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O Papel das Mulheres nos Ritos Funerários da Grécia Clássica (séculos V- IV

a.C.)

Caroline Carvalho de Almeida

Orientadora: Prof. Dra. Gisela Chapot


PROJETO

1. Tema

A condição das mulheres gregas é conhecida pela sua exclusão do espaço publico da Grécia,
levando uma vida de inferioridade, se mantendo somente no espaço privado, lugar esse que era
voltado para os fazeres da mulher e esposa ideal, segundo as tradições e moldes da sociedade grega.

Por séculos, a ideia de que a mulher não participava da vida pública foi fundamentada e
consolidada, se tornando um fato no âmbito acadêmico e histórico. Porém, as mulheres também
participavam da vida pública, através dos ritos funerários.
Os ritos funerários, – e toda a concepção de morte – era algo de grande importância para os
gregos, influenciando em suas crenças, cotidiano e cultura. Os gregos detinham um costume de
realizar ritos para a morte, possuindo três passos para esse processo. As mulheres gregas
executavam um importante papel no ritos funerários, lidando com o processo das orações e dos
cuidados para com o morto.

Porém, os ritos funerários não ocorriam apenas no espaço privado, também ocorriam fora do oikos,
no espaço publico, onde as mulheres cumpriam seu papel durante os ritos, evidenciando que elas
não ficavam apenas reclusas em suas casas, e ainda mais relevante, ela desempenhavam um papel
importante e de respeito, sendo reconhecido pela sociedade grega.

2. Objetivo

O presente artigo tem como objetivo demonstrar um lugar feminino que ficava fora do espaço
privado na vida cotidiana das mulheres, durante os séculos V ao IV a.C, evidenciando que elas
detinham um papel importante dentro da sociedade e fora do oikos, fazendo parte dos lugares
públicos, adquirindo seu espaço entre os homens, através das orações e das preparações do morto
realizados durante um rito funerário.
Os ritos funerários eram de extrema importância para a sociedade grega, sendo um reflexo da
construção dos seus valores, como também um ritual com uma grande relevância entre a população.
As mulheres dispunham de um papel muito importante dentro desses ritos funerários, assumindo
um lugarde valor diante dos olhos da sociedade grega, os lembrando que, apesar de viverem em
uma sociedade onde eram reclusas, elas possuíam uma voz dentro das questões funerárias,
adquirindo um poder de influência sobre a vida da família do morto e daquelas que presenciavam os
ritos em lugares públicos.
O presente artigo tem como objetivo demonstrar a importância da mulher nos ritos funerários, que
em parte, ocorriam em lugares públicos, evidenciando que elas não ficavam totalmente reclusas ao
oikos, participando da parte pública da sociedade grega.

3. Justificativa

A visão que as mulheres gregas ficavam reclusas ao oikos, ao espaço privado, desempenhando as
suas tarefas de esposa ideal, precisa cair por terra. As mulheres gregas eram individuas fortes, que
exerciam um importante papel nos ritos funerários, um dos costumes mais importantes para a
sociedade grega. Seu trabalho no processo de um ritual funerário possuía uma grande influência,
principalmente na família do morto, pois sem elas, o morto não seguiria em frente, resultando até
mesmo em problemas para os integrantes do núcleo familiar.
Com isso, as mulheres gregas detinham um poder em suas mãos, onde elas não ficavam reclusas no
oikos, transitando no público através dos ritos funerários que eram realizados nas tumbas. Era uma
forma de aquirir uma boa reputação, honra e respeito para ela, para o oikos e sua família.
Portanto, esse artigo nasceu com o intuito de demonstrar que as mulheres gregas conseguiam
desempenhar um papel onde elas eram vistas como importantes, sendo reconhecidas pelas suas
práticas executadas durante um rito funerário. Para complementar, evidenciando que as mulheres
conseguiam fazer parte da vida pública, lugar esse dominado pelos homens gregos, exercendo um
papel de influência, adquirindo honra para sua família.

4. Metodologia
O presente estudo terá quatro etapas de análise até chegar ao tema principal do projeto. Para
conseguirmos compreender a questão da importância da mulher grega transitando nos espaços
públicas da Grécia, é necessário compreender a definição desses conceitos e de como isso
influenciava na vida cotidiana e no status da sociedade grega. Para tal entendimento, utilizaremos as
seguintes obras: ‘’Pólis e oikos, o publico e o privado na Grécia Antiga’’, de M. B. B. Florenzano
, ‘’ O público e o privado na Grécia do VIII ao IV séc. a.C: O modelo ateniense’’, de Neyde
Theml, ‘’A vida comum: espaço, cotidiano e cidade na Atenas clássica, de Marta Mega,

Com a primeira etapa concluída, partiremos para a segunda. Para conseguirmos entender sobre os
ritos funerários que ocorriam na Grécia, é preciso compreender como a sociedade encarava a morte.
Precisamos descobrir o que a morte significava para eles e qual impacto ela tinha nos gregos. Com a
compreensão da visão que os gregos tinham da morte, poderemos entender seus valores, sua cultura
e como isso influenciava nos ritos funerários. Para entender essa linha de pensamento, será utilizado
‘’The Greek way of death’’ de Robert Garland, ‘’Morte e vida na Grécia Antiga’’ de Camila
Diogo de Souza e Maria Aparecida de Oliveira, ‘’Nascer, viver e morrer na Grécia Antiga.’’ de
M. B. B. Florenzano, Morte e vida na Grécia Antiga: olhares interdisciplinares de D. C. Souza.

Para a terceira etapa: A análise dos ritos funerários que ocorriam quando um indivíduo morria. Já
com a questão da morte em relação aos olhos da sociedade grega entendida, podemos ligar esse
estudo ao ritos funerários, analisando o processo dessa prática, demostrando os costumes que eram
realizadas durante tal ato. Para tal estudo, utilizaremos as seguintes obras: ‘’Ritos Funerários na
Grécia Antiga: Um Espaço Feminino’’, de Sandra Ferreira dos Santos, ‘’As instituições
funerárias na Atenas clássica: Palco de disputas político-jurídicas no regime democrático, de
Katia Amorim, “Morte e sono na arte grega: notas de iconografia funerária” de Sarian H,
“Ritos funerários e as leis suntuárias da pólis ateniense” de P. F. Argôlo.

Para a quarta e última etapa desse artigo, analisaremos


a importância do papel da mulher na realização dos rituais funerários gregos e como esse ato as
levava para o espaço público. As fontes utilizadas para a análise dos ritos funerários e o papel das
mulheres dentro deles são: ‘’Memória e renome femininos em contextos funerários: A sociedade
políade da Atenas Clássica’’, de Marte Mega, ‘’O espaço funerário: comemorações privadas e
exposição pública das mulheres em Atenas’’, de Marta Mega
, ‘’Papel da mulher nos ritos fúnebres dedicados aos heróis no período homérico, de Lennyse
Texeira, ‘’ Girls and Women in classical greek religion, de Matthew Dillon e ‘’O elogio das
mulheres em contextos funerários da Atenas clássica estudo de caso do Táphos de Mélita’’ de
Marta Mega.

5. Cronograma de Trabalho

Atividades Dezembro Janeiro Fevereiro Março

Levantamento Bi- X X
bliográfico e Do-
cumental

Leitura e Ficha- X X
mento da Biblio-
grafia

Discussão com a X X X X
Orientadora

Redação X X
5. Referencias

THEML, Neyde, O público e o privado na Grécia do VIII ao IV séc. A.C: O Modelo


Ateniense. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1998. 144 p.

FLORENZANO, M. B. B, Pólis e oîkos, O público e o privado na Grécia Antiga. São


Paulo: Labeca – MAE-USP, 2011. 5 p.

BERQUÓ, Thirzá, Entre as heroínas e o silêncio: A condição feminina na Atenas


Clássica. Oficina do Historiador, v. Suplemento, p. 1-22, 2014.

MEGA, Marta, A vida comum: espaço, cotidiano e cidade na Atenas clássica. Rio de
Janeiro: DP&A, 2002. 246 p.

Andrade, M. M. de. (2010), O elogio das mulheres em contextos funerários da Atenas


Clássica: estudo de caso do táphos de Mélita. Revista Do Museu De Arqueologia E
Etnologia, (20), 235-249. https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2010.89931

DILLON, Matthew, Girls and Women in Classical Greek Religion. London ; New York :
Routledge, 2002.

FLORENZANO, M. B. B. Nascer, viver e morrer na Grécia Antiga. São Paulo: Saraiva,


2004.

SARIAN, H. Morte e sono na arte grega: notas de iconografia funerária. In Clássica,


7/8: 63-74, São Paulo, 1994/1995.

ARGÔLO, P. F. Ritos funerários e as leis suntuárias da pólis ateniense. In Gaîa, v. 2,


p. 50- 65, Rio de Janeiro, 2000.

MACEDO, Kátia. Imagens da família nos contextos funerários: O caso de Atenas no


período Clássico. Universidade de São Paulo: MAE/USP, 2006.
AMORIM, Kátia. As instituições funerárias na Atenas clássica: palco de disputas
político-jurídicas no regime democrático. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE
FILOSOFIA MORAL E POLÍTICA, 1., 2009, Pelotas. Anais [...]. Pelotas: UFPel, 2009.
Disponível em: http://cifmp.ufpel.edu.br/anais/1/cdrom/mesas/mesa12/01.pdf.

SOUZA, D. C. Morte e vida na Grécia Antiga : olhares interdisciplinares. Teresina :


EDUFPI, 2020.

BANDEIRA, Lennyse. O papel da mulher nos ritos fúnebres dedicados aos heróis no
período homérico. Anais da 6ª semana de história da universidade federal fluminense.
24 de setembro a 28 de setembro, 2018.

MEGA, Marta. O espaço funerário: comemorações privadas e exposição pública das


mulheres em Atenas (séculos VI-IV a.C.). Revista Brasileira de História, vol. 31, núm.
61, junio, 2011, pp. 185-208, Associação Nacional de História. São Paulo, Brasil.

ANDRADE, M. M. 2003. Memória e renome femininos em contextos funerários: a


sociedade políade da Atenas Clássica. S.P., Labeca – MAE/USP.

GARLAND, Robert. The Greek Way of Death. Cornell University Press. Ithaca, New York.
1985

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