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CAXIAS DO SUL
2015
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CAXIAS DO SUL
2015
3
APROVADO EM / / .
Banca Examinadora:
_____________________________________
Prof. M.e Deives Roberto Bareta
Universidade de Caxias do Sul – UCS
_____________________________________
Prof. M.e Paulo Roberto Linzmaier
Universidade de Caxias do Sul – UCS
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RESUMO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
1.1 – JUSTIFICATIVA DO TRABALHO ................................................................................ 2
1.2 – OBJETIVOS ...................................................................................................................... 3
1.2.1 Objetivo geral................................................................................................................... 3
1.2.2 Objetivos específicos ........................................................................................................ 3
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
u Velocidade do fluído
fL Valor da fricção em escoamento laminar
ft Valor da fricção em escoamento turbulento
P1 Pressão de entrada
P2 Pressão de saída
L Comprimento do canal
ΔPst Perda de pressão localizada
ΔP Diferença de pressão
A1 Área de entrada do orifício
A2 Área de saída do orifício
q1 Vazão volumétrica de entrada
q2 Vazão volumétrica de saída
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1 INTRODUÇÃO
Uma das máquinas mais fascinantes do mundo pode ser considerada um veículo
motorizado sobre rodas, o carro, o qual atrai fãs por todos os continentes do planeta. Porém
nem todos aficcionados sabem que essa é uma máquina complexa que contempla muitos
sistemas, desde o sistema de tração ao chassi, da transmissão a roda. Neste ponto pode-se
parar um momento para focar em um sistema complexo, que está ligado diretamente ao rodar
do carro, ao conforto de seus passageiros e a performance final do veículo, este sistema é o
suspensão. Este que irá transmitir a sensação do bom proveito em andar em um carro.
O sistema de suspensão é composto por três itens principais, que são eles: os braços
de suspensão, as molas (ou feixes de molas) e o absorvedor de impactos, mais conhecido
como amortecedor. Os braços da suspensão fazem o ligação entre as rodas e o chassis, ou
seja, fazem a sustentação do carro. Já as molas trabalham para sustentar o veículo a
determinada distância em relação ao solo e promovem o deslizamento vertical das rodas,
quando transpõe obstáculos como buracos e elevações da pista. Quanto aos amortecedores,
eles auxiliam a mola e, consecutivamente, o conjunto chassis a permanecer em seu ponto de
equilíbrio, pois quando há uma agitação da mola, por causa de imperfeições do solo, ela tende
a oscilar em uma frequência livre, ou seja, oscilar em torno do seu ponto de equilíbrio, o que
causa desconforto aos passageiros e perda de controle do veículo. Por esse motivos que os
amortecedores entram em cena. Eles tem a função de dissipar energia vertical advinda das
molas, do chassis ou das rodas para que voltem ao ponto neutro o mais rápido possível. Como
John C. Dixon escreveu em um dos seus livros, com a aglomeração das massas e molas, o
carro constitui um sistema de vibração que precisa de amortecedores para aperfeiçoar o
controle do carro, impedindo respostas além do previsto e minimizando a influência de
algumas ressonâncias indesejáveis. Assim, o amortecedor se torna um objeto de estudos de
suma importância para tornar um veículo com bom equilíbrio e manobrabilidade. Os pneus
também são itens importantes no desenvolvimento do sistema de suspensão, pois em um
sistema dinâmico vibracional eles desempenham a função de uma mola para fins de cálculo.
O presente trabalho irá se deter exclusivamente ao amortecedor do sistema de
suspensão. Este que vem sendo estudado ao longo do século, passando desde o seu
desenvolvimento com sistema de fricção composto por discos de bronzes e couro
embebedados em óleo até os atuais sistemas hidráulicos. A evolução foi muito grande a
medida que os veículos foram passando a tomar mais importância em nossas vidas cotidianas
e tendo diferentes aplicações. Hoje, contando onde um amortecedor automotivo é utilizado
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seria necessário despender horas somente nisso, mas os presentes em nosso dia-a-dia são: os
carros de passeio, caminhões, veículos fora de estrada (off-road) e veículos de competição.
Neste ponto analisa-se cada veículo por sua demanda, ou seja, opera em condições específicas
e únicas para tal aplicação. Como exemplo, um carro de passeio, que precisa transmitir
conforto ao seus passageiros. Um veículo de competição, que não precisa de muito conforto,
porém necessita de performance, seja na aderência das rodas a pista e alta potência em seu
motor a ser transmitida aos pneus. Um veículo fora de estrada necessita transpor obstáculo
não comuns a estradas de asfalto devido ao terreno onde transita ser irregular. Assim, é nota-
se que cada aplicação está em diferentes estágios de desenvolvimento tecnológico e todos
necessitam de diferentes parâmetros para construção de seus amortecedores.
Por isso será apresentado a seguir uma aplicação específica de um conjunto de
amortecedores a um determina classe de carros que seria um misto de carro de competição
com carro off-road, que são denominados BAJA. Assim, o desenvolvimento do sistema de
amortecimento que será proposto nesse trabalho irá integrar o desenvolvimento do carro de
competição off-road da equipe BAJA UCS, e que atenda as normas da competição BAJA
SAE Brasil. A seguir, acompanhar-se-á o desenvolvimento de um amortecedor hidráulico
telescópico para trabalhar em terrenos acidentados e seus componentes específicos desde a
etapa de pesquisa teórica até os testes finais em um veículo real da equipe.
O carro da equipe BAJA UCS vem sendo desenvolvido ao longo dos anos por
diversos estudantes que fizeram parte da equipe. Assim todos contribuíram para que o
desenvolvimento dos componentes dos veículos atingisse o maior grau de desempenho
durante as competições. Porém a inviabilidade financeira fazia com que certos componentes
utilizados fossem iguais aos comerciais, deixando o desempenho de lado e buscando o
objetivo financeiro. Dentre esses componentes o amortecedor é um exemplo, que no último
desenvolvimento do carro utilizou-se de amortecedores comerciais de uma motocicleta
nacional, a Honda XT. Com estes amortecedores conseguia-se suprir a necessidade de serviço
deste componente, mas não deixava o veículo com boa estabilidade para transpor os obstáculo
e nem para fazer as curvas do circuito de testes com performance igual ao desejado. No geral,
a amortecedor era “mole”, ou seja, não conseguia realizar as transferências de pesos
necessitadas pelo veículo de modo adequado, deixando o piloto muito desgastado ao final da
corrida por ter que “brigar” com o carro para deixá-lo em sua trajetória adequada.
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Por isso, este trabalho vem de encontro aos objetivos da equipe BAJA UCS, que está
em fase de completo desenvolvimento de seu novo protótipo. Como a equipe deseja tornar o
seu carro competitivo, todos os componentes devem ser dimensionados corretamente para que
se obtenha bons resultados com a performance do carro. Assim, será realizado um trabalho de
pesquisa e desenvolvimento de um conjunto de amortecedores para o protótipo BAJA UCS.
Analisando desde a dinâmica veicular até as vibrações existentes neste modelo de carro para
que cada parte do amortecedor atenda as necessidades de esforços que serão submetidos, bem
como em sua fase de construção não exceda valores pré determinados pela equipe e que possa
ser substituído facilmente. Contudo, este trabalho terá o intuito de auxiliar a inovação do
veículo BAJA UCS para que resulte em conforto, performance e no prazer em dirigir este
novo carro nas competições BAJA SAE BRASIL.
1.2 – OBJETIVOS
Para atender o objetivo geral, serão estipulados alguns objetivos específicos os quais
serão tratados com maior detalhe neste trabalho, que são eles:
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os veículos desde seus princípios trafegaram por vielas, terrenos irregulares até que
fosse possível utilizar rodovias pavimentadas. No entanto, ao longo destes períodos um
componente, em especial, nos meios de transporte fora essencial para que os passageiros
tivessem o prazer em se deslocar com os mesmos e que as estruturas físicas dos veículos
perdurassem por mais tempo, este é o amortecedor.
Ao primeiro olhar para este componente, nunca se imagina que exista em sua
história mais de 100 anos de desenvolvimento. O amortecedor nem sempre foi este objeto
cilíndrico, composto de câmaras de vaso pressão onde estão dispostas as válvulas e o pistão
imersos em óleo como hoje se tem nos carros convencionais. Tudo começou antes de 1900
quando Truffault inventou o primeiro sistema de amortecimento de fricção a seco, que
possuía um formato de tesoura, Figura 1, onde era composto de duas hastes fixadas a um
mesmo eixo. Entre as hastes, no eixo central, eram postos alternadamente discos de bronze e
couro embebido em óleo tendo sua rigidez controlada pelo aperto do parafuso existente no
eixo. Assim, a história do amortecedor teve seu início (DIXON, 2007).
Após alguns anos, mais precisamente entre 1900 e 1903, Truffault desenvolveu esta
aplicação para carro, a fim de que tivesse uma produção em escala. Isto começou na empresa
do senhor E. V. Hartford, nos Estados Unidos, em 1904. Como Truffault era uma pessoa
visionária logo percebeu o potencial comercial do seu invento, assim neste mesmo ano ele
licenciou alguns fabricantes na Europa para produção do sistema, incluindo as montadoras
5
francesas Mors e Peugeot. Até que em 1906, este mesmo sistema foi utilizado em âmbito de
competição no Grande Prêmio Renault.
Em 1909 ocorreu a primeira invenção de um sistema hidráulico para amortecimento
dos impactos das rodovias, através do Houdaille Vane, Figura 2, de simples ação. Este obteve
certo sucesso nos carros, porém não sobrepunham os sistemas de fricção a disco.
Fonte: DIXON,2007.
Avaliando a história do amortecedor pode-se ver que possui projetos distintos e que
alguns ganharam ou perderam notoriedade. Listando os principais modelos, tem-se os
seguintes:
Essa é a função básica que os amortecedores bitubulares possuem, além disso, eles
possuem um diferencial em relação aos monotubulares, que serão explicados posteriormente,
pois possuem duas válvulas, uma destinada a compressão e outra para o rebote. Isto gera
maior possibilidade de variação, aumentando o nível de customização dos amortecedores.
Porém, em meio a uma série de vantagens os amortecedores bitubulares possuem
desvantagens, (BENAZIZ, 2014, IEZZO, 2010), como:
do cilindro recebe uma quantidade de gás, tornando-o uma emulsão de gás e óleo como fluído
de trabalho, Figura 8. Diferentemente dos bitubulares, os monotubulares possuem uma só
válvula para efetuar o trabalho de compressão e rebote. Isto o deixa em desvantagem na
adaptação dos projetos para um determinado uso, mas reduz a massa do amortecedor, o que
em muitos casos é de extrema valia, como no caso de carros destinados a competição tanto em
pista de asfalto quanto em modelos off-road. Dentre os modelos monotubulares, este é o
menos utilizado, já que a emulsão de gás e óleo torna mais complicada a montagem e a
regulagem da pressão adequada de trabalho, além do que há alta probabilidade de cavitação
do fluído (BASTOW; HOWARD; WHITEHEAD, 2004).
O amortecedor monotubular com pistão flutuante, também, possui alta força estática,
pois a câmara de gás trabalha a alta pressão entre 25 e 30 bar. Além dos pontos avaliados
acima, este tipo de amortecedor o deixa apto para utilização devido a outros fatores:
A suspensão não é o alvo de estudo deste trabalho, porém o amortecedor que está
sendo analisado, é acoplado a ela, o que faz necessário citá-la. Caso seja preciso fazer um
desenvolvimento específico dela, precisaria de uma abrangência muito maior, já que suas
condições de operação são muito variadas e conflitantes ao mesmo tempo, como: aceleração e
frenagem; percursos retilíneos e/ou sinuosos; estradas boas ou ruins.
Ao fazer uma reflexão sobre os principais objetivos e esforços envolvidos no sistema
de suspensão tem-se a absorção de vibrações e de choques das rodas, como os principais.
Porém dentro de um desenvolvimento do conjunto de suspensão sempre se possui um foco
principal, no caso de projetar um sistema para carros comerciais, visa-se o conforto dos
passageiros que estarão trafegando nele, já em veículos de competição, como é o estudo a ser
feito neste trabalho, procura-se melhor ride e grip em relação à roda e o terreno, tudo para se
obter o melhor desempenho possível do conjunto carro. No entanto, um carro comercial
também deve possuir boas características de aderência à pista, mas não a níveis extremos,
pois o mesmo não é preparado atuar em manobras bruscas como as ocorridas em competições
automobilísticas (BASTOW; HOWARD; WHITEHEAD, 2004, DIXON, 2007).
Como Gillespie, 1992, citou as propriedades de uma suspensão que importam a
dinâmica do veículo estão relacionadas principalmente com o seu comportamento cinemático
(movimento) e sua resposta às forças e momentos que são transmitidos dos pneus ao chassi.
A partir desta citação de Gillespie, 1992, é possível acrescentar mais alguns detalhes
na transmissão de forças do pneu ao chassi. Inclui-se neste quesito uma boa estabilidade
lateral e longitudinal juntamente com a resistência ao rolamento. Além disso, é a suspensão
que provê a sustentação do peso estático do veículo para ter um espaço livre entre a parte
inferior do veículo e a pista.
As principais funções do sistema de suspensão foram citados acima, agora será
apresentado os tipos de suspensão e quais são utilizadas no carro da equipe BAJA UCS.
Este sistema tem como principal característica, a união das rodas a um mesmo eixo,
o que a torna dependentes. Quando uma das rodas transpõe um obstáculo, o movimento será
totalmente transmitido a outra.
A aplicação deste sistema ainda é amplamente utilizada em caminhões e em alguns
carros nos eixos traseiros. Porém, como eixo dianteiro, os eixos rígidos não possuem muitas
aplicações. Os poucos veículos que a utilizam são somente automóveis com tração integral e
caminhões conhecidos como fora de estrada, que requerem alta capacidade de carregamento.
Observando as vantagens deste modelos, é possível verificar que a angulação
(camber) da roda não modifica em função do rolamento da carroceria, mas em curvas há um
pequeno camber, exceto quando há grande carga sobre o pneu que está do lado externo da
curva. Quanto à desvantagem dos eixos rígidos é o possível surgimento de vibrações
indesejadas no sistema (IEZZO, 2010).
Dentro da classificação de suspensão dependente existe uma subclassificação, que
são os modelos específicos, como exemplos: Hotchkiss, Four Link e De Dion.
Suspensão independente
Este tipo de suspensão possui uma forma de trabalho totalmente diferente comparada
com as suspensões dependentes. Primeiramente, as suspensões independentes, como o próprio
nome revela, faz com que cada roda se movimente sem que interfira nas outras. Isto faz que
seja utilizada na grande maioria dos veículos para passageiros e caminhos leves, devido a
diversos fatores, como:
ainda mais que elas produzem a manutenção do contato do pneu com o solo, especialmente
nas curvas em terrenos irregulares (IEZZO, 2010).
No mundo da suspensão independente existem diversos modelos, como: suspensão
tipo McPherson; traseira de eixo com braços arrastados (Trailing-Arm Rear Axle Suspension);
traseira de eixo com braços semiarrasados (Semi-Trailing-Arm Rear Axle Suspension); eixo
articulado (Swing Axle); Duplo “A” (Double Wishbone); Multi-Link.
As duas últimas serão explicadas na sequência, já que são utilizadas no protótipo
BAJA UCS.
O tipo suspensão duplo “A”, figura 10, é composta por duas ligações transversais
(braços de controle) em ambos os lados do veículo, que são montadas para giras sobre o
quadro da suspensão e, no caso do eixo da frente, estão conectadas no exterior à junta de
direção ou giratória através de juntas articuladas esféricas (REIMPELL et al., 2001).
Atualmente, este tipo de suspensão é muito utilizado em carros na parte dianteira por
necessitar de pouco espaço para montagem, já que a maioria dos carros utilizam motores
frontais.
O motivo da utilização da suspensão duplo “A” no projeto do veículo BAJA é a
flexibilização que ele proporciona para mudança de angulação das rodas, já que os braços (os
“A” do sistema) de suporte podem ter comprimentos diferentes, assim os superiores são,
normalmente, menores que inferiores, proporcionando camber negativo, facilitando o contato
das rodas com o piso na curvas. Além disso, caso ela possua o centro de arfagem (pitch pole)
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Onde:
- Ponto E : local de fixação do braço superior da suspensão duplo A;
- Ponto G : local de fixação do braço inferior da suspensão duplo A;
- Ponto Or : linha horizontal no centro da roda;
- Ponto H : eixo de transmissão para a roda;
- variável r : raio efetivo da roda (cm).
Sistema de suspensão que utiliza até cinco barras (braços articulados) para realizar a
união entre a roda e o chassi juntamente para controlar as forças e torques a serem
transmitidos ao chassi, figura 12.
Este modelo de suspensão foi criado em 1982 pela empresa Mercedes-Benz e até
hoje consta em seus projetos de carros.
O Multi-link possui diversas vantagens, começando por ser um tipo de suspensão
independente, mas além disso, tem características de efeito anti-mergulho, anti-levantamento
e anti-afundamento durante acelerações e frenagens, o que faz o veículo reduzir as perdas de
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energia cinética durante estes movimentos tornando o carro mais facilmente controlável. Fora
isso, proporciona bom controle em relação à convergência e angulação das rodas. Já as
desvantagens do sistema são o custo elevado, assim é mais provável encontrá-lo em carros
mais sofisticados, e possui maior sensibilidade ao desgaste dos rolamentos (IEZZO, 2010).
a) Corpo;
b) Pistão;
c) Haste;
d) Pistão Flutuante;
e) Válvulas.
2.5.1 Corpo
2.5.2 Pistão
O pistão possui duas funções na parte interna do corpo do amortecedor, local onde
ele é disposto. A principal função é servir de passagem para o fluído, normalmente óleo, que
passa de uma câmara a outra durante o trabalho do conjunto. Nele há canais, ou orifício, por
onde o óleo transcorre, assim dificultando a passagem do mesmo gerando forças contra as
exercidas pela mola, absorvendo energia e dando ao amortecedor a sua característica de
funcionamento. Além desta função, o pistão funciona como um separador de câmaras, pois
durante o movimento de extensão e contração da haste, o óleo transferido entre as câmaras
não pode retornar naturalmente a câmara onde estava anteriormente, somente quando o
veículo passa por um desnível, excitando o amortecedor. Com isso, a câmara do amortecedor
fica sub dividida em outras duas (DIXON, 2007).
2.5.3 Haste
câmara pode comprimir, fazendo o volume das câmaras onde o fluído está localizado, se
modificar. Outro ponto importante é para evitar a cavitação do óleo da câmara principal e,
também, para evitar o final de curso, caso ocorra um deslocamento abrupto e forte da roda
(DIXON, 2007).
2.5.5 Válvulas
As válvulas são discos de baixa espessura montados tanto na parte superior quanto na
parte inferior do pistão. O conjunto válvula é um agregado de várias placas com diâmetros
variados a fim de ter a forma piramidal para que juntas formem um bloqueio aos canais
existentes no pistão. Conforme a velocidade vertical do pistão e a velocidade com que o óleo
passa pelos canais, as placas vão cedendo e liberando controladamente a passagem do óleo a
medida que há compressão ou rebote da haste. Exercendo a função, as válvulas controlam a
transição do amortecimento de baixa para o de alta velocidade em função do perfil e do
deslocamento vertical da roda na pista (DIXON, 2007).
Todo veículo motorizado que possui contato com uma superfície passa a sofrer
forças tanto internas como externas, devido ao atrito ou irregularidades da pista, que é a maior
fonte de vibrações e ruídos para o veículo. As vibrações começam a gerar no carro
desequilíbrio que deve ser minimizados pelos seus componentes internos. O principal
componente que deve efetuar esse trabalho é o amortecedor, no entanto, os demais itens do
veículo tem a capacidade de dissipação das energias vibracionais, cerca de 5 a 15%, mas não
o suficiente para transmitir aos ocupantes, conforto e ao motorista segurança em sua
dirigibilidade (PERSEGUIM, 2006). Por isso, na etapa de desenvolvimento de uma veículo é
de suma importância ter atenção na avaliação das forças que serão impostas ao carro para
projetar corretamente os itens que atuarão contra elas ou minimizarão seus efeitos no
conjunto. Para que seja possível mensurar esses valores é necessário realizar análise da
dinâmica do veículo, bem como o comportamento perante as vibrações mecânicas no carro.
Assim, neste capítulo, será comentado progressivamente o foco no presente trabalho
avaliando as questões pertinentes para o desenvolvimento correto de um amortecedor
monotubular com pistão flutuante.
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2.6.1.1 Conforto
2.6.1.2 Dirigibilidade
Na época das carruagens todo conjunto do carro era ligado por conexões fixas, sejam
elas soldadas ou parafusadas, o que fazia o veículo possuir somente uma única massa. Porém
com a implementação do sistema de suspensão nas carruagens, a massa do carro necessitou
ser divida em dois: massa suspensa e massa não-suspensa.
Massa suspensa é o conjunto de itens que estão acima da suspensão, inclui-se nele o
chassi, motor, passageiro e cargas. Essa divisão tem que ser realizada pelo motivo de não
estar conectada diretamente ao piso e, sim, as molas e os amortecedores. Isto faz que este
corpo não reaja de forma idêntica aos que estão em contato com o solo, ficando dependentes
das reações existentes no conjunto de amortecimento da suspensão.
Massa não-suspensa é o conjunto que está em contato direto com o solo, recebendo
forças diretas das irregularidades da pista. Este conjunto é composto pelas massas dos pneus,
rodas e sistemas de suspensão.
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Essa divisão deve ser feita para garantir melhor acuracidade no modelo dinâmico,
que será apresentado na sequência, e para mensurar as reações das forças no veículo
(PERSEGUIM, 2006, MILLIKEN; MILLIKEN, 1995).
Como o amortecedor foi importado dos sistemas de avião, a base dos graus de
liberdade de um veículo não foi diferente. Baseado nas aeronaves é que obteve-se os eixos e
as nomeações das rotações no centro dos eixos. Como é possível verificar na figura 13.
Onde:
- eixo x: velocidade horizontal e velocidade de rolagem;
- eixo y: velocidade lateral e velocidade de arfagem;
- eixo z: velocidade vertical e velocidade de guinada;
Em um carro toda a sua massa esta distribuída em sua área de ocupação, porém a
distribuição não é uniforme, tornando o veículo assimétrico. Voltando as propriedades de
análise de um sólido, caso exista uma distribuição uniforme de carga em uma determinada
área, pode-se dizer que o centro de massa está no centro da peça. Nos veículos é, basicamente,
o mesmo, porém pela assimetria das massas envolvidas, o centro de massa do veículo é
variado de caso a caso. Nos veículos automotores, este centro de massa é denominado Centro
de Gravidade (CG) e cada carro possui o seu, uns sendo mais para frente do carro, outros mais
a trás, uns perto ao solo ou distante dele. Isto é muito importante na configuração do veículo,
pois a partir disso é possível determinar as suas características dinâmicas e prever como ele
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irá se comportar quando há uma frenagem brusca ou uma curva de alta velocidade com
grande raio (DIXON, 2007, MILLIKEN; MILLIKEN, 1995).
No entanto, o presente trabalho está focado no desenvolvimento dos amortecedores,
assim o eixo a ser analisado será somente o z, pois nele é onde os amortecedores atuam e os
esforços a ele são transmitidos. Com isso, pode-se explorar a dinâmica do carro com menor
número de graus de liberdade, não deixando a acuracidade de lado.
Este é o modelo mais simplificado que pode-se ter para fazer uma análise dinâmica
de um carro, já que nele contempla-se somente uma das rodas do veículo e a massa que ela
deve carregar, figura 14.
No modelo de análise de carro a ser utilizado neste projeto (modelo de 1/4 de carro),
o pneu será considerado exclusivamente com o coeficiente de rigidez do pneu, obtido através
de ensaios em laboratório. Porém o coeficiente de amortecimento do pneu será
desconsiderado, pois o seu valor é muito pequeno quando comparado com o valor do
amortecimento do amortecedor principal do sistema de suspensão do veículo (FREITAS
JUNIOR, 2006).
A partir, deste ponto pode-se começar a fazer análises para desenvolver a melhor
solução para o projeto de um veículo. E nele é que este trabalho estará baseado para conseguir
os resultados pretendidos.
(1)
2.6.2.5 Transmissibilidade
√ (2)
Onde r:
(3)
Uma das variáveis primordiais para que seja analisado o comportamento dinâmico de
um veículo é a frequência natural não amortecida (ωn), normalmente chamada por frequência
natural. Segundo Milliken; Milliken (1995), esta frequência com determinada massa oscila
sobre a referência zero, mas se a massa é forçada para baixo ou para cima, ela irá se mover
infinitamente desde que não tenha nada para dissipar a energia que estão nas molas. A partir
disso obtêm-se a equação:
√ (4)
veículos, pois após o amortecedor ser excitado ele retorna ao equilíbrio diretamente, não
realizando o mínimo de oscilação necessária para gerar conforto aos passageiros e é utilizado
em carros que possuem forças aerodinâmicas expressivas a serem levadas em conta nos
modelos de análise (exemplo são os carros de Fórmula 1). Assim, pode-se avaliar qual é o
melhor amortecimento que deva ser utilizado em um amortecedor de veículo para uma
aplicação específica.
O modelo dinâmico é o princípio para qualquer investigação que venha a ser feita na
área automotiva, a partir dele consegue-se encontrar as respostas para o desenvolvimento de
diversos componentes do veículo, bem como é estabelecido parâmetros que influenciaram
outras partes do conjunto indiretamente.
Neste trabalho não é diferente, para análise dinâmica do veículo e para estabelecer o
coeficiente de amortecimento de cada conjunto de amortecedor (frontal e traseiro) será
utilizado o modelo de um quarto de veículo com dois graus de liberdade, figura 14. Este
modelo baseia-se em um sistema massa-mola-amortecedor com excitação da base, referente a
oscilação proporcionada pela pista. Assim, será possível obter equações que gerem os
resultados do coeficiente de amortecimento para encontrar no final do trabalho um modelo
real eficiente.
Para que seja modelado o sistema é necessário compreender a equação base de um
sistema massa-mola-amortecedor:
̈ ̇ (5)
Para simplificar o sistema divide-se a equação pela massa obtendo, assim, o seguinte
resultado:
̈ ̇ (6)
(7)
√
Para solução do modelo utiliza-se a equação 8, que é para o caso de conjuntos sub-
amortecidos. Em veículo, o sub-amorteceimento torna-se a melhor opção, pois reduz a
amplitude do amortecimento do carro de modo gradativo até alcançar a estabilidade.
(8)
√ (9)
Assim, a partir das equações acima, será possível formular novas equações e
matrizes para chegar ao resultado desejado de um veículo com bons parâmetros de
dirigibilidade (RAO, 2009, DIXON, 2007, ROCHA, 2004).
as pressões dentro dos níveis aceitos, assim não provocando a cavitação do fluído (DIXON,
2007, SIMMS; CROLLA, 2002).
2.8.1.1 Densidade
(10)
30
2.8.1.2 Compressibilidade
2.8.1.3 Viscosidade
(11)
(12)
(13)
(14)
[ ( ) ]
A rugosidade da superfície do tubo, a não ser quando seja extrema, tem pouco ou
quase nenhum efeito na queda de pressão no escoamento laminar, porém no turbulento, a
situação é mais complicada, assim tanto a rugosidade quanto o número de Reynolds afetam a
queda de pressão.
conhecida como a Lei de Conservação de Massa diz, basicamente, que a soma das massas que
estão entrando no tubo, devem ser iguais à soma das massas que estão saindo. Por isso,
obtêm-se a equação 15.
(15)
(16)
(17)
Onde:
- u : velocidade no orifício do canal (m/s).
Caso a borda de entrada do canal seja em 90º, devido a maior perda, o fator k muda e
passa a ser obtido pela equação 18 e, assim, a perda pela equação 19.
(18)
(19)
Além de possuir maior perda, as bordas a 90º geram um vórtice logo após a entrada do
fluído ao canal, que se chama vena contracta, (DIXON, 2007). Este vórtice faz que a entrada
do fluído seja reduzida a valores menores que o diâmetro efetivo do canal, conforme figura
19. Os vórtices geram uma zona onde a seção transversal do escoamento seja mínima e que
possua velocidade máxima, e a pressão estática seja igual a de saída para o reservatório. Esta
é uma zona onde o óleo não possui acesso, restringindo a sua entrada do mesmo.
Agora, as perdas na saída dos canais do pistão são geradas pela expansão
descontrolada do fluído, quando o óleo passa de uma pequena área do orifício para uma
grande área, as sub-camaras, gerando, também, a dissipação de energia cinética do fluído em
forma de calor. Nos casos onde esta expansão se dá em bordas sem arredondamento, a perda é
calculada pela equação 20 e 21.
35
(20)
(21)
Outra perda considerável que deve ser incorporada a diferença de pressão resultante da
passagem do fluído pelos orifícios das válvulas é as perdas distribuídas (hL), que nada mais é
do que as perdas causadas pelo atrito entre o fluído e as paredes do pistão. Assim, juntamente
com o fator de atrito ( ), equações 13 e 14, torna-se possível mensurada a perda localizada
através da equação 22.
(22)
Onde:
- L : comprimento do canal (m);
- D : diâmetro do orifício do canal (m);
- u : velocidade do fluído no canal (m/s).
Após todas as perdas serem contabilizadas consegue-se rearranjar a equação de perda
de pressão total do processo durante a passagem do fluído nos canais do pistão conforme
equação 23 (FOX; MCDONALD, 2001).
(23)
* +
Onde:
- : número de orifícios abertos no movimento.
Assim, com os resultados provocados pela passagem do fluído pelos canais do pistão é
possível obter respostas das forças que o amortecedor terá que realizar para o veículo trafegar
pelas pistas de competição do BAJA SAE BRASIL em condições próximas as ideias. E,
assim, provar a acuracidade do projeto desenvolvido no presente trabalho.
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3 PROPOSTA DE CONTINUIDADE
Para fazer esta etapa será utilizado o software MATLAB, a fim de acelerar o
processamento dos cálculos e, também, com os recursos nele disponíveis será possível
conseguir resultados otimizados. Como o software é programável, pode-se analisar mais de
uma variável em uma mesma rotina de programa, assim, o resultado obtido já será o melhor
entre as variáveis analisadas no processo.
Esta será a segunda etapa de análise do projeto. Com os resultados obtidos no item
3.1, utilizar-se-á outros dois softwares onde será possível fazer a análise dinâmica do
amortecedor idealizado. Os softwares ADAMS e CARSIM serão utilizados nesta etapa. Para
que seja possível fazer a análise é necessário ter um modelo de carro onde os softwares
utilizarão como base, este modelo a equipe BAJA UCS já possui. Assim somente serão
modificadas as informações obtidas nos cálculos analíticos a fim de obter resultados na
dinâmica do carro.
Antes que os amortecedores escolhidos por meio do QFD sejam instalados no carro
BAJA UCS é necesário realizar testes preliminares em bancada para que seja feito o
levantamento das curvas de amortecimento e rigidez da mola para comparação de resultados
com o estudado nos cálculos analíticos. Além disso, será feito teste de rigidez do pneu para
que seja conhecido o coeficiente adequado a se utilizar nos cálculos vibracionais e para
analisar qual é a pressão adequada que os pneus devem trabalhar durante os testes e na
competição.
Para obtenção dos dados será necessário utilizar instrumentos de medição, como
acelerômetros, conforme figura 23, para obter dados de posicionamento do amortecedor e a
partir disto realizar cálculos de aceleração e forças atuantes no mesmo. O acelerômetro, torna-
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Os filtros que deverão atuar junto a coleta de dados necessitarão de cuidado especial
para que somente informações relevantes sejam adquiridas, assim os erros serão minimizados.
Após os testes de campo e as coletas de dados, será necessário fazer uma comparação
de resultados para analisar a acuracidade do projeto, bem como, melhorá-lo em outro
momento. Como estes amortecedores serão utilizados no carro BAJA UCS, ou seja, em nível
de competição esta é uma etapa fundamental para que o projeto dos amortecedores seja
qualificado e homologado pela equipe devidamente.
3.6 CRONOGRAMA
Para melhor andamento do trabalho proposto nesta seção é de grande avalia elaborar
um cronograma para que seja possível a entrega dos estudos dentro da data prevista.
Cronograma:
- Julho, Agosto e Setembro: desenvolvimento dos cálculos analíticos e dinâmicos;
- Setembro: testes de bancada dos amortecedores;
- Outubro: montagem dos amortecedores e testes de campo;
- Novembro: análise e discussão dos resultados adquiridos.
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