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PEU Período Letivo: 2020-1

Professor: Data: 05/07/2020

Aluno (a): DRE:

INTRODUÇÃO

A partir do que podemos denominar sociedades de risco, termo utilizado pelo


alemão Ulrich Beck e pelo britânico Anthony Giddens, onde há uma crescente
preocupação com o crescimento de depósitos de lixo, mudanças climáticas,
inundações, desabastecimento de água, ataque terrorista e cibernético, geração e
distribuição de energia, puderam identificar a necessidade da classificação das
Infraestruturas de Risco ou Critical Infrastructure.
O termo Critical Infrastructure foi, e é, muito empregado em países que
desejavam proteger seus recursos devido ao risco envolvidos, criando-se políticas
de proteção para essas redes, de modo a preservar o funcionamento da sociedade
como a conhecemos. É importante frisar que nem todas as redes essenciais ou
críticas pertencem ao estado, porém é necessário que elas tenham o monitoramento
e a supervisão governamental para que a operação não seja interrompida ou
apresente falhas que prejudiquem o funcionamento das infraestrutuas.
No Brasil o sistema regulatório de proteção ainda é incipiente e há uma enorme
carência de estudos do tema, com bibliografia ainda pequena frente ao enorme
desafio.
Necessário ainda dizer que no Brasil os sistemas de proteção das infraestruturas
críticas teve impulso quando da realização de eventos internacionais como a copa
do mundo e os jogos olímpicos.
Dentro desse contexto, o artigo estadunidense escolhido para estudo procura
apresentar uma das infraestruturas críticas e demonstra algumas propostas para
diminuir ou eliminar os efeitos de eventos críticos relacionados ao sistema de
drenagem.
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RESENHA CRÍTICA

Smart Water Network Modeling for Sustainable and Resilient Infrastructure

O artigo faz uma introdução traçando um panorama do crescimento populacional


ao redor do mundo entre o período de 1950 e 2014. Com os dados apresentados
demonstra-se que o crescimento da população urbana está em acelerado
crescimento desde 1950 com previsão de no futuro continuar crescendo, refletindo
assim na quantidade de mega-cidades que existem ao redor do mundo. Enquanto
isso, os dados demonstram que o crescimento da população rural aconteceu de
forma muito mais lenta e tem previsão de chegar ao seu pico em 2020, quando a
partir de então a previsão é de decréscimo.
Em paralelo a este crescimento das cidades, é citado que os sistemas de infra
estrutura de muitas cidades, durante esse mesmo período, já excederam a sua vida
útil de projeto e sofreram atualizações, manutenção e reparos inadequados ao longo
do tempo, com quantidades de investimentos insuficientes para acompanhar o ritmo
das necessidades. Com isso o autor pretende demonstrar que a gestão das áreas
urbanas é um dos desafios mais importantes do século XXI.
Para exemplificar esses investimentos insuficientes para a demanda e justificar o
grande desafio que é a gestão das infra estruturas urbanas, é utilizado como
exemplo a infra-estrutura de saneamento das cidades dos Estados Unidos. É citada
a elevada idade das redes públicas de esgoto e a sua condição ultrapassada de
absorver as águas da chuva. É relatado que em várias ocasiões do ano as redes
derramam uma quantidade tão alta de esgoto nos rios, lagos e córregos que sérios
problemas de qualidade da água são causados e o abastecimento de água potável é
ameaçado, trazendo graves problemas para a saúde da população.
Outro impacto do crescimento urbano que coloca em risco a saúde pública
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citado no artigo é a impermeabilização do solo. Ainda utilizando os Estados Unidos


como exemplo o autor afirma que o escoamento da água carrega muitos tipos de
poluentes que estão no solo impermeável das cidades (sal das estradas, metais
pesados, bactérias, hidrocarbonetos, orgânicos, fertilizantes, pesticidas, nutrientes,
óleo, graxa, produtos químicos tóxicos, excrementos de animais de estimação,
materiais de construção, partículas em decomposição e lixo) e acabam parando nas
lagoas, rios, córregos e outras fontes de água potável.
Outro problema citado que acorre com a alta taxa de impermeabilização dos
solos nas grandes cidades é a alta quantidade de escoamento, já que apenas uma
pequena quantidade das águas pluviais são absorvidas pelo solo. Com isso
aumenta-se a ocorrência e a intensidade das inundações a jusante, além de diminuir
os lençóis freáticos e diminuir as taxas de recarga.
O autor então explica a abordagem tradicional do sistema drenagem urbana no
qual a coleta e transporte do escoamento das águas pluviais acontece através de
uma rede de transporte estrutural até uma instalação centralizada (bacia de
retenção, lagoa úmida), onde é armazenada, tratada e descarregada a jusante.
Porém é relatado que os estudos recentes e avanços tecnológicos permitem que
hoje em dia existam estratégias eficazes para o controle das águas pluviais de forma
a minimizar e até evitar impactos negativos do escoamento superficial permitindo o
tratamento necessário mais próximo da origem de onde caí a chuva.
Essas estratégias econômicas, sustentáveis e ambientalmente saudáveis são
conhecidas coletivamente como Melhores Práticas de Gerenciamento /
Desenvolvimentos de Baixo Impacto (BMPs / LIDs). Em vez de simplesmente coletar
e remover as águas pluviais de um local sem tratamento, a água é armazenada,
reutilizada e tratada mais perto de sua fonte. Por exemplo, o escoamento do telhado
pode ser captado e armazenado em tanques de retenção para irrigação de plantas e
outros usos. O escoamento também pode ser direcionado aos jardins de chuva para
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tratamento e melhorias na paisagem,


Assim a água pluvial pode ser gerenciada de forma a reduzir o impacto das
áreas construídas, promovendo o movimento natural das águas dentro de um
ecossistema ou bacia hidrográfica. Essa abordagem complementa e às vezes
substitui os sistemas tradicionais de drenagem de águas pluviais e transforma o
escoamento em um recurso a ser preservado e protegido, e não um incômodo a ser
eliminado.
Esses sistemas de drenagem inteligentes podem ser aplicado a novos
empreendimentos, reabilitações ou adaptações em empreendimentos existentes e já
foi adaptado a uma variedade de usos do solo, desde ambientes ultra-urbanos de
alta densidade até empreendimentos de baixa densidade.
Dessa forma, é informado que esses sistemas de drenagem inteligente estão
fornecendo apoio para profissionais de órgão federais, estaduais, municipais, não
apenas para otimizar as estratégias integradas de gestão de drenagem, mas
também para garantir uma drenagem sustentável, atendendo às necessidades do
crescimento e a proteção da qualidade ambiental em áreas urbanas.
Assim, é informado que os sistemas de drenagem inteligentes podem ser
divididos em cinco modelos, que podem ser utilizadas de forma independente ou
combinados entre si.
O primeiro modelo é chamado de Modelo dinâmico de simulação de chuvas e
escoamentos. Se trata de um modelo eficaz e viável para simular as condições de
quantidade e qualidade de escoamento de eventos de tempestade única ou de longo
prazo (contínuas) em áreas principalmente urbanas. Através de suas capacidades
preditivas, ele pode estimar a produção de cargas poluentes associadas ao
escoamento de águas pluviais em qualquer ponto do sistema de drenagem, o
encaminhamento dos componentes da qualidade da água através do sistema de
drenagem e a redução na concentração de componentes através do tratamento em
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unidades de armazenamento ou por processos naturais. Ele também pode modelar


o desempenho hidrológico de tipos específicos de pequenos controles, como
pavimentos permeáveis, jardins de chuva, telhados verdes, plantadores de ruas,
barris de chuva, valas de infiltração, desconexão de telhados e turbulências
vegetativas. Tais recursos permitem que engenheiros e gestores possam
representar com precisão a combinação de pontos de reutilização de águas pluviais
dentro de uma área de estudo, para determinar sua eficácia no gerenciamento de
águas pluviais e transbordamentos combinados de esgoto.
O segundo modelo é chamado modelo uni-bidimensional integrados e consiste
em acoplamentos dinâmicos de simulação hidrodinâmica unidimensional de fluxos
em rios, canais abertos e redes de águas pluviais, com simulação hidrodinâmica
bidimensional de inundações superficiais no ambiente urbano e em planícies
aluviais. Esse modelo é capaz de prever com eficiência os riscos de inundação e dá
suporte ao projeto de drenagem com uma boa relação custo-benefício. Também
podem ser usado para estimar os riscos potenciais de inundação de qualquer
sistema de drenagem e desenvolver estratégias de projeto, gerenciamento e
operação confiáveis e econômicas.
O terceiro modelo é o modelo de simulação em tempo real. Esse modelo amplia
a utilização da simulação dinâmica de escoamento pluviométrico e do modelo uni-
bidimensional, para aplicações operacionais a partir da precipitação medida em
radar e outros dados de telemetria em tempo real. Assim os operadores do modelo
podem analisar o impacto de um evento previsto de tempestade e identificar todas
as áreas potencialmente impactadas por inundações ou transbordamentos. Dessa
forma, soluções alternativas de mitigação podem ser analisadas e comparadas com
rapidez e precisão, para determinar o nível de eficácia e o custo associado. Assim
pode-se agir rapidamente selecionando a solução mais apropriada. Se pode
progredir do gerenciamento de rede puramente reativo para o mais proativo. Isso
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pode resultar em operações de rede significativamente mais eficientes e


econômicas, maior integridade da rede, melhor manutenção da rede e agilidade no
atendimento ao cliente.
O quarto é o modelos de gerenciamento de integridade de ativos e planejamento
de capital. Inclui análises preditivas que processam os dados de inspeção e
modelagem de esgotos, identificam os tubos que requerem limpeza frequente, bem
como aqueles com maior risco de deficiências hidráulicas e / ou falha estrutural,
geram uma lista priorizada de todos os tubos que necessitam de reabilitação e
propõem métodos de reabilitação adequados ou substituição. Assimas
concessionárias de águas residuais podem rastrear os desafios e desenvolver
planos de substituição, reabilitação, manutenção e gerenciamento de tubulações de
curto e longo prazo que melhorarão o desempenho do sistema de esgoto de
maneira economicamente eficiente.
O quinto é o modelo de análise e tratamento de águas pluviais urbanas. É
usados para determinar a seleção e a localização estratégica para tanques de
reutilização e outras estratégias inteligentes de reaproveitamento nas bacias
hidrográficas urbanas, abordando assim o controle da poluição e das inundações. O
resultado consiste em curvas de custo-efetividade que relacionam reduções de fluxo
e/ou carga de poluentes com custos, de acordo com uma série de soluções ideais.
Assim, auxilia o desenvolvimento de planos de controle de fluxo e poluição de
maneira confiável e econômica, que modo a proteger as águas de origem e atender
às metas de qualidade da água.
Por fim o autor do artigo conclui que o melhor entendimento e controle da gestão
sustentável da drenagem se torna cada vez mais importante à medida que o
diminuem os gastos em infraestrutura enquanto a população e urbanização do
mundo só aumentam, sobrecarregando os sistemas de infra-estrutura que foram
projetados utilizando métodos tradicionais.
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Os sistemas de drenagem inteligente desempenharão um papel muito


importante no desafio de gestão das áreas urbanas no século XXI, oferecendo
multiplos benefícios para a sociedade. As ferramentas apresentadas tem a missão
de integrar modelos dinâmicos de simulação e otimização de rede para ajudar a
otimizar o planejamento e o design de sistemas de drenagem urbana sustentáveis,
permitindo também as suas operações em tempo real. O resultado final que se
busca é gerenciar a complexidade através da simplicidade.

Referências

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