dicção, c/c o disposto no art. 184, § 1º, do CPC, e tendo em conta que a
diplomação ocorreu no dia 05 de dezembro de 2000, os autores teriam até o dia 08 do mesmo
mês para a interposição deste recurso.
Contando que o dia 08, sexta-feira, é feriado judiciário, havendo suspensão do prazo, encerrar-
se-á em 11 de dezembro de 2000, segunda-feira.

2.           MERITORIAMENTE
2.1.           DO ERRO DE FATO E DE DIREITO
O inc. III, do art. 262, do CE, estipula que são casos de argüição através de recurso contra
diplomação:

Art. 262. Omissis


(...)
III. Erro de direito ou de fato na apuração final quanto à determinação do quociente
eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação de candidatos, ou a sua
contemplação sob determinada legenda.

2.1.1 DOS FATOS QUE CULMINARAM NO ALEGADO ERRO

Em 1999, a Comissão Provisória Municipal do PFL de Aparecida de Goiânia convocou


convenção para eleição do Diretório Municipal, realizado em 6 de março de 1999.

Foi vencedora a única chapa registrada dentro do prazo legal, encabeçada por (XXX). Todavia,
o grupo dissidente dentro do próprio partido, liderado por (XXX), ingressou com Medida
Cautelar, tendo sido deferida liminar pela 2ª Vara Cível desta Comarca, que deu posse ao
grupo.

Em 08 de maio de 2000 o Diretório Regional do PFL promoveu intervenção no Diretório


Municipal do Partido em Aparecida de Goiânia pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias. Seu
objetivo era dirimir disputas internas que haviam consubstanciado na promoção de duas
chapas para a disputa das eleições naquele município.

A intervenção resguardou direitos da chapa liderada pelo então candidato a Prefeito (XXX) da
Coligação PRA CONTINUAR AVANÇANDO. Expurgou-se, por sua vez, as pretensões de
(XXX), com seu grupo de dissidentes.

Através de Medida Cautelar o grupo procurou perante a 2ª Vara Cível a suspensão da


intervenção, frustrada diante do indeferimento da petição inicial pelo Juiz (XXX). Mesmo assim,
realizaram convenção para escolha de candidatos, lançando-se a chapa com a candidata a
prefeita (XXX) e (XXX) como vice, e a vereadores, (XXX), (XXX), (XXX), (XXX), (XXX), (XXX),
(XXX), (XXX).

No dia 28 de agosto de 2000 a Comissão Interventora do PFL ingressou com a Ação de


Impugnação de Registro de Candidaturas (doc.____) em desfavor da chapa dissidente, acima
mencionada.

Contestada a inicial, veio a sentença do Juízo Eleitoral da 132ª Zona Eleitoral, proferida pelo
Douto Juiz (XXX), datada de 05 de setembro de 2000 nos autos que receberam o n.º (xxx), a
qual foi pelo indeferimento do pedido de registro.

Irresignados com a decisão monocrática, em 08 de setembro de 2000 os impugnados


ingressaram com Recurso Eleitoral para o TRE (doc. ______). Sendo autuado com o protocolo
de n.º (xxx), Recurso Eleitoral n.º (xxx), Registro Geral n.º (xxx), tendo sido designada como
Relatora a Douta Juíza, Drª (XXX). Em 21 de setembro de 2000 a decisão do Acórdão negou
provimento ao recurso, mantendo a sentença recorrida.

Houve Recurso Especial Eleitoral (n.º (xxx)) para o c. TSE, o qual encontra-se em tramitação
até o presente momento.

O fato é que os candidatos impugnados tiveram os seus registros indeferidos e mesmo assim
participaram do pleito eleitoral. Isto trouxe prejuízo para o PSD. Com a contagem indevida dos
votos dos impugnados para o PFL, houve alteração da correta aplicação do quociente
partidário para redistribuição dos 6 (seis) lugares não preenchidos.
Excluindo-se da contagem os votos dos candidatos impugnados, caberia a sexta vaga ao
candidato do PSD, (XXX).

2.1.2 DO ERRO DE DIREITO

Os candidatos da chapa dissidente interna ao PFL tiveram seu pedido de registro indeferido por
sentença judicial em 05.09.00, a qual foi prolatada nos seguintes termos, in verbis:

“(...)
Constato que os impunados (sic) em sua peça contestatória, buscam de forma exaustiva
demonstrar a elegalidade do ato interventivo, Resolução n.º 34/2000, de 08/05/2000, baixada
pelo Diretório Regional do PFL do Estado de Goiás.

No entanto, vejo que um nenhuma linha enfrentou a questão referente a revogação da medida
liminar, conforme documentada às fls. 27/35.

Saliento que os impugnados foram alçados na condição de dirigentes do Diretório Municipal do


PFL de Aparecida de Goiânia, por força de uma medida cautelar concedida liminarmente em
uma Ação Cautelar Inominada.

Assim, não obstante a legalidade da intervenção, posto que o Diretório Regional do PFL, não
estava nem poderia estar impedido de exercer seus atos estatutários, pela referida medida
cautelar, há de se entender que, uma vez revogada a liminar, perderam os impugnados a
condição de representantes do Diretório Municipal do PFL de Aparecida de Goiânia, visto que
era aquela liminar o “chão” que sustentava seus pés, e uma vez retirada aquela base,
perderam toda sustentação.

Realce-se ainda, que os impugnados buscaram na Justiça Comum, através de Ação Cautelar a
obtenção de medida que pudesse suspender os efeitos do ato interventivo, e não conseguiram,
documento de fls. 24/26.

Isto posto, nenhuma dúvida resta quanto a ilegitimidade dos impugnantes para requerer
registro de candidaturas em nome do Partido da Frente Liberal de Aparecida de Goiânia, o qual
no momento encontra-se representado pela Comissão Interventora, ora impugnante.
Ao teor de todo o exposto, julgo por procedente a presente impugnação, e de conseqüência,
indefiro o pedido de registro de candidaturas aos Cargos de Prefeito e Vice-prefeito, bem
como de vereador formulado pelos impugnados”. (g.n.).l

A sentença foi confirmada pelo Eg. Tribunal Regional Eleitoral em 21.09.00 nos seguintes
termos, in verbis:

“(...)
Com efeito, na medida em que esta Corte considerou regular a convenção realizada pela
Comissão Interventora e deferiu o registro dos candidatos escolhidos naquela ocasião, resta
claro que não pode ser deferido o registro dos Recorrentes, pela simples razão de que a
convenção que os escolheu não ocorreu validamente, seja porque ocorreu após o ato de
intervenção, seja porque não foi convocada pelo órgão partidário legitimado.

Ante o exposto, conheço do recurso mas nego-lhe provimento para manter a douta sentença
recorrida”.

Todavia, apesar do Acórdão do TRE, que confirmou a sentença no sentido do indeferimento do


registro de candidatura dos candidatos a vereador da chapa dissidente, seus nomes constaram
da urna eletrônica, sendo que receberam votos, nos seguintes quantitativos:
       
CANDIDATO              PARTIDO              VOTOS

1. (XXX)
(“XXX”)........ PFL.........55

2. (XXX)
(“XXX”) ........PFL.........86

3. (XXX)
(“XXX”) ........PFL.........21

4. (XXX)
(“XXX”) ........PFL.........49

5. (XXX)
(“XXX”) ........PFL.........15

É preciso salientar que a força decisiva, tanto da sentença, quanto do acórdão que a confirmou,
foram pelo indeferimento do registro, tanto dos nomes da candidata a prefeita e seu vice,
quanto de todos os pretensos candidatos ao cargo de vereador.

Ademais, o Código Eleitoral, LEI Nº 4.737 de 15 de julho de 1965, quando tratou dos efeitos
dos recursos eleitorais assim dispôs taxativamente:

Art. 257. Os recursos eleitorais não terão efeito suspensivo.

Portanto, em que pese o fato da chapa dissidente ter ingressado com Recurso Especial
Eleitoral para o C. TSE, tal recurso não possui o condão de suspender os efeitos do Acórdão
retro mencionado, que afastou do pleito eleitoral os mencionados candidatos.

Assim, a participação de tais candidatos no pleito eleitoral ocorreu em total desrespeito ao


poder decisório da Sentença e do Acórdão que a confirmou, os quais foram prolatados antes
do pleito eleitoral.

Este fato configura-se em total nulidade de tais votos, para todos os efeitos. É o que exsurge
do teor do § 3º, do art. 175, do Código Eleitoral, que está redigido da seguinte forma:

Art. 175 ...


(...)
§ 3º Serão nulos, para todos os efeitos, os votos dados para candidatos inelegíveis ou
não registrados.(destacamos)

Esse entendimento, nos termos da dicção do § 3º, do art. 175, do Código Eleitoral, está
consagrado pela jurisprudência do C. TSE:

Número do Processo Tipo do Processo 1388 MS - MANDADO DE SEGURANCA Tipo do


Documento Nº Decisão Município - UF Origem Data 1 - Acórdão 12263 RJ 24/03/1992
Relator PEDRO ACIOLI Relator designado Publicação
DJ - Diário de Justiça, Data 12/05/1991, Página 6541
Ementa
REGISTRO DE CANDIDATURA. INDEFERIMENTO. ANULACAO DOS VOTOS ATRIBUIDOS
AOS RESPECTIVOS CANDIDATOS. INDEFERIDOS PELO TSE OS REGISTROS DE
CANDIDATURAS DO PARTIDO IMPETRANTE (ACORDAO NUM:0011454 DE 3.9.90),
CONSIDERAM-SE NULOS OS VOTOSATRIBUIDOS AOS SEUS RESPECTIVOS
CANDIDATOS. SEGURANCA DENEGADA, ADEMAIS, FACE AO DECURSO DO PRAZO
PARA A ORGANIZACAO DEFINITIVA DO PARTIDO E A CONSEQUENTE PERDA DE SUA
CAPACIDADE JURIDICA PROVISORIA (RESOLUCAO NUM:15747, DE 17.10.89).

Número do Processo Tipo do Processo 1437 MS - MANDADO DE SEGURANCA Tipo do


Documento Nº Decisão Município - UF Origem Data 1 - Acórdão 12183 RJ 20/02/1992
Relator PEDRO ACIOLI Relator designado Publicação
DJ - Diário de Justiça, Data 25/06/1992, Página 10026
RJTSE - Revista de Jurisprudência do TSE, Volume 4, Tomo 3, Página 30
Ementa
PARTIDO POLITICO. CANCELAMENTO DE REGISTRO PROVISORIO. ANULACAO DOS
VOTOS CONFERIDOS A CANDIDATO A DEPUTADO ESTADUAL.
EXTINTO O PARTIDO, NAO HA QUE SE INDAGAR SOBRE OS VOTOS A ELE
DESTINADOS, PORQUANTO NULA A SIGLA, NULOS OS VOTOS (ACORDAO TSE
NUM:0011808, DE 22.11.90).
NAO INTERPOSTO O REMEDIO PROCESSUAL CABIVEL CONTRA A DECISAO DE
SEGUNDA INSTANCIA, NAO SE CONHECEU DA SEGURANCA FACE AO ENTENDIMENTO
QUE ESTA NAO PODE SUBSTITUIR O RECURSO ADEQUADO.

Número do Processo Tipo do Processo 8472 RECL - RECLAMACAO Tipo do Documento


Nº Decisão Município - UF Origem Data 2 - Resolução 13418 DF 15/11/1986 Relator
OSCAR DIAS CORRÊA Relator designado Publicação
BEL - Boletim Eleitoral, Volume 00430, Tomo 01, Página 308
DJ - Diário de Justiça, Data 17/03/1987, Página 4115
Ementa
ELEICOES DE 15.11.86. - CANDIDATOS NAO REGISTRADOS. VOTOS NULOS (CE, ART.
175, PARAG. 3). - RECLAMACAO JULGADA PROCEDENTE PARA DETERMINAR QUE NAO
SEJAM COMPUTADOS PELAS JUNTAS APURADORAS OS VOTOS PORVENTURA
ATRIBUIDOS A TAIS CANDIDATOS.

Como os candidatos mencionados participaram do pleito eleitoral em total arrepio das decisões
de primeiro e segundo grau, trata-se de nulidade de votos para todos os efeitos, não podendo
tais votos ser contados, nem ao menos para a legenda do PFL. Pois são absolutamente nulos.

Desta forma, como deve ser interpretado o § 4º, do art. 175, do Código Eleitoral? Este
parágrafo 4º estipula que

Art. 175...

§ 4º O disposto no parágrafo anterior (§ 3º acima transcrito) não se aplica quando a decisão de


inelegibilidade ou de cancelamento de registro for proferida após a realização da eleição a que
concorreu o candidato alcançado pela sentença, caso em que os votos serão contados para o
partido pelo qual tiver sido feito o seu registro.

Diante de tais dispositivos, a questão discutida nos autos da ação principal não permite uma
interpretação meramente literal, sob pena de subverter a vontade do legislador. Não menos de
prevalecer uma contradição insanável no ordenamento jurídico. Contradição perigosa, se não
expurgada pela interpretação sistemática do ordenamento jurídico.

A sentença de primeiro grau negou reconhecimento ao registro de candidatura dos candidatos


dissidentes, tornando-os inelegíveis, o que foi confirmado por Acórdão, antes do pleito eleitoral.
Apesar da força impositiva de tais decisões, houve falha na execução de tais decisões, já que
os pretensos candidatos acabaram participando do pleito eleitoral. Falha, sobretudo, quanto à
execução da sentença.

Note-se que as decisões judiciais forma cumpridas parcialmente, já que da chapa dissidente do
PFL, somente a candidata à prefeita, Olenice, deixou de concorrer.

É impositivo no Direito Eleitoral que os Recursos não possuem efeito suspensivo (art.
257, CE) Portanto, os demais dissidentes somente poderiam ter concorrido ao pleito
eleitoral se houvesse uma medida cautelar a lhes dar guarita, dando efeito suspensivo
ao RESPE – Recurso Especial Eleitoral n.º (xxx), que tramita junto ao TSE, coisa que não
ocorreu.
Esposando jurisprudência em consonância com o Artigo 257 do Código Eleitoral, relativamente
aos efeitos meramente devolutivos dos Recursos Eleitorais, decidiu o C. TSE nos seguintes
termos:

Número do Processo: 15190


Tipo do Processo: MCAREG – AGRAVO REGIMENTAL EM MEDIDA CAUTELAR
Tipo do Documento: Acórdão
Origem – UF: RO
Data: 02/05/1995
Relator: MARCO AURÉLIO
Publicação: DJ, 26/05/1995, p. 15204
ACAO CAUTELAR - LIMINAR - RECURSO ELEITORAL -FEITO. O PRECEITO INSCULPIDO
NO ARTIGO 257 DO CODIGO ELEITORAL, NO SENTIDO DE QUE OS RECURSOS
ELEITORAIS NAO TEM (sic) EFEITO SUSPENSIVO, NAO AFASTA O PODER DE CAUTELA
EM GERAL CONSAGRADO PELO CODIGO BUZAID (CODIGO DE PROCESSO CIVIL DE
1973). REVELA - O EXCEPCIONAL E, PORTANTO, SER APROPRIADO AO AFASTAMENTO
DE EXECUCAO DE ACORDAO, AINDA SUJEITO A CONDICAO RESOLUTIVA (REFORMA),
QUE IMPLIQUE CASSACAO DE MANDATO. INTELIGENCIA DOS ARTIGOS 216, 257 DO
CODIGO ELEITORAL E 15 DA LEI COMPLEMENTAR N. 64/90, CONSIDERADA A
APLICACAO SUBSIDIARIA DO CODIGO DE PROCESSO CIVIL.

A doutrina em matéria eleitoral também é assente quanto a este entendimento, considerando


que tal dispositivo (art. 257) adveio em função do princípio da celeridade processual, já que

As eleições são caracterizadas por prazos diminutos e céleres, visando o seu andamento.
Assim, se fóssemos admitir o efeito suspensivo nos recursos eleitorais, certamente as
eleições não correriam em seus regulares prazos.

Portanto, em que pese o fato da chapa dissidente ter ingressado com Recurso Especial
Eleitoral para o C. TSE, tal recurso não possui o condão de suspender os efeitos do Acórdão
retro mencionado, que afastou do pleito eleitoral os mencionados candidatos.

Desta forma, a melhor interpretação que se possa dar ao § 4º, do art. 175, do CE, é a de que
os votos dados a candidatos inelegíveis ou não registrados, somente contam para o partido em
duas situações:
1º. Quando a sentença de 1º grau for proferida após as eleições;

2º Quando, através do poder de Medida Cautelar o judiciário conceder efeito suspensivo ao


recurso.

Qualquer outra interpretação consistir-se-á em flagrante desrespeito à vontade da Lei e


ao ordenamento jurídico, constituindo-se em erro inescusável.

2.1.3 DO CONSEQÜENTE ERRO NO QUOCIENTE PARTIDÁRIO

Conforme Relatório de Quociente Partidário da Justiça Eleitoral do dia 01.10.2000 (doc.____),


os quocientes partidários ficaram assim definidos:

Quociente Eleitoral: 6235


Partido Votos        Votos        Quoc.Part. Vagas
Coligação Legenda(B) Nominais (C) (B+C)/A       Obtidas

PFL        8.030        11.638        3        3


PSB/PRTB 456        14.717        2        2
PMN/PAN       649        11.989        2        2
PMDB        3.862        11.301        2        2
PL        248        6.801        1        1
PTN/PRP       341        10.556        1        1
PSD/PC do B 347        9.380        1        1
PSDB/PHS 491        7.181        1        1
PT/PDT/PSTU/
PV/PSL 1.707        10.326        1        1
PPB/PTB 2.352        8.693        1        1

Da forma como ficou definido o quociente partidário, o vereador Daniel Curtinhas do PFL foi
diplomado indevidamente, pelo procedimento estatuído no art. 109, inc. I e II, do Código
Eleitoral, ocupando a 6ª vaga redistribuída.

Acontece que a quantidade de votos imputada ao PFL deverá sofrer alteração com a subtração
dos 226 votos nulos que lhe foram atribuídos de forma irregular.

Então, ao invés de contar com 19.668 votos, o PFL passará a contar com 19.442, o que altera
substancialmente os resultados quanto à distribuição das 6 (seis) vagas seguintes à primeira
distribuição, pela dicção do art. 109, inc. I e II, do Código Eleitoral:

“Art. 109. Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários serão
distribuídos mediante observância das seguintes regras”:

I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido pelo número de


lugares a preencher;

II - repetir-se-á a operação para a distribuição de cada um dos lugares”.

É que a primeira distribuição de vagas preenche 15 das 21 cadeiras da Câmara Municipal


conforme o Relatório acima mencionado, restando 6 (seis) vagas que devem ser preenchidas
de acordo com a dicção do art. 109, inc. I e II, do Código Eleitoral.

Seguindo a dicção de tal artigo proceder-se-á a 6 (seis) operações para determinação dos
eleitos:

Da Correta Aplicação do Quociente Partidário

PFL                      19.442/6.235 = 3       


PSB/PRTB               15.173/6.235 = 2
PMN/PAN                     12.638/6.235 = 2
PMDB                      15.163/6.235 = 2
PL                      6.801/6.235 = 1
PTN/PRP                     10.897/6.235 = 1
PSD/PC do B               9.727/6.235 = 1
PSDB/PHS                     7.672/6.235 = 1
PT/PDT/PSTU/ PV/PSL        12.033/6.235 = 1
PPB/PTB                     11.045/6.235 = 1

1ª OPERAÇÃO

PFL                      19.442/(3+1) = 4.860       


PSB/PRTB               15.173/(2+1) = 5.057
PMN/PAN                     12.638/(2+1) = 4.212
PMDB                      15.163/(2+1) = 5.054
PL                      6.801/(1+1) = 3.400
PTN/PRP                     10.897/(1+1) = 5.448
PSD/PC do B               9.727/(1+1) = 4.863
PSDB/PHS                     7.672/(1+1) = 3.838
PT/PDT/PSTU/ PV/PSL        12.033/(1+1) = 6.016 = 1ª VAGA
PPB/PTB                     11.045/(1+1) = 5.522

2ª OPERAÇÃO

PFL                      19.442/4 = 4.860


PSB/PRTB               15.173/3 = 5.057
PMN/PAN                     12.638/3 = 4.212
PMDB                      15.163/3 = 5.054
PL                      6.801/2 = 3.400
PTN/PRP                     10.897/2 = 5.448
PSD/PC do B               9.727/2 = 4.863
PSDB/PHS                     7.672/2 = 3.838
PT/PDT/PSTU/ PV/PSL        12.033/3 = 4.011
PPB/PTB                     11.045/2 = 5.522 = 2ª VAGA

3ª OPERAÇÃO

PFL                      19.442/4 = 4.860


PSB/PRTB               15.173/3 = 5.057
PMN/PAN                     12.638/3 = 4.212
PMDB                      15.163/3 = 5.054
PL                      6.801/2 = 3.400
PTN/PRP                     10.897/2 = 5.448 = 3ª VAGA
PSD/PC do B               9.727/2 = 4.863
PSDB/PHS                     7.672/2 = 3.838
PT/PDT/PSTU/ PV/PSL        12.033/3 = 4.011
PPB/PTB                     11.045/3 = 3.681

4ª OPERAÇÃO

PFL                      19.442/4 = 4.860


PSB/PRTB               15.173/3 = 5.057 = 4ª VAGA
PMN/PAN                     12.638/3 = 4.212
PMDB                      15.163/3 = 5.054
PL                      6.801/2 = 3.400
PTN/PRP                     10.897/3 = 3.632
PSD/PC do B               9.727/2 = 4.863
PSDB/PHS                     7.672/2 = 3.838
PT/PDT/PSTU/ PV/PSL        12.033/3 = 4.011
PPB/PTB                     11.045/3 = 3.681

5ª OPERAÇÃO

PFL                      19.442/(3+1) = 4.860       


PSB/PRTB               15.173/(2+1) = 5.057
PMN/PAN                     12.638/(2+1) = 4.212
PMDB                      15.163/(2+1) = 5.054
PL                      6.801/(1+1) = 3.400
PTN/PRP                     10.897/(1+1) = 5.448
PSD/PC do B               9.727/(1+1) = 4.863
PSDB/PHS                     7.672/(1+1) = 3.838
PT/PDT/PSTU/ PV/PSL        12.033/(1+1) = 6.016 = 1ª VAGA
PPB/PTB                     11.045/(1+1) = 5.522

2ª OPERAÇÃO

PFL                      19.442/4 = 4.860


PSB/PRTB               15.173/3 = 5.057
PMN/PAN                     12.638/3 = 4.212
PMDB                      15.163/3 = 5.054
PL                      6.801/2 = 3.400
PTN/PRP                     10.897/2 = 5.448
PSD/PC do B               9.727/2 = 4.863
PSDB/PHS                     7.672/2 = 3.838
PT/PDT/PSTU/ PV/PSL        12.033/3 = 4.011
PPB/PTB                     11.045/2 = 5.522 = 2ª VAGA

3ª OPERAÇÃO

PFL                      19.442/4 = 4.860


PSB/PRTB               15.173/3 = 5.057
PMN/PAN                     12.638/3 = 4.212
PMDB                      15.163/3 = 5.054
PL                      6.801/2 = 3.400
PTN/PRP                     10.897/2 = 5.448 = 3ª VAGA
PSD/PC do B               9.727/2 = 4.863
PSDB/PHS                     7.672/2 = 3.838
PT/PDT/PSTU/ PV/PSL        12.033/3 = 4.011
PPB/PTB                     11.045/3 = 3.681

4ª OPERAÇÃO

PFL                      19.442/4 = 4.860


PSB/PRTB               15.173/3 = 5.057 = 4ª VAGA
PMN/PAN                     12.638/3 = 4.212
PMDB                      15.163/3 = 5.054
PL                      6.801/2 = 3.400
PTN/PRP                     10.897/3 = 3.632
PSD/PC do B               9.727/2 = 4.863
PSDB/PHS                     7.672/2 = 3.838
PT/PDT/PSTU/ PV/PSL        12.033/3 = 4.011
PPB/PTB                     11.045/3 = 3.681

5ª OPERAÇÃO

PFL                      19.442/4 = 4.860


PSB/PRTB               15.173/4 = 3.793
PMN/PAN                     12.638/3 = 4.212
PMDB                      15.163/3 = 5.054 = 5ª VAGA
PL                      6.801/2 = 3.400
PTN/PRP                     10.897/3 = 3.632
PSD/PC do B               9.727/2 = 4.863
PSDB/PHS                     7.672/2 = 3.838
PT/PDT/PSTU/ PV/PSL        12.033/3 = 4.011
PPB/PTB                     11.045/3 = 3.681

6ª OPERAÇÃO

PFL                      19.442/4 = 4.860


PSB/PRTB               15.173/4 = 3.793
PMN/PAN                     12.638/3 = 4.212
PMDB                      15.163/4 = 3.790
PL                      6.801/2 = 3.400
PTN/PRP                     10.897/3 = 3.632
PSD/PC do B               9.727/2 = 4.863 = 6ª VAGA
PSDB/PHS                     7.672/2 = 3.838
PT/PDT/PSTU/ PV/PSL        12.033/3 = 4.011
PPB/PTB                     11.045/3 = 3.681

Suprimindo-se o erro na contagem dos votos, com a devida exclusão dos 226 votos dos
pretensos candidatos acima discriminados, que tiveram seus registros indeferidos, a
distribuição das 6 (seis) vagas ficariam na forma acima demonstrada. Ressalte-se que a 6ª
vaga cabe à coligação PSD/PC do B.

3. DO REQUERIMENTO

Diante do flagrante prejuízo causado aos autores, em face do erro na contagem de votos, com
o conseqüente erro na definição do quociente partidário, requer o seguinte:

1. A supressão do erro na contagem dos votos com a exclusão dos 226 votos dos candidatos
que tiveram seus registros cassados, com a exclusão de tais votos do quantitativo de votos
recebidos pelo PFL;

2. A supressão do erro no quociente partidário nos termos dos fundamentos supra expostos
para:

a) Cassar a diplomação do vereador Daniel Curtinhas, indevidamente contemplado;

b) Proceder à respectiva proclamação e diplomação do candidato do PSD, (XXX), alçando-o à


titularidade da 6ª vaga a ser preenchida pelo procedimento estatuído no art. 109, inc. I e II, do
Código Eleitoral, assegurando-lhe o que é de direito e justiça;

4. A citação dos réus, para querendo, apresentar contestação no prazo de 3 (três) dias.

Protesta provar o alegado através da juntada de novos documentos, que desde já requer, bem
como por todas as formas em direito admitidas.

Dá-se à causa o valor de R$ 500,00 (Quinhentos reais), para efeitos meramente formais.

Termos em que
Requer deferimento

Goiânia, 07 de dezembro de 2000

Carlos Rubens Ferreira


OAB-GO 18.129

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