Você está na página 1de 54

Física II

Práticas de Laboratório

Fortaleza
2016
Física II
Práticas de Laboratório

Material de apoio para a disciplina de Física


II, ministrada nos cursos de engenharia vin-
culados ao Centro de Ciências Tecnológicas
da Universidade de Fortaleza.

Universidade de Fortaleza
Centro de Ciências Tecnológicas
Coordenação de Física

Fortaleza
2016
Física II
Práticas de Laboratório/ (Versão 0.5) . – Fortaleza, 2016-
72 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.

Práticas de Laboratório – Universidade de Fortaleza


Centro de Ciências Tecnológicas
Coordenação de Física, 2016.
1. Práticas de Laboratório. 2. Física II. I. Coordenação de Física. II.
Universidade de Fortaleza. III. Coordenação de Física. IV. Física II - Práticas de
Laboratório

CDU 00:000:000.0
Prefácio

A Física é uma Ciência que exerce profunda influência em muitas outras áreas do
saber, tais como a Engenharia, a Biologia, a Química, etc. Estudar os fenômenos físicos é
de vital importância para a compreensão dos princípios que regem o mundo e desenvolver
a habilidade de trabalhar com eles, aplicando-os para tornar o abstrato em concreto: é a
essência da tecnologia.
A metodologia usada neste material está de forma a atender o princípio fundamental
da educação moderna. O aluno é direcionado a aprender de forma mais eficaz, desenvol-
vendo outras capacidades e potencialidades como a criatividade, a iniciativa, o raciocínio
lógico, a analogia, a síntese, a transferência de aprendizagem. Assim, a aprendizagem
se dá praticando, buscando informações e soluções por conta própria. Nessa forma de
ensino, a função do professor é a de orientador, que coordena, estimula e auxilia o aluno
no desenvolvimento de suas atividades.
O planejamento deste documento teve como objetivo servir de apoio ao estudante,
visando o ensino mais eficiente, produtivo, interessante e agradável. Contudo, muitas
melhorias podem ainda ser feitas. Para isso, é necessária a colaboração de cada estudante
que venha a usufruir deste conteúdo, enviando suas críticas e sugestões.
Este trabalho foi produzido com o apoio do corpo docente de Física da Universidade
de Fortaleza. A formatação e edição final deste documento foi realizada pelo professor
Roberto Lima, utilizando o software livre LATEX. As figuras foram feitas utilizando o
software live Inkscape. Cada capítulo foi construído, colaborativamente, com o empenho
dos professores que fizeram este projeto acontecer: Anderson Pereira; Daniel Barros Freitas;
Diego Araújo Frota; Einstein Amaral; Francisco de Assis Leandro Filho; Gerardo Majela
Lima Cavalcanti; Iramilson Maia da Silva Filho; Jorge André Costa dos Santos; Maria
Aparecida Tavares; Paulo Willyam Simão de Oliveira; Roberto Lima da C. C. Júnior.

Coordenação de Física.
“Não deixe o barulho da opinião dos outros abafar sua voz interior.
E, mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e sua intuição.
Eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer se tornar.
Tudo o mais é secundário”.
(Steve Jobs)
Lista de ilustrações

Figura 1 – Objeto de forma arbitrária em posições angulares diferentes (✓1 e ✓2 ).


Ponto de referência à uma distância r do eixo de rotação. . . . . . . . . 14
Figura 2 – Aparato para análise de momento angular, com disco e tambor acoplados
por um eixo comum. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Figura 3 – Barra metálica com dois blocos fixos nas extremidades. Eixo central de
giro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 4 – Barra metálica com dois blocos fixos próximo ao centro. Eixo central
de giro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 5 – Barra metálica com dois blocos fixos nas extremidades. Eixo lateral de
giro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 6 – Partícula de momento linear p~ girando ao redor do eixo z em um
movimento circular no plano xy. Vetor posição ~xi de localização da
partícula. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 7 – Representação de uma pessoa sentada no banco giratório. . . . . . . . . 27
Figura 8 – Objeto circular em rotação. Parâmetros importantes no estudo de um
rolamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 9 – Movimento puramente rotacional, todos os pontos da roda movem-se
com a mesma velocidade angular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 10 – Movimento puramente translacional, todos os pontos da roda movem-se
para a direita com a mesma velocidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 11 – O movimento de rolamento da roda é uma combinação dos dois movi-
mentos anteriormente descritos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 12 – Eixo instantâneo de rotação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 13 – Rolamento em um plano inclinado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 14 – Forças atuantes em um corpo imerso em líquido. . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 15 – Sistema massa-mola, com uma massa m e uma mola de constante
elástica k. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 16 – Aparato utilizado no experimento de MHS. Sistema massa-mola sob
efeito da força gravitacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 17 – Estrutura genérica de um pêndulo físico juntamente com forças atuantes. 42
Figura 18 – Pêndulo Composto utilizado na aula prática. . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 19 – Dilatação linear de uma barra, juntamente com os principais parâmetros. 46
Figura 20 – Dilatação superficial de uma placa, juntamente com os principais parâ-
metros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Figura 21 – Dilatação volumétrica de um bloco, juntamente com os principais parâ-
metros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Figura 22 – Dilatômetro utilizado no procedimento experimental para determinar
as propriedades de expansão térmica de um metal. . . . . . . . . . . . 48
Figura 23 – Aparato utilizado na determinação do peso aparente de um objeto
imerso em líquido. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Lista de tabelas

Tabela 1 – Valores medidos dos parâmetros importantes para a análise do movimento 17


Tabela 2 – Medida dos tempos de queda com a massa ligada ao tambor. . . . . . 17
Tabela 3 – Medida dos tempos de queda com a massa ligada ao disco. . . . . . . 18
Tabela 4 – Medidas dos parâmetros importantes para se determinar quantitativa-
mente o valor do momento de inércia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Tabela 5 – Dados experimentais obtidos de um rolamento em plano inclinado. . . 32
Tabela 6 – Dados experimentais para a determinação da massa específica de líquidos. 36
Tabela 7 – Medidas dos períodos de oscilação de um movimento harmônico simples. 40
Tabela 8 – Medidas dos períodos para diferentes massas. Mola 1. . . . . . . . . . . 40
Tabela 9 – Medidas dos períodos de oscilação do pêndulo físico. . . . . . . . . . . 43
Tabela 10 – Valores dos coeficientes de dilatação linear para os materiais usados na
aula prática de dilatação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Tabela 11 – Medidas dos parâmetros analisados na prática de dilatação. . . . . . . 49
Tabela 12 – Grandezas físicas associadas à prática de rotações. Unidades SI . . . . 56
Tabela 13 – Comparação dos valores teóricos com os valores práticos para o rola-
mento em um plano inclinado. Velocidades em m/s. . . . . . . . . . . 62
Tabela 14 – Empuxo na água (em Newtons). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Tabela 15 – Empuxo no álcool (em Newtons). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Tabela 16 – Análise dos dados obtidos na prática de dilatação. . . . . . . . . . . . . 72
Sumário

1 ROTAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.1 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Material Utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3 Fundamentos Teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3.1 As variáveis de rotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.3.2 Rotação com aceleração angular constante . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.3.3 As variáveis angulares e lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.4 Procedimentos Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2 MOMENTO DE INÉRCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2 Material Utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3 Fundamentos Teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.1 Energia Cinética de Rotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3.2 Momento de inércia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.3.3 Torque e a segunda Lei de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.3.4 Teorema dos Eixos Paralelos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4 Procedimentos Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3 MOMENTO ANGULAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.1 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2 Material Utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3 Fundamentos Teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3.1 Conservação do momento angular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3.2 Momento angular de um corpo rígido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.4 Procedimentos Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

4 ROTAÇÃO E TRANSLAÇÃO SIMULTÂNEOS . . . . . . . . . . . 29


4.1 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.2 Material Utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.3 Fundamentos Teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.3.1 Rolamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.3.2 Energia Cinética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.3.3 Rolamento em um plano inclinado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.4 Procedimentos Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
5 PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES E DENSIMETRIA . . . . . . . . 33
5.1 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
5.2 Material Utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
5.3 Fundamentos Teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
5.3.1 Princípio de Arquimedes e Empuxo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5.3.2 Flutuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5.3.3 Peso Aparente em um Fluido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5.4 Procedimentos Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

6 MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES . . . . . . . . . . . . . . 37


6.1 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
6.2 Material Utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
6.3 Fundamentos Teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
6.3.1 Equações do movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
6.3.2 Período de oscilação de um sistema massa-mola. . . . . . . . . . . . . . . 38
6.4 Procedimentos Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

7 PÊNDULO FÍSICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
7.1 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
7.2 Material Utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
7.3 Fundamentos Teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
7.4 Procedimentos Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

8 DILATAÇÃO TÉRMICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
8.1 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
8.2 Material Utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
8.3 Fundamentos Teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
8.3.1 Dilatação em sólidos: linear, superficial e volumétrica . . . . . . . . . . . . 46
8.4 Procedimentos Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
13

1 Rotações

1.1 Objetivo

• Identificar as grandezas características da rotação;

• Estudar o movimento de rotação com aceleração angular uniforme.

1.2 Material Utilizado


• Suporte com Disco e Tambor; • Discos metálicos (50 e 100 g);

• Linha para enrolamento; • Gancho para discos;

• Régua milimetrada ou trena; • Cronômetro digital;

• Tira de papel; • Balança;

1.3 Fundamentos Teóricos


A cinemática dos corpos rígidos trata dos movimentos de translação e rotação. No
movimento de translação pura todas as partes de um corpo sofrem o mesmo deslocamento
linear. Por outro lado, no movimento de rotação pura as partes de um corpo descrevem
trajetórias circulares cujos centros situam-se sobre uma mesma reta – chamada de eixo de
rotação. No movimento de rotação pura todas as partes de um corpo sofrem o mesmo
deslocamento angular. O movimento que se aproxima mais de uma situação real é aquele
que incorpora tanto a translação quanto a rotação [1, 2, 3, 4, 5].

1.3.1 As variáveis de rotação


À semelhança do movimento de translação, para a análise da rotação utilizamos de
parâmetros equivalentes a aqueles definidos anteriormente na Física 1.

Posição Angular

Quando um objeto de um formato arbitrário, tem uma trajetória circular em torno


de um certo eixo, podemos definir algumas grandezas que descreverão esse movimento.
Podemos marcar um dado ponto do objeto e analisar o seu movimento. A distância deste
ponto ao eixo de rotação é chamado de raio r da trajetória. A sua trajetória descreve
um arco de comprimento S. A posição angular associada ao arco e o raio é o ângulo ✓.
Observe a Figura 1.
14 Capítulo 1. Rotações

θ2
r S
θ1

Figura 1 – Objeto de forma arbitrária em posições angulares diferentes (✓1 e ✓2 ). Ponto


de referência à uma distância r do eixo de rotação.

Deslocamento Angular

Quando um corpo está em rotação, ele está variando a sua posição angular de modo
que num dado momento ela é definida pelo ângulo ✓1 e num instante posterior é definida
pelo ângulo ✓2 de modo que o deslocamento angular entre os instantes considerados é:

✓ = ✓2 ✓1 (rad) (1.1)

Velocidade Angular

A velocidade angular é a taxa com que a posição angular está variando; é a razão
entre o deslocamento angular e o tempo necessário para fazer esse deslocamento.
Definimos a velocidade angular média como:

!m = (rad/s) (1.2)
t

Definimos a velocidade angular instantânea como:


✓ d✓
! = lim = (1.3)
t!0 t dt

Aceleração angular

Quando a velocidade angular de um corpo não é constante mas varia no tempo


com uma certa taxa, esse corpo terá uma aceleração angular.
Definimos a aceleração angular média como:
!
↵m = (rad/s2 ) (1.4)
t

Definimos a aceleração angular instantânea como:


! d!
↵ = lim = (1.5)
t!0 t dt
1.3. Fundamentos Teóricos 15

1.3.2 Rotação com aceleração angular constante


À semelhança do movimento de translação com aceleração constante, as equações
para rotação são obtidas integrando-se a equação de movimento:
d!
↵= = constante . (1.6)
dt
Logo podemos obter:

Z d! = ↵dt
Z t
!
d! = ↵ dt
!o 0
! !o = ↵t

O que nos dá a equação básica:


! = !o + ↵t (1.7)

Temos também para a posição angular:


d✓
! =
dt
d✓ = !dt
Z ✓ Z t
d✓ = !dt
✓o 0
Z t
✓ ✓0 = (!o + ↵t)dt
0
1
✓ ✓0 = !o t + ↵t2
2
Recuperamos então a forma:
1
✓ = ✓0 + !o t + ↵t2 (1.8)
2
A equação de Torriceli pode ser deduzida utilizando a regra da cadeia:
d! d! d✓ d!
↵= = = !
dt d✓ dt d✓
Assim, temos:
d!
↵=! ) ↵d✓ = !d!
d✓
Integrando os dois membros da equação:
Z ✓ Z !
↵d✓ = !d!
✓o !o
1 2
↵(✓ ✓o ) = (! !o2 )
2
Rearranjando os termos, obtemos:

! 2 = !o2 + 2↵ ✓ (1.9)
16 Capítulo 1. Rotações

1.3.3 As variáveis angulares e lineares


Posição Linear (x)

Ao analisarmos o movimento de rotação de um objeto o parâmetro que descreve o


deslocamento espacial é:
x=r·✓ (1.10)

Velocidade Escalar (v)

Quando observamos os corpos rígidos, a rotação se faz com raio constante, ou seja:
cada ponto observado mantém uma distância constante ao eixo de rotação. Desse modo:
dx d(r · ✓) d✓
v= = =r =r·! (1.11)
dt dt dt
onde v é a velocidade linear de um certo ponto do corpo e ! é a velocidade angular desse
ponto considerado. Na realidade, ! é a velocidade angular do corpo por inteiro.

Aceleração (a)

De maneira equivalente, a aceleração de uma dado ponto de um corpo é definida


como:
dv d(r · !) d!
a= = =r =r·↵ (1.12)
dt dt dt
Essa aceleração é também conhecida como aceleração tangencial, pois é responsável
pela variação do módulo da velocidade. Como a velocidade é tangencial à curva, para
que o seu módulo varie é necessário uma aceleração nesta direção. Com a definição dessa
aceleração, temos agora dois tipos de aceleração no movimento circular: a aceleração
tangencial e a aceleração radial (ou centrípeta), ou seja:
8
< at = ↵ · r
~a = a~t + a~r , onde 2 (1.13)
:a = v = ! 2 r
r
r

1.4 Procedimentos Experimentais


1. Utilizando uma balança, meça as massas utilizadas no experimento e anote na Tabela 1.
Use m1 para a massa menor, e m2 para a maior.

2. Observe o aparato ilustrado na Figura 2. Enrole uma tira de papel para medir o
perímetro do tambor (CT ) e do disco (CD ). Anote-os na Tabela 1. Vale ressaltar que as
medidas anotadas devem ser escritas com as unidades do instrumento de medida.

3. Faça a medida da altura h a qual o peso (disco metálico) irá cair e anote na Tabela 1.
Leve em consideração que o peso será liberado (posição inicial) do nível da base do
aparato, conforme indicado pela linha tracejada da Figura 2.
1.4. Procedimentos Experimentais 17

Figura 2 – Aparato para análise de momento angular, com disco e tambor acoplados por
um eixo comum.

Tambor
Eixo

Disco

Tabela 1 – Valores medidos dos parâmetros importantes para a análise do movimento

Parâmetros Valor e Unidade

CT
CD
h
m1
m2

4. Com o fio enrolado em torno do tambor, e com o corpo de massa m1 fixo ao fio
(Figura 2), disponha o mesmo na posição inicial segurando no disco. Libere o aparato
de maneira que o mesmo possa girar. Com o cronômetro, meça três tempos de queda
e anote na Tabela 2. Ao final, calcule e anote o tempo médio tm , pois o mesmo será
utilizado como base para as análises.

Tabela 2 – Medida dos tempos de queda com a massa ligada ao tambor.

Tempos Medidos (s) Tempo Médio (s)


Massas (g)
t1 t2 t3 tm

m1 =
m2 =

5. Repita o mesmo procedimento do item anterior, mas agora utilize o disco. Anote os
valores na Tabela 3.
18 Capítulo 1. Rotações

Tabela 3 – Medida dos tempos de queda com a massa ligada ao disco.

Tempos Medidos (s) Tempo Médio (s)


Massas (g)
t1 t2 t3 tm

m1 =
m2 =
19

2 Momento de Inércia

2.1 Objetivo

• Avaliar o efeito de um torque constante sobre um conjunto acoplado livre para girar;

• Analisar a relação entre velocidade angular e momento de inércia de um corpo rígido


em rotação;

• Avaliar o momento de inércia de um conjunto acoplado;

• Observar as variações do momento de inércia quando em um corpo rígido em rotação


alterando sua distribuição de massa.

2.2 Material Utilizado

• Varetas com contrapesos móveis;

• Fita métrica;

• Balança.

2.3 Fundamentos Teóricos


2.3.1 Energia Cinética de Rotação
Vamos considerar um conjunto de N partículas, cada uma com massa mi e veloci-
dade vi girando em torno de um mesmo eixo do qual distam ri . A energia cinética deste
sistema é:
N N N
!
X 1 X 1 1 X 1
K= mi vi2 = mi (!ri )2 = mi ri2 ! 2 = I! 2
i=1
2 i=1
2 2 i=1 2

onde ri é a distância de cada partícula ao eixo, ! a velocidade angular das partículas em


torno do eixo considerado e definimos o momento de inércia I do conjunto de partículas
como:
XN
I= mi ri2 (2.1)
i=1

Então a energia cinética de rotação é dada por:


1
K = I! 2 (2.2)
2
20 Capítulo 2. Momento de Inércia

Vamos usar a definição de momento inércia principalmente para calcular a energia


cinética de rotação de corpos rígidos. Quando uma roda está girando em torno do seu eixo,
as diversas partes da roda se movem com velocidade diferentes, mas todas as suas partes
têm a mesma velocidade angular. Daí a importância da definição do momento de inércia
para computar a energia cinética associada ao movimento de rotação de um sistema de
partículas ou um corpo rígido.

2.3.2 Momento de inércia


Se dividirmos um corpo rígido em pequenas partes, cada parte com uma massa
mi , podemos em tese calcular o momento de inércia deste corpo usando a equação
anteriormente apresentada para um sistema de partículas:
N
X
I= ri2 mi (2.3)
i=1

Se aumentarmos essa subdivisão de modo que aqueles elementos de massa mi se


transformem em grandezas diferencias dm, poderemos identificar como:
N
X Z
I = lim ri2 mi = r2 dm (2.4)
m!0
i=1

onde essa é uma integral simbólica que significa a integração sobre todo o volume do corpo
rígido considerado, seja ele de uma, duas ou três dimensões.

2.3.3 Torque e a segunda Lei de Newton


Define-se o torque ~⌧ produzido pela força F~ quando ela atua sobre uma partícula
como sendo o produto vetorial dessa força pelo vetor posição da partícula:

~⌧ = ~r ⇥ F~ = rF sin ✓ (2.5)

onde ✓ é o ângulo entre os vetores ~r e F~ . Lembrando que os vetores são coplanares, e o


torque ~⌧ é um vetor perpendicular ao plano contendo os dois vetores.
A segunda Lei de Newton toma uma forma peculiar quando aplicada aos movimentos
que envolvem rotação. Se fizermos a decomposição da força aplicada a uma partícula
segundo as suas componentes perpendicular e paralela ao vetor posição dessa partícula,
teremos: 8
<F = ma
k k
F~ = m~a (2.6)
:F = ma
? ?

mas, quando consideramos o torque associado a essa força, temos:

⌧ = rFk = r(mak ) = m(rak ) = mr(r↵) = (mr2 )↵


2.4. Procedimentos Experimentais 21

e o torque toma a forma:


⌧ = I↵ (2.7)
onde I é o momento de inércia da partícula considerada.
Se tivermos N partículas girando em torno de um eixo cada uma delas sob a ação
de uma força, teremos um torque associado a essa força, onde:
N
X N
X
~⌧ = ⌧i = r~i ⇥ F~i (2.8)
i=1 i=1

2.3.4 Teorema dos Eixos Paralelos


Em algumas situações podemos usar o chamado Teorema dos Eixos Paralelos para
calcular o momento de inércia de um corpo que gira em torno de um determinado eixo que
está deslocado paralelamente de uma distância h do eixo relacionado ao centro de massa.

I = ICM + mh2 (2.9)

O momento de inércia relacionado ao centro de massa, ICM , é facilmente obtido


quando o objeto analisado possui simetria. Para isso, utiliza-se o cálculo integral. Geral-
mente podemos encontrar os valores de ICM em tabelas nos livro. Para uma barra simples,
como a que será utilizada no experimento, temos que o momento de inércia relacionado ao
centro de massa é dado por:

mL2
Ibarra = (2.10)
12
Caso a barra gire ao redor de um eixo “lateral”, devemos aplicar a equação 2.9, o
que levará à:

mL2
Ibarra = (2.11)
3

2.4 Procedimentos Experimentais

1. Observe os arranjos exibidos nas Figuras 3 e 4. Em uma de suas mãos, segure a barra
metálica representada pela Figura 3 de forma que sua mão seja o eixo de giro. Na outra
mão, segure a barra representada pela Figura 4 com sua mão posicionada também como
sendo o eixo de giro. Movimente as barras rapidamente fazendo-as girar1 . Anote a
seguir o que você observa, qualitativamente, em relação ao momento de inércia das duas
configurações de barra. Qual configuração impõe mais resistência ao giro? Justifique.
1
Para aumentar a percepção, o giro dado nas barras deve ser alternado: ora em um sentido, ora em
outro.
22 Capítulo 2. Momento de Inércia

Figura 3 – Barra metálica com dois blocos fixos nas extremidades. Eixo central de giro.

Figura 4 – Barra metálica com dois blocos fixos próximo ao centro. Eixo central de giro.

Figura 5 – Barra metálica com dois blocos fixos nas extremidades. Eixo lateral de giro.

2. Compare o movimento quando se gira a barra na configuração da Figura 3, com o


movimento relacionado à Figura 5. Anote a seguir o que você observa em relação ao
momento de inércia? Justifique.

3. Utilizando uma balança e uma fita métrica, faça as medidas sugeridas na Tabela 4,
preenchendo-a completamente2 .

2
Os dados quantitativos serão utilizados na seção 8.4.
2.4. Procedimentos Experimentais 23

Tabela 4 – Medidas dos parâmetros importantes para se determinar quantitativamente o


valor do momento de inércia.

Medida Parâmetro Valor

Comprimento da barra metálica L (cm)


Massa da barra metálica M (g)
Massa do bloco 1 m1 (g)
Massa do bloco 2 m2 (g)
Distância do bloco ao eixo (Figura 3) x1 (cm)
Distância do bloco ao eixo (Figura 4) x2 (cm)
Distância do bloco ao eixo (Figura 5) x3 (cm)
25

3 Momento Angular

3.1 Objetivo

• Perceber e experimentar o torque utilizando uma banqueta giratória;

• Constatar a segunda lei de Newton na rotação fazendo experimentos com uma


banqueta giratória e halteres;

• Identificar momento angular;

• Reconhecer a conservação do momento angular como a causa das variações na


velocidade angular durante o experimento;

• Reconhecer o efeito giroscópio.

• Observar a conservação do momento angular de um corpo rígido que gira em torno


de um eixo fixo.

3.2 Material Utilizado

• Plataforma giratória

• Banqueta

• Dois halteres (pesos) de 2 kg;

• Giroscópio de aro.

3.3 Fundamentos Teóricos


O momento angular de uma partícula de massa m localizada pelo vetor posição ~r,
que tem momento linear p~ é definido como:

~ = ~r ⇥ p~ onde p~ = m~v
L (3.1)

~ é perpendicular tanto à ~r quanto à p~. Observando a Figura 6,


Vale ressaltar que o vetor L
é importante perceber que embora o módulo dos vetores ~r e p~ possam ser constantes1 , o
vetor em si não o é.
1
Invariantes no tempo.
26 Capítulo 3. Momento Angular

Figura 6 – Partícula de momento linear p~ girando ao redor do eixo z em um movimento


circular no plano xy. Vetor posição ~xi de localização da partícula.

r z

mi
pi
ri
y
x

Existe uma conexão entre o momento angular de uma partícula e o torque associado
à força resultante que atua sobre ela. Vamos considerar a variação do momento angular
no tempo:
8
> d~r
~
dL d d~r d~p < dt ⇥ p~ = ~v ⇥ p~ = m~v ⇥ ~v = 0
= (~r ⇥ p~) = ⇥ p~ + ~r (3.2)
dt dt dt dt >: d~p = F~ (Força Resultante)
dt

Logo, temos a segunda lei de Newton para rotações:


~
dL ~
dL
= ~r ⇥ F~ ) = ~⌧ (3.3)
dt dt

3.3.1 Conservação do momento angular


Se a resultante dos torques externos em relação a um ponto fixo se anula, ~⌧ext = 0,
temos:
~
dL
= ~⌧ext = 0 )L
~ = constante
dt

“Quando a resultante dos torques externos aplicados a um sistema é nulo


o vetor momento angular total do sistema permanece constante. Este é o
princípio da conservação do momento angular ”.

3.3.2 Momento angular de um corpo rígido


Para calcular o momento angular de um corpo rígido que está girando em torno
de um eixo (neste caso eixo z) com velocidade angular !, vamos dividi-lo em pequenos
volumes Vi cada um com uma massa mi , que tem momento linear pi e estão localizados
pelo vetor posição r. O momento angular desta pequena massa é:

~ i = ~ri ⇥ p~i
L (3.4)
3.4. Procedimentos Experimentais 27

Nesse caso o ângulo entre os vetores ~r e p~ é 90 . Desse modo:

Li = ri p i = ri v i m i (3.5)

Para calcular a componente z do momento angular, temos que:

Liz = Li sin ✓ = (ri ) sin ✓vi mi = ri? vi mi = ri? (!ri? ) mi (3.6)

ou seja:

2
Liz = ! mi ri?
X X
Lz = Liz = ! mi ri?
i i

mas Z
X
2 2
I = lim mi ri? = r? dm
mi !0
i

onde ri? é a componente do vetor posição da massa mi perpendicular ao eixo de rotação,


ou seja é a distância da massa mi ao eixo de rotação, e portanto temos a nossa definição
original de momento de inércia. Desse modo:

L = I! (3.7)

onde omitimos o índice z do momento angular pois iremos tratar apenas de situações onde
o momento angular de um corpo rígido será paralelo ao eixo de rotação (analisaremos
apenas situações onde o momento de inércia é uma grandeza escalar).

3.4 Procedimentos Experimentais


Figura 7 – Representação de uma pessoa sentada no banco giratório.

L L
i f

Ii If
28 Capítulo 3. Momento Angular

1. Sente-se no banco sobre a plataforma girante. Segure os halteres com os braços


abertos, como representado na Figura 7 (esquerda). Coloque a plataforma em rotação
impulsionada sem exagero. Quando estiver girando, encolha os braços cruzando-os
sobre o peito como está indicado na Figura 7 (direita). Anote a seguir o que você
observa em relação à velocidade angular do indivíduo em rotação.

2. Sente na baqueta segurando o giroscópio de aro com eixo posicionado verticalmente.


Peça a um colega que gire fortemente o giroscópio. Mova o eixo de rotação do giroscópio.
Descreva a seguir o que ocorre quando se move o eixo do giroscópio.
29

4 Rotação e Translação Simultâneos

4.1 Objetivo

• Identificar velocidade teórica e prática para a esfera, cilindro e anel, descendo um


plano inclinado;

• Constatar a ordem de chegada dos três corpos: esfera, anel e cilindro;

• Comprovar a conservação da energia mecânica.

4.2 Material Utilizado

• Plano Inclinado;

• Cronômetro;

• Fita métrica;

• Esfera, Cilindro e Anel.

4.3 Fundamentos Teóricos


4.3.1 Rolamento
Considere um aro de raio R, rolando sem deslizar em uma superfície plana horizontal.
Quando essa roda girar de um ângulo ✓, o ponto de contato do aro com a superfície
horizontal se deslocou uma distância x, tal que:

x = R✓ (4.1)

Figura 8 – Objeto circular em rotação. Parâmetros importantes no estudo de um rola-


mento.

R
x
30 Capítulo 4. Rotação e Translação Simultâneos

O centro de massa do aro também se deslocou da mesma distância. Portanto, a


velocidade de deslocamento do centro de massa do aro tem a forma:
dS d(✓R) d✓
vcm = = =R ) vcm = !R (4.2)
dt dt dt

De maneira equivalente podemos encontrar a forma da aceleração do centro de


massa do aro:
dvcm d(!R) d!
acm = = = R ) acm = ↵R (4.3)
dt dt dt
O rolamento é descrito como uma combinação de rotação e translação. Observe as
figuras 9, 10, 11.

Figura 9 – Movimento puramente rotacional, todos os pontos da roda movem-se com a


mesma velocidade angular.

v = Vcm

v = - Vcm

Figura 10 – Movimento puramente translacional, todos os pontos da roda movem-se para


a direita com a mesma velocidade.

v = Vcm

v = Vcm

v = Vcm

Figura 11 – O movimento de rolamento da roda é uma combinação dos dois movimentos


anteriormente descritos.

v = 2Vcm

v = Vcm
4.3. Fundamentos Teóricos 31

O rolamento visto como uma rotação pura


O rolamento pode ser entendido como uma rotação pura se observarmos que a cada
instante o corpo está girando em torno de um eixo instantâneo, que passa pelo ponto de
contato entre esse corpo e a superfície que o suporta. Esse eixo é perpendicular à direção
do movimento.
A velocidade do centro da roda é:

vcm = !R (4.4)

e a velocidade do topo da roda é:

vtopo = !2R = 2vcm (4.5)

Figura 12 – Eixo instantâneo de rotação.

v
v v
v
v
v

4.3.2 Energia Cinética


Um corpo que rola sem deslizar pode ser visto a cada instante como girando em
torno de um eixo instantâneo que passa pelo ponto de contato desse corpo com a superfície
que o suporta, e esse eixo é perpendicular à direção do movimento do corpo. Desse modo,
a sua energia cinética de rotação tem a forma:
1
K = I! 2 (4.6)
2
onde I é o momento de inércia do corpo em relação ao eixo mencionado. Observa-se esse
movimento como consistindo apenas de rotação. Mas se levarmos em conta o teorema dos
eixos paralelos:
I = Icm + mr2 (4.7)

a energia terá a forma:


1 1 2
K = Icm ! 2 + mvcm (4.8)
2 2
Desse modo, observa-se esse movimento como consistindo de uma composição: rotação +
translação.
32 Capítulo 4. Rotação e Translação Simultâneos

4.3.3 Rolamento em um plano inclinado


Para analisar o movimento de rolamento em um plano inclinado podemos recorrer
à Equação 4.8. O momento de inércia pode variar de acordo com a geometria do objeto
e da posição do eixo de giro. A seguir estão os momentos de inércia de três tipos de
geometria de objetos.
1 2
Ic = mr2 (Cilindro) Ie = mr2 (Esfera) Ia = mr2 (Anel) (4.9)
2 5

Quando objetos são postos a rolar em um plano inclinado, partindo do repouso,


podemos obter pelo princípio da conservação de Energia, as seguintes expressões para a
velocidade final:
r
4
Vc = gh (Cilindro) (4.10)
3
r
10
Ve = gh (Esfera) (4.11)
7
p
Va = gh (Anel) (4.12)

4.4 Procedimentos Experimentais

1. Monte um plano inclinado de acordo com a Figura 13. Para este procedimento deverão
ser utilizado três objetos de diferentes geometrias: cilindro, esfera e anel. Cada um
deve ser solto separadamente e alguns dados devem ser extraídos para preencher a
Tabela 5. Três tempos de descida (t1 , t2 e t3 ) deverão ser medidos a fim de se obter o
tempo médio de descida t.

Figura 13 – Rolamento em um plano inclinado

Tabela 5 – Dados experimentais obtidos de um rolamento em plano inclinado.

Objeto h (m) x (m) t1 t2 t3 t

Cilindo
Esfera
Anel
33

5 Princípio de Arquimedes e Densimetria

5.1 Objetivo

• Determinar a densidade de líquidos e sólidos;

• Verificar o princípio de Arquimedes experimentalmente;

• Determinar o empuxo;

5.2 Material Utilizado

• Dinamômetro.

• Corpo sólido (alumínio, ferro).

• Líquidos (água, álcool).

• Béquer;

• Proveta.

5.3 Fundamentos Teóricos


Na Grécia Antiga o Rei Hieron II (306 a.C. - 215 a.C.) de Siracusa apresentou
um problema a Arquimedes, um sábio da época. O rei havia recebido a coroa de ouro,
cuja confecção confiara a um ourives (a ourivesaria é a arte de trabalhar com metais
preciosos, especificamente prata e ouro), mas estava desconfiado da honestidade do artesão.
O ourives teria substituído parte do ouro que lhe foi entregue por prata. Arquimedes
foi encarregado de descobrir uma prova irrefutável do roubo. A lenda conta que o sábio
teria descoberto o método de medir a densidade dos sólidos por imersão em água quando
se banhava. Ele notou que o nível da água aumentou quando ele entrou na tina. Logo
associou a quantidade de água deslocada com o volume da parte imersa do seu corpo.
Assim, comparando o efeito provocado pelo volume da coroa com o do volume de igual
peso de ouro puro, ele poderia determinar a pureza da coroa. Nesse instante, pelo que
consta historicamente, Arquimedes teria saído subitamente do banho e, ainda nu, teria
corrido pelas ruas de Siracusa gritando “eureka”, que significa descobrir.
Somente muito mais tarde, a Hidrostática receberia contribuições ao seu desen-
volvimento, através dos trabalhos de Simon Stevin (1548 – 1620) e Pascal. Stevin, em
34 Capítulo 5. Princípio de Arquimedes e Densimetria

1586, demonstrou que a pressão exercida por um líquido sobre uma superfície, depende da
altura da coluna do líquido e da área ocupada pela superfície, independendo do tamanho
do recipiente. Blaise Pascal (Matemático e Físico francês, 11623 – 1662) descobriu que a
pressão exercida sobre os fluídos, era transmitida com progressiva diminuição por todas
as partes do mesmo e que ela atuava normalmente sobre todas as superfícies. Este é
o chamado Princípio de Pascal na qual se baseia a construção de vários dispositivos
hidráulicos (prensa, freio) e que a rigor, constituem-se espécies de alavanca.

5.3.1 Princípio de Arquimedes e Empuxo


Arquimedes descobriu, enquanto tomava banho, que um corpo imerso na água se
torna mais leve devido a uma força, exercida pelo líquido sobre o corpo, vertical e para
cima, que alivia o peso do corpo. Essa força, do líquido sobre o corpo, é denominada
~
empuxo (E).
De acordo com Arquimedes:

“Quando um corpo é total ou parcialmente submerso em um fluido, uma força


de empuxo E ~ exercida pelo fluido age sobre o corpo. Tal força tem módulo
igual ao peso mf · ~g do fluido deslocado pelo corpo”.

Este é o Principio de Arquimedes. Portanto, sobre corpo que se encontra par-


cialmente ou totalmente imerso em um fluido (Figura 14), agem duas forças: a força
~
peso p~, devido à interação com o campo gravitacional terrestre, e a força de empuxo E,
devido à sua interação com o líquido. Supondo um fluido com densidade ⇢f , em equilíbrio
hidrostático no interior de um recipiente. Destacando uma porção do mesmo com volume
Vf , como mostra a Figura 14.

Figura 14 – Forças atuantes em um corpo imerso em líquido.

E
Vf
P

O volume de fluido deslocado pelo corpo é exatamente o mesmo volume do corpo


Vf . Então a massa do fluido deslocado pode ser escrita como:
m f = ⇢f V f (5.1)

Mas, como já foi visto, a intensidade do empuxo é igual à do peso dessa massa
deslocada. Sendo assim:
E = mf g = ⇢f Vf g (5.2)
5.4. Procedimentos Experimentais 35

5.3.2 Flutuação
Quando pousamos um pedaço de madeira na superfície de uma piscina, a madeira
começa a afundar na água porque é puxada para baixo pela força peso. À medida que o
bloco desloca mais e mais água, o módulo da força de empuxo E, ~ que nesse caso aponta
para cima, aumenta. Finalmente, E ~ se torna igual ao módulo da força peso P~ e a madeira
para de afundar. A partir desse momento, o pedaço de madeira permanece em equilíbrio
estático e dizemos que está flutuando na água. Em todos os casos:

“Quando um corpo flutua, o módulo da força de empuxo E ~ que age sobre


o corpo é igual ao módulo da força peso P~ (força peso) a que o corpo está
submetido”.

5.3.3 Peso Aparente em um Fluido


Quando colocamos uma pedra em uma balança calibrada para medir pesos, a leitura
da balança é o peso da pedra. Quando, porém, repetimos a experiência debaixo d’água, a
força de empuxo a que a pedra é submetida diminui a leitura da balança. A leitura passa
a ser, portanto, um peso aparente. O peso aparente de um corpo está relacionado ao peso
real e à força de empuxo através da equação:

Pap = PR E (Peso Aparente) (5.3)

5.4 Procedimentos Experimentais

1. Encontre a massa em gramas do béquer vazio. Determine seu peso.

2. Meça numa proveta graduada 130 mL de água e coloque no béquer vazio. Determine a
massa do conjunto béquer + água, e calcule a massa específica (densidade) anotando na
Tabela 6.

3. Repita o procedimento anterior usando álcool e anote na Tabela 6.

4. Determine o volume do corpo sólido mergulhando-o em uma proveta graduada contendo


água. Anote na Tabela 6.
36 Capítulo 5. Princípio de Arquimedes e Densimetria

5. Utilizando a balança de precisão encontre a massa do alumínio e do ferro. Anote na


Tabela 6.

Tabela 6 – Dados experimentais para a determinação da massa específica de líquidos.

Amostra Massa (g) Volume (cm3 ) Massa específica (g/cm3 )

Água
Álcool
Alumínio
Ferro
37

6 Movimento Harmônico Simples

6.1 Objetivo

• Analisar o movimento oscilatório de um sistema massa mola;

• Verificar a dependência ou não do período em relação a massa, constante elástica e


amplitude no MHS;

• Verificar se o movimento pode ser classificado como MHS.

6.2 Material Utilizado

• Massas de 50g;

• Cronômetro;

• Molas.

6.3 Fundamentos Teóricos


O mundo está repleto de movimentos oscilatórios, seja em aviões onde a turbulência
do ar que passa pelas asas faz com que oscilem, podendo fazer com que as asas se quebrem.
Ou num terremoto onde os edifícios sofrem oscilações bastante intensas que podem até
desmoronar.
O entendimento das oscilações são importantes para física e engenharia. Nesta
prática falaremos de um caso particular de oscilações que é o movimento harmônico simples
(MHS). Este tipo de movimento surge a partir da existência de forças restauradoras que
tendem a manter o corpo na posição de equilíbrio. Nesta prática trabalharemos com um
sistema massa mola onde a força restauradora pode ser descrita pela lei de Hooke.

F = kx (Lei de Hooke) (6.1)

Neste tipo de movimento quando o corpo é retirado da posição de equilíbrio por


uma força externa ele oscila entre duas posições x1 e x1 . Chamamos este valor de
amplitude do MHS. Um sistema assim pode ser visto na Figura 15.
38 Capítulo 6. Movimento Harmônico Simples

Figura 15 – Sistema massa-mola, com uma massa m e uma mola de constante elástica k.
k
(a) m Sistema em equilíbrio

k
(b) m Mola totalmente comprimida

k
(c) m Mola totalmente alongada

-xm 0 xm

6.3.1 Equações do movimento


A equação da posição do movimento deste corpo pode ser descrita pela expressão:

x(t) = xm cos (!t + o) , (6.2)

onde xm é a amplitude do movimento, ! é a frequência angular (! = 2⇡f ), e o é a fase


inicial. A posição x do sistema, assim, é dependente do tempo, ou seja, x ⌘ x(t).
A derivada da posição em relação ao tempo é a velocidade. Assim, derivando a
Equação 6.2 temos:
dx
v(t) = = !xm sin (!t + o ). (6.3)
dt
Procedemos da mesma maneira para obtermos a aceleração:
dv
a(t) = = ! 2 xm cos (!t + o ) , (6.4)
dt
onde podemos reescrever esta equação simplesmente como

a(t) = ! 2 x(t) (6.5)

6.3.2 Período de oscilação de um sistema massa-mola.


Usando a segunda lei de Newton Fr = ma e substituindo o valor da aceleração,
temos
Fr = ma = m[ ! 2 xm cos (!t + o )] ) Fr = m! 2 x. (6.6)

Comparando a Equação 6.6 com a Equação 6.1, obtemos

m! 2 x = kx
m! 2 = k
✓ ◆2
2⇡
m = k
T
4⇡ 2
m 2 = k
T
6.4. Procedimentos Experimentais 39

Assim o período de um sistema massa mola ideal (MHS) é dado por:


r
m
T = 2⇡ (6.7)
k

6.4 Procedimentos Experimentais

1. Coloque uma mola no suporte e depois acople uma massa m = 200 g (quatro massas
de 50 g), conforme a Figura 16. Meça a deformação xm sofrida pela mola1 quando a
massa é acomplada. Anote o valor de xm .

Figura 16 – Aparato utilizado no experimento de MHS. Sistema massa-mola sob efeito da


força gravitacional.

k k

xm
m

2. A partir da deformação medida no item anterior, determine a constante elástica k1 em


N/m utilizando a lei de Hooke. Anote a seguir.

3. Com a massa m acoplada à mola, faça algumas deformações xm , anote os períodos para
cada uma, e complete a Tabela 7.

4. Desloque a massa da posição de equilíbrio e meça o tempo necessário para 10 oscilações


para cada uma das massas especificadas na Tabela 8. Faça duas medidas, calcule o
período médio e o período médio ao quadrado.

1
Atenção à referência zero da escala.
40 Capítulo 6. Movimento Harmônico Simples

Tabela 7 – Medidas dos períodos de oscilação de um movimento harmônico simples.

Deslocamento xm T (s)

2 cm
4 cm
6 cm

Tabela 8 – Medidas dos períodos para diferentes massas. Mola 1.

Massa (g) 10 T(s) 10 T(s) Tmed 2


Tmed

50
100
150
200
41

7 Pêndulo Físico

7.1 Objetivo

• Determinar o período para diferentes eixos de rotação;

• Determinar a gravidade local, utilizando o pêndulo físico.

7.2 Material Utilizado

• Pêndulo Composto;

• Transferidor;

• Cronômetro;

• Fita métrica de 5 metros.

7.3 Fundamentos Teóricos


A Figura 17 mostra um pêndulo físico com peso p = mg agindo sobre seu centro
de massa G. Quando o pêndulo é deslocado de um ângulo ✓, em qualquer direção de
sua posição de equilíbrio, surge um torque restaurador que age em torno de um eixo que
atravessa o ponto de suspensão O e tem magnitude dada por

⌧= px h = (mg sin ✓)h (7.1)

Aqui, px = mg sin ✓ é a componente tangencial do peso p, e h (segmento OG) é o braço


de alavanca desta componente. O sinal negativo indica que o torque é de restauração, ou
seja, um torque que tende sempre a reduzir o ângulo ✓ à zero.
Limitando a pequenas amplitudes, tais que sin ✓ ⇡ ✓, a Equação 7.1 torna-se

⌧⇡ (mg✓)h (7.2)

que tem o formato da lei de Hooke na forma angular (⌧ = ✓). Assim, um pêndulo físico
executa um movimento harmônico simples, se a amplitude angular ✓max do seu movimento
for pequena (✓max ⇡ 5 ). Podemos notar que o termo mgh da equação é equivalente a
constante de torção  da lei de Hooke na forma angular. Assim, o período de oscilação de
um pêndulo físico (pequenas oscilações) é dado por:
s
I
T = 2⇡ , (pêndulo físico) (7.3)
mgh
42 Capítulo 7. Pêndulo Físico

Figura 17 – Estrutura genérica de um pêndulo físico juntamente com forças atuantes.

O
h
G

px
py

onde I é o momento de inércia do pêndulo em relação a um eixo que passa através de seu
ponto de suspensão, perpendicular ao plano de oscilação, e h é a distancia entre o ponto
de suspensão e o centro de massa do pêndulo oscilante.

Caso especial: barra oscilante

Podemos analisar o caso de uma barra oscilante conforme a Figura 18. Temos que
o momento de inércia da barra (em relação ao centro de massa) pode ser obtido utilizando
o cálculo integral1 , e possui valor I = mL2 /3. Dessa forma podemos ter:
s s
mL2
I
T = 2⇡ = 2⇡ 3
(7.4)
mgh mgh
T2 L2
= (7.5)
4⇡ 2 3gh
4⇡ 2 L2
g = (h = L/2) (7.6)
T 2 3h

7.4 Procedimentos Experimentais

1. Monte o conjunto do pêndulo físico de acordo com a Figura 18.

2. Meça a distância OG no pêndulo físico utilizado na prática e anote.

3. Ponha o pêndulo físico para oscilar com um ângulo de 10 , meça o período com o
cronômetro e preencha a Tabela 9.

1
Consultar livro didático.
7.4. Procedimentos Experimentais 43

Figura 18 – Pêndulo Composto utilizado na aula prática.

O
G

Tabela 9 – Medidas dos períodos de oscilação do pêndulo físico.

Media 5T T

1
2
3
Media
45

8 Dilatação Térmica

8.1 Objetivo

• Observar experimentalmente o fenômeno de dilatação térmica;

• Determinar o coeficiente de dilatação linear de hastes metálicas.

8.2 Material Utilizado


Dilatômetro Linear composto por:

• Haste de Aço, Alumínio, Cobre e Latão;

• Relógio comparador fixado ao Dilatômetro;

• Balão volumétrico;

• Bico de Bunsen;

• Termômetro.

8.3 Fundamentos Teóricos


Muitos fenômenos que ocorrem no dia a dia podem ser explicados através da
dilatação térmica dos materiais. Em geral, os objetos dilatam-se ao receber energia na
forma de calor, e contraem-se ao cedê-la. Nas ferrovias existem pequenos espaços que
separam um trilho de outro, possibilitando que eles se dilatem sem provocar danos à
estrutura. Quando colocamos uma quantidade de chá muito quente em um recipiente de
vidro comum pode ocorrer de ele trincar. Isso ocorre porque a parte interna do copo se
dilata ao ser aquecido, no entanto, o vidro é um mal condutor de calor de forma que a
parte externa do mesmo demora ser aquecida. Dessa forma, ocorre diferença de dilatação
entre as partes interna e externa do copo, o que acaba por fazê-lo trincar.
As calçadas, quadras poliesportivas e até mesmo as lajes sofrem dilatação quando
a temperatura aumenta e contrai quando a temperatura diminui. Nesse processo de
dilatação e contração podem acontecer fissuras que, no caso das lajes, acabam deixando
a água passar quando ocorre chuva. Para evitar essas fissuras e rachaduras os pedreiros
colocam juntas, no caso das quadras, e divisórias, no caso das calçadas, quando estão
construindo as mesmas. Durante a construção de pontes e viadutos deixam-se pequenas
46 Capítulo 8. Dilatação Térmica

fendas para que essas estruturas possam dilatar quando a temperatura aumentar, sem
que aconteçam as rachaduras. Assim como todos os casos descritos acima, o dente e os
materiais utilizados nas obturações também sofrem dilatação térmica, no entanto eles têm
diferentes coeficientes de dilatação, o que significa que um dilata mais que o outro. Por
exemplo, comida muito quente e bebidas geladas excessivamente podem provocar danos
aos dentes quando eles se dilatam ou contraem. Um dos possíveis danos são as quebras
dos dentes e as cáries que podem acontecer quando há dilatação das obturações.

8.3.1 Dilatação em sólidos: linear, superficial e volumétrica

Dilatação linear dos sólidos


Chamaremos de dilatação linear a dilatação de objetos cujo comprimento é maior do
que as outras dimensões. Nesses casos, a variação do comprimento tende a ser mensurável,
enquanto a dilatação das outras dimensões tende a ser desprezível quando comparada ao
comprimento. É o caso de uma barra ou fio.
De forma empírica1 , podemos verificar que a dilatação ( L) de uma barra como o da
Figura 19 é proporcional ao seu comprimento inicial (Lo ) e a sua variação de temperatura
( T = T To ). Chamando de L o comprimento final da barra, teremos que:

L = Lo ↵ T (8.1)

onde o coeficiente de proporcionalidade ↵ é chamado de coeficiente de dilatação linear é


uma característica do material. A rigor este coeficiente varia com a temperatura, mas
é costume utilizar o valor médio dessa grandeza nas questões. A unidade do coeficiente
de dilatação linear é o inverso da unidade de temperatura. De forma usual, utiliza-se o
C 1 . A Tabela 10 mostra valores de coeficientes de dilatação linear para os materiais que
utilizaremos em nossa aula experimental.

Figura 19 – Dilatação linear de uma barra, juntamente com os principais parâmetros.

Lo L
To

T
L

Dilatação Superficial
Chamaremos de dilatação superficial a dilatação de objetos cuja área é maior do
que a espessura. É o caso de uma placa metálica. Para facilitar a compreensão do caso,
1
Utilizando dados experimentais.
8.3. Fundamentos Teóricos 47

Tabela 10 – Valores dos coeficientes de dilatação linear para os materiais usados na aula
prática de dilatação.

Material ↵ (C 1
)

Aço 1, 2 ⇥ 10 5

Alumínio 2, 4 ⇥ 10 5

Cobre 1, 7 ⇥ 10 5

Latão 1, 8 ⇥ 10 5

imaginemos uma placa quadrada de lado Lo a uma temperatura To e de material com


coeficiente de dilatação linear ↵. Aquecendo-se essa placa (como o da Figura 20) até
uma temperatura T > To , haverá um aumento do comprimento de seus lados e, por
consequência, de sua área ( A). Para um material que dilata igualmente em todas as
direções (material isotrópico), a dilatação superficial pode ser escrita como:

A = Ao T (8.2)

onde (⌘ 2↵) é chamado de coeficiente de dilatação superficial, e possui a mesma unidade


do coeficiente de dilatação linear (C 1 ).

Figura 20 – Dilatação superficial de uma placa, juntamente com os principais parâmetros.

A o To
ΔA

A T

Dilatação Volumétrica
Chamaremos de dilatação volumétrica a dilatação de objetos onde todas as dimen-
sões possuem dilatações consideráveis. É o caso de sólidos como esferas, caixas, cilindros
e líquidos. Para facilitar a compreensão do caso, observemos um bloco de volume Vo a
uma temperatura To ilustrado na Figura 21. O material possui um coeficiente de dilatação
linear ↵. Quando esse bloco (ou qualquer outro objeto tridimensional) sofrer um aumento
de temperatura T , o mesmo sofrerá uma variação positiva no seu volume (dilatação
volumétrica), de tal forma que:
V = Vo T (8.3)

onde (⌘ 3↵) é chamado de coeficiente de dilatação volumétrico, e possui a mesma


unidade do coeficiente de dilatação linear (C 1 ).
48 Capítulo 8. Dilatação Térmica

Figura 21 – Dilatação volumétrica de um bloco, juntamente com os principais parâmetros.

Vo
To

V ΔV
T

8.4 Procedimentos Experimentais

1. Monte o aparato experimental conforme na Figura 22. Fixe os tubos metálicos (um
por vez, ou um por bancada) rosqueando o manípulo, porém sem muita pressão, basta
encostar a ponta do manípulo no tubo. A outra extremidade do tubo deve encostar na
ponta do medidor de dilatação (relógio comparador) de tal modo que o ponteiro dê
uma volta completa. Não esqueça de zerar o relógio comparador. Coloque 50 cm3 de
água no balão de destilação.

Figura 22 – Dilatômetro utilizado no procedimento experimental para determinar as pro-


priedades de expansão térmica de um metal.

Balão de
destilação

Relógio medidor Bico de


Bunsen

2. Determine o comprimento inicial Lo da haste fixada no dilatômetro, desde a guia com


mufa até a guia de saída próximo ao relógio comparador e anote na Tabela 11.

3. Leia no termômetro a temperatura inicial To da barra e anote na Tabela 11.

4. Ligue a fonte térmica (bico de Bunsen). Espere que a água entre em ebulição e que o
vapor percorra a parte interna dos cilindros ocos (corpos de prova). Aguarde até que o
sistema entre em equilíbrio térmico e meça a temperatura nesse momento. Anote o
valor na Tabela 11.

5. Calcule a variação de temperatura sofrida pelos tubos e anote na Tabela 11.

6. Leia no relógio comparador o valor da dilatação sofrida pela barra e anote na Tabela 11.
8.4. Procedimentos Experimentais 49

Tabela 11 – Medidas dos parâmetros analisados na prática de dilatação.

Material Lo (mm) Lf (mm) L (mm) To ( C) Tf ( C) T (C )

Aço
Alumínio
Cobre
Latão
51

Referências

1 HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamento de Física: Mecânica. 9. ed.


[S.l.]: LTC, 2012. v. 1. Citado na página 13.

2 MOSCA, G.; TIPLER, P. A. Física para cientista e engenheiros: mecânica, oscilações


e ondas, termodinâmica. 6. ed. [S.l.]: LTC, 2009. v. 1. Citado na página 13.

3 SEARS; FREEDMAN, R. A.; YOUNG, H. D. Física I: Mecânica. 12. ed. [S.l.]:


Addison Wesley, 2008. v. 1. Citado na página 13.

4 NUSSENVEIG, H. M. Curso de Física Básica: Mecânica. 5. ed. [S.l.]: Blucher, 2013.


v. 1. Citado na página 13.

5 SANDS, M.; FEYNMAN, R. P.; LEIGHTON, R. B. Lições de Física de Feynman.


[S.l.]: Bookman, 2008. Citado na página 13.

Você também pode gostar