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Tropa de Elite

O filme Tropa de Elite é uma obra que descreve fatos ocorridos na segurança pública do
Estado do Rio de Janeiro na década de 90, durante a visita que o Papa João Paulo ll
realizou a Capital Carioca. Sua narrativa é intensa em sua descrição da realidade diária
da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro – PMERJ, totalmente paltada em
situações que, segundo o autor, baseiam-se em relatos de fatos reais, que lhe foram
feitos por Policiais Militares. O personagem central da trama é um Capitão PM do
Batalhão de Operações Especiais (BOPE), Tropa de Elite da Policia Militar carioca,
considerada internacionalmente como a melhor força de Combate Urbano do Mundo. A
narrativa é intensa e gira em torno do personagem central o Capitão Nascimento, que
motivado pelo nascimento de seu filho resolve deixar as atividades do Batalhão, mas
para isto é necessário que ele encontre um substituto que tenha os seus ideais de honra e
profissionalismo. Contudo, em uma polícia permeada pela corrupção, esta busca acaba
se transformando em uma missão quase impossível. Finalmente, ele encontra dois
jovens Aspirantes a Oficial, que se enquadram nas características necessárias em um
Policial Militar do BOPE da PM do Rio de Janeiro, estes Aspirantes, por força do
destino, acabam sendo conduzidos ao Curso de Operações Especiais que é coordenado
pelo Capitão Nascimento. O filme além de fazer uma crítica a corrupção da polícia
carioca, também mostra a hipocrisia da classe média, representa por estudantes
universitários, que criticam a violência policial, mas, no enredo do filme - que não está
longe da realidade da sociedade carioca – estes mesmos estudantes, realizam o consumo
e o tráfico de drogas nas festas estudantis e na própria universidade, e assim
favorecendo a violência urbana carioca. Tropa de Elite é uma obra de ficção que
expõem as entranhas de uma corporação policial que existe no Brasil a duzentos anos
(Criada em 1808 por D. João VI). A PMERJ tem em seus quadros muitos policiais
honestos e valorosos, contudo, os maus policiais existem, como em qualquer
organização policial no mundo, e estes policiais corruptos é que são denunciados no
filme.

O Brasil sob pena de morte - O filme Tropa de Elite, taxado por muitos como fascista,
na verdade pode ser considerado genial. Se não, vejamos. O enredo conta a história de
um traficante em um morro do Rio de Janeiro, que por desenrolares da trama acaba
matando um policial da tropa de elite da polícia fluminense. Companheiros do colega
morto sobem o morro. Várias torturas e mortes (de suspeitos e civis que nada têm a ver
com o caso) depois, encontram o assassino, e o liquidam. No entanto, enquanto
aparentemente mostra o bom-mocismo da tropa de elite, o diretor José Padilha revela
todos os podres da polícia fluminense, nem mais nem menos do que a de resto no país.
Os críticos engajados acusaram o diretor de fascista. Não entendi. Ele expôs cruamente
e ao mundo todo a corrupção dentro da polícia brasileira, a tortura durante os
treinamentos das tropas de elite, a matança indiscriminada de civis e suspeitos nos
morros de um país que não tem pena e, supostamente, nem a de morte, a corrupção, o
crime oficializado, a proposital mediocridade das autoridades... Quem é fascista?
Façamos, então, uma comparação. Cada vez que o competente repórter Caco Barcellos
lança um livro-denúncia (Rota 66, a história da polícia que mata), indo direto aos
mesmos temas abordados por José Padilha, o jornalista tem que se esconder, fugindo
das ameaças dos denunciados, sempre dos mesmos órgãos de segurança do país. Após a
prolongada e disseminada exibição do filme, José Padilha teve que se esconder, passar
uma temporada fora do país? Claro que não, pois foi tão sutil na sua denúncia, que sob a
ótica do povo brasileiro, incluindo-se aí a polícia e as autoridades (!?), o herói da
história é o Capitão Nascimento. Em uma leitura superficial, Capitão Nascimento,
responsável pela Tropa de Elite, é incensado, alçado ao status de herói, defendendo
frágeis valores de uma massa ignara e indefesa. Uma observação mais aprofundada,
nem tanto intelectualizada, mostra que Tropa de Elite, na verdade, é um filme de anti-
heróis, cada qual dando um jeito no que não tem jeito para suportar um país cada vez
mais perverso. O filme mostra povos do morro e do asfalto, polícia, traficantes, e nós,
que o assistimos. Se a vida vale nada no morro, vale nada em qualquer lugar do país,
evidencia José Padilha. Amanhã ou depois, a bala perdida, a tortura, o estupro, o
terrorismo de Estado podem levar a sua, a minha, a nossa alma. E pouca gente se dá
conta disso. Se a vida vale nada em qualquer recanto brasileiro, e Tropa de Elite mostra
muito bem isso, então nascer, estudar, trabalhar, pagar impostos, ter filhos, apostar,
sonhar, não vale a pena. Logo, no Brasil, se vive sob pena de morte

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