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XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX ADVOCACIA

Assessoria Jurídica Digital

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA


______ VARA CIVEL DA COMARCA DE XXXXXXXXXXX/XX.

FULANA DE TAL, brasileira, divorciada, vendedora,


inscrita no CPF/MF sob o nº 0000000000000000000000000, portadora da
Cédula de Identidade nº 00000000000000, SSP/XX, residente e
domiciliada na Rua XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX nº 000, Bairro Centro,
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX/UF, CEP: XXXXXXXXXXXX, por seu advogado
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, inscrito na OAB/XX, procuração em anexa, com
escritório profissional à Rua XXXXXXX, onde recebe intimações e
notificações de praxe, vem, com o devido respeito e acatamento à
presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 19 da Lei n.
11.340/2006, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência,
promver

AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

em face de XXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileiro, XXXXXXXX, médico cirurgião


plástico, inscrito no CPF/MF sob o nº 0000000000000000000, portador
da Cédula de Identidade nº XXXXXXX, SSP/XX, inscrito no CRM/MT sob o

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nº 000, residente e domiciliado na Rua XXXXXXXXXXXXXX, Bairro


Centro, XXXXXXXXXXXXXXXXXX/UF, CEP: XXXXXXXX, Mato Grosso/XX, pelas
razões de fatos e de direito, a seguir articulados.

DOS FATOS

A Requerente contratou o Requerido para


realização de uma cirurgia plástica de correção estética do nariz,
pelo valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) que seriam pagos em 06
(seis) parcelas de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Após três consultas o Requerido apresentou à


Requerente uma projeção de imagem feita no computador onde a mesma
ficaria com o nariz igual ao da Kate Middleton, Duquesa de
Cambrigde.

Após diversos exames pré-operatórios, ficou


constatado que a Requerente possuía condições de saúde para ser
feita a cirurgia, o que ocorreu em 00.00.0000 na clínica particular
do Réu, localizada na XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.

Após a cirurgia, a Requerente recebeu alta no


mesmo dia em que foi realizado o procedimento. No entanto, 05
(cinco) dias após o procedimento, retornou à clínica para retirada
da bandagem, quando verificou que o nariz estava muito diferente do
prometido.

O Requerido tentou tranquilizá-la, afirmando que


a mesma deveria aguardar, pois a região da cirurgia estava inchada e
logo retornaria ao normal e o resultado seria adequado.

No entanto, após transcorridos 03 (três anos) da


cirurgia, a situação não melhorou e o nariz continua muito diferente

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do prometido, inclusive pior do que era antes. O Requerido, mesmo


sabendo que não havia produzido o resultado prometido, em momento
algum procurou solucionar o problema. Nem mesmo refazer a cirurgia
para correção do serviço mal prestado.

O que fica evidente e de forma inexorável é que o


Réu foi imprudente, negligente e imperito, adentrando, inclusive, em
atos anti-éticos e imorais.

O certo é que a Autora perdeu os melhores anos de


sua vida, em virtude das atitudes do Réu, que realizou a cirurgia
para nada, ou melhor, para o pior, porque a situação atual é bem
pior que antes. O desgaste psicológico é enorme e as explicações que
o cirurgião deu é muito deprimente.

Isto tudo sem contar os danos físicos e morais


causados pelo Réu, nas suas atitudes desprovidas de mínima técnica
e/ou perícia, fazendo com que a Autora perdesse tempo de vida,
sofresse física e psicologicamente, permanecendo em constante
angústia e depressão, inclusive o que ocasionou até mesmo a
separação de seu marido. Pois a Requerente simplesmente tonou-se uma
pessoa amargurada, deprimida, sem vontade nem mesmo de sair de casa,

Infelizmente hoje a Autora perdeu todo o sentido


de sua vida, se antes já não sentia bem com a forma do nariz, hoje
pior ainda, que após a cirurgia em vez de parecer com o nariz da
Duquesa, parece mais com o nariz do boneco “Fofão”, e não foi esse o
resultado que buscavam quando compareceu ao consultório e se propôs
a pagar pela cirurgia.

Eis a síntese dos fatos.

DA JUSTIÇA GRATUITA

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A Requerente não possui condições de arcar com as


custas processuais sem prejuízo de sua subsistência e de sua
família, assim requerendo lhe seja deferido os Benefícios da
Gratuidade da Justiça com base no artigo 14, § 1º da Lei 5584/1970,
das Leis 1.060/1950 e 7.715/83 e do artigo 790, § 3º da CLT,
declarando para os devidos fins e sob as penas da Lei, ser pobre, e
assim não ter plenas condições em arcar com os pagamentos das custas
e demais despesas processuais.

Requer-se seja deferido o benefício da Justiça


Gratuita, por não possuir a Requerente renda suficiente para prover
as despesas judiciais, com base na Lei 1.060/50, o que comprova as
condições financeiras da reclamante.

Ademais a mesma teve por consequência de todos os


atos de violência de seu ex-cônjuge queda de faturamento em sua loja
de materiais de construção o que lhe deixou em uma condição
financeira bastante delicada, comprovando sua necessitada da Justiça
Gratuita.

A Autora requer desde logo a concessão dos


benefícios da Justiça Gratuita, em consonância ao Princípio do Pleno
Acesso à Justiça nos termos do artigo 5º, incisos XXXV e LXXIV da
Constituição Federal Brasileira de 1988, por ser o Autor pobre no
sentido jurídico do termo, com esteio no artigo 4º da Lei 1.060/50 e
1º, da Lei nº. 7.115/83, por não gozar de meios financeiros
suficientes a patrocinar a presente demanda, fazendo juntada de
declaração de pobreza.

DO DIREITO

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Os art. 186 e 951, do Novo Código Civil, é


inexorável quando determina:

"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência, ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito."

“Art. 951. O disposto nos arts.948, 949 e 950


aplica-se ainda no caso de indenização devida por
aquele que, no exercício de atividade
profissional, por negligência, imprudência ou
imperícia, causar a morte do paciente, agravar-
lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para
o trabalho."

O nosso Código de Defesa ao Consumidor, em seu


art. 14, é contundente quando assevera:

"Art. 14. O fornecedor de serviço responde,


independente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação de serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre fruição e riscos.
§ 1º. O serviço é defeituoso quando não fornece a
segurança que o consumidor dele pode esperar,
levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:
II - os resultados e os riscos que razoavelmente
dele se esperam.
§ 4º. A responsabilidade pessoal dos
profissionais liberais será apurada mediante
apuração de culpa."

Os danos causados e o estado emocional e auto


estima abalados em virtude da situação da Autora são evidentes. A
culpa do Réu, são graves e gravíssimas, são incontestes. Os
documentos juntados são suficientes e provam a culpa do Requerido.

A intervenção cirúrgica praticada pelo Réu, tinha


caráter REPARADORA: deveria ser estética. Nestes casos, a obrigação
do profissional é obter o fim desejado, independente do meio

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utilizado: deve intervir para que se alcance o resultado para o qual


foi procurado pelo paciente.

Com efeito, o profissional que se propõe operar


alguma pessoa deve solucionar o problema pelo qual foi procurado.
Não cabe tentar iludir, praticar e/ou mutilar física e
psicologicamente o paciente.

Constam anexadas nesta exordial às fls. XX,


documentos que comprovam como era o nariz da Autora antes da
cirurgia, como o Requerido prometeu que este ficaria e ainda como
realmente o Requerido deixou o nariz da Autora.

O nexo causal entre os problemas físicos e


emocionais da Autora e a ação do Réu são inarredáveis, não
necessitando de mais provas.

Ademais, o mesmo nem consciência dos danos que


causou, em momento algum tentou solucionar os problemas da Autora.
Os documentos acostados provam que a culpa do Réu é induvidosa.

O resultado não foi alcançado, o problema


permanece, inclusive muito pior que antes, o tempo da Autora foi
perdido, o nariz está muito pior do que era antes, a situação da
Autora está bastante agravada, ante as ações do Réu.

A saúde, o bem-estar, a honra e a imagem são


atributos da personalidade junto com o nome e a liberdade:
constituem-se em BENS MORAIS.

No caso a saúde da Autora foi desconsiderada eis


que após a cirurgia o problema pelo qual procurou o médico
permanece. E ainda, para agravar mais ainda a Requerente sofre com a

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depressão e a baixa estima, por causa DO RESULTADO DA CIRURGIA


PRATICADA PELO REQUERIDO.

O bem-estar da Autora foi totalmente


desconsiderado, pois se exatamente procurou o profissional para
solucionar um problema pelo qual mantém um "complexo" e este não foi
superado, é evidente o dano causado.

Difícil ter alguém que não tenha conhecimento da


situação da Autora e não deduza o quanto abominável foram as ações
do Réu; era para solucionar do nariz, praticou a cirurgia, o nariz
ficou pior que antes.

Inúmeros são os Julgados dos nossos Tribunais que


definem a responsabilidade do Réu pelos danos causados:

“TJ-SP - 1006309-20.2014.8.26.0005 - Data de


publicação: 26/10/2017 - Ementa: - Recurso
redistribuído à Trigésima Câmara Extraordinária
de Direito Privado, com base na Resolução n.º
737/2016 e Portaria nº 02/2017. - Indenização.
Paciente que se submetera à lipoaspiração em
diversas partes do corpo. Finalidade do
procedimento era embelezamento, portanto, envolve
obrigação médica de resultado. Legitimidade
passiva presente. Todos partícipes da relação de
consumo integram cadeia de fornecedor ou
prestador de serviço, originando solidariedade.
Além do médico corréu, funcionários do hospital
também tomaram parte do ato cirúrgico.
Inobservância dos cuidados necessários
configurada. Sequelas da cirurgia apontam
alterações de natureza neurológica, estética e
fisiológica derivadas de procedimento realizado
nas pernas, pois sofrera síndrome compartimental,
já que não fora diagnosticada e tratada a tempo.
Perícia constatou incapacidade total para o
trabalho. Pensão mensal vitalícia nos valores
apontados deve sobressair, com base no
recolhimento previdenciário da autora. Danos
morais caracterizados, ante as cicatrizes
consideráveis, além do sofrimento atroz. Verba

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reparatória compatível com as peculiaridades da


demanda. Recursos desprovidos. ”

“TJ-SP - APL 0052304-71.2009.8.26.0224 - Data de


publicação: 19/03/2014 - Ementa: RESPONSABILIDADE
CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, MORAL E
ESTÉTICOS DECORRENTES DE ERRO MÉDICO. AUTORA
SUBMETEU-SE A CIRURGIAS PLÁSTICAS ESTÉTICAS
(IMPLANTAÇÃO DE PRÓTESES DE SILICONE E
LIPOESCULTURA DE ABDÔMEN, COXAS E DORSO) E TEVE
PROBLEMAS DE CICATRIZAÇÃO, FAZENDO-SE NECESSÁRIA
A REALIZAÇÃO DE OUTRAS CIRURGIAS REPARADORAS.
JULGAMENTO DE PROCEDÊNCIA PARCIAL. OBRIGAÇÃO
MÉDICA DE RESULTADO E NÃO DE MEIO. PREJUÍZO
ESTÉTICO PATENTE. ERRO MÉDICO EVIDENCIADO.
SENTENÇA MANTIDA. APLICABILIDADE DO ART. 252 DO
REGIMENTO INTERNO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO
PAULO. RECURSO DESPROVIDO.”

O tipo de procedimento pretendido pela Autora era


de remediar uma situação desagradável Pretendia e pretende a Autora
resultado. O Réu fez tudo o que não devia e, além de manter o
problema, agravaram a situação e relegaram os melhores tempos de
vida da Autora.

MIGUEL KFOURI NETO, in Responsabilidade Civil do


Médico, 3º edição. Ed. RT, 1998, às pags. Comenta:

"Caio Mário da Silva Pereira: ...anunciam-se pela


imprensa 'centros estéticos' multiplicam-se os
profissionais nessa especialidade, .... Dentro de
tais conceitos é de se admitir a realização da
cirurgia plástica como atividade normal e
acontecimento quotidiano. Desta forma, afasta-se
totalmente a ideia iliceidade, e se constitui
ela, em si mesma, fundamento da responsabilidade
civil. É uma atividade lícita...'.

Após aludir às obrigações genéricas..., a


subordinação ao disposto no art. 1.545/CC (art.
951, do NCC), o insigne civilista consigna:
'(...) a cirurgia estética gera obrigação de
resultado e não de meios. Com a cirurgia
estética, o cliente tem em vista corrigir uma
imperfeição ou melhorar a aparência ...O

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profissional está empenhado em proporcionar-lhe o


resultado pretendido, e se não tem condições de
consegui-lo, não deve efetuar a intervenção...'."

No caso, é mais angustiante notar que mesmo


sabendo que a cirurgia não tinha obtido o resultado desejado pela
Autora, em momento algum o Requerido se propôs a solucionar o erro
cometido.

No que tange ao dano moral, ARNALDO MARMITT, in


Perdas e Danos, Ed. Aíde, 1º ed., às pág. 15, ensina:

"... Dano moral de alta expressividade é o dano


estético, que obriga a vítima a sentir-se
diminuída e enfeiada. São elementos integrantes
desse mal: a) modificação para pior no estado da
vítima; b) estado permanente ou prolongado da
alteração do efeito danoso; c) causação de um
dano moral ao lesado, consistente em humilhação,
tristeza, prostração, constrangimento, enfim, uma
diminuição no estado de espírito e felicidade, em
consequência da lesão."

No caso, o mal causado a Autora, pelas atitudes


do Réu preenche todas os requisitos para configurar o dano moral.
Houve modificação para pior no estado da vítima, pois:

- Está com o nariz pior do que quando compareceu


à consulta com o Requerido.

- O dano é prolongado, por mais de três anos e em


importante fase da vida da Autora;

- A tristeza, a prostação e a diminuição do


estado de felicidade é evidente;

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Faz-se premente e necessário que o judiciário


conceda a devida resposta ao disparate praticado pelo Réu contra os
direitos líquidos e certos da Autora.

É princípio maior do Direito que todo dano deve


ser ressarcido, e em todos os seus contornos, ou seja, toda lesão
deve ser ressarcida in totum.

A justificativa existencial do Judiciário é a


necessidade da sociedade recompor direitos, restabelecendo a ordem
que foi quebrada e o direito que resultou ofendido.

O ideal é que o próprio responsável tomasse a


iniciativa de reparar o dano que causou, e a solução mais justa é a
que permite a reparação in natura, ou seja, que fosse possível
retornar ao estado anterior.

No caso isto é impossível, porque será impossível


a recuperação psicológica e muito difícil a reparação física. Mesmo
que se faça a cirurgia reparadora, continuarão sequelas físicas,
mazelas psíquicas e NUNCA se poderá retornar ao tempo para que a
Autora viva como pretendia a três anos passados.

A indenização está adstrita aos termos REPARAR,


COMPENSAR ou RESSARCIR. A diversificação nos termos utilizados na
doutrina e jurisprudência não se inclinam para divergência ou
contradições fundamentais, ao contrário, são quase perfeitos
sinônimos e definem a modalidade de recompor o prejuízo sofrido pelo
patrimônio material e moral da vítima.

JOÃO CASILO, in Danos à Pessoa e sua Indenização,


Ed. RT, 1987, às pag. 51 e ss., assinala e ensina:

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“Etimologicamente não há indicação de que a


palavra indenização tenha correlação com a ideia
de sanção, mas não se pode negar que, como
corolário do dano causado, a indenização também
tenha função sancionatória ao causador do dano.

Não se pode fugir desta realidade, pois ela é


muito importante, até sob o ponto de vista
psicológico-social.

... o risco ... de a vítima receber menos do que


teria direito é que não pode ser admitido.

A possibilidade da indenização a maior, em


desfavor do ofensor, é um risco que deve ser
computado dentro daquele que ele, ofensor,
assumiu, quando dolosamente ou culposamente,
praticou o ato, com o consequente dano.

Ao lado da obrigação de indenização, o causador


do dano assume o risco de que, se houver dúvida
relativa ao quantum debeatur, esta deve ser
decidida contra ele. Inverter esta afirmativa
seria deturpar a própria finalidade da
indenização, que deixaria de proteger direitos e
acobertar devedores.

O importante que além de ressarcir, o ofensor


sinta pelo que causou.”

DO DANO PATRIMONIAL E MORAL

A indenização material consiste na reposição de


tudo quanto a vítima teve que despender em função da falha, bem como
tudo quanto ficou impedido de ganhar, o que é doutrinariamente
chamado de lucros cessantes.

Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova


que junta no presente processo, o requerido deixou de cumprir com
sua obrigação primária de zelo e cuidado nas atividades, sujeitando-
a passar por longos anos de sua vida com depressão, após o fracasso
da cirurgia.

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A Súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça


elucida o tema da seguinte forma:

"O dano moral alcança prevalentemente valores


ideais, não goza apenas a dor física que
geralmente o acompanha, nem se descaracteriza
quando simultaneamente ocorrem danos
patrimoniais, que podem até consistir numa
decorrência de sorte que as duas modalidades se
acumulam e tem incidências autônomas.".

Trata-se de dano que independe de provas,


conforme entendimento dos tribunais:

“RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO MÉDICO. DANO MORAL.


- AGRAVO RETIDO. (...). - CULPA DAS RÉS. A
questão já foi decidida. Trânsito em julgado. Não
há mais espaço para se rediscutir fatos já
decididos. Eficácia preclusiva da coisa julgada
(art. 474). - DANO MORAL. O indispensável para a
indenização não é a prova do dano moral em si,
isto é, do aborrecimento, do abalo à pessoa
física no seio da sociedade: basta a prova dos
fatos ilícitos que sejam por si só aptos a gerar
dano moral na vítima (dano in re ipsa). - VALOR
DO DANO MORAL. MINORAÇÃO. No caso concreto,
revela-se adequado e proporcional o valor de R$
250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais). O
montante não causa enriquecimento indevido ao
autor, nem exagerado fardo financeiro às rés.
Juros a partir da citação, pela excepcionalidade
(demora no ajuizamento) e correção monetária a
partir do presente julgamento. - HONORÁRIOS.
Muito embora tenha havido a reforma parcial da
sentença, deve ser levado em conta que o autor
decaiu de parte mínima do pedido, ficando,
portanto, mantidos os ônus da sucumbência. O
valor fixado pelo magistrado a quo não se mostra
exagerado, como aduz a ré, pois de acordo com o
disposto no art. 20, § 3º, do CPC. Dá-se
PROVIMENTO EM PARTE aos recursos das rés. (APL
00734997220048260100 SP 0073499-72.2004.8.26.0100
Relator (a): Enio Zuliani 4ª Câmara de Direito
Privado:14/09/2015)

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Não se procura aqui, é evidente, alcançar o justo


preço do sofrimento da demandante. Tal raciocínio ofenderia a ética
e jamais encontraria um equivalente econômico à altura. O tema,
aliás, há muito tempo, foi invulgarmente balizado por Clóvis
Beviláqua:

"Se o interesse moral justifica a ação para


defendê-lo ou restaurá-lo, é claro que tal
interesse é indenizável, ainda que o bem moral
não se exprima em dinheiro. É por uma necessidade
dos nossos meios humanos, sempre insuficientes e,
não raro, grosseiros, que o Direito se vê forçado
a aceitar que se computem em dinheiro o interesse
de afeição e os outros interesses morais" (citado
in RT 489/92).

Já modernamente, Carlos Roberto Gonçalvez, na


mesma linha, assevera que:

"se tem entendido, hoje, que a indenização por


dano moral representa uma compensação, ainda que
pequena, pela tristeza infligida injustamente a
outrem" (in Responsabilidade Civil, 2º ed.,
Saraiva, SP, 1984, p. 168).

Na esteira deste pensamento, o nosso direito


pretoriano tem afirmado que:

"todo e qualquer dano causado a alguém, ou ao seu


patrimônio, deve ser indenizado, de tal obrigação
não se excluindo o mais importante deles, que é o
dano moral, que deve autonomamente ser levado em
conta. O dinheiro possui valor permutativo,
podendo-se, de alguma forma, lenir a dor com a
perda de um ente querido pela indenização, que
representa também punição e desestímulo do ato
ilícito. Impõe-se a indenização do dano moral

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para que não seja letra morta o princípio neminem


laedere" (RT 497/302).

E sublinhe-se, ainda, a perfeita factibilidade em


cumular-se os dois tipos de compensação em tela:

"Um único evento pode constituir um leque de


prejuízos de natureza diversa, e justifica, cada
um, uma verba reparatória, sem margem à
ocorrência de reparar duas vezes a mesma perda"
(RT 613/184).
DO DANO PATRIMONIAL MATERIAL

Por todo o exposto, evidente que a autora sofreu


diversos prejuízos de ordem material, senão vejamos que foi obrigada
a pagar tratamentos, além de exames e medicamentos que se fizeram
necessários para sua recuperação em consequência da cirurgia. Tais
fatos podem ser confirmados da análise da documentação anexa, onde
junta notas fiscais, recibos de pagamento, dentre outros documentos,
os quais totalizam uma despesa excedente de aproximados R$
XXXXXXXXXX (XXXXXXXXXXX).

Diante disso, tendo em vista a negligência do


médico, requer desde já seja o mesmo compelido a providenciar a
devolução (em dobro) de referidos valores, sob pena de
enriquecimento ilícito, eis que a autora foi vitimada pelo total
descuidado do Requerido, o que ocasionou todo o seu prejuízo.

DO DANO MORAL

Evidente também as agressões em sua integridade


moral, notadamente porque assim que a autora retirou os curativos da
cirurgia e viu o resultado da cirurgia ocorrida entrou em um estado

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de mais profunda depressão, sofrendo enorme agonia a ponto de


necessitar de delicado tratamento físico e psiquiátrico a fim de
retornar às funções que anteriormente desempenhava.

Assim indiscutível o nexo causado pelo dano


perpetrado a autora que até hoje sente tristeza e aborrecimentos por
conta da situação vivenciada.
EM CONCLUSÃO

Em vista do que precede, requer-se, com apoio nos


permissivos legais, doutrina e jurisprudência trazidos à colação,
seja condenado o requerido à reparação pretendida, inclusive as
seguintes verbas:

a) o pagamento de todas despesas de tratamento


já havidas (tratamento, medicamentos,
deslocamentos, etc), no valor de R$ XXXXXXXX
(XXXXXXXXXXXX), bem como, as despesas de
tratamento e recuperação que ainda se farão
necessárias, também aí abarcados os medicamentos,
consultas médicas, exames laboratoriais, despesas
de locomoção, alimentação especial, dentre
outras, conforme artigo 1.539 do Código Civil;

b) pagamento de reparação por danos morais


sofridos pela Requerente, fixados na quantia de
R$ XXXXXXXXXXX (XXXXXXXXXXXX);

c) A Citação do Réu no endereço mencionado acima


para contestar, no prazo legal, sob pena de
confissão e revelia;

d)  A produção de todas as provas em direito


admitidas, notadamente o depoimento da Ré, sob
pena de revelia e confissão, testemunhais,
documentais e periciais, assim como a posterior
juntada de documentos que se fizerem necessários
ao deslinde da presente causa;

e) a designação de audiência prévia de


conciliação, nos termos do art. 319, VII, do
CPC/2015;

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f)  Que seja julgado procedente o pedido para


condenar o réu ao pagamento das custas judiciais
e honorários advocatícios na ordem de 20% sobre o
valor da causa.

Para provar o alegado, protesta-se pelo uso das


provas legalmente admissíveis, sem exceção, perícias e juntada de
novos documentos.

Dá-se à causa, o valor de R$ 0.000.000,00


(XXXXXXXXXXXXXXXXXXX).

Nestes termos, Pede Deferimento.

XXXXXXXXXXXX/XX, 00 de xxxxxxxxxxxxxxxx de 2018.

ADVOGADO SUBSCRITOR 1
OAB/XX 00000

ADVOGADO SUBSCRITOR 2
OAB/XX 00000

DOCUMENTOS EM ANEXO:

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