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Aula 6b – Parafusos com pré-carga,

segundo Norton

SEM 0326 – Complementos de Elementos de Máquinas I


1. Parafusos de fixação: Dimensões
Parafusos convencionais e porcas utilizam roscas-padronizadas:
- Para roscas unificadas (UNS):
Sendo:
d p = d − 0,649519 / N d r = d − 1,299038 / N (1a)
N = número de filetes por
polegada ou p = passo em
- Para roscas métricas: mm.
d = diâmetro externo do
d p = d − 0,649519 p d r = d − 1,226869 p (1b)
parafuso.

Com área sob tração (At) Tensão em uma barra rosqueada, devido
à carga axial de tração F (σt):
π ⎛ d p + dr
2

At = ⎜⎜ ⎟⎟ (1c)
σt =
F
(2)
4⎝ 2 ⎠ At
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1. Parafusos de fixação: Dimensões

Figura 1 – Medição dos filetes de uma rosca (Senai, 2005)

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1. Parafusos de fixação: Dimensões
O comprimento de rosca de parafusos com porca, para a Série em
Polegadas em função do diâmetro externo do parafuso (D) é dada pela
seguinte relação:

LT = 2 D + 1 / 4" L ≤ 6"
2 D + 1 / 2" L > 6"

Para a Série
P Sé i em Milímetros
Milí t (Si t
(Sistema ISO), o comprimento
ISO) i t de
d rosca
será:
- O comprimento
p ideal de
LT = 2 D + 6 L ≤ 125 D ≤ 48 parafusos com porca é aquele
2 D + 12 125 < L < 200 no qual , apenas uma ou duas
roscas projetam-se
projetam se da porca
2 D + 25 L > 200
depois do aperto. (Tabela A-
29 Shigley, 2006).

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1.1 Parafusos de fixação: Classificações
- Os parafusos de fixação podem ser escolhidos:
- Pela sua finalidade;
- Pelo tipo de rosca;
- Pelo tipo de cabeça (hexagonal, fenda reta e em cruz e sua
f
forma ( d d
(redondas, planas,
l cilíndricas
lí d abauladas,
b l d panela,
l
escareadas,...).
- Por
P sua resistência
i tê i mecânica.
â i
Materiais para parafusos: aços, aço inoxidável,
alumínio latão,
alumínio, latão bronze e plásticos.
plásticos

* Para utilização em projeto de máquinas:


parafuso
f com porca, parafusos
f e
prisioneiros.

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1.1 Parafusos de fixação: Classificações

Figura 2 – Variações das cabeças de parafusos de fixação (Shigley, 2000).

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1.2 Parafusos de fixação: Sistema Métrico-ISO

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1.2 Parafusos de
fixação: Sistema
Unificado

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1.3 Tipos de porcas
Porca Borboleta: aperto e remoção manual.

Porcas de Travamento:
Porca
de aperto é uma versão
estreita da Porca Hexagonal padronizada,
para que em conjunto possam travar o
parafuso de fixação.
Porca castelo com sulcos,
sulcos para
inserção de pinos, colocados aos longo de
um furo p
passante, p
para travamento.
Porcas com inserto de nylon.

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1.4 Tipos de arruelas
- Arruela:
A el parte
p te plana,
pl n com
om forma
fo m de um m anel
nel que
q e tem como
omo
objetivo aumentar o contato entre a cabeça do parafuso ou a
porca ou a parte apertada.
apertada
- São fabricadas com aço endurecido, para que durante o
aperto entre as partes,
partes a força de compressão seja
distribuída, sobre uma área maior do que a cabeça do
parafuso ou da p
p porca.
* Materiais dúcteis: promove o escoamento do material em
flexão, sem a distribuição correta da carga.
• Tipos: arruelas planas e arruelas pára-choques.
- Para travamento: arruelas de pressão e arruelas
dentadas (melhor o uso de porcas)!

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1.5 Processo de obtenção das roscas, em parafusos
Roscas internas: machos e torneamento, com ferramentas com
perfis específicos;
Roscas externas: cossinetes, usinagem e conformação
(laminação)*.
* O processo por laminação possui vantagens sobre o processo de
usinagem, devido ao aumento da resistência dos filetes da rosca, ao
criar
i raios
i na crista
i t da
d rosca, fornece
f t
tensões
õ residuais
id i de d compressãoã
benéficas, nessas regiões. Há ainda, menor perda de material
(deformação plástica).
Em conjunto, com o tratamento térmico adequado, alivia
tensões residuais internas do corpo.
corpo

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2. Resistência dos parafusos padronizados

- Parafusos com porca e parafusos de máquinas, para suas respectivas


aplicações em estruturas ou submetidas à cargas variantes devem ser
escolhidas, com base em sua Resistência de Prova (Sp), definida
pela SAE, ASTM e ISO.
- Esses órgãos definem graus ou classes de parafusos, nos quais são
especificados: material, tratamento térmico e uma resistência
mínima
í i d prova (obtida
de ( b id estatisticamente),
i i ) para o parafuso.
f
- A resistência mínima de prova (Sp) é a tensão sob a qual o
parafuso
f começa a apresentar
t d f
deformações
õ permanentes,
t
sendo próxima, porém inferior à resistência de escoamento
do material.
-Tabelas (14-6 e 14-7) - Sistema Unificado e ISO (Norton, 2000).

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Tabela 14-6 Especificações SAE (Resistências de parafusos de aço)

Fonte: Norton (2000) - pág. 778 e 779.

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Tabela 14-7 Especificações sistema métrico (Resistências de parafusos de
aço)

Fonte: Norton (2000) - pág. 778 e 779)

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3. Pré-carga em uniões sob tração
- Uma das aplicações primárias do parafuso/porca é unir peças,
normalmente com cargas aplicadas, que coloque o parafuso em tração.
Exemplos de aplicações: estruturas aeronáuticas, automotivas
construção civil, naval.

Figura 3 – Montagem parafusada sob esforço de tração (Norton, 2000).

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3. Pré-carga em uniões sob tração
- É comum pré-carregar a junta, apertando os parafusos com torque
suficiente, para criar cargas de tração, que se aproximem das
respectivas resistências de prova (Sp).
)
- Para montagens carregadas estaticamente, pode-se utilizar uma
pré-carga que gera tensões no parafuso de até 90% da Sp.
pré-carga,
- Para uniões carregadas dinamicamente (carga de fadiga), uma
pré-carga que gera tensões no parafuso em torno de 75% da
pré-carga,
resistência de prova (Sp) pode ser utilizada.

- Se não houver erros de dimensionamento do parafuso, essas


elevadas p
pré-cargas
g tornam ppouco pprovável q
que os p
parafusos se
rompam durante o aperto ou em serviço.

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3. Pré-carga em uniões sob tração
- Relação das elasticidades entre o parafuso e o material:

Figura 4 - Pré-carregamento de uma união parafusada (Norton, 2000).

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3. Pré-carga em uniões sob tração
- A Figura 4 mostra um parafuso apertando uma mola (analogia ao
material apertado) na Figura 3 (montagem parafusada).
- Todo
d o materiall solicitado
l d apresenta uma constante de
d mola,
l e
comprimirá quando o parafuso for apertado (e o parafuso sendo
elástico se estenderá quando apertado).
Analisando a Figura 4, pode-se observar as seguintes situações:
( ) O material
(a) t i l do
d membro
b é substituído
b tit íd por uma mola;
l
(b) A porca é tracionada para baixo com uma força de 100lbf, sendo
colocado um “componente de aço imaginário” entre a porca e o plano
de referência, para servir como trava:
O parafuso possui uma pré-carga
pré carga de tração de 100lbf e
a mola (material) possui 100lbf de pré-carga de compressão.

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3. Pré-carga em uniões sob tração
(c) Essa pré-carga
é permanece na união parafusada, mesmo se fosse
tirada a ferramenta de aperto.

Equivalente à situação que resultaria se a porca tivesse


sido apertada convencionalmente com uma ferramenta,
para comprimir a mola na mesma quantidade.

(d) Se uma nova carga externa com valor de 90 lbf fosse aplicada a
união parafusada, a pré-carga continuaria sendo 100lbf e o
componente que serve de trava continuaria na interface da porca com
o plano de referência.
(e) Aplicando uma carga superior (110lbf) à de pré-carga,
pré-carga esta
comprime ainda mais a mola, quebrando o contato entre a porca e o
plano de referência.

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3. Pré-carga em uniões sob tração
Conclusão: Quando o parafuso e o material de junção são separados
(e), o parafuso assume toda a carga aplicada.

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3.1 Conceito de Pré-Carga
A Figura 5 apresenta um parafuso fixando um cilindro de secção
transversal e comprimento conhecidos.

Observar cargas, deflexões


Ob d fl õ e
tensões no material e no
parafuso sob a prépré-carga
carga e
depois, quando uma carga
p
externa é aplicada.

Figura 5 – Parafuso pré-carregado


comprimindo um cilindro, que é
submetido à cargas externas
(Norton, 2000).

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3.1 Conceito de Pré-Carga
A constante de mola de uma barra, em tração
ã é dada pela equação
ã
de deflexão:

Fl
δ= (3)

AE

AE F
k= = (4)

δ l

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3.1 Conceito de Pré-Carga
Normalmente, o material apertado é constituídoí de uma ou mais
peças, que podem ser de diferentes materiais.
Um parafuso
U f extenso
t t á roscas sobre
terá b uma porção
ã apenas de
d seu
comprimento: apresentará duas áreas de seção transversal (com
diferentes rigidezes). Essas “molas”
molas se combinam, de acordo com a
equação:

1 1 1 1 1
= + + + ... + (5)

ktotal k1 k 2 k3 kn

Ri id do
Rigidez d conjunto
j

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3.1 Conceito de Pré-Carga
Para o parafuso redondo com diâmetro
â D e comprimento de rosca*
carregada axialmente (lt), dentro do comprimento de zona de
aperto (l), como apresentado na Figura 4, a constante de mola
será:

1 lt l − lt lt ls
= + = + (6)

kb At Eb Ab Eb At Eb Ab Eb
Rigidez do parafuso
Sendo:
Ab: a área total da seção transversal; *Ver comprimentos
normalizados, em
At: a área sob tensão de tração do parafuso e; função do diam. do
parafuso!
ls=(l-l
=(l lt): o comprimento referente à região sem rosca.
rosca
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3.1 Conceito de Pré-Carga
Para o material de geometria cilíndrica
í da Figura 4 (ignorando as
flanges), a constante de mola do material será:

1 l1 l2 4l1 4l2
= + = + (7)
k m Am1 E1 Am 2 E2 πDef 1 E1 πDef 2 2 E 2
2

Rigidez do material

Sendo:
Am: as áreas efetivas dos materiais apertados e;
Def: os diâmetros
diâ t efetivos
f ti dessas
d áreas.
á

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3.1 Conceito de Pré-Carga
Se os materiais apertados forem iguais, a equação
ã (7) se torna:

Am Em
km = (8)

l
Sendo:
Am: a área efetiva do material sujeitado (substituído posteriormente pelo
cone de Frusto).
Se Am for definido como um cilindro sólido com diametro efetivo Def, a
equação (8) se torna:

πDeff Em 2

km = (9)

4 l

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3.1 Pré-carga em uniões sob tração: carregamento estático
A Figura 6(a) apresenta um gráfico, que relaciona carga-deflexão do
parafuso com o material sujeitados, em eixos comuns, com o
comprimento inicial considerado com deflexão (δ)
(δ)=00.

- Inclinação da linha do
material é negativa (seu
comprimento diminui,
diminui com o
aumento da força)
- Para o parafuso a inclinação
é positiva (seu comprimento
aumenta , com o aumento da
Figura 6(a) – Força de pré-carga
e deflexões iniciais no parafuso e
força).
no material.

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3.1 Pré-carga em uniões sob tração: carregamento estático

- O material é considerado
a s rígido
mais g do do que o
parafuso, devido à sua área
ser maior;
- A força atuante é a mesma,
para o material e o parafuso,
enquanto estiverem em
contato.

- Ao se aplicar uma força de pré-carga (Fi) ao par, em função do


aperto, as deflexões do parafuso (δb) e do material (δm), são
controladas por suas constantes de mola (rigidezes) atingindo os
pontos A e B nas suas respectivas curvas força-deflexão.
mais tendo maior deflexão (δb).
* O parafuso se estende mais, )
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3.1 Pré-carga em uniões sob tração: carregamento estático
- Quando uma força externa é aplicada à junta (Fig. 3), aparece
uma deflexão adicional no parafuso e no material (que deve ser
igual para ambos,
igual, ambos por causa da pré pré-carga)
carga). Se não Pm>Fi =
separação da junta!!!! - Análogo à Fig. 4(e).
- Essa deflexão promove uma nova situação de carga na junta:

- A carga no material é reduzida da


quantidade
tid d (Pm) e se move para
baixo, na linha da rigidez do
material até o ponto D, com um
novo valor Fm.
- A carga no parafuso é aumentada
da quantidade (Pb) e se move para
cima, na linha de rigidez do
parafuso, até o ponto C, com um
valor Fb. Figura 6(b) – Carga-deflexão e
forças resultantes.
resultantes

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3.1 Pré-carga em uniões sob tração: carregamento estático
- Pode-se observar que a carga aplicada P é dividida em duas
componentes: (Pm) absorvida pelo material e (Pb) absorvida pelo
parafuso ou seja:
parafuso,
P = Pm + Pb (10)

- A carga de compressão Fm, do material passa a ser:

Fm = Fi − Pm (11)

- A carga de
d tração
t ã Fb, do
d parafuso
f será:
á

Fb = Fi + Pb (12)

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3.1 Pré-carga em uniões sob tração: carregamento estático

- Com a presença da pré-carga Fi: a “mola” do material foi “enrolada


para cima
cima” : quaisquer cargas aplicadas abaixo do valor da pré
pré-carga
carga
são suportadas parcialmente pelo “desenrolar” dessa mola.

- Se a rigidez do material for maior do que a rigidez do parafuso, o


material suportará a maior parte da carga aplicada e o parafuso
recebe pouca carga, a não ser a carga de pré-carregamento (por
isso, se o parafuso não falhar no processo de pré-carga, dificilmente
ele
l falhará
f lh á em serviço!).
i !)

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3.1 Pré-carga em uniões sob tração: carregamento estático

- Porém, se a carga aplicada P for grande o suficiente, para


fazer com que a componente Pm exceda a pré-carga Fi, então
haverá separação da junta e o parafuso suportará o valor
integral da carga aplicada P.

- O material não poderá mais compartilhar no suporte da


carga, devido à separação da junta:
-# Esta é a razão pela qual as pré-cargas constituem
uma porcentagem tão elevada da resistência de prova
do parafuso: compartilhamento máximo da capacidade
d cargas do
de d par.

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3.1 Pré-carga em uniões sob tração: carregamento estático

- Pelos gráficos de F x δ, pode-se obter as seguintes relações:


A)) A mudança
ç comum de deflexão ∆δ , devida à carga
g aplicada
p P
é dada por:

Pb Pm kb
∆δ = = , ou Pb = Pm (13)
kb k m km
- Substituindo a eq. (13) na equação (10), se obtém:

kb Pb = CP, com
Pb = P , ou (14)

k m + kb
Porção da carga no parafuso

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3.1 Pré-carga em uniões sob tração: carregamento estático

kb
C=
k m + kb

O termo C é chamado de
constante de rigidez da junta ou
constante da junta.

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3.1 Pré-carga em uniões sob tração: carregamento estático

B) De forma semelhante, para o material:

km Pm = (1 − C ) P
Pm = P , ou (15)

kb + k m
Porção da carga no material

C) Substituindo as equações de Pb e Pm, com as constantes de


mola nas equações (11) e (12):

Fm = Fi − (1 − C ) P (16)

A equação (17) pode ser resolvida, para a


pré carga Fi, necessária para qualquer
pré-carga
Fb = Fi − CP (17) combinação de carga aplicada P, e máxima
carga de permissível (prova) do parafuso,
desde que a constante C seja conhecida.
conhecida

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3.1 Pré-carga em uniões sob tração: carregamento estático

E) A carga P0 necessária, para separar a junta pode ser


encontrada, a partir da equação (16): F = F − (1 − C ) P
m i
Considerando Fm = 0:

Fi
P0 = (18)
(1 − C )

F) O coeficiente de segurança à falha, por separação de junta


se á
será:
P0 Fi
N separação = = (19)
P P(1 − C )

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Exemplos de ferramentas, para
obter roscas internas e externas

Cossinete
Ferramenta tipo (Tarraxa)
macho

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