Você está na página 1de 26

RESUMO DE DIREITO EMPRESARIAL

EMPRESÁRIO

1. Conceitos

Empresa: a atividade econômica (busca lucratividade), negocial, que ocorre de


forma organizada voltada para a produção ou circulação de bens ou serviços.

Empresário: aquele que pratica a atividade de empresa, com habitualidade. O


que pratica esporadicamente não o é (ex. pessoa que vende seu próprio carro).
Da mesma forma, nem todo sócio da empresa será empresário, porque não
realiza atividade frequente. Há necessidade de registro na Junta Comercial, em
que pese poderá ser considerado empresário de fato.

Atividades que não são consideradas empresárias:

Parágrafo único. Não se considera empresário quem


exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda com o concurso de
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da
profissão constituir elemento de empresa.

Portanto, as atividades intelectuais, de natureza científica


(médicos, cientistas), literária (escritores, advogados ou artística, músicos,
atores) não são consideradas como empresárias. Ressalva: “se essas
atividades tiverem elemento de empresa”, como ocorre na clínica médica, onde
são oferecidos outros serviços como exames, serviços de enfermagem,
estética etc.

Empreendedor Rural: se fizer o registro na Junta Comercial, será


considerado empresário.
2. Requisitos para ser Empresário

Os requisitos são: capacidade civil (não pode por representante ou


assistente) e ausência de impedimento. Essas hipóteses são taxativas. Não
pode o empresário em vida transferir a titularidade da empresa para o filho
menor.

Sobre a capacidade há Exceção: ATO DE CONTINUAR A


EMPRESA PODERÁ SER POR REPRESENTAÇÃO OU ASSISTÊNCIA – no
caso quando o empresário vier a sofrer doença incapacitante ou, falecendo o
empresário, deixar herdeiros incapazes (menores ou interditados). Nessas
hipóteses será necessária a autorização judicial.

Sobre o impedimento: falidos, servidores públicos, deputados e


senadores (não podem contratar com governo).

3. Empresário Individual

Uma pessoal sozinha poderá ser empresário individual ou constituir


a EIRELI.

Empresário Individual: qualquer pessoa que atenda aos 2 requisitos anteriores


e requeira inscrição na JC. Será pessoa física e NÃO jurídica (o ato de
inscrição não cria nova pessoal jurídica); é uma pessoa física que exerce
atividade de empresa. O CNPJ gerado é apenas para fins tributários.

Como não cria nova pessoa jurídica, responde com todo o seu
patrimônio pelas dívidas contraídas. Entendimento jurisprudencial: devem ser
primeiramente executados os bens ligados à atividade empresarial e,
posteriormente, os bens particulares do empresário.

Empresário Individual casado não precisa de autorização marital ou


uxória (conjugal) para alienar bens componentes da empresa (entendimento
enunciados 6 e 58 das Jornadas de Direito Comercial I e II, respec.).
4. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI

Será pessoa jurídica, sem necessidade de juntar mais de uma


pessoa – mais de um sócio, por isso não é sociedade. É uma modalidade de
pessoa jurídica, de empresário.

Requisitos para EIRELI: Investimento mínimo de 100 (cem) salários mínimos.

Responsabilidade da EIRELI: em regra, o seu patrimônio não responde pelas


dívidas.

Diante de algumas divergências sobre a Empresa Individual de


Responsabilidade Limitada, na última Jornada de Estudos, o Conselho da
Justiça Federal aprovou alguns enunciados sobre o tema:

Enunciado nº 468 - A empresa individual de responsabilidade limitada só


poderá ser constituída por pessoa natural.

Enunciado nº 469 - A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI)

não é sociedade, mas novo ente jurídico personificado.

Enunciado nº 470 - O patrimônio da empresa individual de responsabilidade


limitada responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com
o patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da aplicação do

instituto da desconsideração da personalidade jurídica.

Enunciado nº 471 - Os atos constitutivos da EIRELI devem ser arquivados no

registro competente, para fins de aquisição de personalidade jurídica. A falta de

arquivamento ou de registro de alterações dos atos constitutivos configura


irregularidade superveniente.

Enunciado nº 472 - É inadequada a utilização da expressão “social” para as

empresas individuais de responsabilidade limitada.

Enunciado nº 473 - A imagem, o nome ou a voz não podem ser utilizados para

a integralização do capital da EIRELI.

Enunciado nº 483 - Admite-se a transformação do registro da sociedade


anônima, na hipótese do art. 206, I, d, da Lei n. 6.404/1976, em empresário
individual ou empresa individual de responsabilidade limitada.
ESTABELECIMETO EMPRESARIAL

1. Conceito

O estabelecimento é o complexo organizado de bens, estruturado


para o exercício da empresa, por empresário ou sociedade empresária. É uma
universalidade de bens que possui uma única destinação: a realização de
atividade empresária. Compreende: estabelecimento comercial e o fundo de
comércio.

Estabelecimento é um bem (móvel, imóvel, material ou imaterial),


uma relação jurídica, o local da atividade e engloba também a clientela.

Natureza Jurídica: estabelecimento é um conjunto de bens, uma universalidade


de fato (vontade do proprietário) e não de direito (por imposição legal). Os bens
do estabelecimento podem ser objeto de negociação autônoma ou singular, por
contrato de trespasse.

2. Teoria do Aviamento

É a aptidão da empresa para produzir lucros. A apuração dos


valores deve considerar a maneira como os bens são organizados e o valor de
cada um deles num todo em geral.

3. Contrato de Trespasse

É o contrato de alienação, usufruto ou arrendamento do


estabelecimento empresarial.

Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a


alienação, o usufruto ou arrendamento do
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a
terceiros depois de averbado à margem da inscrição
do empresário, ou da sociedade empresária, no
Registro Público de Empresas Mercantis, e de
publicado na imprensa oficial.
Requisitos do contrato de “TRES”passe – São TRÊS requisitos (arts. 1.444
e 1.445):

A. Registro na Junta Comercial

B. Publicação em jornal

C. Solvência do alienante ou concordância dos credores

Se os requisitos de registro e publicação não forem feitos, os


credores do antigo proprietário poderão penhorar os bens da empresa,
desconsiderando a alienação.

Se do produto da alienação não forem suficientes para cobrir as


dívidas com os credores, o alienante dependerá do consentimento destes
(haverá notificação) para realizar o trespasse.

Efeitos do Contrato de Trespasse (arts. 1.146, 1.148 e 1.149 CC):

A. Os débitos contabilizados são assumidos pelo adquirente

B. Os contratos existentes para a exploração são subrogados ao adquirente,

C. Os créditos são cedidos ao adquirente

Assunção dos débitos (art.1.146, CC): os débitos devidamente contabilizados


serão passados para o adquirente. Ex.: água, luz, telefone. Mas, continuará
obrigado (responsab. solidária) PELO PRAZO DE 01 ANO:

- Créditos vencidos: a partir da data da publicação

-Créditos não vencidos: a partir do vencimento

Enunciado nº 59, II Jornada de DC: A mera instalação de um novo


estabelecimento, em lugar antes ocupado por outro, ainda que no mesmo ramo
de atividade, não implica responsabilidade por sucessão prevista no art. 1.146
do CCB. Ou seja, se somente for instalado novo estabelecimento no mesmo
lugar, não haverá sucessão dos créditos.
Sobre a subrogação nos contratos, há apenas uma exceção: quando o

terceiro não tiver interesse em continuar o contrato, terá o prazo de 90 dias

para rescindir SE TIVER MOTIVO JUSTIFICADO. Ex.: o antigo proprietário

tinha locado um imóvel para depósito de estoque. Ao fazer o trespasse, o novo

adquirente passou a não pagar o aluguel. Nesse caso, o terceiro que alugou

poderá rescindir. Se não tiver motivo justificado, deve aceitar a subrogação.

Ainda, não haverá subrogação nos contratos de caráter pessoal:

Enunciado nº 8, I JDC: A sub-rogação do adquirente nos contratos de

exploração atinentes ao estabelecimento adquirido, desde que não possuam

caráter pessoal, é a regra geral, incluindo o contrato de locação.

Proibição de fazer concorrência: O prazo em que o alienante está proibido

de fazer concorrência ao adquirente do estabelecimento empresarial é de 5

ANOS se não houver disposição contratual diversa. Essa prazo é muito

cobrado em provas...
NOME EMPRESARIAL

1. Conceito

O segundo elemento obrigatório para a prática da atividade

empresária é o nome empresarial, que se caracterizará como sendo o

elemento de identificação do empresário individual, da EIRELI ou da sociedade

empresária.

Natureza jurídica: é direito da personalidade (há discussão doutrinária). NÃO

PODE SER ALIENADO, nem penhorado, nem sofre prescrição.

2. Espécie

São 2 espécies: FIRMA ou DENOMINAÇÃO.

Firma: terá por base o nome civil do empresário (firma individual) ou o

sobrenome dos sócios da sociedade empresária (razão social). Poderá, por

exemplo, colocar P.S. Ferreira, ou Paulo S. Ferreira, ou ainda o nome civil

completo. Já no caso de dois sócios, Maria Andrade Nogueira e Cristiano

Fagundes, por exemplo, poderão colocar a razão social de Nogueira e

Fagundes Ltda. A firma é regida pelo princípio da veracidade, ou seja, o nome

da empresa corresponderá ao do proprietário – se for alterada a titularidade, o

nome também o será.

Obrigatoriedade do uso de Firma: EMPRESÁRIO INDIVIDUAL ou EIRELI

(pode firma ou denominação)

Uma observação: 1 - razão social não é sinônimo de nome empresarial,

mas somente uma espécie deste. 2 – nome fantasia é um espécie de apelido

da empresa, como ela é conhecida no mercado.


Denominação: é formado segundo a conveniência dos sócios, podendo

utilizar-se de qualquer palavra ou expressão para sua criação. São exemplos

de denominação: Restaurante Tia Lola Ltda., Calçados XYZ S.A., Cia. De

Seguros Minas Gerais. Esta espécie rege-se pelo princípio da novidade,

também previsto no art. 32 da Lei 8934-94, significando dizer que um nome

empresarial a ser registrado em uma Junta Comercial não pode ser igual a

outro já registrado.

Obrigatoriedade do uso de Denominação: EIRELI (pode firma ou denominação)

SOCIEDADE LIMITADA (razão social ou denominação) e SOCIEDADE

ANÔNIMA.

3. Proteção do Nome Empresarial

O empresário não poderá registrar nome já inscrito (deve ser

diferente dos demais) ou semelhante a outro, por ex. Distribuidora Solmar ltda

e Distribuidora Salmar ltda.. A proteção do nome empresarial se dá em nível

estadual, nas Juntas Comerciais, ou seja, podem ter nomes iguais de

empresas em Estados diferentes. É diferente da marca que será nacional e tem

proteção própria.

A proteção do nome empresarial alcança também a utilização do

nome fantasia. Assim, se um empresário, embora tenha nome empresarial

diferente, utilize nome fantasia igual ou semelhante a um nome empresarial já

registrado, este segundo poderá pleitear proteção, inclusive com reparação de

danos morais ou materiais.


OBRIGAÇÕES EMPRESARIAIS: REGISTRO E ESCRITURAÇÃO

1. Registro Empresarial

Alguns registros são obrigatórios para as atividades empresariais ou

na Junta Comercial ou no Departamento Nacional de Registro de Comércio –

DNRC (atualmente feito pelo Departamento de Registro Empresarial e

Integração – DREI).

O primeiro registro é a inscrição. Deve ser feito no início da

atividade. Cuidado que o registro só regulariza a atividade; se não tiver registro,

será considerado empresário informal. Os demais atos de registros devem ser

feitos em 30 dias após sua assinatura (os efeitos retroagem à data da

assinatura). Se for feito depois, os efeitos só valem a partir do registro. Ex.:

venda de cotas de uma empresa. Se feito em 30 dias, efeitos retroativos à data

da assinatura da venda. Se não, só vale a partir do negócio.

Tipos de Registro

São 3: matrícula, arquivamento e autenticação.

Matrícula: é a inscrição de pessoas que não se enquadram no conceito de

empresário. São os leiloeiros, tradutores públicos, intérpretes comerciais,

trapicheiros (administradores de armazéns para importação ou exportação) e

administradores de armazéns-gerais.

Arquivamento: são os atos de empresários propriamente ditos - atos de

constituição, alteração, dissolução e extinção de empresas individuais,

sociedades empresárias ou cooperativas, bem como atos relativos a consórcio

e grupos de sociedade, empresas estrangeiras, a declaração de microempresa

e outros documentos que possam interessar ao empresário e às sociedades


empresárias. Os atos arquivados ficarão na posse da Junta e serão públicos,

podendo ser consultados por qualquer interessado.

Autenticação: é a realização das cópias dos documentos arquivados – faz-se

a conferência dos documentos registrados e autentica.

Obs.: o empresário deverá fazer registros periódicos. Se deixar passar mais de

10 anos sem qualquer registro, a atividade terá registro cancelado.

2. Escrituração Contábil

É a segunda obrigação, fazer sua contabilidade e manter seus livros

organizados. A escrituração tem 3 funções: Gerencial: para controle do

negócio, a fim de evitar empresa mal administrada e prejudicial à sociedade.

Documental: para registrar resultados, em benefício do empresário e seus

devedores/credores. Fiscal: para controle e pagamento de tributos.

O Código Civil (art. 1,179) diz que a obrigação de escrituração se

divide em duas:

- Realizar preenchimento dos livros contábeis de acordo com os

documentos comprobatórios do movimento financeiro da empresarial;

- Uma vez por ano fazer balanço patrimonial, para aferir resultado

econômico da empresa.

Livros Empresariais

Há alguns obrigatórios e outros facultativos. O único obrigatório a todas

as espécies de atividades empresariais é o Livro Diário.


Livro Diário: representa o movimento financeiro da empresa dia-a-dia. Não

pode ter rasuras, borrões. Deve ser levado para autenticação na junta

comercial e depois guardado pelo empresário. A JC não analisa mérito dos

registros (p.ex. conta lançada errada), pois não pode fiscalizar isso.

Os livros facultativos ficam a critério do empresário. São exemplos

livro Caixa, livro Estoque e livro Patrimonial. Alguns livros são obrigatórios para

alguns empresários, como livro e Registro de Duplicatas e Livros de Registro

de Ações.

Pontos Importantes:

Força probatória dos Livros Empresariais: somente após a autenticação da JC

– quando não poderão mais ser alterados. Podem fazer prova contra ou a favor

do empresário.

Princípio do Sigilo: em regra os livros são sigilosos. Há duas exceções.

1- por determinação judicial:  para resolver questões relativas à sucessão,

comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em

caso de falência;

2 – quando os fiscais fazendários o exigirem, no ato da fiscalização – caso

contrário será aplicada multa.

Dispensa de Escrituração: para pequeno empresário, ou seja,

Microempreendedor (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP) e ainda o Micro

Empreendedor Individual (MEI).


DIREITO SOCIETÁRIO

1. Conceito

Dedica-se ao estudo das sociedades: é a união de duas ou mais

pessoas, físicas ou jurídicas, para que pratiquem uma atividade econômica,

repartindo o lucro entre os sócios.

Exceção : A - sociedade unipessoal – alteração no EAOB (art. 15):

possibilidade de ter sociedade unipessoal de advocacia, ou seja, um advogado

formar uma pessoa jurídica sozinho. A intenção é conseguir benefícios como

aderência ao Simples Nacional, linhas de financiamento para empresas; B –

Empresa Pública; C –Sociedade Subsidiária Integral

2. Classificação das Sociedades

Quanto à natureza dos Atos Constitutivos: A – Contrato: acordo de

vontades, que segue direito contratual comum; B – Estatuto: é regulamento,

votado em assembleia de sócios.

Quanto à natureza da Atividade Praticada: A – Sociedade Simples: que

não pratica atividade empresarial, não tem lucro. São as cooperativas; B –

Sociedade Empresária: a que pratica atv empresarial. São as sociedades por

ações.
Quanto à Importância dos Sócios e do Capital Investido: A – Sociedade de

Pessoas: dá-se importância às pessoas que compõem a sociedade. É

verificado o affectio societatis= desejo de participar da sociedade, contribuindo

para a busca do lucro e compreende a colaboração ativa, colaboração

consciente, colaboração igualitária dos contratantes e a busca do lucro a

partilhar; B - Sociedade de Capitais: relevância ao capital investido.

Quanto à Responsabilidade dos Sócios pelas Obrigações Sociais: A –

Responsabilidade Limitada: o patrimônio da empresa responde pelas dívidas

e riscos; B – Responsabilidade Ilimitada: quando os bens dos sócios

respondem também pelas dívidas.

Quanto à Aquisição da Personalidade Jurídica: A – Sociedades

Personificadas: constituídas na forma da lei. B – Sociedades não

Personificadas: sem personalidade jurídica própria.

3. Sociedade Simples

Aquela que não pratica atos de empresa. Ex.: dois advogados ou dois

médicos de juntam para exercer sua atividade. A sociedade cooperativa

sempre será sociedade simples, independente do ramo que participar. Mas, se

essas atividades se caracterizam como elemento de empresa, será sociedade

empresária.

A sociedade simples será constituída por contrato social pelos

sócios, de forma particular ou por escritura pública. Requisitos:

a- Qualificação dos sócios no contrato;


b – Qualificação da própria Sociedade: denominação, objeto, sede e prazo da

sociedade. Denominação é nome, elemento identificador. Objeto é a sua

atividade fim. A sede é onde haverá a administração da sociedade, não precisa

ser no mesmo lugar onde a atv será exercida. Prazo não é tão importante, pois

poderá ser registrado que a sociedade terá prazo indeterminado.

c – Capital Social: é o investimento que os sócios pretendem investir, devendo

ser em moeda corrente, que será dividido entre eles através de cotas e da

integralização – o contrato especificará isso. Na sociedade simples será

permitido que o sócio integralize por prestação de serviços – sócio de serviço.

d – Sócios Administradores: o contrato deverá mencionar que são os

administradores, sendo que o administrador poderá ser nomeado por

instrumento particular posteriormente, desde que previsto isso no contrato.

e – Divisão de Lucros e perdas: não é necessário a divisão dos lucros se dê

nas mesma proporção do cota do capital social investido. Ex.: sociedade

composta por 3 advogados em que um investe 50% do capital social e os

demais 25% cada, mas que a divisão dos lucros fique acertada de forma

igualitária, considerando que os 3 terão as mesmas tarefas.

f – Forma societária: não poderá adotar a forma societária por ações, mas pode

adotar sociedade em nome coletivo, em comandita simples e limitada.

Assim, a sociedade por ações serão sempre sociedades empresárias por

determinação legal. As sociedades em nome coletivo, em comandita simples e

limitada, poderão ser sociedades empresárias ou simples.


Responsabilidade dos Sócios pelas Obrigações Sociais na Sociedade

Simples: há confusão dada pelo art. 997, VIII, do CC. O que prevalece é que a

responsabilidade do cotista é pelo saldo, de forma subsidiária, na proporção

em que participe das perdas sociais.

Obrigações e Direitos dos Sócios na Sociedade Simples

Obrigações

- Principal Obrigação: integralizar o capital social, pagando sua parte em

dinheiro, transferindo o patrimônio ou prestando o serviço, conforme contrato

social. Se não integralizar, proceder-se-á sua notificação para integralizar (em

30 dias) e será considerado “Sócio Remisso” o que acarretará: cobrança

judicial de sua cota; sua exclusão, com a consequente redução do capital

social, ou reduzindo sua cota no capital.

Se integralizar com serviços, deverá ser feito de forma exclusiva por

ela, sob pena de ser privado de seus lucros ou excluído.

- Participar das Decisões: Outra obrigação é a de participar efetivamente das

decisões da sociedade. Não pode apenas ser mero investidor, pois não

característica dessa espécie de sociedade. As decisões de maior importância

devem contar com a presença de todos (ex.: alterar contrato social); as demais

podão ser tomadas pela maioria absoluta do capital.

Direitos

- Participação nos lucros: é nula a cláusula que preveja a exclusão da

participação nos lucros.


- Direito de sair da sociedade: 2 espécies que são a cessão de suas cotas ou o

direito de retirada. Cessão de cotas: deverá ter a concordância de todos os

sócios e ficará obrigado até dois anos pelas obrigações sociais, caso venda

sua parte. Direito de RETIRADA: haverá liquidação de sua cota e levará com

ele o correspondente patrimonial – será feito balanço patrimonial para aferir o

patrimônio líquidos – o sócio receberá de acordo com a porcentagem que

possui. Não esquecer que as decisões no direito societário são tomadas

considerando a proporção do capital que o sócio detém e não voto per capita.

Administração da Sociedade Simples

A Administração da Sociedade Simples pode ser por pessoa física

ou jurídica, por um ou por todos os sócios e serão escolhidos no contrato

social. A destituição do administrador só poderá ser por justa causa e na via

judicial (porque causará alteração no contrato social, que só seria possível com

a votação da maioria absoluta).

O contrato social poderá organizar e dividir as tarefas e

competências da administração. Em caso de urgência, o sócio sem poder de

adm poderá praticar ato isolado para evitar prejuízo à sociedade.

Teoria dos Atos Ultra Vires: o administrador só será responsabilizado pelos

atos que extrapolem seus poderes conferidos pelo contrato social – a

sociedade não será responsabilizada.

Dissolução da Sociedade Simples

É dividida em 3 fases: a – encerramento das atividades; b –

liquidação, e c – baixa definitiva no registro.


Dissolução: venceu o prazo (salvo se continuar a atividade e nenhum sócio

reclamar), consenso unânimes entre sócios, deliberação dos sócios por maioria

absoluta na sociedade por prazo indeterminado, falta de pluralidade de sócios

(não sanada em 180 dias) ou perda de autorização para funcionar (ex. ensino).

Há ainda a dissolução judicial: quando anula o ato da constituição ou verifica o

término do objetivo social ou situação de insolvência.

4. Sociedade Anônima

É a mais complexa sociedade. Tratada na Lei 6.404/1976, lei das

S.A´s. É uma sociedade empresária, independente da atividade que pratique.

O seu ato constitutivo é um estatuto e não contrato.

Sociedade anônima é a que possui o capital dividido em partes

iguais chamadas ações, e tem a responsabilidade de seus sócios ou acionistas

limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Aqui não há

qualquer tipo de solidariedade entre os sócios pela integralização do capital – o

acionista terá o seu risco limitado à sua cota.

Espécies de Sociedade Anônima

Aberta: quando negocia os seus valores mobiliários (ações, debêntures, partes

beneficiárias e bônus de subscrição) no mercado de capitais.

Fechada: não pode se vale do mercado para negociar seus valores.

A S.A. será fiscalizada pela CVM. Mercado de capitais é:


“O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários,

que tem o propósito de proporcionar liquidez aos títulos de emissão de

empresas e viabilizar seu processo de capitalização. É constituído pelas bolsas

de valores, sociedades corretoras e outras instituições financeiras autorizadas.

No mercado de capitais, os principais títulos negociados são os representativos

do capital de empresas – as ações – ou de empréstimos tomados, via mercado,

por empresas – debêntures conversíveis em ações, bônus de subscrição e

“commercial papers”, que permitem a circulação de capital para custear o

desenvolvimento econômico”.

O mercado de capitais é formado por 2 entidades: bolsa de valores e

mercado de balcão. Bolsa de valores é a responsável pela movimentação do

mercado de capitais, é o centro das negociações, onde se reúnem

compradores e vendedores; são associações civis, sem fins lucrativos. Negocia

apenas as ações que um acionista adquiriu e quer vender. É feito por

intermédio de corretores. É mais seguro que o mercado de Balcão, porque as

negociações são públicas, nos preços atualizados de mercado e tem garantia.

Mercado de Balcão é também responsável pelas negociações, mas de forma

privada diretamente entre comprador e vendedor pelo preço que considerem

justo, sem que os demais participantes saibam das condições desses

negócios. Não é tão seguro, porque a negociação é privada, pelo preço que as

partes ajustarem (e não pelo de mercado) e não tem garantia.

Capital Social na Sociedade Anônima

Capital social é o investimento realizado pelo sócio, que será

investido para obter lucro. Na S.A. não pode ser por serviço, só com bens ou

dinheiro. Se for integralizado com bens, estes passarão do sócio para a


empresa, com avaliação de perito, e sem pagamento de imposto, conforme

imunidade do art. 156, 2, CF. Quando for feito o estatuto, o sócio declara qual

forma pretende, sendo que pode integralizar em momento posterior. Há 4

formas de capitalização:

Capital Nominal: é o investimento inicial feito pelos sócios, registrado numa

conta chamada “capital”. Só será alterado quando for feito investimento

adicional ou diminuído (desinvestimento);

Capital Próprio: é o patrimônio líquido, abrangendo o capital nominal (inicial)

mais suas variações;

Capital de Terceiros: investimento de recursos de terceiros na sociedade;

Capital Total à Disposição: todos os valores disponíveis no momento.

Ações na S.A.

O capital social será dividido em ações. A ação é o valor mobiliário

representativo de uma parcela do capital social. A ação é considerada um bem

móvel, com livre circulação e os acionistas podem vender como desejarem.

Pode ser penhorado, levada em hasta pública e arrematante será o novo sócio.

Espécies de Ações: como algumas ações dependem de investimento alto,

foram divididas em espécies diferentes, com diferentes direitos. São 3

espécies:

- Ações ordinárias: o acionista terá direito do sócio comum, sem vantagem ou

restrição, somente direitos fundamentais a todos garantidos no art.109 da LSA.


- Ações Preferenciais: terá tratamento diferenciado. O rol de possibilidades

está no art. 17 da LSA, que pode ser prioridade na distribuição dos lucros,

prioridade no reembolso do capital, outras vantagens. Pode ainda ser

vantagem política, como direito a voto para eleger membros da administração a

sociedade.

- Ações de Fruição: são as ações ordinárias ou preferenciais que foram

amortizadas (antecipação ao sócio do valor que ele receberia em caso de

liquidação) e o sócio adquirente passa a fruiu de pronto. A amortização poderá

ser prevista no estatuto ou por decisão da assembleia e obviamente retira a

ação de circulação.

Classes das Ações: são subespécies.

- Ações ordinárias: somente nas companhias fechadas é que as ações

ordinárias poderão ser divididas em classes, diferenciando-se com

possibilidade de conversão dessas ações preferenciais, exigência de

nacionalidade brasileira ou direito de voto em separado.

- Ações preferenciais: podem ser divididas em classes tanto na companhia

aberta quanto na fechada. Em regras são diferenciadas por letras, por

exemplo, ação de classe A que são ações sem direito a voto, mas com 5% de

preferência na distribuição de lucros.

Formas das Ações: referente a forma de propriedade e transferência. São as

ações nominativas e escriturais. As nominativas referem à propriedade com

inscrição no Livro de Registro de Ações Nominativas ou pelo extrato fornecido

pela instituição custodiante. As escriturais são aquelas cuja propriedade é


caracterizada pelo extrato da conta do titular em instituição financeira

depositária que for designada e não emite certificado.

Valores das Ações: toda ação tem valor de emissão, que será dado quando a

sociedade for instituída ou for aumentado o capital. Esse valor será pago

(integralizado) pelo interessado caso a subscreva. O valor da emissão não

pode ser inferior ao valor nominal, porque o valor declarado no estatuto deve

ser integralizado totalmente. A ação também poderá também ser apurado por

valor patrimonial que é o simples cálculo matemático: patrimônio líquido

dividido pelo número de ações (isso é realizado no caso da amortização das

ações ou quando um sócio exerce seu direito de retirada). Se o acionista quiser

vender sua ação de forma particular, o valor será o da negociação, se quiser

vender no mercado mobiliário será o valor de mercado.

Debêntures

Além das ações, a S.A. pode emitir debêntures.

Debêntures são valores mobiliários emitidos pelas sociedades

anônimas, que representam empréstimos contraídos pelas mesmas, cada título

dando, ao debenturista, idênticos direitos de crédito contra as sociedades,

estabelecidos na escritura de emissão. Não dá direito de ser acionista, apesar

de a debênture poder ser convertida em ações. São suas espécies: a simples e

as conversíveis em ações. As especificações sobre as debêntures serão

tratadas pelo Conselho de Administração ou na Assembleia.


Órgãos Societários da S.A.

Assembleia Geral: obrigatório para todas as S.A´s. É para decisões, composto

por todos os membros. Não é para todas as decisões, somente as descritas na

lei da S.A. Terá sessões ordinárias (uma vez por ano) e extraordinárias. Os

quóruns podem ser maioria do capital com direito a voto, maioria dos votos

presentes ou qualquer quórum, dependendo da matéria a ser votada.

Conselho de Administração: obrigatório para a S.A. de capital aberto e

capital autorizado. Delibera sobre diretrizes da administração, também para

decisões rápidas que não precisa de assembleia. Composto por no mínimo 3

acionista (sempre número ímpar) ou não.

Diretoria: obrigatória em todas as S.A´s. Realiza representação legal da

companhia e efetiva as deliberações dos demais órgãos – responsável pela

administração da cia. Composto por mínimo de 2 membros diretores acionistas

ou não. A responsabilidade do diretor é pela Teoria de Aparência (diferente da

sociedade simples que é a Ultra Vires), ou seja, seus atos são legítimo e se

houver dano à sociedade, esta deverá regressar contra ele; a responsabilidade

entre todos os diretores é solidária, porque eles também têm o dever de

fiscalizar.

Conselho Fiscal: existência obrigatória, mas funcionamento facultativo.

Fiscaliza os órgãos de administração. É composto por no mínimo de 3 e

máximo de 5, acionistas ou não. Tem as mesmas funções que na sociedade

simples.
5. Função Social da Empresa

A função social da empresa assegura a função social dos bens de

produção, o poder-dever do proprietário de destinar compativelmente com o

interesse da coletividade. Entretanto, a função social não significa uma

condição limitativa para o exercício da atividade empresarial, pois visa proteger

a empresa contra a verocidade patrimonialista do mercado.


Direito Estatal Público

1. Empresa Pública

Possui um único sócio, o ente estatal. É pessoa jurídica de

direito privado, constituída por capital exclusivamente público e pode ser

constituída por qualquer forma societária. Ex.: BNDES, CEF e Correios.

2. Sociedade de Economia Mista

É uma associação entre o capital e o particular, porém o Estado

terá maior parte das ações para garantia de controle social. Só pode ter a

forma societária de SOCIEDADE ANÔNIMA. Terão Conselho de Administração

e Conselho Fiscal com funcionamento permanente.

3. Estado como Acionista Minoritário – A utilização da Golden Share

São excepcionais a participação minoritária do Estado em

capital das sociedades empresárias. São 2 hipóteses: para assegurar a

atividade de fomento ou, nas sociedades que foram privatizadas, para

assegurar interesses estratégicos, através de ações conhecidas como Golden

Shares.

Fomento: através do BNDES, conduz política de participações em empresas

privadas, além do financiamento em condições mais vantajosas que as do

mercado. O Estado NÃO participa da gestão da empresa, mas só do fomento.

Golden Shares: são as ações especiais para manter parte do controle sobre a

sociedade. São adquiridas nos casos de privatizações (desestatização).


FALÊNCIA

1. Conceito: A falência é o procedimento que será utilizado quando a crise

economico-financeira da empresa é insanável e irá instaurar o concurso de

credores e a recuperação de empresas (que pode ser judicial ou extrajudicial) é

o procedimento usando quando a crise é passível de superação.

Aplicabilidade da Lei:

- Empresário individual

- Sociedades empresárias

- EIRELI

Não entram nesse procedimento:

- EP

- SEM

- instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito,

consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade

operadora de plano de assistência à saúde, sociedade

seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades

legalmente equiparadas às anteriores.

- Sociedades Simples

- Cooperativas

Obs.: independe da regularidade da empresa – pode ser de uma empresa não

registrada.
2. Suspensão da Prescrição, Ações e Execuções contra o Devedor

A decretação da falência ou o deferimento do processamento da

recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e

execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do

sócio solidário.

Prescrição: suspende todas as ações e execuções contra o réu. É para evitar

que os credores individuais executem o “falindo” individualmente.

O marco inicial para a Suspensão:

a) Na recuperação judicial: o despacho de processamento da

recuperação judicial.

b) Na falência: a decretação da quebra do devedor.

Cuidado: a recuperação judicial não suspende a execução contra os fiadores e

avalistas.

Juízo Universal de Credores: PAGINA 9, AULA 6

Você também pode gostar