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Anotações sobre o número π.


Rodrigo Carlos Silva de Lima

rodrigo.uff.math@gmail.com

1
Sumário

1 O número π 4
1.1 π é irracional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Séries envolvendo o número π . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
X∞
1 π 1
1.2.1 tg = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2k 2k π
k=2
X ∞  π  π
1.2.2 (2k+1 sen k+1 − 2k sen k ) = π . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2 2
k=0
X ∞
2 3π
1.2.3 arctg( 2 ) = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
k 4
k=1
X ∞
1 π
1.2.4 arctg( 2 ) = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2k 4
k=1
X ∞
1 π
1.2.5 = √ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
k=0
(3k + 1)(3k + 2) 3 3
X∞
(−1)k π
1.2.6 Série de Gregory-Leibniz = . . . . . . . . . . . . . . 10
2k + 1 4
k=0
X 1
∞ 
4 2 1 1

1.2.7 π= k
− − − . . . . . . . . 10
( 16) 8k + 1 8k + 4 8k + 5 8k + 6
k=0 √
X ∞ 
1 1

π 3−6
1.2.8 − = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
6k + 1 6k − 1 6
k=1
X∞
8
1.2.9 π = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
( 4k + 1)(4k + 3)
k=0
X ∞ 
1 1

π
k
1.2.10 (−1) + = √ . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4k + 1 4k + 3 2 2
k=0
X (−1)k

π 3
1.2.11 3
= . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
( 2k + 1) 32
k=0
1.3 Limites que resultam em π . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2
SUMÁRIO 3

X
n
n π
1.3.1 lim = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
n→∞
k=1
n2 +k 2 4
X
n
1 kπ 2
1.3.2 lim sen( ) = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
k=1
n n π
1.4 Séries usando funções Beta e Gamma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
X ∞
1 π
1.4.1 2k
= √ .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
k=1
k k 3 3
X 2
∞ k
π
1.4.2 2k
= . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
k k 2
k=1
X 3
∞ k

1.4.3 2k
=√ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
k=1
k k 3

X ∞
1 π 3 − 3 ln 3
1.4.4 = . . . . . . . . . . . . . 15
k=0
(3k + 1)(3k + 2)(3k + 3) 12
X ∞
1 2 √
1.4.5 2k
 = ( 18 + π 3). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
27
k=0 k
X ∞
1 2π
1.4.6 2k
= √ .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
k=0
(2k + 1) k 3 3
X k

2 2π
1.4.7 2k
 = + √ .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
k
3 9 3
k=1
X (4k)!

6 ln(2) − π
1.4.8 = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
( 4k + 4)! 24
k=0
1.5 Séries envolvendo a função zeta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
X ∞
1 π2 − 8
1.5.1 = .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
k=0
[(2k + 1)(2k + 3)]2 16
1 1 1 4(π2 − 9)
1.5.2 + + + · · · = . . . . . . . . . . . . . 19
13 13 + 23 13 + 23 + 33 3
X∞
1 π2
1.5.3 = 2 − . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
k(k + 1)2 6
1.6 Produtos infinitos e π . . . . . . . . . . . . . . v . . . . . . . . . . . . . . . . 21
r s r u s r
2 1 1 1 1t1 1 1 1 1
u
1.6.1 Fórmula de Viète = + + + ··· . 21
π 2 2 2 2 2 2 2 2 2
1.7 ZIntegrais resultando em π . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

sen(x) π
1.8 = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
0 x  2
1 √
1.8.1 Γ = π. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2 √
1 (2n)! π
1.8.2 Γ (n + ) = 2n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2 2 .n!
Capı́tulo 1

O número π

O objetivo neste texto é apresentar identidades, histórias e outras propriedades do


número π .

1.1 π é irracional.
F Teorema 1. π é irracional.

ê Demonstração.[Ivan Niven (Modificada)]


xn (1 − x)n
Seja f : R → R com f(x) = . Vamos mostrar que Dk f(x) é inteiro, para
n!
x = 1 , x = 0 e k ∈ N . Usaremos a fórmula de Leibniz para t-ésima derivada

Xt  
t
t
D (f.g) = (Dk f).(Dt−k g)
k=0
k
 
t n n
e ainda que D (x + a) = t! (x + a)n−t , em especial se t = n a última expressão
t
resulta em n! e se t > n a expressão se anula. Aplicando a fórmula de Leibniz, temos

1 X t X
n t   n    
tx (1 − x)n k n t−k n t n
D = (D x ).(D (1−x) ) = ( k!xn−t ).(Dt−k (1−x)n ) =
n! n! k=0 k k=0
k k

aplicando x = 0 tem-se que o único termo que não se anula na soma é o termo
em k = n, pois para k < n temos xn−t com x = 0, a soma também se anula para

4
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 5

valores k > n, pois nesse caso vale Dk xn = 0, a aplicação da fórmula de Leibniz nos
dá
xn (1 − x)n
  
n! t n
= .(Dt−n (1 − x)n )x=0 = (Dt )x=0
n! n n n!
onde a última derivada é aplicada em x = 0 e resulta em um número inteiro, pela
relação da t -ésima derivada com o coeficiente binomial que citamos acima.
(1 − x)n (1 − (1 − x))n (1 − x)n (x)n
Observamos que f(x) = f(1 − x) = = logo a
n! n!
Dt f(0) = Dt f(1), ambos valores sendo inteiros para qualquer t.
p
Suponha que π2 seja racional, então π2 = com mdc(p, q) = 1
q
Xn
Definimos g(x) = qn ( π2(n−k) D2k f(x)(−1)k ), vale que g(0) e g(1) são inteiros,
k=0
p 2
pois substituindo π = e usando o fato de qn estar multiplicando a soma, que tem
q
denominador no máximo qn e D2k f(x) ser inteiro para x = 0, 1 e qualquer 2k, resulta
no afirmado.
Vale que

[g 0 (x)sen(πx)−πg(x)cos(πx)] 0 = g 00 (x)sen(πx)+πg 0 (x)cos(πx)−πg 0 (x)cos(πx)+π2 g(x)sen(πx) =

= g 00 (x)sen(πx) + π2 g(x)sen(πx)

Usando a definição de g e calculando sua derivada temos

X
n X
n−1
g 00 (x) = qn ( π2(n−k) D2k+2 f(x)(−1)k ) = qn ( π2(n−k) D2k+2 f(x)(−1)k ) =
k=0 k=0

X
n
= qn ( π2(n−k+1) D2k f(x)(−1)k+1 )
k=1

o termo de ı́ndice 2n + 2 se anula pois aparece uma derivada D2n+2 f(x) , onde
xn (1 − x)n
f(x) = que é de grau 2n, logo D2n+2 anula o polinômio
n!

X
n X
n
2 2(n−k+1) 2k 2 2n
π g(x) = q ( n
π k n
D f(x)(−1) ) = q (π .π f(x) + π2(n−k+1) D2k f(x)(−1)k )
k=0 k=1

somando ambas expressões


CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 6

X
n
00 2 n 2 2n
g (x)+π g(x) = q π .π f(x)+q ( n
π2(n−k+1) D2k f(x)(−1)k+1 + π2(n−k+1) D2k f(x)(−1)k ) =
| {z }
k=1 0

pn
= qn π 2 . f(x) = π2 pn f(x)
qn
portanto
[g 0 (x)sen(πx) − πg(x)cos(πx)] 0 = π2 pn f(x)sen(πx)
Z1
aplicando a integral tem-se
0
Z1 Z1
2 n
πp f(x)sen(πx)dx = πg(0) + πg(1) ⇒ πp n
f(x)sen(πx)dx = g(0) + g(1)
0 0

xn (1 − x)n 1
para 0 < x < 1 temos xn (1 − x)n < 1 daı́ 0 < < ⇒
n!
| {z } n!
f(x)
Z1 n Z1
πp 2pn
0 ≤ πpn f(x)sen(πx)dx <
sen(πx)dx =
0 n! 0 n!
Z 1
2pn
como lim = 0, existe n tal que 0 < πpn f(x)sen(πx)dx < 1 o que é absurdo
n!
| 0
{z }
g(0)+g(1)
pois g(1) + g(0) é inteiro .

1.2 Séries envolvendo o número π



X 1 π 1
1.2.1 tg = .
2k 2k π
k=2

Z Exemplo 1. Da identidade
tg(x) = cotg(x) − 2cotg(2x),

a
tomando x = temos
2k
a a  a a  a 
tg k = cotg k − 2cotg 2 k = cotg k − 2cotg k−1 ,
2 2 2 2 2
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 7

1
dividindo ambos membros por segue
2k
1 a 1 a 1  a  1  a 
tg = cotg − cotg = ∆ cotg ,
2k 2k 2k 2k 2k−1 2k−1 2k−1 2k−1

aplicando a soma
X 1 a 1  a 
tg k = k−1 cotg k−1 ,
2k 2 2 2
k

Xn
1 a 1  a  n+1 1 a
tg = cotg = cotg − 2cotg(2a),
2k 2k 2k−1 2k−1 0 2n 2n
k=0
logo
Xn
1 a 1 a
k
tg k = n cotg n − 2cotg2a.
2 2 2 2
k=0

1 a 1
Como lim cotg = então
2n 2n a

X∞
1 a 1
k
tg k
= − 2cotg(2a).
2 2 a
k=0

Tomando a = π, n = ∞ e começando a soma de k = 2, temos

X∞
1 π 1 1 π
tg k = − cotg
2k 2 π 2 2
k=2

π

π cos 2
mas cotg = π
= 0 logo
2 sen 2

X∞
1 π 1
k
tg k = .
2 2 π
k=2


X  π  π
k+1 k
1.2.2 (2 sen k+1 − 2 sen k ) = π
2 2
k=0

Z Exemplo 2. Calcular a soma


Xn  
2y

2y

k+1 k
(2 sen − 2 sen ).
2k 2k−1
k=0
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 8

     
k 2y k+1 2y k 2y
Tomando f(k) = 2 sen temos ∆f(k) = 2 sen − 2 sen logo
2k−1 2k 2k−1

X
n 
2y
 
2y
 
2y
 n+1  
2y

2y

k k−1 k n+1 0
(2 sen −2 sen ) = 2 sen = 2 sen −2 sen =
2k 2k−1 2k−1 0 2n 2−1
k=0
 
n+1 2y
=2 sen − sen(4y).
2n
π
Se y = então 4y = π e sen(π) = 0 daı́
4
X
n  π  π  π 
(2k+1 sen − 2 k
sen ) = 2n+1
sen
2k+1 2k 2n+1
k=0

1
agora tomando o limite n → ∞, 2n+1 também tende ao infinito e n+1 tende a
2
1 n+1 1
zero, tomamos então x = n+1 , logo 2 = , com x tendendo a zero pela direita,
2 x
sen(πx) sen(πx)
lim = π lim =π
x→0 x x→0 πx

logo
X∞  π  π
k+1 k
(2 sen k+1 − 2 sen k ) = π.
2 2
k=0


X 2 3π
1.2.3 arctg( ) = .
k2 4
k=1

Z Exemplo 3. Calcule a soma


X

2
arctg( ).
k=1
k2
Da identidade
 
y−x
arctg(y) − arctg(x) = arctg
1 + y.x
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 9

tomamos y = k + 1 e x = k − 1, tem-se

2
arctg(k + 1) − arctg(k − 1) = arctg( )
k2
X
n
aplicamos a soma finita que resulta em
k=1

X
n
2
arctg( ) = arctg(n) + arctg(n + 1) − arctg(0) − arctg(1)
k=1
k2

π π
tomando o limite e que lim arctg(n) = , arctg(0) = 0, arctg(1) = , chegamos
2 4
no resultado

X

2 3π
arctg( 2
)= .
k 4
k=1


X 1 π
1.2.4 arctg( 2
)= .
2k 4
k=1

Z Exemplo 4. Calcule
X

1
arctg( ).
2k2
k=1
Da identidade
 
y−x
arctg(y) − arctg(x) = arctg
1 + y.x

1 1
tomamos y = e x= , após simplificações chegamos em
2k − 1 2k + 1
1 1
arctg( ) = −∆arctg( )
2k2 2k − 1

aplicando a soma em ambos lados

X
n−1
1 1 π 1
arctg( ) = arctg( 1 ) − arctg( ) = − arctg( )
2k2 2n − 1 4 2n − 1
k=1
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 10

aplicando o limite
X

1 π
arctg( 2
)= .
2k 4
k=1


X 1 π
1.2.5 = √ .
(3k + 1)(3k + 2) 3 3
k=0

Z Exemplo 5. Calcular
X

1
.
k=0
(3k + 1)(3k + 2)

Por frações parciais temos


Z1 Z1
1 1 1 3k 3k+1
= − = x −x dx = x3k (1 − x)dx
(3k + 1)(3k + 2) 3k + 1 3k + 2 0 0

escrevendo como integrais e agora comutando com o somatório


Z1 X
∞ Z1 Z1
3 k (1 − x) 1 π
(1 − x) (x ) dx = dx = dx = √ .
0 0 1 − x3 0 x2 +x+1 3 3
k=0

X

1 π
= √ .
k=0
(3k + 1)(3k + 2) 3 3


X (−1)k π
1.2.6 Série de Gregory-Leibniz = .
2k + 1 4
k=0

Z Exemplo 6 (Série de Gregory-Leibniz). Calcule o valor para o qual converge


a série
X∞
(−1)k
.
2k + 1
k=0
Temos que

X∞ X∞ Z1 Z1 X∞ Z1 1
(−1)k k 2k 2 k 1 π
= (−1) x dx = (−x ) dx = 2
= arctg(x) = .
2k + 1 0 0 k=0 0 1+x 0 4
k=0 k=0
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 11

Logo
X∞
(−1)k π
= .
2k + 1 4
k=0


X  
1 4 2 1 1
1.2.7 π= − − − .
(16)k 8k + 1 8k + 4 8k + 5 8k + 6
k=0

Z Exemplo 7 (Uma fórmula BBP para π.). Mostre que


X

1

4 2 1 1

π= − − − .
k=0
(16)k 8k + 1 8k + 4 8k + 5 8k + 6

Temos pela técnica de integração

X
∞   X∞ Z1
1 4 2 1 1 1
− − − . = x8k (4−2x3 −x4 −x5 )dx =
k=0
(16)k 8k + 1 8k + 4 8k + 5 8k + 6 (16)k 0 k=0

Z1 X
∞  8 k Z1
3 4 5 x (4 − 2x3 − x4 − x5 )
= ( 4 − 2x − x − x ) dx = 16 =π
0 16 0 16 − x8
k=0

integral que pode por exemplo ser calculada em programas como Mathematica
dando resultado π.
A fórmula BBP para π possibilita usar um algoritmo para encontrar o n-ésimo
digito de π sem encontrar os dı́gitos anteriores . Essa fórmula foi descoberta em
1995 por Simon Plouffe. A fórmula foi batizada com o nome dos autores do artigo
em que a fórmula foi publicada inicialmente, David H. Bailey, Peter Borwein, and
Plouffe.

∞  √
X 1 1

π 3−6
1.2.8 − = .
6k + 1 6k − 1 6
k=1

Z Exemplo 8. Calcular a série


X
∞ 
1 1

− .
6k + 1 6k − 1
k=1
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 12

X ∞ Z1
X Z1 X
1 X 6k
∞   ∞ ∞
1 1 6k 6k−2 6k
− = x −x dx = ( x − 2 x )dx =
6k + 1 6k − 1 0 0 k=1 x k=1
k=1 k=1
Z1
x6 x4
=
6
− dx
0 1−x 1 − x6

π 3−6
que pode ser calculada tendo como resultado . Então
6

X
∞ 
1 1

π 3−6
− = .
6k + 1 6k − 1 6
k=1


X 8
1.2.9 π = .
(4k + 1)(4k + 3)
k=0

Z Exemplo 9. Mostrar que


Z1 p X

1 1
1 − x2 dx = − .
0 4k + 1 4k + 3
k=0

X
∞ X∞ Z1 Z1
1 1 4k 4k+2 (1 − x 2 )
− = x −x dx = dx =
4k + 1 4k + 3 0 0 1 − x4
k=0 k=0
Z1
1 π
= 2
dx = arctgx|10 = .
0 1+x 4
Como temos que

8 1 1
= 4( − )
(4k + 1)(4k + 3) 4k + 1 4k + 3

segue que
X

8
π= .
k=0
(4k + 1)(4k + 3)


X  
1 1 π
1.2.10 (−1)k + = √ .
4k + 1 4k + 3 2 2
k=0

Z Exemplo 10. Calcular


CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 13

X
∞ 
1 1

k
(−1) + .
4k + 1 4k + 3
k=0

X
∞   X
∞ Z1 Z1 X

1 1 4k 4k+2 2
(−1) k
+ = (−1) k
x +x dx = (1 + x ) (−x4 )k dx =
4k + 1 4k + 3 0 0
k=0 k=0 k=0

Z1
( 1 + x2 ) π
= 4
dx = √ .
0 1+x 2 2
Então

X
∞ 
1 1

π
k
(−1) + = √ .
4k + 1 4k + 3 2 2
k=0


X (−1)k π3
1.2.11 = .
(2k + 1)3 32
k=0

Z Exemplo 11. Calcular a série


X

(−1)k
.
k=0
(2k + 1)3

X
∞ X ∞ Z1 Z1 Z1
(−1)k
= (−1)k (x2 y2 z2 )k dxdydz =
k=0
(2 k + 1 )3 k=0 0 0 0
Z1 Z1 Z1 X
∞ Z1 Z1 Z1
2 2 2 k 1
= (−x y z ) dxdydz = dxdydz =
0 0 0 k=0 0 0 0 1 + x2 y2 z2
Z1 Z1
arctg(yz) π3
= dydz = .
0 0 yz 32
Logo
X

(−1)k π3
= .
k=0
(2k + 1)3 32
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 14

1.3 Limites que resultam em π


X
n
n π
1.3.1 lim = .
n→∞ n2 + k2 4
k=1

Z Exemplo 12. Calcular


X
n
n
lim .
n→∞
k=1
n2 + k2
X
n X 1n X 1 n Z1
n n 1 1 π
lim = lim k
= k 2
= dx = .
n→∞
k=1
n2 + k2 n→∞ k=1 n2 1 + ( n )2 k=1
n 1 + ( n
) 0 1 + x2 4
Portanto
X
n
n π
lim = .
n→∞
k=1
n2 +k 2 4

X
n
1 kπ 2
1.3.2 lim sen( ) = .
n n π
k=1

Z Exemplo 13. Tomando f(x) = sen(xt), temos f( nk ) = sen( ktn ) daı́


Xn Z1
1 kt 1 − cos(t)
lim sen( ) = sen(tx)dx = .
k=1
n n 0 t

Por exemplo, temos

Xn Z1
1 kπ 1 − cos(π) 2
lim sen( ) = sen(tx)dx = = .
k=1
n n 0 π π

Logo
Xn
1 kπ 2
lim sen( ) = .
k=1
n n π

1.4 Séries usando funções Beta e Gamma


Nesta seção iremos usar funções Beta e Gamma, mais detalhes , definições e pro-
priedades podem ser consultadas em nosso material sobre essas funções ou em outros
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 15

livros, usaremos propriedade dessas funções sem apresentar aqui suas demonstrações
e definições.


X 1 π
1.4.1 = √ .
k 2kk

k=1
3 3

Z Exemplo 14. Calcular


X

1
2k
.
k=1
k k

Temos que o termo somado é


Z1
1 k!k! k!(k − 1)! Γ (k + 1)Γ (k)
2k
= = = = β(k + 1, k) = xk (1 − x)k−1 dx
k k k(2k!) (2k!) Γ (2k + 1) 0

X
∞ Z1 X
∞ Z1 X
∞ Z1
1 k k−1 k k x π
2k
= x (1 − x) dx = x x (1 − x) dx = 2
dx = √ .
k k 0 k=1 0 0 1−x+x 3 3
k=1 k=0
Logo
X

1 π
2k
= √ .
k=1
k k 3 3

Iremos usar o seguinte caso geral:

Z Exemplo 15. Representar a série por integral


X∞
bk
ak
.
k=1
k k

X∞
bk X∞
bk k!(ak − k)! X bk (k − 1)!(ak − k)! X bk Γ (k)Γ (ak − k + 1)
∞ ∞

ak
 = = = =
k k
k(ak)! (ak)! Γ (ak + 1 )
k=1 k=1 k=1 k=1

X ∞ X∞ Z 1 Z 1 X

a−1 k k−1 a−1
= k
b β(ak−k+1, k) = k
b (x ) (1−x) dx = b x bk (xa−1 )k (1−x)k dx =
k=1 k=1 0 0 k=0
Z1 a−1
x
=b dx.
0 1 − bxa−1 + bxa

z Observação 1. Podemos escrever


Z1
1
ak
= (xa−1 )k (1 − x)k−1 dx.
k k 0
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 16

X∞
2k π
1.4.2 2k
 = .
k k
2
k=1

Z Exemplo 16. Calcular


X∞
2k
2k
.
k=1
k k

X 2k
∞ Z 1
x π
2k
 =2 2
dx = .
k=1
k k 0 1 − 2x − 2x 2
Logo temos
X∞
2k π
2k
= .
k k 2
k=1

X∞
3k 2π
1.4.3 2k
 = √ .
k=1
k k 3

Z Exemplo 17. Calcular


X ∞
3k
2k
.
k=1
k k

X 3k
∞ Z 1
x 2π
2k
 =3 2
dx = √ .
k=1
k k 0 1 − 3x + 3x 3
Logo temos
X∞
3k 2π
2k
=√ .
k=1
k k 3

∞ √
X 1 π 3 − 3 ln 3
1.4.4 = .
(3k + 1)(3k + 2)(3k + 3) 12
k=0

Z Exemplo 18. Calcular


X

1
.
k=0
(3k + 1)(3k + 2)(3k + 3)

Escrevemos

1 (3k)! Γ (3k + 1)Γ (3) β(3k + 1, 3)


= = = =
(3k + 1)(3k + 2)(3k + 3) (3k + 3)! Γ (3k + 4)Γ (3) 2
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 17

Z1
1
= x3k (1 − x)2 dx
2 0

substituindo na soma e comutando


Z1 Z1 Z1
1X X
∞ ∞
3k 12 2 3 k 1 (1 − x)2
x (1 − x) dx = (1 − x) (x ) dx = dx =
2 0 2 0 2 0 1 − x3
k=0 k=0

integral que calculada dá o valor



π 3 − 3 ln(3)
= .
12

Portanto


X

1 π 3 − 3 ln 3
= .
k=0
(3k + 1)(3k + 2)(3k + 3) 12


X 1 2 √
1.4.5 2k
 = (18 + π 3).
k
27
k=0

Z Exemplo 19. Calcular


X

1
2k
.
k=0 k

X

1 X

1 X∞
(k!)2 X∞
k(k − 1)!(k!) X ∞
kΓ (k)Γ (k + 1)
2k
 = 1+ 2k
 = 1+ = 1+ = 1+ =
k k
( 2k)! ( 2k)! Γ ( 2k + 1)
k=0 k=1 k=1 k=1 k=1

X X Z1 k Z1
1 X
∞ ∞ ∞
x (1 − x)k
=1+ kβ(k + 1, k) = 1 + k dx = 1 + k[x(1 − x)]k
0 1 − x 0 1 − x
k=0 k=0 k=0

X

a
vamos usar o resultado kak = , tomando a = x(1 − x) segue
k=0
(1 − a)2

X

x(1 − x)
k[x(1 − x)]k =
k=0
(1 − x(1 − x))2

1 X

x
k[x(1 − x)]k =
1−x
k=0
( 1 − x + x 2 )2
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 18

daı́ a série é
Z1 √
x 2
1+ dx = ( 18 + π 3),
0 (1 − x + x 2 )2 27
logo

X

1 2 √
2k
= (18 + π 3).
k
27
k=0


X 1 2π
1.4.6 = √ .
2k
k=0
(2k + 1) k 3 3

Z Exemplo 20. Calcular


X

1
2k
.
k=0
(2 k + 1 ) k

X

1 X

(k!)2 X Γ (k + 1)Γ (k + 1) X
∞ ∞
= = = β(k + 1, k + 1) =
k=0
(2k + 1) 2kk k=0
(2k + 1)! k=0
Γ ( 2k + 2)
k=0

X 1
∞ Z Z1 X
∞ Z1
k k k 1 2π
= x (1 − x) dx = [x(1 − x)] dx = 2
dx = √ .
0 0 k=0 0 1−x+x 3 3
k=0

X

1 2π
2k
= √ .
k=0
(2 k + 1 ) k 3 3
X

(k!)2 2π
= √ .
k=0
(2k + 1)! 3 3


X k 2 2π
1.4.7 2k
= + √ .
k
3 9 3
k=1

Z Exemplo 21. Calcular


X

k
2k
.
k=1 k

X

k X

k2 k!(k − 1)! X

k2 Γ (k)Γ (k + 1) X

2k
= = = k2 β(k, k + 1) =
k=1 k k=1
(2k)! k=1
Γ (2 k + 1 ) k=0
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 19

Z1 Z1
1 X 2

x(1 + x − x2 ) 2 2π
= k [x(1 − x)]k dx = 2 3
dx = + √
0 1−x 0 (1 − x + x ) 3 9 3
k=0
logo
X

k 2 2π
2k
= + √ .
k
3 9 3
k=1


X (4k)! 6 ln(2) − π
1.4.8 = .
(4k + 4)! 24
k=0

Z Exemplo 22. Calcule a soma


X

(4k)!
.
k=0
(4k + 4)!

Temos que
X

(4k)! 1 X Γ (4k + 1)Γ (4)

= =
k=0
(4k + 4)! Γ (4) k=0 Γ (4k + 5)

1 X Γ (4k + 1)Γ (4) 1 X


∞ ∞
= = β(4k + 1, 4) =
Γ (4) Γ (4k + 5)
k=0
Γ (4 ) k=0

X
∞ Z1 X

1 1
= β(4k + 1, 4) = x4k (1 − x)3 dx =
Γ (4) k=0
12 0 k=0
Z1
1 (1 − x)3
= dx =
12 0 1 − x4
integral que pode ser calculada pro frações parciais, resultando em integrais de
6 ln(2) − π
combinação de logaritmo e arctg resultando em logo o resultado da
4
série é
6 ln(2) − π
.
24
Logo
X

(4k)! 6 ln(2) − π
= .
k=0
(4k + 4)! 24
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 20

1.5 Séries envolvendo a função zeta



X 1 π2 − 8
1.5.1 = .
[(2k + 1)(2k + 3)]2 16
k=0

Z Exemplo 23. Calcular


X

1
.
k=0
[(2k + 1)(2k + 3)]2

Primeiro escrevemos
 
1 1 1 1 1 1
= + + − =
[(2k + 1)(2k + 3)]2 4(2k + 1)2 4(2k + 3)2 4 2k + 3 2k + 1
 
1 1 1 1
= + + ∆
4(2k + 1)2 4(2k + 3)2 4 2k + 1
logo

X

1 1X

1 1X 1

1X

1
2
= 2
+ 2
+ ∆ =
k=0
[(2k + 1)(2k + 3)] 4 (2k + 1)
k=0
4 (2k + 3)
k=0
4 2k + 1
k=0

π2 1 π2 1 π2 1 2π2 − 16 π2 − 8
= + ( − 1) − = − = =
32 4 8 4 16 2 2.16 16
onde foi usado o resultado
X

1 π2
=
k=0
(2k + 1)2 8
e soma telescópica.
Então
X

1 π2 − 8
= .
k=0
[(2k + 1)(2k + 3)]2 16

1 1 1 4(π2 − 9)
1.5.2 + + + ··· = .
13 13 + 23 13 + 23 + 33 3

Z Exemplo 24. Calcular a soma


1 1 1 X 1 ∞
+ + + · · · =
13 13 + 23 13 + 23 + 33 sn n=1
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 21

X
n X
n
n2 (n + 1)2
3
onde sn = k . Sabemos que k3 = logo
4
k=1 k=1

X

1 X 1 ∞
1 2 2
4 2 2
= 4 2
+ 2
+ − =
k=1
k (k + 1) k k=1
(k + 1) k+1 k

4π2 4π2 4(π2 − 9)


= + −4−8= .
6 6 3
Por isso temos que

1 1 1 4(π2 − 9)
+ + + · · · = .
13 13 + 23 13 + 23 + 33 3


X 1 π2
1.5.3 =2− .
k(k + 1)2 6

Z Exemplo 25 (OBM , segunda fase , nı́vel 3 , 2013 .). Calcule


X

1
,
k(k + 1)2

sabendo que
X∞
1 π2
= .
k=1
k2 6
Vamos usar o seguinte

1 k+1−k k+1 k 1 1
= = − = − .
k(k + 1) k(k + 1) k(k + 1) k(k + 1) k k+1

Com isso temos por soma telescópica

X

1 X1 ∞
1 X 1 1
∞ ∞
= − =− ∆ =− = 1.
k=1
k(k + 1) k k+1
k=1
k k k=1 1

Podemos mostrar que em geral vale

X

1 1
= .
k=1
k · · · (k + p) p.(p!)
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 22

Agora
X

1 X∞
1 1
2
= =
k(k + 1) k(k + 1) k + 1
k=1 | {z }
1
− 1
k k+1

X∞
1 1 1 X∞
1 1
= ( − ) = − =
k=1
k k+1 k+1 k=1
k(k + 1) (k + 1)2
X

1 X 1 ∞ X 1 ∞ X 1 π2

=1− =1− =1−( − 1) = 2 − =2− .
k=1
(k + 1)2 (k)2k=2
(k)2 k=1
(k)2 6
k=1
Logo
X

1 π2
= 2 − .
k(k + 1)2 6

1.6 Produtos infinitos e π .


v
r s r u s r
2 1 1 1 1t1 1 1 1 1
u
1.6.1 Fórmula de Viète = + + + ···
π 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Antes de obter o produto de Viète, vamos provar uma identidade de produtório.

b Propriedade 1. Valem as identidades

Y
n−1
sen(c.2n ) Y
n
sen(c.2n+1 )
x x
1. cos(c.2 ) = n , cos(c.2 ) = n .
2 sen(c) 2 sen(2c)
x=0 x=1

Y
n
x sen(x)
2. cos( )= n .
2 k 2 sen( 2xn )
k=1

ê Demonstração.

1. Da identidade
sen(2a) = 2cos(a).sen(a)

se sen(a) 6= 0 temos
1 sen(2a)
= cos(a)
2 sen(a)
sen(2a) sen(f(x + 1))
agora se quisermos que seja da forma pois assim será o
sen(a) sen(f(x))
quociente de g(x) = sen(f(x)) e assim podemos calcular o produtório facilmente,
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 23

temos que f(x + 1) = 2a e f(x) = a, logo f(x + 1) = 2f(x) a função que satisfaz
essa relação é f(x) = c.2x temos então
1 sen(c.2x+1 ) 1
cos(c.2x ) = x
= Q x sen(c.2x )
2 sen(c.2 ) 2
assim temos
Y 1
cos(c.2x ) = sen(c.2x )
2x
aplicando limites [0, n − 1]
Y
n−1
1
n
sen(c.2n )
x x
cos(c.2 ) = x sen(c.2 )Q = n .
2 0 2 sen(c)
x=0

1
2. Poderı́amos querer que 2a = f(x) e f(x + 1) = a, assim f(x + 1) = f(x) e temos
2
1
f(x) = c. x
2
1 1 sen(c 21x ) 1
cos(c. x+1 ) = c =Q x
2 2 sen( 2x+1 ) 2 sen(c 21x )
1 1
Q = cos(x. )
2k sen(x 21k ) 2k+1
aplicando o produtório com k em [0, n − 2] temos
Y
n−1 Y
n−1 Yn n
1 1 1 1 = sen(x)

Q k = cos(x. ) = cos(x. ) = Q
1
2 sen(x 2k ) 2 k+ 1 2 k k 1
2 sen(x 2k ) 0 2n sen( 2xn )
k=0 k=0 k=1
assim
Y
n
x sen(x)
cos( ) = .
2k 2n sen( 2xn )
k=1

Y
n
x
$ Corolário 1. Podemos tomar o limite com n → ∞ na expressão cos( )=
2k
k=1
sen(x)
, temos que resolver o limite
2 sen( 2xn )
n

1
lim
2n sen( 2xn )

1 1
tomando 2n = temos y = n com y → 0
y 2

sen(xy) sen(xy)
lim = x lim =x
y→0 y y→0 xy
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 24

logo segue
Y

x sen(x)
cos( k
)= .
2 x
k=1

b Propriedade 2. Vale que


v
r s r u s r
2 1 1 1 1t1 1 1 1 1
u
= + + + ··· .
π 2 2 2 2 2 2 2 2 2

ê Demonstração.
Sabemos que
Y

x sen(x)
cos( ) =
2k x
k=1
π
tomamos agora x = , logo
2
Y

π 2
cos( k+1
)= .
2 π
k=1
Da identidade
2cos2 (x) = 1 + cos(2x)
p
tem-se 4cos2 (x) = 2 + 2cos(2x), 2cos(x) = 2 + 2cos(2x), podemos tomar 2cos(x) =
a(n + 1) daı́ 2cos(2x) = a(n) e temos a recorrência
p
a(n + 1) = 2 + 2a(n)

a(n+ 1) = 2cos(f(n+ 1)) implica a(n) = 2cos(f(n)), com f(n+ 1) = x, tem-se f(n) = 2x
c
logo f(n) = 2f(n + 1), cuja solução é f(n) = n então a solução geral da recorrência
2

c
a(n) = 2cos( n ).
2
Assim temos
a(0) = 2cos(c)
p
a(1) = 2 + 2cos(c)
q p
a(2) = 2 + 2 + 2cos(c)
π
a(n) conta n raı́zes. Tomamos c =
2
an π
= cos( n+1 )
2 2
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 25

√ r
π a1 2 1
cos( 2 ) = = =
2 2 2 2
p √ s r
π a2 2+ 2 1 1 1
cos( 3 ) = = = +
2 2 2 2 2 2
de onde segue o resultado
v
r s r u s r
2 1 1 1 1t1 1 1 1 1
u
= + + + ···
π 2 2 2 2 2 2 2 2 2

√ p √ √
q p
2 2 2+ 2 2+ 2+ 2
= ···
π 2 2 2

1.7 Integrais resultando em π


Z∞
sen(x) π
1.8 =
0 x 2

Z Exemplo 26. Mostrar que vale


Z∞
sen(x) π
= .
0 x 2

Da identidade
Z
e−sx
e−sx sen(x)dx = (−s.sen(x) − cos(x))
s2 + 1

temos
Z∞
−sx e−s.0 1
e sen(x)dx = − 2 (−1) = 2
0 s +1 s +1
logo

Z∞ Z∞ Z∞ Z∞ Z∞ Z∞
sen(x) −sx −sx 1
dx = e sen(x)dsdx = e sen(x)dxds = ds =
0 x 0 0 0 0 0 s2 + 1
∞
π
= arctg(x) = .
0 2
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 26


 
1
1.8.1 Γ = π
2

 
1
Usaremos o seguinte resultado para provar que Γ = π:
2

b Propriedade 3.
Z∞
2
Γ (a) = 2 y2a−1 e−y dy
0

dx
tomando x = y2 , temos = 2y logo dx = 2ydy substituindo temos
dy
Z∞ Z∞
2a−2 −y2 2
Γ (a) = y e 2ydy = 2 y2a−1 e−y dy
0 0

b Propriedade 4.

 
1
Γ = π
2

ê Demonstração. Vamos usar a propriedade que foi deduzida, de se escrever


a função Gamma da seguinte forma
Z∞
2
Γ (a) = 2 y2a−1 e−y dy
0

1
tomando a = temos
2
  Z∞ Z∞ Z∞
1 2 21 −1 −y2 0 −y2 2
Γ =2 y e dy = 2 y e dy = 2 e−y dy
2 0 0 0

que pode ser escrita também da forma


  Z∞
1 2
Γ =2 e−x dx
2 0

tomando então a integral dupla


 2 Z∞ Z∞ Z∞ Z∞
1 −x2 −y2 2 2
Γ =4 e e dxdy = 4 e−(x +y ) dxdy
2 0 0 0 0

novamente fazendo mudança para coordenadas polares e vendo que a integração


é feita sobre o primeiro quadrante, implicando os limites serem os mesmo que na
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 27

transformação que fizemos para demonstrar a propriedade da função Beta


 2 Z∞ Z π Z∞ Zπ Z∞ π
1 2
−(r2 ) −(r2 )
2
−(r2 )
2
Γ =4 e rdrdθ = 4 e r drdθ = 4 e rθ dr =
2 0 0 0 0 0 0
Z∞ Z∞
2 π 2
=4 e−(r ) r dr = 2π e−(r ) rdr =
0 2 0

du du
fazendo agora a mudança u = −r2 = −2r, − = rdr substituindo temos
dr 2
Z ∞
−r2
u

= −π e du = −πe = π
0

pois no limite superior a expressão é zero, temos então


 2
1
Γ =π
2


 
1
Γ = π
2
Logo Z∞
2 √
2 e−x dx = π
0
2 2 2
como f(x) = e−x é uma função par, pois f(−x) = e−(−x) = e−x = f(x) tem-se
Z∞ Z∞ Z0
−x2 −x2 2
e dx = e dx + e−x dx =
−∞ 0 −∞

a segunda integral é igual a primeira, então


Z∞ Z∞ Z∞
−x2 −x2 2 √
= e dx + e dx = 2 e−x dx = π
0 0 0

assim Z∞
2 √
e−x dx = π.
−∞

Segue também que Z∞


e−x √
√ dx = π.
0 x

1 (2n)! π
1.8.2 Γ (n + ) = 2n
2 2 .n!
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 28

b Propriedade 5.

1 (2n)! π
Γ (n + ) = 2n
2 2 .n!
para n natural.

ê Demonstração. Vamos provar por indução, para n = 0 temos



1 √ (2.0)! π
Γ (0 + ) = π =
2 22.0 .0!
considerando a hipótese para n

1 (2n)! π
Γ (n + ) = 2n
2 2 .n!
vamos provar para n + 1

1 (2n + 2)! π
Γ (n + 1 + ) = 2n+2 .
2 2 .(n + 1)!
Temos que     √
1 1 1 2n + 1 (2n)! π
Γ (n + 1 + ) = n+ Γ (n + ) =
2 2 2 2 22n .n!
multiplicando e dividindo por 2n + 2
√ √
(2n + 2) 2n + 1 (2n)! π (2n + 2)! π
= = 2n+2 .
2(n + 1) 2 22n .n! 2 .(n + 1)!
1
ê Demonstração.[2] Seja f(n) = Γ (n + ) então
2
1 (2n + 1) 1 (2 n + 1 )
f(n + 1) = Γ (n + 1 + ) = Γ (n + ) = f(n)
2 2 2 2

(2k + 1) Y
n−1
então vale Qf(k) = , aplicamos o produtório
2
k=0

(2n)! (2n)! π
f(n) = f(0) 2n = 2n
2 .n! 2 .n!
1 √
onde usamos que f(0) = Γ ( ) = π e o resultado do produto dos ı́mpares
2
Y
n−1
(2n)!
(2k + 1) = .
2n .n!
k=0
CAPÍTULO 1. O NÚMERO π 29

Z Exemplo 27. Calcular Γ ( 32 ).



3 1 1 1 π
Γ ( ) = Γ (1 + ) = Γ ( ) = .
2 2 2 2 2

Z Exemplo 28. Calcular Γ ( −21 ).


1 −1 −1 −1 √
Γ ( ) = Γ (1 + ) Γ( ) = π
2 2 2 2
√ −1
logo −2 π = Γ ( ).
2

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