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4.

2  Triângulo de Pascal
A história da matemática foi e é constituída não apenas por grandes descobertas e
famosos gênios que conseguem decifrar enigmas e provar ou refutar teorias, mas
também por aqueles, não menos ilustres matemáticos, que possuem a capacidade
de simplificar.
São muitas as contribuições do francês Blaise Pascal (1623 – 1662) na Matemática,
na Filosofia e na Física.
 

   
Blaise Pascal
 
 

 
Blaise Pascal foi um Filósofo e Matemático francês, nasceu em Clermont em 1623
e morreu em 1662 na cidade de Paris. Era filho de Etienne Pascal, também
Matemático. Em 1632, toda a família foi viver em Paris.
O pai de Pascal, que tinha uma concepção educacional pouco ortodoxa, decidiu que
seria ele próprio a ensinar os filhos e que Pascal não estudaria Matemática antes
dos 15 anos, pelo que mandou remover de casa todos os livros e textos
matemáticos. Contudo, movido pela curiosidade, Pascal começou a trabalhar em
Geometria a partir dos 12 anos, chegando mesmo a descobrir, por si, que a soma
dos ângulos de um triângulo é igual a dois ângulos retos. Então o seu pai resignou-
se e ofereceu a Pascal uma cópia do livro de Euclides.
Aos 14 anos, Pascal começou a acompanhar o seu pai nas reuniões de Mersenne,
onde se encontravam muitas personalidades importantes. Aos 16 anos, numa das
reuniões, Pascal apresentou uma única folha de papel que continha vários teoremas
de Geometria Projetiva, incluindo o hoje conhecido como "Hexagrama místico" em
que demonstra que "se um hexágono estiver inscrito numa cônica, então as
intersecções de cada um dos 3 pares de lados opostos são colineares". Em
Fevereiro de 1640 foi publicado este seu trabalho – "Ensaio sobre secções cônicas",
no qual trabalhou durante 3 anos
Em 1639 a família de Pascal deixou Paris e mudou-se para Rouen, onde o seu pai
tinha sido nomeado coletor de impostos da Normandia Superior.
Aos dezoito anos e com o objetivo de ajudar o pai na tarefa de cobrar impostos,
Pascal inventou a primeira máquina digital, chamada Pascalinne para levar a cabo
o processo de adição e subtração, e posteriormente organizou a produção e
comercialização destas máquinas de calcular (que se assemelhava a uma
calculadora mecânica dos anos 40). Pelo menos sete destes «computadores» ainda
existem; uma foi apresentada à rainha Cristina da Suécia em 1652.
Quando o seu pai morreu em 1651, Pascal escreveu a uma das suas irmãs uma
carta sobre a morte com um profundo significado cristão em geral e em particular
sobre a morte do pai. Estas suas idéias religiosas foram a base para a sua grande
obra filosófica "Pensées" que constitui um conjunto de reflexões pessoais acerca
do sofrimento humano e da fé em Deus.
Em Física destacou-se pelo seu trabalho "Tratado sobre o equilíbrio dos
líquidos" relacionado com a pressão dos fluídos e hidráulica. O princípio de Pascal
diz que a pressão em qualquer ponto de um fluido é a mesma, de forma a que a
pressão aplicada num ponto é transmitida a todo o volume do contentor. Este é o
princípio do macaco e do martelo hidráulicos.
Pascal estudou e demonstrou no trabalho do "Triângulo aritmético", publicado em
1654, diversas propriedades do triângulo e aplicou-as no estudo das
probabilidades. Antes de Pascal, já Tartaglia usara o triângulo nos seus trabalhos e,
muito antes, os matemáticos árabes e chineses já o utilizavam. Este famoso
triângulo que se pode continuar indefinidamente aumentando o número de linhas é
conhecido como Triângulo de Pascal ou Triângulo de Tartaglia. Trata-se de um
arranjo triangular de números em que cada número é igual à soma do par de
números acima de si. O triângulo de Pascal apresenta inúmeras propriedades e
relações, por exemplo, "as somas dos números dispostos ao longo das diagonais do
triângulo geram aSucessão de Fibonacci".
Em correspondência com Fermat, durante o Verão de 1654, Pascal estabeleceu os
fundamentos da Teoria das Probabilidades. O seu último trabalho foi sobre
a Ciclóide – a curva traçada por um ponto da circunferência que gira, sem
escorregar, ao longo de uma linha reta. Durante esse ano desinteressou-se pela
ciência; passou os últimos anos da vida a praticar caridade e decidiu dedicar-se a
Deus e à religião. Faleceu com 39 anos devido a um tumor maligno que tinha no
estômago se ter estendido ao cérebro.
Na Matemática, é comum relacionarmos o seu nome a um determinado triângulo
formado por números, representados por combinações, ou seja:
 

Mas qual é a importância do Triângulo de Pascal?


 
Embora existam curiosidades numéricas relacionadas a esse triângulo, nós o
utilizaremos no desenvolvimento de potências de um binômio. Aguarde!
Utilizando o cálculo de combinações, vamos formar o triângulo de Pascal apenas
com os resultados:
 

 
   Você saberia obter os números da próxima linha sem calcular as combinações
correspondentes? Explique:
 
 
 
 
   O que você pode dizer sobre o valor Cn,0, sendo n um número natural qualquer?
 
 
 
 
   Qual o valor de Cn,1 (n  IN*)? E o valor de Cn,n?
 
 
 
 
   Numa mesma linha do triângulo de Pascal, qual a relação entre os termos
eqüidistantes dos extremos?
 
 
 
 
Vamos retornar alguns fatos da Análise Combinatória, para justificar alguns
importantes resultados.
É necessário voltarmos às combinações simples, estudadas em Análise
Combinatória, para entendermos alguns resultados que aqui serão úteis.
Quando formamos subconjuntos com base em um conjunto qualquer, estamos
combinando seus elementos.
Vamos formar, com base nos elementos do conjunto A = {3; 4; 5; 6; 7}, todos os
subconjuntos com 2 elementos e, a seguir, seus complementares em relação ao
conjunto A.
(Você deverá escrevê-los)
 
Subconjuntos Subconjuntos
Com 2 elementos complementares

{3; 4}     →         ....................


{3; 5}     → ....................
{3; 6}     → ....................
{3; 7}     → ....................
{4; 5}     → ....................
{4; 6}     → ....................
{4; 7}     → ....................
{5; 6}     → ....................
{5; 7}     → ....................
{6; 7}     → ....................

São ..........
São C5,2 = 10
subconjuntos
subconjuntos
complementares
 
Como a cada subconjunto de um conjunto finito podemos associar um subconjunto
complementar ao conjunto dado, dizemos que os totais dessas combinações são
iguais. Assim, no nosso exemplo, temos:  C5,2 = C5,3
Combinações complementares 2 + 3 = 5
Observe que C5,2 e C5,3, na linha correspondente do Triângulo de Pascal, são
elementos eqüidistantes dos extremos, isto é:  C5,0  C5,1  C5,2  C5,3 C5,4  C5,5
Organizando as idéias
Em uma mesma linha do Triângulo de Pascal, elementos eqüidistantes dos
extremos são iguais. Em símbolos, temos:
Cn,p = Cn, n-p
 
A relação matemática acima é conhecida como Relação das Combinações
Complementares. Você poderá facilmente justificá-la no quadro a seguir, utilizando
combinações.
Justificativa:
 
 
 
 
 
Temos assim que numa linha qualquer do Triângulo de Pascal, elementos
eqüidistantes dos extremos são iguais. Entretanto até aqui não conseguimos ainda
justificar a compreensão de como esse triângulo é construído. Falta um pequeno,
mas importante, fato que daremos o nome deRelação de Stifel.

O Triângulo de Pascal

O triângulo de Pascal é um triângulo aritmético formado por números que


têm diversas relações entre si. Muitas dessas relações foram descobertas
pelo próprio Pascal, o que justifica o nome que lhe é dado.

1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
1 6 15 20 15 6 1
1 7 21 35 35 21 7 1

...

Este triângulo forma-se de forma recursiva, ou seja, as diagonais de fora


são formadas por 1's, os restantes números são a soma dos números acima.
Como exemplo podemos dizer que: 10=4+6 (10-linha 5; 4 e 6-linha 4).

NOTA: Considera-se que o topo do triângulo corresponde à linha 0, coluna 0.

Apresentando a fórmula matemática para esta propriedade:


sendo n o número de linhas e k o número de colunas dessa linha onde o
número está (não se conta com o topo do triângulo, pois numa sucessão
definida por recorrência tem que existir uma condição inicial, tal é 1).

Tal fórmula prova-se por indução matemática em n.

Uma outra consequência é a soma dos elementos de uma linha.


Pascal ao constatar este resultado particularizou o método da
indução para um determinado valor e disse que o mesmo sucederia
para os restantes.

A 20ª consequência que Blaise Pascal retirou do triângulo foi a


seguinte:

Também esta fórmula pode ser demonstrada usando o método da


indução. 

Com as 20 consequências que Pascal retirou do triângulo, foi-lhe


possível chegar ao resultado

Usando o método da indução, ele chegou ainda à conclusão que

ou seja, ao número de combinações de n elementos k a k.

Também mostrou que as linhas do triângulo correspondem aos


coeficientes da potência de a na expansão de

  

Pascal relaciona o triângulo aritmético com a teoria das


probabilidades da qual foi também pioneiro.
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Outras propriedades do triângulo de Pascal 

1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
1 6 15 20 15 6 1
1 7 21 35 35 21 7 1
1 8 28 56 70 56 28 8 1
1 9 36 84 106 106 84 36 9 1

...

É de realçar que o triângulo é simétrico. Por isso os elementos 


equidistantes aos extremos do triângulo iguais, ou seja em
linguagem matemática, nCp= nCn-p com n, pN0, np.

Encontramos também os números naturais aqui, na 2 ª diagonal.


Quando um deles for primo (isto é, apenas divisível por ele próprio
e por 1) então todos os elementos dessa linha, excluindo o 1, são
divisíveis por ele.

Temos como exemplo na linha 7:

1   7   21   35   35   21   7   1

como 7 é primo então 7, 21 e 35 são divisíveis por ele.

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Como Pascal observou, a soma de cada linha é uma potência de 2.

Assim temos

Linha 0: 20=1

Linha 1: 21=2

Linha 2: 22=4

Linha 3: 23=8

...

Podemos verificar também que existem potências de 11, neste


triângulo.

Linha 0:  110=1(100)=1

Linha 1:  111=1(101)+1(100)=10+1=11

Linha 2:  112=1(102)+2(101)+1(100)=100+20+1=121

Linha 3:  113=1(103)+3(102)+3(101)+1(100)=1000+300+30+1=1331

Linha 4:   114=1(104)+4(103)+6(102)+4(101)+1(100)=14641

...

Concluímos assim que:


 a maior potência de cada soma corresponde a linha que
estamos a considerar;
 os coeficientes das potências são os elementos da linha em
questão;
 a potência de 11 corresponde à maior potência apresentada na
soma, ou seja, o número da linha.

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Na 3ª diagonal encontramos os números triangulares, estes


pertencem à categoria dos números figurados (descobertos por
matemáticos das escolas pitagóricas) pois formam figuras
geométricas, neste caso triângulos como é exemplificado:

       

É de notar que estes números são alternadamente dois ímpares dois


pares, podendo ser alcançados através de sucessões por
recorrência através da fórmula T(n)= n(n+1)/2 (a partir dos n-1
elementos conseguimos alcançar o elemento n).

Como a partir dos números triangulares se podem obter os números


hexagonais H(n)=n(2n-1), é possível vê-los aqui também.

Esta diagonal contém ainda os números quadrados, pois se


somarmos o primeiro elemento ao segundo (1+3) obtemos o 4 que é
um número quadrado, ao somarmos o segundo ao terceiro elemento
(3+6) ficamos com o número 9, também ele um número quadrado, e
assim por diante. Para além do que estamos habituados a fazer (a 2)
podemos também representar estes números sobre a forma
geométrica

           

Na 4ª diagonal podemos observar mais alguns números figurados


tais como os números tetraédricos (1, 4, 10, 20, 35, 56, 84, 120, ...).
Estes, de acordo com os esquemas anteriores também representam
formas geométricas, neste caso um tetraedro (pirâmide regular
com base triangular).

A sua fórmula é:

  

sendo o seu termo geral :

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Pode-se observar no triângulo alguns padrões:

Padrão do Stick de Hóquei


1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
1 6 15 20 15 6 1
1 7 21 35 35 21 7 1
1 8 28 56 70 56 28 8 1

...

Neste padrão verifica-se que um certo número de uma diagonal


somados equivale ao número imediatamente abaixo, não estando
nessa mesma diagonal.

Pode-se constatar tal resultado através de uma fórmula


combinatorial, bastante útil:

Padrão da espiga

1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
1 6 15 20 15 6 1
1 7 21 35 35 21 7 1
1 8 28 56 70 56 28 8 1
1 9 36 84 126 126 84 36 9 1
1 10 45 120 210 252 210 120 45 10 1

...

Considerando as diagonais do Triângulo. Pode-se verificar que a


soma dos primeiros n elementos da n-ésima diagonal é igual ao
(n+1)-ésimo elemento dessa mesma diagonal. É interessante
observar que esses elementos das diagonais vão estar todos numa
coluna.

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Relacionados com este padrão aritmético estão também os números


de Fibonacci.

1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
1 6 15 20 15 6 1
1 7 21 35 35 21 7 1
1 8 28 56 70 56 28 8 1

...

Assim podemos ver 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21,... que correspondem aos


números de Fibonacci, podendo também ser obtidos por recorrência
a partir da seguinte fórmula:

 F(1)=F(2)=1

F(n)=F(n-1)+F(n-2)
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Números de Catalan
Se aos elementos centrais do triângulo os dividissemos pelos
números naturais respectivamente, obteríamos a sucessão:

1, 1, 2, 5, 14, 42, 132, 429, ...

que se chamam números de Catalan.

Assim genericamente temos:

Cn = [1/(n+1)] x 2nCn = (2n)! /(n!(n+1)!)

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O triângulo de Sierpinsky

Este triângulo é um fractal, ou seja, é um processo recursivo, que


neste caso, em particular se vai repetindo o número de triângulos
equiláteros.

Se ao triângulo de Pascal apagarmos os números ímpares o


resultado é um triângulo de Sierpinsky, o mesmo sucede se em vez
dos pares tivermos os ímpares. Ora vejamos,

1 1

1 2 1

1 3 3 1

1 4 6 4 1

1 5 10 10 5 1

1 6 15 20 15 6 1

1 7 21 35 35 21 7 1
1 8 28 56 70 56 28 8 1

1 9 36 84 126 126 84 36 9 1

1 10 45 120 210 252 210 120 45 10 1

1 11 55 165 330 462 462 330 165 55 11 1

...

De modo análogo teríamos para os números ímpares.

Para quem quiser explorar mais o triângulo de Pascal aconselhamos


que tente, de modo análogo ao que fizemos, pintar todos os
divisores de 3, e de 4, ... Verifica-se um certo padrão, que deixamos
ao encargo do leitor a sua descoberta...

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