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O olhar também pode ser construído diretamente pela interposição de uma máscara
sugerindo a presença de um olho: curaco de fechadura, binóculos, microscópio, etc.
(p. 170)
A ocularização zero
Quando a imagem não é vista por nenhuma instância intradiegética, nenhum
personagem, quando ela é um puro nobody’s shot, como dizem os americanos,
falaremos de ocularização zero. (p. 172)
a) a câmera pode estar fora de qualquer personagem, em uma posição não
marcada [...]. (p. 172)
b) a posição ou o movimento da câmera podem sublinhar a autonomia do narrador
em relação aos personagens de sua diegese [...]. (p. 172)
c) a posição da câmera também pode remeter, além de sua função narrativa, a uma
escolha estilística que expõe e identifica o autor [...]. (p. 172)
A maior parte do tempo “ o som fílmico flutua no espaço de projeção” como afirma
Odin (1977, p. 111), a escuta é acusmática, ou seja, ouvimos sem ver a origem do
som. (p. 173)
b) a individualização da escuta
Esse efeito é ainda mais acentuado no cinema, que possui apenas uma perspectiva
sonora de duas dimensões, no sentido de que “não localiza um ponto, mas sim uma
superfície.” (BERNHART, 1949). Aquilo a que chamamos de ambiência em um filme
é precisamente esse tecido sonoro que recobre tanto o campo quanto o fora de
campo adjacente, de modo indiferenciado. (p. 173)
Auricularização zero
Quando [...] a mixagem faz os níveis variarem como movidos unicamente por
critérios de inteligibilidade [...], é porque o som não é produzido por nenhuma
instância intradiegética e remete, pois, ao narrador implícito. (p. 175)
[...] pouco a pouco, elas foram fixadas ao sujeito que imagina através do olhar,
primeiramente com um operador de modalização [...], e, em seguida, por um raccord
de olhar [...]. A partir daí, a imagem mental não mais se diferenciou da ocularização
interna [...]. (p. 176)
Quando as ações são comentadas por uma voz off, a focalização interna está
geralmente associada a uma ocularização zero e conduzida por ocularizações
internas secundárias. O que importa para a compreensão do espectador é menos a
perfeita correspondência entre o que viu um personagem e o que sabe e mais uma
coerência global da montagem [...] (p. 178)
[...] também pode ter um efeito cômico. É claro que algumas gags se baseiam na
surpresa; outras, porém, talvez as melhores, pedem uma preparação do espectador
mediante a geração de previsões de eventos, que o narrador irá ou não frustrar [...].
(p. 181)
[...] a focalização não pode ser deduzida do que o narrador (seja ele explícito ou
não) supostamente conhece, mas sim da posição temporal que toma em relação ao
herói cuja história está relatando. (p. 182)