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Crónica Dos Terroristas Da Touca
Crónica Dos Terroristas Da Touca
O grupo estava separado no aeroporto, era muito cedo e, ainda procurávamos acordar
para a vida e por isso nada aconteceu digno de registo a não ser o dinheiro mal gasto
pelo representante da SATA num dos cafés do aeroporto ao perguntar a uma das
agentes o que queria beber ao que recebeu como resposta:..uma “mine” dita à
portuguesa, e levando à letra ele pagou e, a cervejinha ficou a morrer-se ali mesmo ao
balcão.
A agente é descarada, mas não a pontos de beber cerveja às 7 da madrugada. Ainda
houve umas tentativas de pedir para ser apalpada, mas a polícia de estrangeiros do
contenente é demasiado séria para alinhar em doideiras. Agora imaginem que eu
levava um “massajador” facial daqueles q se compram no Conde Redondo????!!!!!!!
Lá comemos obrigados, a sande gelada e bebemos aquele café de saco que ainda
nos dão a bordo da SATA, mas como já estávamos mais animaditos, aceitámos a
dádiva com um olhar de agradecimento. Mal pagos que somos, abençoamos sempre
uma refeiçãozita extra.
No autocarro começou-se logo a perceber que esta ia ser uma aventura assim “pó
marado”, dada as espécies que se juntavam ali e se diziam agentes de viagens.
Começaram logo as brincadeiras e claro que a utilização da expressão amigável e
civilizada de “animais estúpidos”, foi apenas o início da conversa e aceite por todos
como a única expressão válida para aquele grupinho.
Distribuição de quartos feita e casais separados, ninguém quis ficar fechado no hotel a
cumprir o tempo livre, mas sim começar por conhecer Angra do Heroísmo. E a pé lá se
foi o grupo familiarizar com os pastos, com as vacas, com as divisões simétricas dos
terrenos de pasto, uns com os outros e com a bela cidade de casas de pedra preta e
pintada de branco.
A Vacada tem inicio no meio de alguma chuvinha e muita gargalhada com elementos
do grupo, uma das quais vestida quase tal e qual como os forcados amadores (pelo
menos os sapatitos) e baton bem rouge (à falta da capa de toureio) os elementos de
“tratadores” ou animadores locais que se juntavam às vacas e bezerros na arena e as
tentavam tourear, ou direi antes, fugir dos coices escondendo-se nos curros
protectores????
De salientar um dos “forcados tratadores” que nos sugeriu, num dos magníficos
toureios da tarde, enquanto fugia da vaca com apenas a protecção de um chapéu de
chuva todo partido, uma imagem esplendorosa da Mary Poppins quando voava.
A acrescentar que o tratador usava um bigode farfalhudo até ao queixo e umas suíças
até aos pés. Personagem raro nos nossos dias. Este sr forcado, ainda tentou empurrar
os bezerros para dentro dos curros onde se encontravam os agentes mais
destemidos, mas sem sucesso prq eles (os bezerros) foram mais espertos e não se
quiseram misturar com as gentes do contenente.
A mais, informo que os curros mais pareciam o metro do marquês de Pombal e Rossio
em hora de ponta. Sim, prq os agentes são destemidos para descer à arena, mas não
suficientemente afoitos para se atirarem de corpo feito às vacas……para além de que
são todos gente da cidade e dos centros comerciais, não são cá dessas aventuras
campesinas……Toda esta actividade se passou no meio de gritos, palmas, fotos
deliciosas de uma boa disposição geral e situações bem hilariantes.
Mesmo ali foi-nos servido um lanche (o almoço tinha sido apenas há 2 horitas) e claro
que toda a gente comeu e bebeu na mesma pela energia dispendida na arena e a rir
claro!!!! Provámos um excelente verdelho (licor) que nos aqueceu ainda mais e
preparou o espírito para a viagem de regresso (nessa altura o nosso Manel já se tinha
apercebido que “aquilo” era um grupo pouco normal. Até parecia que nos
conhecíamos há décadas e que a nossa vida era andarmos juntos em fam-trips.
O ramo de frutos silvestres, caiu no regaço da representante da SATA, que qual noiva
das festas do senhor Espírito Santo seguia enlevada e sempre a dizer os piores
disparates que alguma vez se ouviu na Ilha Terceira.
Aliás julgamos que irá, depois desta fam, ficar sem emprego e por amizade já recebeu
o conselho de uma das colegas agentes, de retirar os dentes todos e entregar-se à
mais velha profissão do mundo no Conde Redondo sob o nome: arleen with no teeth
best broxing in town por ser ainda uma oferta desconhecida.
À chegada ao hotel, ainda para aproveitar umas horas do sol magnifico e dos restos
de bom tempo que se fazia sentir, decidimos piscinar, uma vez que a piscina se nos
oferecia com uma vista maravilhosa para o Atlântico.
Aí estragou-se o caldo que já andava a marinar com os restos do verdelho e as
amoras. Tudo ao banho foi a palavra d´ordem!!!!! Com roupa, sem roupa, com
sapatos, sem sapatos, com toalhas, com lentes, óculos, e até as coitadas que se
esforçaram por ir ao cabeleireiro e pareceram lindas e esplendorosas ficaram a ver os
navios passar ao largo. Todos souberam que havia sal na água daquela piscina.
Seguiu-se o momento das apresentações em roda dentro d´água, sim prq os reps da
SATA não se preocuparam em nos apresentar, pensaram antes: estes animais
estúpidos se quiserem que se apresentem uns aos outros. Já com a mulher com o fato
de banho mais sexy do grupo dentro d´água (soutien mesmo) e o Carlos Miguel a
quem fomos buscar (um monte de gajas em fato de banho, molhadas a saltar a
varanda do quarto do gajo e simplesmente a arrastá-lo para a água depois deste ter
tentado fugir e ter adormecido 3 minutos antes) finalizámos numa onda gigante a
pedido do gay do grupo. Tal como num estádio de futebol, obedecemos a pedido tão
querido e tão abichanado quando já ninguém se aguentava de tanto rir sem fazer xixi
(nem os clientes do hotel nem nós).
O jantar foi no meio de mta gargalhada e conversa de sexo, sim prq falar de trabalho é
para aqueles que não sabem fazer mais nada. E nós, somos diferentes. Gozámos
bastante uns com os outros e com as figuras de cada um dos elementos do grupo.
O nosso gay descobriu uma valiosa tradição africana que é a de puxarem a blika para
que esta cresça e daí que as blikas africanas sejam bem maiores do que as dos
caucasianos. Assim que ele soube deste facto, naturalmente que arranjou um conflito
com a sua própria mãe por esta nunca se ter interessado em conhecer tradições
africanas. Mas salvou-o a sabedoria da sua colega Top que depressa o informou que
no Conde Redondo existe uma loja q vende também extensões para a dita. Ficámos
todos a saber e os homens presentes animaram logo.
A noite ainda estava longe de terminar, pois ainda tínhamos um peddy paper para
fazer. E uma xarada para descodificar: o que eram blikas e xixounas com molho de
naião!!!!
Chegados a Angra encontramos junto aos Paços do Concelho, um palco e uma banda
a tocar e num instante algumas malucas das agentes juntaram-se ao grupo e
cantaram e dançaram no palco e animaram um bocadinho da noite terceirense. Depois
foi novamente a animação geral com o peddy paper em equipas de 4 a degladiarem-
se pelo 1ºprémio: a cruz do espírito santo!!!!
Ali cabia-nos ainda recolher os vários versos, que cada equipa tinha, de uma quadra
de Vitorino Nemésio, nascido no local, reescrevendo-o com sucesso que reza assim:
Meu primo Chico Maria, maioral do meu concelho. Alfinete de oiro puro, como vinho de
verdelho!
Meu primo Chico Maria, nas tuas pipas de vinho, cabia o mar dos biscoitos e o povo
do Raminho…
Meu primo Chico Maria, dono da Agualva e fontinhas! Dizei-me se lá do céu tendes
saudades das vinhas…
Seguiu-se o almocinho pic nic e mais galhofa. Parecia que estávamos furados e então
os pasteis de nata desapareceram e quase que deram origem a lutas.
Ela pesava mais do que todas as vacas que tinham estado na vacada da tarde da
véspera, tinha um vestido em cetim de cor champagne, cheio de folhos e cintura para
ainda se perceber mais as formas (ou falta delas). Muito pintada e com cabelos aos
canudos e o sapato….ai ai o sapato….eu vi, quando a liga caiu e o noivo foi ajudar a
subir a dita….. era uma chinela tipo havainana de sola de plástico mas com
brilhantinhos. Fantástico, melhor estragava!!!!!Lamentei que ninguém daquele grupo
trabalhasse em part-time no programa: perca peso, pergunte-me como!!
E o noivo, perguntam-me vcs? Lindo de barbicha e só tinha o peso da noiva menos 2
vacas, vestido de fraque e de gravata aos folhos…..lilás…….sim, da cor do bolo da
noiva e dos vestidos das acompanhantes…….
Um dos meninos das alianças convidado da noiva (porque era um menino e vestia
calças de cetim pela canela cor de champagne igual ao vestido da noiva…daí a minha
dedução…..)ainda veio brincar com uma das agentes convencido que esta era uma
menina da idade dele….porque a nossa agente mede apenas 1 metrito bem
medido…….daí a confusão e tristeza do menino quando a nossa agente declinou o
convite para ir correr lá fora à volta dos carros a fazer bolinhas de sabão.
Estavam já na piscina, alguns alemães, turismo sénior, e assim que esta trupe chegou,
eles pensaram que deveria ser a norma do hotel entrar para a água da piscina com as
toucas das banheiras e obedientes e seguidores de regras que são, era ver as
velhotas entrar para a água com as ditas na cabeça.
Novamente uma cena indizível e do mais hilariante que se possa imaginar!!!!! Algumas
toucas com cabelos de fora e cheias de água….. Pudera são de uso exclusivo nas
banheiras……enfim do melhor!!!!
Quase que nem conseguimos descansar as barrigas de tanto riso porque os noivos
decidiram ir para lá tirar os retratos da praxe (mão no ombro, olhares lânguidos por
cima do banco de jardim……tudo o q é normal e piroso foi ali retratado).
Continuamos a nossa fam para a visita a uma Quinta de Turismo Rural. À chegada
recebemos a oferta de uns canudos, que eram nem mais nem menos do que as
ementas, repletos de fava e milho fritos.
Entretanto logo à nossa espera estava também uma equipa de filmagens a realizar um
filme para a Grécia e nós logo ali. Apanhados!!!! O realizador era o Nuno Gomes (eu
não disse que o íamos encontrar?!!!, claro um sósia) e a actriz era uma figura misto de
Roberta Close com Miss Piggy com 250 kg, feia como uma noite de trovões (o Gordon
e o Ellen que passaram nos Açores não foram tão feios)ou então esta actriz grega foi
lá deixada pelo furacão.
Foram uns “pain in the asses” com tanta filmadura a pontos de não nos deixarem ver
bem o espectáculo de cantorias açorianas, no qual se destacava um cantor com um
chapéu enorme e novamente um bigode imenso à tuga, que se chegava à frente para
cantar andando muito devagar e, na mão transportava um chapéus de chuva preto e
uma sacolinha de pão em pano.
Típico e de chorar até ás lágrimas. Pelos versos de tristeza, de saudade tão típicos do
cancioneiro português a juntar o realizador chato que era no fundo o pau mandado da
ditadora soviética da actriz grega e q achava que era encantador ter ali aqueles
autóctones tão giros e que se riam tanto…..tão típicos para ela mandar filmar!!!!!!E o
Nuno Gomes…..obedecia e ainda lhe faltava ir cumprir o ultimo papel da noite o
de……garanhão!!!!!!!!Pobrezito, digno da nossa pena.O filme deve ser muito mau
mesmo com aquela protagonista. Tipo novela mexicana de 5ªcategoria.
Bem, resumindo, provamos, comemos, comemos, e voltamos a comer e a beber os
licores todos que havia, servidos por um irmão da Mary Poppins da vacada e por um
empregado com um enorme sentido de humor e que apanhou esta que vos escreve a
atirar sementes de trigo aos convivas e apenas fez um olhar de censura……
E essa noite era a ultima, tínhamos de fazer qq coisa para nos animarmos. Chamamos
táxis(a propósito, a quem devo eu dinheiro? Não paguei nenhuma das viagens) e
fomos para as festas de S.Carlos.
Desapontou-nos a festa porque apenas a fanfarra tocava Passo Dobles e não era isso
que queríamos. A festa de S.Carlos, fecha uma das artérias mais imponentes da
Povoação. É uma espécie de Lapa/Estoril lá do sitio, com solares e casas antigas,
lindas e enormes, quais Paços Reais. E ali naquelas ruas marcam encontro com a
população, as bandas, as tasquinhas com petiscos locais e mta bebida, um tenda de
plástico com musica house e groovy para os mais “groovies” e ainda, os ricos tapetes
colocados nas janelas. Tudo muito bonito, mas nós queríamos era festa……
Fomos dali prá Marina de Angra num bar com karaoke, onde se reúnem as gentes
mais jovens da cidade e aí encontramos o também ilhéu Olavo Bilac, mas de outras
ilhas igualmente no Atlântico, rodeado de miúdas a cantar com aquela voz tão pura e
única que lhe conhecemos. Finalmente, deixem-me dizer-vos, VI UM PRETO!!!!!!!e
fiquei feliz. Até ali só tinha visto brancos por todo o lado, musica de brancos, e de
repente para minha surpresa e maior alegria, um preto à minha frente e logo dos
exemplares mais bonitos!!!!!!! Já valeu a viagem para mim, que isto para os pretos não
ouvir musica da sua terra nem ver gente da sua cor, fica-se com um sabor amargo.
Mas eu depois bati no peito e murmurei baixinho num mea-culpa: isto é uma fam-trip
de agentes de viagens tugas a uma ilha portuguesa!!!!!!e conformei-me!!!!!
De volta ao hotel…..ainda a noite era uma criança como se usa dizer……e resolvemos
ir acordar o gay que tinha ficado a dormir por não se sentir bem(como é óbvio comeu
demais!!!!!) e fazer de seguida uma festa na piscina. Assim pensámos, melhor
fizemos. Transportamos os restos do chouriço e do queijo + uma garrafa de angélica e
passado algum tempo, damos por falta de um elemento precioso: o CM, aquele traidor
tinha-nos deixado p ir dormir!!!!Não há que pensar 2 x, vamos todos para a varanda
dele, transportamos o catering para lá e fazemos barulho até ele acordar.
Assim foi, não sem antes termos sido chamados à atenção por um cliente do andar de
cima. Parecíamos putos de liceu a fugir da varanda do CM de volta à piscina, mas já
com ele debaixo do braço e com o catering debaixo do outro braço. Foi risada até às
quinhentas e até começarmos a cair (a idade já não perdoa à maioria), para além do
facto da malta da Satã nos querer prontos dali a 3 horitas……para o embarque de
regresso a Lisboa. O hotel fez uma enorme festa quando nos viemos embora……
E aí foi o dia da falta de juízo final……estes caramelos, agentes de viagem,
embarcaram todos de touca de banho…..da banheira!!!!!Tudo louco e mesmo cheios
de sono nada impediu estes vadios de se portarem desta maneira e ainda pediram +
apalpanços à policia açoriana que cumpriu o seu papel de apalpar, não fossem estes
turras ter algum material explosivo (só havia explosivos nas cabeças das malucas)!!!
Voo e chegada tranquilos, não sem antes se cantar no autocarro a quadra da morte da
Lira, que foi aliás a canção que seguiu o grupo para toda a parte. E mais uma
promessa de reencontro entre este novo grupo de amigos, se uns não se esquecerem
dos outros. Da parte que toca a esta, adorei e peço que se houver mais alguma fam-
trip e me quiserem lá, é só convidarem….eu vou!!!!!
Até breve e divirtam-se com a leitura desta crónica. Espero ter cumprido a minha
parte.
Gostei de vos conhecer a todos e de fazer parte desta equipa de malucos.