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ECV 120 – Estruturas Metálicas

Aços Estruturais e Perfis Estruturais

Profa.: Maila Aparecida Pereira da Silva


mailapereira@gmail.com
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

Ao final deste tópico o estudante será capaz de:

 Compreender o comportamento do aço e suas propriedades mecânicas;

 Conhecer os aços empregados estruturalmente e suas aplicações;

 Diferenciar os tipos de perfis estruturais quanto ao processo de fabricação;

 Compreender a nomenclatura dos perfis estruturais.

 Explicar o processo e tensões residuais nos perfis..


Aços Estruturais e Perfis Estruturais

DEFINIÇÃO
Denomina-se aços estruturais aqueles que, devido a sua resistência, ductilidade e outras propriedades
mecânicas, são utilizados como elementos estruturais.

 Quanto às propriedade mecânicas  Quanto durabilidade

• Resistência mecânica • Soldabilidade • Resistência a corrosão


• Ductilidade • Dureza superficial  Quanto ao fator econômico
• Tenacidade • Homogeneidade • Ter custo competitivo
• Resiliência
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS

1) Sob Tensão Normal:


• ensaios de tração sob temperatura atmosférica
• corpos de prova apropriados isentos de
tensão residual
 No regime elástico, o aço segue a Lei de Hooke, o que
significa que deformações e tensões seguem a seguinte
relação linear:
  E
 E (módulo de elasticidade ou módulo de Young) é uma
constante de valor 200.000 MPa

 O aço atinge deformações da ordem de 0,12% a 0,20 %


Aços Estruturais e Perfis Estruturais

PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS

1) Sob Tensão Normal:


 O regime plástico, se divide nas fases de Escoamento
e Encruamento.

 A fase de escoamento acontece quando o aço sofre


deformações permanentes sobre tensão constante
chamada tensão de escoamento caracterizando o
patamar de escoamento.
As deformações são de 1 a 5%.

 Se houver descarregamento, ele ocorre segundo uma


reta praticamente paralela ao segmento reto inicial,
havendo portanto uma deformação residual.
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS

1) Sob Tensão Normal:


 A fase de encruamento, acontece devido a um
revigoramento do aço. A tensão volta a crescer com a
deformação, porém sem proporcionalidade. O aço
atinge a tensão mais elevada chamada de resistência à
ruptura (resistência última) fu.

 As deformações são da ordem de 20 a 30%.

 A estricção ocorre após o aço atingir o limite de


resistência (fu), a área da seção transversal na região
central do corpo de prova começa a reduzir
rapidamente e a tensão diminui até o rompimento do
corpo de prova.

 As deformações atuantes variam de 15 a 40%.


Aços Estruturais e Perfis Estruturais

PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS

2) Sob Tensão de cisalhamento:


 O diagrama tensão × deformação obtido para as tensões de cisalhamento é bastante similar àquele relacionado às
tensões normais.
 No regime elástico a constante de proporcionalidade é o Módulo de elasticidade transversal (módulo de rigidez
(G) igual a 77000MPa
E
G   G
2 1  

  (coeficiente de Poisson), que vale 0,3 em regime elástico.


 A resistência ao escoamento por cisalhamento (fvy), varia entre 1/2 e 5/8 da resistência ao escoamento à tensão
normal ( fy). É possível chegar teoricamente ao seguinte valor, tradicionalmente usado em projetos estruturais:
1
f vy  f y  0, 6 f y
3
 A resistência última por cisalhamento (fuv), situa-se entre a 2/3 e 3/4 da resistência a ruptura à tensão normal
( fy). Na prática adota-se:
fuv  0, 6 f y
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PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS

2) Constantes Físicas:

Os aços estruturais apresentam os seguintes valores:

 Massa específica:
  7850 kg/m3

 Peso específico:

  77 kN/m3

 Coeficiente de dilatação térmica:


  12 106 /°C
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CLASSIFICAÇÃO
Os aços estruturais normalmente usados no Brasil, em função da qualidade proporcionada pelas diferenças em sua
composição química são classificados como:

• Aços-carbono;
• Aços de baixa liga e alta resistência mecânica.

Além do mais, esses aços podem possuir melhora em sua resistência à corrosão, sendo nesse caso denominados
de Aços resistentes à corrosão atmosférica .

Os aços podem ainda ser resistentes ao fogo apresentando degenerescência das propriedades mecânicas inferior
aos demais aços.

A NBR 8800:2008 exige que os aços estruturais utilizados (devido a questões de soldabilidade e ductilidade)
possuam:

• Resistência ao escoamento máxima de 450 MPa.


• Relação mínima fu/fy = 1,18.
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CLASSIFICAÇÃO

 Aços-carbono:

• Também chamados de aços comuns e de aços de média resistência mecânica


• O nível de resistência desses aços se deve principalmente à presença do carbono, a uma quantidade entre
0,15% e 0,29%, e do manganês em porcentagem máxima de 1,5%. Também costumam possuir silício, cobre,
fósforo e enxofre.

• Apresentam resistência ao escoamento máxima de 300 MPa

 Aços de baixa liga e alta resistência mecânica:

• Também conhecidos como aços microligados ou simplesmente aços de alta resistência

• O teor de carbono entre 0,05% e 0,25% e de manganês inferior a 2%, acrescidos de elementos de liga

• Têm propriedades mecânicas superiores às dos aços-carbono com baixo custo de produção.

• Apresentam resistência ao escoamento máxima entre 275 MPa e 450 MPa


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CLASSIFICAÇÃO

 Aços resistentes à corrosão atmosférica:

• Os aços resistentes à corrosão atmosférica também são conhecidos como aços patináveis e, exceto nos
ambientes que impedem a formação da pátina, podem ser utilizados sem pintura ou sem qualquer outro
tipo de proteção.

• A pátina não se desenvolve em ambientes muito agressivos como em indústrias onde a concentração de
enxofre supera 250 mg/m³ e em ambientes marinhos com taxa de deposição de cloretos superior a 300 mg/m³.

https://www.aecweb.com.br/tematico/img_figuras/aplicacao-do-aco-corten-
patinavel$$12834.jpg
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

CLASSIFICAÇÃO

 Aços normatizados:

• Nos aços previstos na NBR 7007:2002, a sigla MR significa média resistência mecânica, a sigla AR, alta
resistência mecânica e a sigla COR, resistência à corrosão atmosférica.
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

CLASSIFICAÇÃO

 Aços normatizados:

• A ABNT NBR 8800:2008 permite o


emprego de aços estruturais de
especificação norte-americana ASTM
(American Society for Testing and
Materials).
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

CLASSIFICAÇÃO

 Aços normatizados:

• Aços estruturais produzidos por siderúrgicas brasileira Usiminas e CSN


Aços Estruturais e Perfis Estruturais

PERFIS ESTRUTURAIS DE AÇO

Os perfis estruturais de aço previstos pela ABNT NBR 8800:2008 podem ser classificados, segundo o modo de
obtenção, como perfis laminados e perfis soldados.

 Perfis laminados

• São obtidos por meio da laminação que consiste em um processo de transformação mecânica que altera a
forma do corpo metálico.

• As chapas são obtidas a partir da laminação a quente de uma placa de dimensões


maiores, com temperatura geralmente superior a 1.000 oC

• Na passagem pelos cilindros, a peça é comprimida no sentido transversal — o que


resulta em um efeito de homogeneização física e eliminação de defeitos locais — e
estendida no sentido longitudinal — o que gera alongamento significativo
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

PERFIS ESTRUTURAIS DE AÇO

• Os perfis de seções I, H, U e L são obtidos de forma


similar às chapas, mas a partir de blocos, com o uso de
cilindros de diâmetro variável para perfis I e H .

• As barras redondas são geralmente


obtidas a partir de tarugos, com o
emprego de cilindros com ranhuras.
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PERFIS ESTRUTURAIS DE AÇO


 Perfis produzidos no Brasil

• Chapas

• Perfis de seção aberta

 Perfis I de faces inclinadas


 Perfis U
 Perfis L (cantoneiras)
 Perfis I e H de faces paralelas

• Barras redondas
 Lisas
 Nervuradas
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PERFIS ESTRUTURAIS DE AÇO

▶ Chapas
• As chapas podem ser grossas (espessura ≥ 4,75 mm) ou finas
(espessura < 4,75 mm)
• As chapas finas são utilizadas na fabricação de perfis formados a frio

• As chapas grossas são fornecidas geralmente como peças retangulares


de 12 m de comprimento e 3,2 m de largura

• Uma chapa é definida por meio do símbolo


CH, seguido da espessura em milímetros
(por exemplo: CH 16).

• A espessura pode ser acompanhada pela largura


e pelo comprimento da peça, em mm (por
exemplo: CH 16 x 500 x 2.000)
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PERFIS ESTRUTURAIS DE AÇO

▶ Perfis de seção aberta


 Perfis I e H de faces inclinadas (padrão americano)

• Obedecem a uma antiga padronização norte-americana (a face interna das


mesas não é paralela à externa) .
• A altura (d) varia entre 76,2 mm (3”) e 508 mm (20”).
• O perfil I é especificado pelo seu símbolo (I), seguido da altura (d), em mm, e da
massa linear, em kg/m (por exemplo: I 127 x 14,8).

• Para cada altura há mais de uma seção transversal distinta, em função da


espessura da alma e da largura da mesa.
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

PERFIS ESTRUTURAIS DE AÇO

▶ Perfis de seção aberta


 Perfis I e H de faces • Projetados para terem seções transversais com boas propriedades geométricas
paralelas para uso estrutural em relação ao volume de aço consumido.
• Os perfis I são indicados para trabalhar a flexão, a altura (d) varia de 150 mm a
610 mm. É especificado pelo símbolo (W), seguido da altura (d), em mm, e da
massa linear, em kg/m (ex.: W 310 x 38,7).

• Os perfis H são indicados para trabalhar a compressão, a altura (d) varia de 150
mm a 360 mm.

• O perfil H é especificado pelo símbolo (W) ou (HP – possuem espessura das mesas e da alma iguais ou parecidas)
seguido da altura (d), em mm, e da massa linear, em kg/m (ex.: W 310 x 93; HP 250 x 85).
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PERFIS ESTRUTURAIS DE AÇO

▶ Perfis de seção aberta


 Perfis U

• Obedecem a uma antiga padronização norte-americana (a face interna das


mesas não é paralela à externa) .
• A altura (d) varia entre 76,2 mm (3”) e 381 mm (15”).
• O perfil U é especificado pelo seu símbolo (U), seguido da altura (d), em mm, e
da massa linear, em kg/m (por exemplo: U 150 x 12,2).

• Para cada altura há mais de uma seção transversal distinta, em função da


espessura da alma e da largura da mesa.
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

PERFIS ESTRUTURAIS DE AÇO

▶ Perfis de seção aberta


 Perfis L (cantoneiras) de • Possuem sempre abas iguais e podem pertencer a uma série baseada em
abas iguais polegadas ou a uma série métrica.
• A série baseada em polegadas segue uma antiga padronização norte-americana,
com cantoneiras de largura variando entre 12,7 mm (1/2”) e 203,2 mm (8”).

• A série métrica segue NBR 6109:1994, com cantoneiras de largura variando


entre 40 mm e 100 mm .
• São empregadas em componentes de treliças e contraventamentos onde a
solicitação é tração ou compressão axial.

• A especificação é feita pelo


símbolo (L), seguido do
comprimento das abas (b),
em mm, e espessura (t)
em mm (ex.: L76 x 6,35).
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

PERFIS ESTRUTURAIS DE AÇO

▶ Barras redondas
 Barras lisas
• São fornecidas em diâmetros que variam entre 6,35 mm e 88,9 mm

• São muito empregadas como tirantes ou como elementos de contraventamento,


situações em que a solicitação atuante é de tração axial.

• A especificação das barras redondas lisas é feita por meio do símbolo (f), seguido do
diâmetro (D), em milímetros (ex.: f 50,8).

 Barras lisas

• Com diâmetro entre 5,0 mm e 40 mm, são usadas como armadura de concreto,
inclusive nos elementos estruturais mistos de aço e concreto
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PERFIS SOLDADOS

• São formados por dois ou mais perfis laminados unidos continuamente entre si por solda elétrica.

• Utilizados quando se necessita de seções transversais com dimensões maiores que as dos perfis laminados
disponíveis ou para se obter uma forma especial de seção transversal, em decorrência de exigências estruturais
ou arquitetônicas
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

PERFIS SOLDADOS

• Os perfis soldados mais comuns são os I ou H, constituídos por três chapas cortadas nas dimensões apropriadas.

• No Brasil, esses perfis são prescritos pela norma ABNT NBR 5884:2005, que, além de fixar requisitos para
fabricação, os divide nas quatro séries de dimensões padronizadas seguintes:

▶ série CS (colunas soldadas): composta de perfis H duplamente simétricos, usados


como barras como é o caso da maioria dos pilares;

▶ série VS (vigas soldadas): composta de perfis I duplamente simétricos, usados


como barras na maioria dos casos fletidas, como as vigas;

▶ série CVS (colunas-vigas soldadas): composta de perfis intermediários entre I e H,


duplamente simétricos, usados como barras submetidas a esforços combinados
de flexão e compressão axial, como pilares de pórticos sob ações vertical e lateral.;

▶ série VSM (vigas soldadas monossimétricas): composta de perfis I


monossimétricos, usados em vigas mistas;
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

PERFIS SOLDADOS

• Os perfis soldados I e H devem ser especificados por meio do


símbolo (CS, VS, CVS e VSM), seguido da altura, em mm, e da massa
linear, em kg/m (ex.: CS 500 x 253; VS 400 x 53; CVS 350 x 98).

• A ABNT NBR 5884:2005, cobre também perfis com dimensões quaisquer, permitindo ao projetista total
liberdade. Esses perfis são divididos em duas séries:

▶ série PS (perfil soldadas): composta de duplamente simétricos.

▶ série PSM (perfil soldado monossimétrico): composto de perfis monossimétricos

• Nesse caso a especificação é por meio do símbolo (PS, VS, PSM), seguido da altura, em mm, e da massa linear,
em kg/m (ex.: PS 500 x 147; PSM 400 x 52).
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PERFIS FORMADOS A FRIO

• São elementos obtidos pelo processo de dobramento de chapas de aço. As seções mais usuais são U, Z e L

• Não são contemplados pela ABNT NBR 8800:2008


Aços Estruturais e Perfis Estruturais

TENSÕES RESIDUAIS

• São as tensões normais e de cisalhamento que aparecem durante o resfriamento não uniforme de um perfil,
decorrentes do processo de fabricação, e que possuem resultantes nulas de força e momento.

→ o aço, quando resfria, sofre redução


de volume e aumento de resistência e
rigidez

→ certas partes da seção transversal


passam da temperatura de
laminação para a ambiente mais
rapidamente que outras
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

TENSÕES RESIDUAIS

• A distribuição e a intensidade das tensões residuais variam de acordo


com o tipo de perfil, as dimensões da seção transversal e com a
velocidades de resfriamento.

• Em uma seção tipo I as bordas e o meio da alma resfriam primeiro por


existirem nessas regiões menor quantidade de material concentrado.

• Em uma chapa cortada por maçarico em suas bordas


longitudinais, a região próxima ao corte fica mais
aquecida e portando resfria por último.
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

TENSÕES RESIDUAIS

• Barras laminadas são usadas para produzir perfis soldados.

• As barras são cortadas longitudinalmente por maçarico e assim as


regiões das bordas ficam mais aquecidas e têm o resfriamento
completado por último.

• Em seguida o processo de soldagem das barras aquecem as regiões


próximas à solda.

• Essas regiões têm o processo de resfriamento mais demorado.

→ As tensões normais residuais variam ligeiramente ao longo do


comprimento da barra, o que dá origem a fluxos longitudinais e
transversais de cisalhamento e, como consequência, a tensões
residuais de cisalhamento.
Aços Estruturais e Perfis Estruturais

TENSÕES RESIDUAIS

• Em uma barra com tensões normais residuais, o escoamento se


inicia a uma tensão σp, inferior à resistência ao escoamento fy
obtida no ensaio de um corpo de prova sem tensões residuais

• Essa tensão em que o escoamento começa é a tensão normal


causada pela força externa, que, somada ao máximo valor da tensão
normal residual (σr), fornece uma tensão igual à resistência ao
escoamento do aço (fy).

 p  fy r
• A máxima tensão normal residual (σr), na maioria dos perfis, está entre 70 MPa e 140 MPa e é pouco influenciada
pelo valor da resistência ao escoamento do aço, fy.

• De maneira similar, em uma barra com tensões residuais de cisalhamento:  p  f vy   r


• A máxima tensão residual de cisalhamento (τr), na maioria dos perfis usuais, apresenta valores relativamente
baixos, entre 20 MPa e 40 MPa, e dificilmente superiores a 20% da resistência ao escoamento por cisalhamento do
aço, fvy

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