Revista Lua Nova n° 49; “Venezuela: O projeto de refundação da República”; VILLA,
Rafael Duarte; São Paulo, 2000. (págs. 135-159)
1. Resumo:
O texto nos apresenta os acontecimentos durante o período do governo de Hugo
Chávez, as perspectivas de seu governo e uma análise da conjuntura política e histórica da Venezuela. A partir da concepção de que o governo Hugo Chávez tem uma posição no sentido de fazer uma reforma política no país, e entendo que os determinantes do panorama econômico venezuelano representaram sempre uma luta para trazer o desenvolvimento e a melhoria nas condições de vida da população pobre. Como a maioria dos países latino-americanos, a Venezuela vivia da monocultura agrícola para exportação (principalmente café e cacau) e da agricultura de subsistência. Ao submeter seu projeto de desenvolvimento ao objetivo de ser um grande exportador de petróleo, a Venezuela passa a ser, paradoxalmente, dependente da exportação de petróleo. Exporta petróleo, importa o resto; principalmente dos Estados Unidos. Vale também destacar que em nenhum momento o Programa de Governo sugere uma participação econômica como produtor direto.
A ideia central do texto é logo apresentada no começo do texto que a de entender o
governo de Chávez não apenas como uma revolução pacífica, mais como uma transição do qual se opera uma circulação de elites na Venezuela. Ele analisa os processos simbólicos e públicos através dos quais se estão criando as condições necessários para o projeto de circulação das elites, assim como da análise de alguns constrangimentos e dificuldades estruturais desse desenvolvimento. Hugo Chávez representa segundo o texto, um período de transição dessa circulação. O seu discurso marca a insatisfação da maioria da população da política tradicional e com o desmonte do pacto das elites.
A nova constituição acrescentou a figura de Bolívar ao nome oficial do país, que
passou a ser “República Bolivariana da Venezuela”, eliminou o Senado e criou uma nova Assembleia Nacional unicameral e estabeleceu poderes constitucionais; além da reforma desses poderes, o executivo, o legislativo e o judiciário, foram criados os poderes: eleitoral e cidadão, com o objetivo de aumentar a fiscalização e a participação direta dos cidadãos na vida política nacional e, principalmente, de destruir os alicerces do pacto das elites e especialmente ao alterar a estrutura do poder judiciário. A nova constituição estabeleceu, dentre outras coisas, uma nova concepção de cidadania social sob a responsabilidade conjunta entre Estado e cidadãos. O autor apresenta, de acordo com o contexto venezuelano que a ênfase na questão social pode ser relacionada, a certas variáveis: o esgotamento dos interlocutores tradicionais, que atuaram no país desde 1960, tais como organizações sindicais e partidos políticos; uma emergente sociedade civil que se sentia relegada pelos partidos; os limites do sistema representativo. A nova Constituição mudou o paradigma de Estado na Venezuela, bem como criou as bases institucionais para a mudança da percepção popular de Chávez e contribuiu em uma articulação social para que essas mudanças se concretizem.
Em resumo, o contexto da Venezuela definiu a delimitação do formato institucional de
intervenção do Estado na economia, mais também contribuiu para dependência da exportação do petróleo e não significou com a modernização e na diversificação das forças produtivas. A existência do petróleo condicionou a relação entre o Estado e os demais atores sociais do país e representou significativamente no avanço da ideia e do projeto de reforma política de Chávez na Venezuela.
2. Ideia Central:
O objetivo do autor era entender o processo político da Venezuela a partir do contexto
histórico e do governo de Hugo Chávez. A ideia central do texto é entender o governo de Chávez não apenas como uma revolução pacífica, mais como uma transição do qual se opera uma circulação de elites na Venezuela. Ele analisa os processos simbólicos e públicos através dos quais se estão criando as condições necessárias para o projeto de circulação das elites e trazendo as reformas políticas e sociais pretendida pela população.
3. Ideias subsidiárias:
A economia baseada na exportação do petróleo e a situação de dependência gerada, a
reformada constituição, o caráter do exercito na política venezuelana e as reformas internas providas por Chávez dentro das fileiras militares, as reformas sociais, a ideia referencial em Simon Bolívar utilizado para dar ênfase as reformas no plano simbólico, entre outros argumentos utilizados são as ideias subsidiárias mais destacadas e utilizadas pelo autor. O petróleo sempre foi o principal instrumento de política exterior da Venezuela, porém ele nunca foi tão usado como durante o governo Hugo Chávez. Por fim, deve-se considerar que o ingresso do sistema de modernização petroleiro é a principal fonte de recursos em que o país de utiliza para exporta e fazer funcionar os setores não/petroleiros da economia. O controle da principal companhia do país foi fundamental para o governo Chávez realizar uma guinada na política econômica em seu governo. O que caracteriza a Venezuela são as formas como o Estado, através da figura de Hugo Chávez, trouxe para o país as reformas desejadas no sentido garantir serviços públicos de qualidade para à população mais pobre e o controle da produção de petróleo pelo Estado e de seus excedentes pelo governo marcaram a política venezuelana no final século XIX e início do século XX.