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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO DA

VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL DO SARANDI DA COMARCA DE PORTO


ALEGRE.

FLÁVIO (qualificação), Bairro Sarandi município de Porto


Alegre/RS, vem a presença de Vossa Excelência através de seu
procurador signatário, conforme instrumento em anexo, (DOC. 01)
propor

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO E INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS

em face do BANCO ITAÚ SA, com sede na Praça Alfredo Egydio de


Souza Aranha nº 100 Torre ITAU SA – Jabaquara – São Paulo/SP, e
ACORDO CERTO, com sede Av. Tamboré, 267 – 14º andar – Torre Sul
– Barueri/SP - CEP 06460-000, CNPJ 08.702.298/0001-93, pelos
fatos e fundamentos que passa expor e ao final requer.

DOS FATOS

O autor ingressou com uma ação declaratória de


inexistência de débito em face do banco réu, em 06 de junho de
2014, tendo em vista que aquele extava sendo executado por uma
dívida da qual não era devedor.

O banco réu foi citado e as partes acabaram transigindo o


processo mediante um acordo, na qual o banco réu pagou R$
5.000,00 de danos morais ao autor, conforme termo de acordo
judicial em anexo, com a respectiva homologação.

No referido acordo, ficou consignado que as partes se


dariam, mútua, inteira, geral e irrevogável quitação ao objeto
da ação em litigio.
Ocorre que o autor foi surpreendido novamente pela mesma
cobrança, visto que o banco réu não procedeu à baixa de todo e
qualquer procedimento em relação ao acordo firmado, mantendo a
dívida ativa do autor junto à instituição bancária.

Assim sendo, o banco réu por meio da Cessão de Crédito,


conhecida também como “Venda de Dívidas a Terceiros”, vendeu o
débito do autor para a ré ACORDO CERTO, que passou a ser
responsável pelo recebimento da dívida, vindo a constranger e
importunar o autor com a cobrança indevida de um débito
inexistente, conforme informação extraída do site da ré, ACORDO
CERTO, em anexo.

Dessa forma, seja por NEGLIGÊNCIA, seja por FALHA


ADMINISTRATIVA, o certo é que o banco Requerido impôs danos
morais ao Requerente, deixando vir a público uma suposta
inadimplência, sem haver verdadeiramente nenhum débito em
desfavor do mesmo.

Destarte, como restaram infrutíferas as tentativas de


resolver tais pendências amigavelmente, e levando-se em
consideração o prejuízo que vem suportando, não restou ao
Requerente alternativa, a não ser a propositura da presente
ação.

DO DIREITO

Verifica-se in casu a negligência das empresas Requeridas


perante o autor vez que, ocasionou um enorme abalo em sua
imagem, pois agora o mesmo vê-se compelido a ingressar com ação
judicial visando à reparação de seu dano sofrido.

O Código Civil assim determina:


“art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causas dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito”;

Art. 927. Aquele que por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repara-lo”.

O prejuízo está caracterizado no fato de que o Requerente


sofreu abalo moral e psicológico em decorrência da falta de
diligência das Requeridas, em particular ao banco réu que vendeu
uma dívida que já havia sido transigida, com o requerente,
mediante acordo judicial e que era para ter ocorrido à baixa no
sistema do banco, mas de fato o autor ficou mantido como
inadimplente.

Portanto, o autor teve seu crédito abalado, ainda que seu


nome não tenha sido negativado. Porém, é sabido que qualquer
consulta no CPF do autor vai aparecer à existência de uma dívida
não paga, visto que hoje a concessão de crédito está associada à
pontuação no cadastro.

DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

O caso em comento ampara-se pelo Código de Defesa do


Consumidor. Logo, a responsabilidade civil da instituição
financeira é objetiva, tendo em vista a sua condição de
prestadora de serviços.

Desta forma, ante a ausência de zelo pela qualidade no


serviço prestado, incluindo, neste contexto, o dever de
informação, proteção e boa-fé para com o consumidor, conforme
previsto do no art. 14, do diploma legal acima referido, a ré é
responsável pela inscrição indevida do nome do requerente no
SPC. Assim, in verbis:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.

Assim, PELOS DOCUMENTOS JUNTADOS O AUTOR PROVA QUE NÃO


POSSUI NENHUMA DÍVIDA COM O BANCO RÉU QUE PUDESSE SER VENDIDA A
TERCEIROS, NO CASO, A RÉ ACORDO CERTO, ORIGINANDO NOVA COBRANÇA
DE DÍVIDA JÁ TRANSIGIDA. LOGO, O BANCO RÉU DESCUMPRIU O ACORDO
FIRMADO E HOMOLOGADO.

DO DANO MORAL

A responsabilidade civil requer três pressupostos:


conduta ilícita, nexo de causalidade e o dano, restando
irrefutável a existência destes in casu e o dever de indenizar.

Não há dúvidas que a venda de uma dívida inexistente e já


conciliada para empresas de cobranças causou transtorno ao autor
que se viu novamente compelido e cobrado por um débito que
sequer contraiu a época e que por fim já havia resolvido. Logo,
o dano moral sofrido pelo requerente é indiscutível a observar o
relato acima.

O dano moral é evidente no presente caso, sobretudo


porque o mesmo ocorre in re ipsa, de forma que se encontra
evidenciado, cabendo assim a sua reparação, o que está abrigado
além da Carta Magna em seu artigo 5º, incisos V e X; na
legislação consumerista em seu artigo 6º, inciso VI, do Código
de defesa do Consumidor, além da abusividade da instituição
financeira nas cobranças indevidas.

DO QUANTUM INDENIZATÓRIO:
O DEVER DE INDENIZAR NO CASO EM TELA É INEQUÍVOCO. Com
relação ao valor da indenização, deve-se ter em mente que a
mesma se presta ao propósito compensatório, pelo dano causado
indevidamente ao requerente, bem como para dissuadir o causador
de igual e novo atentado e, ainda, deve levar em conta a
expressão social do ofendido e a capacidade do ofensor.
Portanto, o autor requer a indenização no quantum de R$
10.000,00 (dez mil reais) pelo abalo e constrangimento sofridos.

Isso posto requer a Vossa Excelência:

a) O recebimento da ação e após as formalidades de estilo a


citação das rés para, querendo, contestarem a presente
ação, no prazo legal, ficando advertidas de que os fatos
articulados e não contrariados especificadamente serão
considerados verdadeiros, aplicando-se-lhes as penas de
revelia e confissão;
b) A total procedência da ação para declarar a nulidade da
dívida indevida no nome do autor, com desconstituição de
juros e encargos, decorrente dos débitos ocasionados
indevidamente pelo banco demandado, bem como a exclusão do
nome do requerente do banco de dados de devedores da ré
ACORDO CERTO.
c) A condenação das rés, solidariamente, em indenização por
danos morais, uma vez que vem realizando cobrança indevida
de débito não contraído pelo demandante, oriundos da
prática de ato ilícito, cabalmente comprovados nesta peça
exordial, no montante de R$ 10.000,00 (dez mil reai);
d) A inversão do ônus probatório, uma vez que se trata de
relação de consumo e a parte autora é hipossuficiente
frente à ré;
e) A condenação da requerida ao pagamento de custas e
honorários advocatícios na monta de 20% conforme previsão
legal;
Protesta por todos os meios de prova em direitos
admitidos, em especial pela prova documental.

Valor da causa: R$ 10.000,00

Nestes termos
Pede deferimento

Porto Alegre, 11 de agosto de 2021.

DALTRO ANTONIO RODRIGUES GARCIA


A D V O G A D O
OAB/RS 79.699

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