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UNIVERSIDADE LINCUNGO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA APLICADA

LICENCIATURA EM ENSINO DE MATEMÁTICA COM HABILITAÇÃO EM ENSINO


DE FÍSICA

JOÃO JOSÉ FILIMONE

MÉTODO DE HERÃO PARA APROXIMAÇÃO DE RAIZ


QUADRADA DE UM NUMERO NATURAL

Beira

2021
JOÃO JOSÉ FILIMONE

MÉTODO DE HERÃO PARA APROXIMAÇÃO DE RAIZ QUADRADA DE


UM NUMERO NATURAL

Monografia científica a ser apresentada ao Departamento de Matemática e


Estatística Aplicada, Faculdade de Ciências e Tecnologias, Extensão da
Beira, para obtenção do grau académico de licenciatura em Ensino de
Matemática com habilitação em Ensino de Física.

Supervisor: Prof. Doutor Paulo Diniz Bene

Beira

2021
ÍNDICE
Lista de ilustração........................................................................................................................VI
Lista de abreviatura e siglas........................................................................................................VI
Lista de figuras.............................................................................................................................VI
Lista de tabelas.............................................................................................................................VI
Lista de gráficos...........................................................................................................................VI
Declaração de Honra..................................................................................................................VII
Dedicatória.................................................................................................................................VIII
Agradecimento.............................................................................................................................IX
Resumo...........................................................................................................................................X
Abstract..........................................................................................................................................X
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DA PESQUISA.................................11
1.1. Introdução........................................................................................................................11
1.2. Enquadramento do tema..................................................................................................13
1.3. Justificativa da Escolha do tema......................................................................................13
1.4. Problematização...............................................................................................................13
1.5. Relevância da pesquisa....................................................................................................14
1.6. Objectivos da pesquisa.....................................................................................................16
1.6.1. Objectivo geral.............................................................................................................16
1.6.2. Objectivos específicos..................................................................................................16
1.7. Hipótese da pesquisa........................................................................................................16
CAPÍTULO II: MARCO TEÓRICO.........................................................................................17
2.1. Revisão de Literatura.......................................................................................................17
2.1.1. Evolução histórica da raiz quadrada............................................................................17
2.1.2. Vida e obra de Herão....................................................................................................18
2.1.3. Método de Tentativa e erro..........................................................................................19
2.1.4. Método da factoração...................................................................................................21
2.1.5. Método Chinês.............................................................................................................24
2.1.6. Algoritmo da raiz quadrada..........................................................................................27
2.1.7. Método de Herão..........................................................................................................28
2.2. Algumas pesquisas sobre o cálculo da raiz quadrada......................................................30
2.3. Fundamentação teórica....................................................................................................31
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DA PESQUISA................................................................34
3.1. Introdução........................................................................................................................34
3.2. Quanto a abordagem do problema...................................................................................34
3.2.1. Pesquisa quantitativa....................................................................................................34
3.2.2. Pesquisa qualitativa......................................................................................................34
3.3. Quanto aos procedimentos técnicos.................................................................................35
3.3.1. Pesquisa experimental..................................................................................................35
3.3.2. Pesquisa descritiva.......................................................................................................36
3.3.3. Pesquisa comparativa...................................................................................................37
3.4. Tamanho da amostra........................................................................................................37
3.5. Técnica de recolha de amostra ou amostragem...............................................................37
3.6. Técnicas de recolha de dados...........................................................................................37
3.6.1. Teste diagnostica..........................................................................................................37
3.6.2. Intervenção didáctica...................................................................................................38
3.6.3. Questionário final.........................................................................................................38
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS.....................39
4.1. Resultados dos alunos no teste diagnóstico.....................................................................40
4.1.1. Análise a prior da alínea a do teste diagnóstico...........................................................40
4.1.2. Análise a posterior da alínea a do teste diagnóstico.....................................................40
4.1.3. Conclusão da aplicação da actividade a.......................................................................41
4.1.4. Análise a prior da alínea b e c do teste diagnóstico.....................................................41
4.1.5. Análise a posterior da alínea b e c do teste diagnóstico...............................................42
4.1.6. Conclusão da aplicação da actividade b e c.................................................................43
4.2. Resultados nas Intervenções didácticas...........................................................................43
4.2.1. Primeira intervenção didáctica.....................................................................................44
4.2.2. Segunda intervenção didáctica.....................................................................................44
4.3. Resultados dos alunos no inquérito final.........................................................................44
4.3.1. Análise a prior da alínea a e b do grupo controlo........................................................44
4.3.2. Análise a posterior da alínea a e b do grupo controlo..................................................45
4.3.3. Conclusão da aplicação da actividade a e b no Gr-Co.................................................46
4.3.4. Análise a prior da alínea a e b do Gr-Ex......................................................................46
4.3.5. Análise a posterior da alínea a e b do Gr-Ex................................................................46
4.3.6. Conclusão da aplicação da actividade a e b no Gr-Ex.................................................48
4.4. Análise comparativa dos resultados.................................................................................48
CAPÍTULO V: CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................50
5.1. Conclusões.......................................................................................................................50
5.2. Recomendações...............................................................................................................52
5.3. Referências Bibliográficas...............................................................................................53
Apêndices.......................................................................................................................................55
Apêndice A: pedido de autorização inqueridos..............................................................................56
Apêndice B: Apresentação do teste diagnóstico............................................................................57
Apêndice C: Intervenção didáctica com o grupo experimento......................................................58
Apêndice D: Intervenção didáctica com o grupo de controlo........................................................59
Apêndice E: Apresentação do teste final........................................................................................60
Apêndice F: Fotos de capo.............................................................................................................61
VI

LISTA DE ILUSTRAÇÃO
Lista de abreviatura e siglas
Ai – Aluno i onde o i∈ z :1 ≤i ≤20.
ESP – Escola Secundaria da Ponta-gêa
F – Feminino
fr% - Frequência relativa percentual
Gr-Co – Grupo de Controle
Gr-Ex – Grupo Experimento
Id – Idade
M- Masculino
PIM – Princípio da Indução Matemática
TFA – Teorema Fundamental de Aritmética
Lista de figuras
Figura 1: Cálculo da raiz quadrada de 1024..................................................................................27
Figura 2: Cálculo da raiz quadrada de 728....................................................................................28
Figura 4: Resposta de A11 no teste diagnóstico...........................................................................41
Figura 5: Resposta de A7 no teste diagnóstico.............................................................................41
Figura 6: Resposta de A8 no teste diagnóstico.............................................................................42
Figura 7: Resposta de A5 no teste diagnóstico.............................................................................43
Figura 8: Resposta de A3 no teste final do Gr-Co........................................................................45
Figura 9: Resposta de A17 para alínea a do teste final do Gr-Ex.................................................47
Figura 10: Resposta de A13 para alínea b do teste final do Gr-Ex...............................................47

Lista de tabelas
Tabela 1: Raiz quadrada de 169 pelo método de tentativa e erro..................................................21
Tabela 2: Raiz quadrada de 36 pelo método chinês......................................................................25
Tabela 3: Raiz quadrada de 28 pelo método chinês......................................................................26
Lista de gráficos
Gráfico 1: Análise da alínea a do teste diagnóstico.......................................................................40
Gráfico 2: Análise da alínea b e c do teste diagnóstico.................................................................42
Gráfico 3: Análise da alínea a e b do teste final do Gr-Co............................................................45
Gráfico 4: Análise da alínea a e b do teste final do Gr-Ex............................................................47
Gráfico 5: Análise comparativa dos resultados dos dois grupos...................................................49
VII

Declaração de Honra

Eu João José Filimone Declaro que está Monografia é resultado da minha investigação pessoal e
das orientações do meu supervisor, seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final. Declaro ainda que este
trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau
académico.

Beira
_____ de __________ de________

(João José Filimone)

_________________________________________
VIII

Dedicatória

Dedico este trabalho a minha Mãe Maria Jossias,


ao meu Pai José Filimone e minha Esposa
Laurinda Lucas Macaene por toda ajuda,
incentivo e compreensão que tiveram durante este
curso
IX

Agradecimento

A Deus pela minha vida, por ter-me ajudado a perseverar nos momentos de fraqueza e pela minha
saúde.

Aos meus pais José Filimone e Maria Jossias por todo o apoio e confiança em mim depositados
em todos esses anos e pela educação que me foi proporcionada, vocês são os principais
responsáveis por esse momento.

A minha esposa Laurinda Lucas Macaene e meus filhos Josildo José João e Agnessy João
José, pela compreensão durante este trabalho

Ao meu supervisor Professor doutor Paulo Diniz Bene, por ter aceitado o convite de
supervisionar-me e ter-me proporcionado uma excelente condução do trabalho. Sem as
observações do PhD. Bene, eu não teria terminado o trabalho neste ano e não teria chegado a esse
momento de felicidade. Obrigado pelo seu carinho, críticas, dedicação e paciência. PhD. Bene,
soube muito bem transmitir os seus conhecimentos para a minha formação académica.

Aos docentes do Departamento de Matemática e Estatística Aplicada da Universidade Licungo-


extensão da Beira particularmente aos do Curso de Matemática que participaram durante a minha
formação.

À Escola Secundaria da Ponta-Gêa, por ter-nos autorizado para recolha de dados, e aos alunos
que participaram na pesquisa.

Aos meus colegas do curso de Licenciatura em Ensino de Matemática, que encorajaram-me nos
momentos de desânimos e dificuldades. E em especial ao chefe da nossa turma Adelson Quehá.

E por último, mas não menos importante, agradeço ao dr. Paulo Sitoe, pela ajuda na formatação
do trabalho. A todos aqueles que de um jeito ou de outro contribuíram positivamente na minha
vida.
X

Resumo

O presente trabalho tem como objectivo analisar até que medida o método de Herão pode auxiliar os
alunos na aproximação da raiz quadrada de um número natural “n”, sendo que n não é um quadrado
perfeito. Quanto a abordagem do problema trata-se de uma pesquisa do tipo qualitativa e quantitativa,
realizada por meio de levantamento bibliográfico, estudo de campo e por uma experimentação. Os dados
foram colectados por meio de questionário e intervenção de ensino em que foi proposta uma sequência de
actividades que envolvia aproximações de raiz quadrada de um número natural, para tal optou-se por
dividir a parte da amostra em dois grupos: um grupo chamado grupo de controlo, onde o pesquisador
ministrou uma aula usando o algoritmo da raiz quadrada e o segundo grupo chamado grupo experimento,
onde o pesquisador ministrou uma aula usando o método de Herão. A análise dos resultados foi feita
através da comparação dos resultados dois grupos, a fim de analisar a eficiência do método de Herão. Os
resultados obtidos na pesquisa mostram-nos que o uso do método de Herão na sala de aula é um grande
catalisador no PEA de aproximações da raiz quadrada.

Palavras-chave: Aproximações da raiz quadrada, método de Herão.

Abstract

This work aims to analyze how measured the method of Herão can help students to approximate the
square root of a natural number “n”, where n is not a perfect square. As for the approach to the problem, it
is a qualitative and quantitative research, carried out through a bibliographic survey, field study and an
experimentation. Data were collected through a questionnaire and teaching intervention in which a
sequence of activities was proposed that involved square root approximations of a natural number. control,
where the researcher taught a lesson using the square root algorithm and the second group called the
experimental group, where the researcher taught a lesson using the method of Herão. The analysis of the
results was made by comparing the results of the two groups, in order to analyze the efficiency of Herão's
method. The results obtained in the research show us that the use of the Herão method in the classroom is
a great catalyst in the PEA of square root approximations.

Keywords: Square root approximations, Heron's method.


11

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO DA PESQUISA

1. Introdução

Matematicamente, a raiz quadrada de um número x não negativo é um número que, quando


multiplicado por si próprio, iguala a x. A raiz quadrada de x é simbolizada por √ x, sendo
considerada por muitos matemáticos como uma importante operação matemática, assim como a
adição, a subtracção, a multiplicação e a divisão (Da Silva, 2013, p. 11).

Quando se quer a raiz quadrada de um número natural n, temos que levar em consideração a
seguinte relação x=√ n ⟺ x 2=n. Mesmo, essa relação, sendo muito simples de ser explicada e
até de certo modo bem entendida pela maioria de alunos, há em muitos casos uma grande
dificuldade de se encontrar um número real que a satisfaça. Provavelmente, isso se deva ao facto
de que nem sempre a raiz quadrada é exacta, sendo na maioria das vezes necessária uma
aproximação (De Campos, 2014, p. 1).

Normalmente, o ensino da raiz quadrada começa na 8a classe, com números simples, para que o
aluno possa entender o processo, entretanto é a partir da 9 a classe que os alunos se deparam com a
necessidade de realizar aproximações para encontrar uma raiz quadrada de um número natural,
devido ao facto de que é nesta classe que se inicia o estudo das equações quadráticas. Cuja
solução, devido à Bháskara, envolve a raiz do discriminante ∆=√ b2 −4 ac.

Este trabalho tem como finalidade analisar o contributo da fórmula de Herão1 para aproximação
de √ n, sendo n ∈∈¿ e não quadrado perfeito, para propormos como uma sugestão de ensino na
aproximação da raiz quadrada de um numero natural.

É claro que podem surgir muitas inquietações do género “se já temos as máquinas calculadoras
porquê ainda termos que sofrer mentalmente com as interacções do método Herão?” Bom que
fique bem claro que o objectivo deste trabalho não é de inibir o aluno a usar a máquina

1
Herão de Alexandria foi um matemático que se destacou na matemática aplicada ficou bastante conhecido
pela sua famosa fórmula At =√ s ( s−a)(s−b)(s−c ).
12

calculadora, não é não, isso esta fora da nossa cogitação, mas sim de mostrar aos alunos
“apaixonados” pela matemática que existe um método capaz de aproximar (com uma boa
precisão), a raiz quadrada de um número que não seja quadrado perfeito. É claro que a máquina
pode ajudar o aluno até um certo ponto, depois disso o aluno tem que fazer por conta própria
(estamos falando nos exames de admissão, pois é inibido a entrada na sala de exame com a
máquina calculadora). Agora mesmo que você seja expert com a forma de Bháskara, no caso de

−3 ± √ 13
se deparar com uma questão do género x= , não terá como sem máquina. Entre tanto se
2
conhece o método de Herão facilmente resolve o problema com uma boa aproximação.

Esta pesquisa encontra-se dividida em cinco (5) capítulos, a destacar:


Capítulo I: Introdução e apresentação da pesquisa. É neste capítulo onde são descritos a
problematização da pesquisa, enquadramento da pesquisa, objectivos da pesquisa e hipótese.
Capítulo II: Marco teórico. No qual são apresentadas ideias de vários autores que abordam em
torno dos conteúdos da pesquisa, e os mesmos serviram de alicerças na discussão dos resultados
da pesquisa. E fez-se levantamento de alguns trabalhos publicados com relação ao tema em vigor.
Capítulo III: Metodologia de pesquisa. Neste capítulo são apresentados os procedimentos
técnicos da pesquisa, tais como: método da pesquisa, técnicas de recolha de dados. Esses
procedimentos foram usados para concretização da pesquisa.
Capítulo IV: Apresentação, Análise e discursão dos Resultados. Neste capítulo são apresentados
os resultados obtidos na pesquisa e faz-se uma análise detalhada dos resultados, de modo a
observar se alcançamos os objectivos almejados na pesquisa ou não.
Capítulo V: Considerações finais. Sumarizam-se neste capítulo as principais constatações da
pesquisa, certas recomendações para melhoria de alguns aspectos e são apresentadas todas as
referências bibliográficas usadas na presente pesquisa.

2. Enquadramento do tema
13

No contexto escolar, o estudo das raízes quadradas de um número natural, começa no ensino
básico, concretamente na 8ª classe, no I trimestre, na Unidade temática I: Números Racionais,
continuando tanto no Ensino Médio Geral assim como no Ensino Técnico
Profissional, e depois no Nível Superior.

3. Justificativa da Escolha do tema

O que motivou o autor a escolher esse tema é que o cálculo de raiz quadrada traz certo
desconforto para os alunos. Porém, sendo uma operação extremamente comum, ela se apresenta
em vários problemas matemáticos, por exemplo: Como determinar o lado de um quadrado dada
sua área? Quais são as raízes da equação x 2=n, n ∈∈¿? Qual é o comprimento da diagonal de um
rectângulo de lados a e b ou da diagonal de um cubo de aresta a? O certo é que se pode encontrar
várias formas de responder a estas perguntas, porém, independente dos processos utilizados para
alcançar o objectivo da pergunta, todas elas passarão pela necessidade da extracção de raízes
quadradas. Logicamente a falta do conhecimento das aproximações de raiz quadrada de um
número natural impossibilitará a resolução dos problemas, já que nem sempre a raiz quadrada de
um número natural é exacta, necessitando assim do conhecimento de aproximações. Isso levou o
autor em pesquisar as fórmulas de aproximações de raiz quadrada de um número natural, não
sendo quadrado perfeito, e porque a fórmula de Herão é bastante simples e possivelmente é
acessível para os alunos da 9ª classe.

4. Problematização

Com o surgimento das máquinas calculadoras, o cálculo da raiz quadrada de um número real não
negativo tornou-se muito fácil. Hoje em dia, quase todas as calculadoras estão munidas de uma
tecla para o efeito. Assim, para calcular a raiz quadrada de um número real não negativo, basta
escrevê-lo numa calculadora e carregar a tecla que possui um símbolo semelhante a V. O mau
uso dessas máquinas motivou o cálculo de raízes, sejam elas quadradas, cúbicas ou de qualquer
índice. Revela-se um grande problema não só para os alunos que estão aprendendo, mas também
para grande parte dos professores, que, ao ensinarem o cálculo de raízes, contam com um
método, que talvez não seja muito eficiente, tanto para raízes não exactas, quanto para aquelas
onde o radicando é um número grande. Nota-se que em vez do aluno perceber o processo de
14

extracção de raiz quadrada, ele se contenta com resultados finais que aparecem na máquina.
Entretanto, o maior propósito dos inventores das máquinas calculadoras é de facilitar operações
com números grandes. Assistimos, actualmente, nas salas de aulas, situações em que mesmo para
contas tão pequenas (como por exemplo raiz quadrada de 25) os alunos recorrem às máquinas
calculadoras.

Dado isso, buscamos com este trabalho resgatar métodos baseados em aproximações para o
cálculo de raízes quadradas que, embora seja muito antigo, pode ser desconhecido para uma parte
dos professores de Matemática. É um método que, se chegasse à nossas salas de aula, permitiriam
ao aluno encontrar raízes exactas ou não, de modo claro e prático, utilizando conceitos já
conhecidos, e podendo melhorar sempre o resultado final com novas aproximações.

Deste modo, a questão de investigação que se levanta é:

Em que medida o método de Herão poderá servir como uma alternativa eficiente na
aproximação da raiz quadrada de um número natural?

5. Relevância da pesquisa

O entendimento dos métodos de cálculos para encontrar o valor das raízes quadradas possui
muita importância, pois vários problemas em linguagem algébrica actual conduzem a soluções
onde precisam ser encontrados os valores de raízes, ressaltando, ainda, a sua aplicação na
geometria, devido ao efectivo cálculo do lado de um quadrado cuja área é conhecida (Da Silva,
2013, p-11).

Essa importância no cálculo da raiz quadrada é verificada através dos tempos a partir da análise
de documentos históricos que nos mostram a preocupação em realizar o procedimento de
extracção de raízes nas mais diversas épocas do desenvolvimento humano (Da Silva, 2013, p.
11).

Na antiguidade, muitos problemas de geometria envolvendo divisões de terras, estavam


relacionados à obtenção de uma raiz quadrada. De fato, actualmente tais problemas podem ser
15

modelados por equações do segundo grau do tipo a x 2+ bx+ c=0, com a ≠ 0; cuja solução, devido
à Bháskara, envolve a raiz do discriminante ∆=√ b2 −4 ac.

Em contra partida, o problema da quadratura do círculo de cerca de 2:000 a.C. que consiste em
construir, com régua e compasso, um quadrado que tenha exactamente a
mesma área do círculo dado, revela a necessidade de se obter a raiz quadrada de π: Ora, sendo
este um número irracional, a obtenção de √ π por um procedimento finito é impossível, uma
vez que √ π também é um número irracional, portanto possui uma representação decimal infinita
e não periódica, assim como as raízes quadradas de números primos. Naquela época, já
estava clara a necessidade de se trabalhar com aproximações, ou pelo menos os matemáticos
daquele período se contentavam em obter estimativas aproximadas das raízes n-ésimas.

Com o passar do tempo, vários métodos para obtenção das raízes quadradas exactas ou
aproximadas foram surgindo. Actualmente, é possível encontrar a raiz n-ésima de quase todo
número usando uma calculadora, um computador ou até mesmo um celular. Isso por que não
se pode determinar exactamente as raízes quadradas de números irracionais.

Por outro lado, Barroso et al, (2013), afirmam que tanto as calculadoras quanto os computadores
mais modernos podem apresentar erros de arredondamento ou truncamento que surgem ao se
tentar representar números decimais que não possuem representação binária finita.

Ao efectuar o cálculo
√1+10−12−1 , em uma calculadora convencional ou mesmo em
10−8
calculadora científica CASIO HP fx-82MS por exemplo obtemos como resultado o valor igual a
zero. O que é obviamente um absurdo, uma vez que 1+10−12 >1.

Neste sentido, o professor não deve utilizar uma tecnologia como recurso didáctico
sem que tenha explorado as potencialidades e as limitações dos vários recursos que esta
tecnologia oferece. Borba e Penteado (2012), lembram que a opção por utilizar ou não uma
tecnologia deve ser feita pelo professor com base no seu próprio conhecimento. Isto é, o
professor deve estar aberto à experimentação e, principalmente, buscar e trocar informações
que maximizem o aproveitamento das novas tecnologias no ensino.
16

6. Objectivos da pesquisa
1. Objectivo geral
 Analisar até que medida o método de Herão pode auxiliar à alunos na aproximação da raiz
quadrada de um número natural “n”, sendo que n não é um quadrado perfeito.
2. Objectivos específicos
 Mostrar as etapas do método de Herão na aproximação de raiz quadrada de um
número natural “n”, sendo que n não é um quadrado perfeito;
 Fazer uma análise comparativa entre o método de Herão e o algoritmo da raiz
quadrada na aproximação da raiz quadrada dum número;
 Sugerir o método de Herão como uma fórmula de achar aproximação da raiz
quadrada de um número natural, nas aulas de matemática.

7. Hipótese da pesquisa

Na opinião de Prodanov (2013, p. 123) hipótese de um trabalho científico é a suposição


que fazemos, na tentativa de explicar o que desconhecemos e o que pretendemos demonstrar,
testando variáveis que poderão legitimar ou não o que queremos explicar ou descobrir.

Deste modo o método de Herão para aproximação da raiz quadrada de um número natural,
pode ser uma técnica muito eficiente, para os alunos na aproximação da raiz quadrada
quando os professores proporem esse método na sala de aula, na resolução de actividades
que requerem aproximação da raiz quadrada.
17

CAPÍTULO II: MARCO TEÓRICO

Aqui dividiremos o capítulo em dois subcapítulos o primeiro tratará da revisão de literatura,


onde falaremos sobre os conceitos relacionados com o tema em estudo e o segundo será
fundamentação teórica no mesmo falaremos sobre a teoria que sustenta a nossa pesquisa:
Teoria de Aprendizagem: Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky (ZDP).

2.1. Revisão de Literatura


2.1.1. Evolução histórica da raiz quadrada

As primeiras civilizações interpretavam o problema de extrair raízes quadradas geometricamente


e os algoritmos que desenvolveram para resolver este problema se baseavam em raciocínios
geométricos. Mais recentemente, o problema foi atacado do ponto de vista algébrico-analítico, de
achar as raízes de uma equação ou, equivalentemente, os zeros de uma função. Isso permitiu o
desenvolvimento de algoritmos poderosos, que permitem o calculo de raízes quadradas
rapidamente, com grande precisão (Bosco, 2010).

Não sabemos ao certo a origem deste símbolo do radical. Alguns historiadores especulam que o
símbolo tenha sido usado pela primeira vez pelos árabes, sendo o matemático Al-Qalasady (1412
– 1486) quem primeiro o usou. Esse símbolo é também utilizado para a raiz cúbica, a raiz quarta,
etc., e nesses casos é munido de um índice colocado na parte superior esquerda do radical e que
indica qual a respectiva raiz, sendo o índice 3 para a raiz cúbica, o índice 4 para a raiz quarta e
assim por diante. Segundo Samsó J., no seu livro Las ciencias de los antiguos en al-Andalus de
1992, Al-Qalasady é referido como um especialista na introdução de símbolos algébricos, em que
utilizava palavras curtas em árabe, ou apenas as letras iniciais, como símbolos matemáticos. No
caso da radiciação, utilizou “j” a inicial da palavra “jadhr” que significa “raiz” (Melo, 2016).

Alguns matemáticos, como o matemático suíço Leonard Euler (1707 – 1783), acreditavam que o
símbolo tivesse origem na primeira letra da palavra em latim “radix”, que se refere a operação de
radiciação, escrita em minúscula. O símbolo do radical, segundo o historiador Howard Eves, foi
visto pela primeira vez impresso no livro de álgebra, em 1525, do matemático alemão Christoff
Rudolff (1499 – 1543) intit ulado Die Coss (a palavra Coss foi utilizada com o significado de
18

“desconhecido”). Nessa altura, o símbolo foi impresso sem a linha horizontal que fica sobre o
radicando (Melo, 2016). O comando Sqrt também é adoptado para referenciar a operação de raiz
quadrada. Sqrt é a abreviação de “square root”, expressão que significa “raiz quadrada”.

2.1.2. Vida e obra de Herão

Herão de Alexandria foi um matemático que se destacou na matemática aplicada. Há muita


controvérsia a respeito da época exacta em que ele viveu, havendo estimativas que variam de 150
a.C. a 250 d.C. Mais recentemente tem sido colocado na segunda metade do séc. I d.C. Seus
trabalhos sobre matemática e física são tão numerosos e variados que é costume apresentá-los
como um enciclopedista dessas áreas. Há razões para se supor que Herão era um egípcio com
formação grega. De qualquer maneira, seus escritos, que com tanta frequência enfatizam mais as
aplicações práticas do que o acabamento teórico, mostram uma fusão curiosa do grego com o
oriental. Ele se empenhou em fornecer uma fundamentação científica para a engenharia e a
agrimensura. Cerca de 14 tratados de Herão, alguns visivelmente editados muitas vezes,
chegaram até nós, e há referências a outros que se perderam (Eves, 2011, p. 205).

Eves (2011), afirma que dos trabalhos geométricos de Herão, o mais importante é sua A Métrica,
em três livros, e só descoberta em 1896 — em constantinopla, por R. Schöne. O Livro I ocupa-se
da medida da área de quadrados, rectângulos, triângulos, trapézios, vários outros quadriláteros
particulares, polígonos regulares desde o triângulo equilátero até o dodecágono regular, círculos e
seus segmentos, elipses, segmentos parabólicos e da superfície de cilindros, cones, esferas e
zonas esféricas. É nesse livro que se encontra a brilhante dedução da famosa fórmula da área de
um triângulo em função dos três lados. Também tem interesse particular no livro o método de
Herão de aproximar a raiz quadrada de um inteiro que não é quadrado perfeito. Esse processo é
hoje usado com frequência pelos computadores a saber, se d=ab, então (a+ b)/2 é uma
aproximação de √ d , aproximação essa que melhora com a proximidade de a e b. O método
permite sucessivas aproximações. Assim, se x 1 é a primeira aproximação de √ d , então:

x21 +d
x 2= (1)
2 x1
19

A relação (1) é aproximação melhor, e a relação (2) é melhor ainda, e assim por diante.
Generalizando temos a relação (3).

x22 + d
x 3= (2)
2 x2

x 2n +d
x n+1= ( 3)
2 xn

O Livro II de A métrica ocupa-se da mensuração de volumes de cones, cilindros, paralelepípedos,


prismas, pirâmides, troncos de cones e de pirâmides, esferas, segmentos esféricos, toros (anéis
cilíndricos), os cinco sólidos regulares e alguns prismatoides. O Livro III aborda o problema da
divisão de certas áreas e volumes em partes que estão entre si numa razão dada (Eves, 2011, p.
205).

Danilo (2014, p. 19) diz que, Herão, também conhecido por Heirão, matemático e físico de
destaque, ficou bastante conhecido pela sua famosa fórmula At =√ s ( s−a)(s−b)(s−c ) para o

a+ b+c
calculo da area de um triangulo qualquer quando é conhecido seus lados, sendo s= o
2
semi-perimetro e a, b e c são os lados do triangulo.

2.1.3. Método de Tentativa e erro

Este método é menos comum nos livros. Porém É simples e prático, embora seu uso se limita a
números que tenham raízes exactas e números não muito grande, pois assim seu uso tornaria
cansativo e desinteressante.

Suponha que queremos calcular a raiz quadrada de um número real não negativo n. Pela
definição de raiz quadrada, √ d é número real não negativo b para o qual (Gabriel, 2016, p. 21).

b 2=d .com(n ,b)∈ IR +¿¿


0

Em outras palavras, calcular a raiz quadrada do número real não negativo d significa encontrar
um número real não negativo b tal que o quadrado de b seja d.
20

Conforme Gabriel (2016) Este método para o cálculo da raiz quadrada de um número d consiste
em procurar números cujos quadrados se aproximem cada vez mais de d.

O caso geral, quando desejamos encontrar a raiz k −ésima de um número n, isto é,

√k d=b ⟺b k =d , com(d , b)∈ IR +¿,


0
e k for par . ¿

Ou seja, procedemos da mesma maneira, procurando número tais que a potência K-ésima dele se
aproxime cada vez mais de d (Gabriel, 2016, p. 21).

Se desejamos encontrar a raiz de um número dado d, dependendo do índice podemos ter


dois casos:
¿
Chamamos d o radicando, b a raiz e o k o índice

Exemplo 1: Encontre a raiz quadra de 169 pelo método de tentativa e erro.

Vamos supor que, inicialmente, tenhamos pensado no número 7. Neste caso, quando elevamos 7
ao quadrado, vemos que 72 <169 , o que nos permite concluir que a raiz quadrada de 169 é maior
que 7 , por outro lado, 72 =49, geometricamente falando o 49 encontra-se muito distante de 169.
Assim, podemos procurar outros números maiores do que 7, calcular o respectivo quadrado e ver
se é igual a 169. Na tabela 1, mostramos nossas diversas tentativas de encontrar um número cujo
quadrado é igual a 169, que no caso é o número 13.
21

Tabela 1: Raiz quadrada de 169 pelo método de tentativa e erro

b b2 Comparação entre b 2 e a Conclusão


7 49 49< 169 Acrescenta-se 1 unidade
8 64 64< 169 Acrescenta-se 1 unidade
9 81 81<169 Acrescenta-se 1 unidade
10 100 100<169 Acrescenta-se 1 unidade
11 121 121<169 Acrescenta-se 1 unidade
12 144 144< 169 Acrescenta-se 1 unidade
13 169 169=169 13 é a nossa solução

Nota importante: Este método se limita a números que tenham raiz exactas e ainda números não
muito grande, pois assim seu uso tornaria cansativo e desinteressante. Para as raízes não exacta
este método apenas nos diz em que intervalo a nossa solução se encontra, por exemplo com este
método podemos inferir que √ 120∈ ¿ 10 ; 11¿.

2.1.4. Método da factoração

Este método é um dos preferidos dos livros didácticos. Ele é simples, prático e divertido, pois
envolve a factoração, radiciação, divisão e multiplicação.

Da Silva (2013, p. 20), afirma que o método da factoração baseia-se no TFA (Teorema
Fundamental da Aritmética), dado a seguir.

Teorema 1 "Todo número natural maior do que 1 ou é primo ou se escreve de modo único (a
menos da ordem dos factores) como um produto de números primos.

Demonstração. A demonstração deste Teorema pode ser encontrada no livro de Santos (1998, p.
9). No que segue, apresentamos a sua demonstração incluindo os detalhes.

Se n é primo não há nada a ser demostrado. Suponhamos, pois, n composto. Seja p1 ( p1 >1) o
menor dos divisores positivos de n. Afirmamos que p1 é primo. Isto é verdade, pois, caso
contrario existiria p, 1< p< p1 com p∨n, contradizendo a escolha de p1. Logo, n= p1 ∙ n1. Se n1
for primo a prova está completa. Caso contrario, tomamos p2 é primo e temos que n= p1 ∙ p2 ∙ n2.
22

Repetindo este procedimento, obtemos uma sequência decrescente de inteiros positivos


n1 , n2 , … ,n r. Como todos eles são inteiros maiores do que 1, este processo deve terminar. Como
os primos na sequência p1 , p2 , … , p k não são, necessariamente, distintos, n terá, em geral, a
forma:

n= pα1 ∙ p α2 ∙ , … ,∙ pαk
1 2 k

Para mostrarmos a unicidade usamos PIM (Princípio da Indução Matemática) em n. Para n=2 a
afirmação é verdadeira. Assumimos, então, que ela se verifica para todos os inteiros maiores do
que 1 e menores do que n. Vamos provar que ela também é verdadeira para n. Se n é primo, não
há nada a provar. Vamos supor, então, que n seja composto e que tenha duas factorações, isto é,

n= p1 ∙ p2 ∙ ⋯ ∙ ps=q1 ∙q 2 ∙ ⋯ ∙ q r

Vamos provar que s=r e que cada pi é igual a algum q j. Como p1 divide o produto q 1 ∙ q2 ∙ ⋯ ∙ qs
ele divide pelo menos um dos factores q j. Sem perda de generalidade podemos supor que p1∨q 1.

n n
Logo = p2 ∙ ⋯ ∙ p s=q 2 ∙ ⋯ ∙ q r. Como 1< <n, a hipótese da indução nos diz que as duas
p1 p1
factorações são idênticas, isto é, s=r e, a menos da ordem. As factorações p1 ∙ p2 ∙⋯ ∙ ps e
q 1 ∙ q2 ∙ ⋯ ∙ qr são iguais.

Esse método é utilizado no cálculo de raízes exactas de números inteiros ou decimais, seja ela
uma raiz quadrada, cúbica ou de índice superior a três.

Exemplo 2: Encontre a raiz quadrada de 144 pelo método de factoração


Gabriel (2016, p. 13) afirma que, devemos dividir o número 144 pelo menor número primo que
será o número 2, pois 144=2 ×72, resultando o número 72, agora dividimos o 72 pelo menor
número primo, que será o número 2 também, pois 72 = 2 × 36. Agora devemos dividir o 36 pelo
menor número primo, que será o número 2, pois 36 = 2 × 18. Logo temos que 18 é divisível por 2
também (menor número primo), pois 18 = 2 × 9, assim continuando temos que 9 não é divisível
por 2, mas é divisível pelo próximo número primo, o número 3, pois 9 = 3 × 3, e finalizando
temos que 3 é divisível por 3, pois ele é primo.
23

Logo, percebe-se que 144=24 ×3 2, com isso temos:

4 2
2
√ 144=√ 2 4 × 32=2 2 × 3 2 =22 × 31=4 ×3=12

Da Silva (2013, p. 22), diz que no caso dos números racionais com representação decimal finita,
podemos proceder de duas formas distintas:

i) Escrever o número real a como uma fracção irredutível de dois números reais inteiros, e
decompor separadamente o numerador e o denominador dessa fracção.

Exemplo 3: calcule √ 2,25 pelo método de factoração

Para encontrar a raiz quadrada de 2,25, escreva-o como uma fração irredutível,

255 9
2,25= =
100 4

9
Isso significa que calcular a raiz quadrada de 2,25 é equivalente a calcular a raiz quadrada de :
4
Assim, temos:

2
32 32 3
√ 2,25= = √ = √ 2 = 2 =
9 9

4 √4 √ 2
22
2

ii) Escreve-se a representação decimal do número real a como sendo o produto de um


número inteiro e uma potência de 10 e tenta-se decompor cada um de seus factores.

Exemplo 4: calcule √ 1,5876 pelo método de factoração

Reescrevendo 1,5876 como um produto de um número inteiro por uma potência de 10, temos
1,5876=15876× ( 10 )−4 ; e decompondo os seus factores, obtemos:

−4 2 4 2 −4 −4
1,5876=15876× ( 10 ) =2 · 3 · 7 ·2 ·5
24

Dai segue que,

√ 1,5876= √ 22 ·3 4 · 72 ·2−4 ·5−4= √22 ∙ √3 4 ∙ √ 72 ∙ √ 2−4 ∙ √5−4

2 4 2 −4 −4
√ 1,5876=2 2 ∙3 2 ∙ 7 2 ∙2 2
∙ 5 2 =21 ∙3 2 ∙7 1 ∙ 2−2 ∙5−2

126
√ 1,5876=126 ∙ ( 2∙ 5 )−2 =126 ∙10−2=
100

√ 1,5876=1,26

2.1.5. Método Chinês

De acordo com Gabriel (2016, p. 43) este método foi publicado pela Revista de Ensino de
Ciências, de 1985, pelo professor Luciano Rampazzo. É conhecido por Método chinês, e traz a
ideia que um número quadrado perfeito é a soma de n números ímpares.

Para Da Silva (2013, p. 24) O método Chinês é utilizado apenas para obtenção da raiz quadrada
de um número natural quadrado perfeito e baseia-se no fato de que todo número quadrado
perfeito pode ser escrito como soma de n inteiros ímpares. Mais precisamente, para cada número
natural n, temos:

1+3+5+· ··+ (2 n−1 )=n 2(1)

A igualdade (1), válida para todo número inteiro positivo, pode ser demonstrada pelo Princípio de
Indução.

Demostração: Podemos encontrar uma demonstração dessa igualdade no livro de Hefez (2005,
p. 10), no que segue, apresentamos a sua demonstração incluindo os detalhes.

Seja Sn=1+3+ 5+·· ·+ ( 2 n−1 ) e vamos calcular Sn para alguns valores de n:

S1=1 , S 2=4 , S 3=9 , S4 =16 , S 5=25


25

Os casos particulares acima nos conduzem a conjecturar que Sn=n2. Mas, como ter certeza de
que não estamos cometendo o engano da galinha de Bertrand Russel? Bom, o único jeito é usar o
PIM.

Definimos p ( n ) :S n=n 2.

Temos que p ( 1 ) : S1=1=12, portanto verdade. Para provar que p(n) ⇒ p(n+1) é verdade para
todo n ∈∈¿, basta mostrar que, se supusermos p(n) verdade, entao p(n+ 1) é verdade, qualquer,
qualquer que seja n ∈∈¿.

De facto, supondo p ( n )verdade, ou seja, Sn=n2, e somando 2n+1 a ambos os lados desta
igualdade, obtemos:
Sn +1=S n +2 n+1=n 2+ 2n+1=( n+1 )2
O que nos diz que p(n+ 1) é verdade.

Pelo PIM, p(n) é verdade para todo n ∈∈¿.

A igualdade (1) pode ser reescrita por:

[ ( ( n −1 ) −3 )−…−( 2 n−1 ) ] =0(2)


2

Que é o algoritmo do método Chinês.

Da igualdade (2), para verificar se um número é ou não quadrado perfeito, subtrai-se dele a
sucessão de números ímpares (1;3;5;7;9;···). Se uma das diferenças for zero ou um número
negativo, o algoritmo para. Caso em uma dessas subtracções obtém-se o zero como resultado,
conclui-se que o número em questão é um quadrado perfeito e o número de subtracções
realizadas é a sua raiz quadrada. Caso não se obtenha zero em nenhuma dessas subtracções, e sim
um número negativo, conclui-se que o número não possui raiz quadrada exacta, inviabilizando o
uso do método para o cálculo de sua raiz quadrada.

Exemplo 5: Calcule a raiz quadrada de 36, pelo método chinês.


26

Tabela 2: Raiz quadrada de 36 pelo método chinês

No de vezes a subtrair o 36 Nos ímpares Subtracções sucessivas


1 1 36−1=35
2 3 35−3=32
3 5 32−5=27
4 7 27−7=20
5 9 20−9=11
6 11 11−11=0
Conclusão 36−1−3−5−7−9−11=0

Como na sexta subtracção já obtivemos zero como resultado, então o algoritmo chinês cessa, com
isso podemos concluir que 36 tem raiz quadrada exacta. Agora como foram efectuadas 6
subtracções, então de acordo com o método chinês a raiz quadrada de 36 é igual a 6. Assim:

√ 36=6

Exemplo 6: Calcule a raiz quadrada de 28, pelo método chinês.

Tabela 3: Raiz quadrada de 28 pelo método chinês

No de vezes a subtrair o 28 Nos ímpares Subtracções sucessivas


1 1 28−1=27
2 3 27−3=24
3 5 24−5=19
4 7 19−7=12
5 9 12−9=3
6 11 3−11=−7
Conclusão 28−1−3−5−7−9−11=−7

Como na sexta subtracção obtivemos o primeiro número negativo (neste caso −7) como
resultado, então o algoritmo chinês cessa, logo 28 não tem raiz quadrada exacta. Como foram
efetuadas 6 subtracções, logo, a sua raiz quadrada aproximada está entre 5 e 6.

2.1.6. Algoritmo da raiz quadrada

De acordo com Martins (2017, p. 13) um algoritmo é uma sequência de passos que nos permite
obter uma solução para um problema.
27

Martins (2017) comenta que existe um processo, não tão simples, mas que permite calcular a raiz
quadrada de um número qualquer não negativo, com a aproximação desejada.

Vamos apresentar nas figuras 1 e 2, este método através de alguns exemplos retirados do livro de
Matemática 9 classe, Zeferino Martins.
Figura 1: Cálculo da raiz quadrada de 1024

Fonte: Martins (2017, p. 13)


28

Figura 2: Cálculo da raiz quadrada de 728

Fonte: Martins (2017, p. 14)

2.1.7. Método de Herão

Antigamente, cerca de 1700 antes de Cristo, ou um pouco menos, o povo babilónio


desenvolveram um processo para extracção da raiz quadrada. Esse processo é frequentemente
atribuído, segundo o historiador Carl Boyer, ao sábio grego Arquitas (428 – 365 a.C.) ou a Herão
29

de Alexandria (cerca de 100 d.C.), e por vezes é também denominado de algoritmo de Newton
(Melo, 2016, p. 17).

O método de Herão fornece aproximações muito boas para a raiz quadrada de um número. Este
método de Herão calcula, a partir de um “chute inicial” x 0 sucessivas aproximações melhores x n,
até que se atinja a precisão desejada. Para percebermos melhor o funcionamento deste método
vejamos o exemplo 7. Entretanto, a fórmula para o método de Herão já estabelecemos na relação
(3) quando falávamos da vida e obra de Herão. Que é a seguida.

x 2n +d
x n+1=
2 xn

x 2n+ d
Com isso podemos afirmar que √ d ≅ x n+1=
2 xn

d é o radicando(d ∈ N ) , não sendo quadrado perfeito .


Onde:⟺
{
x n é aproximaçãoda √ d ,( podendo ser o chuteinicial)
x n +1 é aproximação melhor que xn da √ d

Exemplo 7: Calcule √ 3, pelo método de Herão.

Resolução: aqui temos d=3, quanto ao “chute” inicial é opcional, nós começaremos com x 0=1.
Pelo simples facto da raiz quadrada de três estiver entre 1 e 2. Da relação (3) temos:

x 2n +d
x n+1=
2 xn

x20 + d 12 +3
x 1= = =2
2 x0 2∙1

x21 +d 22 +3 7
x 2= = = =1.75
2 x1 2∙2 4

7 2
x 3=
2
x2 + d
=
4 ()
+3
97
= ≅ 1.7321428 571427
2 x2 7 56
2∙
4
30

97 2
x4 =
2
x 3 +d ( )
=
56
3
=
18817
≅ 1.732050810014728
2 x3 97 10864
2∙
56
18817 2
x 5=
2
x 4 +d (
=
10864) 3
=
708158977
≅ 1.732050807568877
2 x4 18817 408855776
2∙
10864

Note que √ 3 ≅ 1.732050807568877 e equiparando esse resultado da raiz quadrada de três, com o
que obtemos na quinta interacção ( x 5) do método de Herão, observa-se que é uma aproximação
de até décima quinta casa decimal, obtido com apenas cinco iterações!

2.2. Algumas pesquisas sobre o cálculo da raiz quadrada

De Campos (2014) Realizou uma pesquisa de dissertação de mestrado (Pós-graduação em


Matemática) intitulada por “Algoritmo de Aproximações de Raiz Quadradas” que tinha como
objectivo principal tornar o processo de aproximação racional menos árduo apresentando
algoritmos de aproximação de √ d , com d ∈ N não quadrado perfeito.

Nesse trabalho De Campos (2014), estava interessado em mostrar três algoritmos de aproximação
racional de raízes quadradas por métodos pouco utilizados ou desconhecidos pelos professores do
ensino fundamental e médio.

De Campos (2014) iniciou a pesquisa por definir sequência numérica e convergência de


sequências, discutiu sobre a necessidade de ampliação do conceito de número racional e
demonstrar a irracionalidade da diagonal de um quadrado. Provou um importante teorema,
conhecido na literatura como o Teorema de Dirichlet, e por fim listou três métodos de
aproximação de raízes quadradas de números naturais não quadrados perfeitos, muito simples de
serem trabalhados em sala de aula que são: O algoritmo de aproximação racional de Herão de
Alexandria, A escada de Theon e a Equação de Pell-Fermat, sendo este último fundamental para
discussão que realizou sobre a relação dos três métodos apresentados.
31

Como conclusão De Campos (2014) conclui que Estudar aproximação racional de Raízes
quadradas é um tema de relativa importância pelo grande número de estudantes que não
compreendem de forma adequada a ampliação do conceito de número racional ao número
irracional e da necessidade em certos cálculos de se obter uma “boa aproximação” para a raiz
quadrada na resolução de problemas.

Outra pesquisa sobre o calculo da raiz quadrada foi realizada por Da Salva (2013) que foi a sua
dissertação de mestrado (Mestre em Matemática) intitulada por “O calculo da Raiz Quadrada
Através dos Séculos” que tinha como objectivo principal descrever de forma histórica os
métodos para encontrar os valores de raízes quadradas, com o intuito de subsidiar estudiosos e
professores da Educação Básica, a fim de passar informações que os levem a correta manipulação
dos algoritmos de extracção de raízes e, consequentemente, melhorar o aprendizado dos alunos,
oportunizando assim uma ampliação do conhecimento.

O desenvolvimento desse trabalho foi realizado a partir de uma pesquisa bibliográfica, que
define-se como a modalidade de estudo que se propõe a realizar análises históricas de estudos ou
processos tendo como material de análises documentos escritos e/ou produções culturais
garimpados a partir de arquivos e acervos Fiorentini (2006, p.71). Dessa forma a pesquisa
bibliográfica tem como objectivo o de conhecer e analisar as principais contribuições teóricas
existentes sobre um tema em específico.

Nesse trabalho Da Silva (2013) buscou relatar, através de uma pesquisa bibliográfica, a história
dos métodos para o cálculo da raiz quadrada durante os séculos e civilizações. Após uma
apresentação do algoritmo fundamental e do método geométrico para extracção de raízes foram
expostos resultados e métodos antigos que datam de antes do nascimento de Cristo, do século X e
do XVI, este último sendo o Algoritmo de Newton-Raphson que pode ser direccionado para
encontrar raízes quadradas. O desenvolvimento histórico do símbolo da raiz quadrada também foi
abordado e, como fechamento apresentou um procedimento novo que promete facilitar o
algoritmo para encontrar raízes quadradas utilizando a sequencia de números ímpares negativos.

2.3. Fundamentação teórica


32

Neste subcapítulo apresentaremos a teoria que servirá de base para o desenvolvimento desta
pesquisa, onde falaremos da teoria de aprendizagem: Zona de Desenvolvimento Proximal de
Vygotsky (ZDP), a Teoria de desenvolvimento próxima de Vygotky é usada na medida em que o
autor explora o que os alunos sabem no caso a raiz quadrada de números que são quadrados
perfeitos, a fim de os ensinar um método capaz de fazer aproximações de raiz quadrada de
números que não são quadrados perfeitos.

Teoria de Aprendizagem: Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky (ZDP)

Lev Vygotsky nasceu em 1896 na Bielorrússia, de família judia. No ano de 1918 formou-se em
Direito pela Universidade de Moscou. Casou-se aos 28 anos e teve duas filhas. Faleceu em 1934,
vítima de tuberculose, doença com que conviveu durante catorze anos. Enquanto cursava Direito
também participava dos cursos de História e Filosofia. A partir de suas experiências através da
formação de professores na escola local do estado, dedicou-se ao estudo dos distúrbios de
aprendizagem e de linguagem, das diversas formas de deficiências congénitas e adquiridas, e
assim graduou-se em Medicina, fundou o laboratório de psicologia da Escola de Professores de
Gomel, dando várias palestras que posteriormente foram publicadas no livro Psicologia
Pedagógica no ano de 1926. Após ter participado do II Congresso de Psiconeurologia (estudo das
intenções entre cérebro e mente) em Leningrado, foi convidado a trabalhar no Instituto de
Psicologia de Moscou devido a sua actuação (Coelho & Pisoni, 2012 p. 145).

.Vygotsky dá um lugar de destaque para as relações de desenvolvimento e aprendizagem dentro


de suas obras. Para ele a criança inicia seu aprendizado muito antes de chegar à escola, mas o
aprendizado escolar vai introduzir elementos novos no seu desenvolvimento. Dois tipos de
desenvolvimento foram identificados: o desenvolvimento real que se refere àquelas conquistas
que já são consolidadas na criança, aquelas capacidades ou funções que realiza sozinha sem
auxílio de outro indivíduo. Habitualmente costuma-se avaliar a criança somente neste nível, ou
seja, somente o que ela já é capaz de realizar. Já o desenvolvimento potencial se refere àquilo que
a criança pode realizar com auxílio de outro indivíduo. Neste caso as experiências são muito
importantes, pois ele aprende através do diálogo, colaboração, imitação. A distância entre os dois
níveis de desenvolvimentos chamou de zona de desenvolvimento potencial ou proximal, o
período que a criança fica utilizando um ‘apoio’ até que seja capaz de realizar determinada
33

actividade sozinha. Por isso Vigotsky afirma que “aquilo que é zona de desenvolvimento
proximal hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã – ou seja, aquilo que uma criança
pode fazer com assistência hoje, ela será capaz de fazer sozinha amanhã” (Vigotsky, 1984, p. 98).
O conceito de zona de desenvolvimento proximal é muito importante para pesquisar o
desenvolvimento e o plano educacional, porque este permite avaliar o desenvolvimento
individual. Esta é a zona cooperativa do conhecimento. O mediador ajuda a criança a
concretizar o desenvolvimento que está próximo, ou seja, ajuda a transformar o desenvolvimento
potencial em desenvolvimento real (Coelho & Pisoni, 2012 p. 148).

Segundo Vygotsky, (1995) citado por Lourenço (2018) o conceito de zona desenvolvimento
proximal trata se de uma espécie de desenvolvimento intelectual avançada dentro do qual uma
criança com ajuda directa ou indirecta de um adulto, pode desempenhar tarefas que ela, sozinha,
não faria por estarem acima do seu nível de desenvolvimento. De acordo com essa teoria pode se
afirmar que, na aprendizagem de qualquer conteúdo matemático é de extrema importância o
professor considerar os conhecimentos prévios do aluno na introdução de novos conteúdos de
modo que as novas informações a serem assimiladas tenham significado na estrutura cognitiva do
aluno, e para que isso aconteça, passa necessariamente pela consideração que o professor vai
fazendo pela ZDP na aprendizagem do aluno.

Segundo Oliveira (2009, p. 61) A zona de desenvolvimento proximal é, portanto, um domínio


psicológico em constante transformação, aquilo que não se consegue fazer sozinha hoje, a criança
conseguirá amanhã. Os membros mais desenvolvidos de uma sociedade ajudando no
desenvolvimento dos mais imaturos. Sendo assim, para Vygotsky o professor tem um papel
fundamental, de interferir na zona de desenvolvimento proximal dos alunos provocando avanços
que não ocorreriam espontaneamente.
Para Oliveira (2009, p. 62) o único bom ensino, afirma Vygotsky, é aquele que se adianta ao
desenvolvimento.” As metodologias utilizadas na escola como demonstrações, assistência,
fornecimento de pistas, instruções e outros são muito importantes para promover o ensino. A
intervenção do professor e interacção com os colegas gera ambiente propício e muito rico para
gerar um desenvolvimento individual.
34

CAPÍTULO III: METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1. Introdução

Neste capítulo, apresentamos as opções metodológicas que foram usadas para o encaminhamento
da investigação. Faz-se referência ao tipo de pesquisa, aos procedimentos e instrumentos para a
recolha de dados e sua análise.

Antes, salientar que a pesquisa será feita na Escola Secundária da Ponta-Gêa (ESP), com a
participação de alunos da 9a classe.

3.2. Quanto a abordagem do problema

Quanto a abordagem do problema o presente trabalho é mista (qualitativa, quantitativa)

3.2.1. Pesquisa quantitativa

Pesquisa quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em
números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de
técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de
correlação, análise de regressão etc.) (Prodanov, 2013, p. 69).

3.2.2. Pesquisa qualitativa

Pesquisa qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto
é, um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode
ser traduzido em números. Na abordagem qualitativa, a pesquisa tem o ambiente como fonte
directa dos dados. O pesquisador mantém contacto directo com o ambiente e o objecto de estudo
em questão, necessitando de um trabalho mais intensivo de campo. Nesse caso, as questões são
estudadas no ambiente em que elas se apresentam sem qualquer manipulação intencional do
pesquisador (Prodanov, 2013, p. 70).
35

A pesquisa é classificada como pesquisa qualitativa, pois descreve em que medida o método de
Herão poderá servir como uma alternativa eficiente na aproximação da raiz quadrada de um
número natural não quadrado perfeito. É também considerada quantitativa, pois os dados
colectados no campo são submetidos às técnicas estatísticas. Os dados que foram quantificados
tiveram como objectivo “propor uma explicação de uma conceituação da realidade percebida
acerca da aplicação do método de Herão na aproximação da raiz quadrada de um número que não
seja quadrado perfeito.

3.3. Quanto aos procedimentos técnicos

Quanto aos procedimentos, esta pesquisa enquadra-se nas pesquisas do tipo:

 Experimental
 Descritiva
 Comparativa
3.3.1. Pesquisa experimental

Na opinião de GIL (2008), o método experimental consiste, especificamente, em submeter os


objectos de estudo à influência de certas variáveis, em condições controladas e conhecidas pelo
investigador, para observar os resultados que a variável produz no objecto.
Para a realização da presente pesquisa será usado o método experimental. Esse método tem
como foco principal testar o método de Herão como uma técnica de fazer aproximação da raiz
quadrada de um número natural “n”, sendo que n não é um quadrado perfeito e analisar o
desenvolvimento das capacidades dos alunos na resolução de tarefas matemáticas relacionadas
com esse conteúdo. Para tal, será definido um grupo experimental, para o qual o pesquisador irá
ministrar uma aula em que usar-se-á o método de Herão na aproximação de raízes quadradas.
Também será estabelecido um outro grupo de alunos, o grupo de controlo E, para o qual será
dada uma aula sobre aproximação de raízes quadradas mas sem recurso ao método de Herão.
Antes do trabalho com os dois grupos, a todos alunos participantes da pesquisa foi aplicado um
teste diagnóstico para aferir a situação inicial dos mesmos quanto ao conteúdo matemático em
causa. Ou seja, para verificar se os alunos dos dois grupos se encontram em condições iniciais
36

semelhantes ou não relativamente a compreensão e capacidade de resolver tarefas de


aproximação de raízes quadradas.
Visto que na ESP a 9a classe frequenta as aulas no período da tarde, i. é, a partir das 12 h: 30 min,
para não interferirmos no curso normal das aulas, escolheremos trabalhar no período de manhã
das 11 horas até 11 horas e 50 minutos. Serão programados 4 dias de aulas com a duração de 50
minutos cada, dos quais os primeiros 10 minutos servirão para os alunos se organizarem e 40
minutos para a realização das actividades previstas. Ressaltamos, ainda, que o primeiro dia será
reservado apenas para a apresentação do pesquisador, do plano e objectivos das actividades a
serem desenvolvidas e a realização do teste diagnóstico. Seguir-se-á a análise preliminar dos
resultados do teste diagnóstico e a divisão dos alunos em dois grupos.
Nas duas aulas seguintes, os alunos terão aulas sobre os métodos de aproximação de raízes
quadradas. Um grupo (o de controlo), usando os métodos habituais e o outro (o experimental),
com recurso ao método de Herão. Durante a aplicação da sequência de actividades na sala de
aula, serão feitas algumas anotações e gravações sobre o desenvolvimento das actividades,
perguntas e factos observados.
Finalmente, na quarta aula, será aplicado um questionário final aos dois grupos de alunos. O
objectivo desse questionário é viabilizar a comparação dos desempenhos finais dos alunos dos
dois grupos.

3.3.2. Pesquisa descritiva

Pesquisa descritiva: quando o pesquisador apenas regista e descreve os fatos observados sem
interferir neles. Visa a descrever as características de determinada população ou fenómeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de colecta de
dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de Levantamento
(Prodanov, 2013, p. 52).

3.3.3. Pesquisa comparativa


37

Método Comparativo – empregado por Taylor, realiza comparações com o objectivo de


verificar similitudes e explicar as divergências no intuito de melhor compreender o
comportamento humano. Analisa os dados concretos e com base neles se deduz elementos
abstractos e genéricos. Podendo ser utilizado em todas as fases e níveis que estejam sendo
realizadas as investigações (Prodanov, 2013, p. 52).

3.4. Tamanho da amostra

Amostra é parte da população ou do universo, seleccionada de acordo com uma regra ou plano
(Lakatos & Marconi, 2007, P. 77). Para realização da presente pesquisa extrairemos uma amostra
de 20 alunos. Ressaltar que a restrição do tamanho da amostra é devida as condições impostas
pela pandemia no nosso país.

3.5. Técnica de recolha de amostra ou amostragem

Para a extracção da amostra usou-se uma técnica de amostragem não probabilística, na qual
entramos em 5 turmas da 9a classe e pedimos aos alunos dessas turmas que se voluntariem (no
máximo 4 alunos) para participarem na pesquisa.

3.6. Técnicas de recolha de dados

Segundo Lakatos e Marconi (2001, apud, Oliveira, 2011, p. 35) as técnicas de colecta de dados
são um conjunto de regras ou processos utilizados por uma ciência na prática de colecta de dados.
A colecta de dados, ou seja, a busca das informações necessárias para a presente pesquisa, foi
feita através de um questionário respondido pelos alunos da amostra.

3.6.1. Teste diagnostica

Determine a raiz quadrada aproximada até uma casa decimal dos seguintes números:
a ¿ √ 4=b ¿ √ 3=¿

O teste diagnóstico ajudou o pesquisador a verificar a existência das dificuldades nos alunos
sobretudo na aproximação da raiz quadrada, assim como para verificar se os alunos dos dois
38

grupos se encontram em condições iniciais semelhantes ou não relativamente a compreensão e


capacidade de resolver tarefas de aproximação de raízes quadradas.

3.6.2. Intervenção didáctica

As intervenções didácticas serão introduzidas após detectar as dificuldades dos alunos no teste
diagnóstico, os alunos terão aulas sobre os métodos de aproximação de raízes quadradas. Um
grupo (o de controlo) usando os métodos habituais, neste caso o algoritmo da raiz quadrada
apresentado no livro de matemática 9 classe por Martins nas páginas: 13-14 e o outro grupo (o
experimental), com recurso ao método de Herão.

3.6.3. Questionário final

Determine a raiz quadrada aproximada dos seguintes números até duas casas decimais usando o
método de Herão:
√ 5= √ 6=¿
Determine a raiz quadrada aproximada dos seguintes números até duas casas decimais usando o
algoritmo da raiz quadrada:
√ 5= √ 6=¿
O questionário final será resolvido pelos dois grupos, entretanto usando métodos diferentes. O
uso do questionário final como uma das técnicas para a recolha de dados será para permitir
avaliar o nível de assimilação dos conteúdos. Os resultados deste teste permitirá fazer uma
comparação do grau de assimilação dos conteúdos pelos alunos ao usar o método de Herão para
aproximar raízes, assim como avaliar a eficiência do método de Herão para aproximar as raízes
quadradas.
39

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS

Neste capítulo apresentaremos as actividades que foram submetidas aos alunos da pesquisa com a
respectiva análise, neste caso faremos análise do teste diagnóstico, análise do teste final para o
grupo de controlo e o grupo experimento e no final faremos uma análise comparativa dos
resultados do grupo controle e experimento. As actividades apresentadas no trabalho foram
adaptadas pelo pesquisador a partir da teoria usada no trabalho e de literaturas revisadas.
Acredita-se que estas actividades podem fornecer dados necessários para responder-se a pergunta
principal da presente pesquisa e bem como alcançar objectivos da pesquisa. É de salientar que os
dados fornecidos neste capítulo são originários da produção escrita do aluno quando da resolução
das actividades apresentadas no questionário. Para cada actividade escolheremos aleatoriamente
dois alunos para fazer uma análise específica.
Por questão de sigilo profissional decidiu-se não apresentar os nomes dos alunos que
participaram na pesquisa, sendo assim denominamos os alunos por; ( Ai), onde o i∈ z :1 ≤i ≤20.
Durante análise das respostas dos alunos usaremos as seguintes abreviaturas:
(CE) Significa que o aluno acertou completamente a questão; ou seja, quando tanto os passos
assim como a solução estiverem correctos.
(ACP) Significa que o aluno acerto parcialmente a questão, ou seja, pode ter chegado a uma
solução plausível, entretanto tendo “atropelado” algumas manipulações algébricas, ou vice-versa.
(ER) Significa que o aluno erro completamente a questão, ou seja, quando tanto os passos assim
como a solução estiverem incorrectos.

(RB) Significa que o aluno não resolveu a questão, tendo deixado o papel em branco.

4.1. Resultados dos alunos no teste diagnóstico


4.1.1. Análise a prior da alínea a do teste diagnóstico
40

Alínea (a) do teste diagnóstico pedia aos alunos para acharem a raiz quadrada de 4 ( √ 4 ) sem
recurso a maquina calculadora, nesta actividade o aluno podia usar qualquer um dos metodos
apresentados no capitulo II ou outro. Essa actividade tinha como objectivo avaliar o nível de
compreensão sobre a noção da raiz quadrada de um número natural n, sendo que n é um
quadrado perfeito, a fim de encaminhar o aluno para situações onde o n não é um quadrado
perfeito. Esperva-se que o aluno achasse como resultado √ 4=2.

4.1.2. Análise a posterior da alínea a do teste diagnóstico

Da análise feita na alínea a, percebeu-se que dos 20 alunos que participaram na pesquisa, apenas
11 alunos acertaram alínea a do teste diagnostico, que corresponde a uma maior percentagem de
aproximadamente igual a 55 %, desses mesmos 100% dos alunos, 25% acertaram parcialmente a
pergunta, esse que corresponde (5 alunos), 0 % dos alunos inqueridos deixaram em branco, ou
seja, todos alunos resolveram essa alínea (veja o gráfico 1) e 20 % dos alunos inqueridos erraram
completamente alínea a que corresponde a 4 alunos.

Gráfico 1: Análise da alínea a do teste diagnóstico

Análise da alínea a
60% 55%

50%

40%
fr%
30% 25%
20%
20%

10%
0%
0%
CE ACP ER RB

Abaixo seguem as respostas dos alunos escolhidos aleatoriamente e os respectivos comentários


do pesquisador.

Figura 3: Resposta de A11 no teste diagnóstico


41

Observando na resposta de A11, facilmente podemos concluir que o aluno acertou a questão. Pois
alcançou o objectivo da pergunta.

Figura 4: Resposta de A7 no teste diagnóstico

Feitas análises da resposta de A7, concluímos que A7 respondeu erradamente a pergunta, essa
maneira de raciocinar é demostrada por diversos alunos, quando ainda estão se familiarizando
com a noção de raiz quadrada. Pois, no início os alunos confundam raiz quadrada de um número
com o quadrado de um número. Além disso observando para a resposta nota-se que o aluno
forçou o resultado 16, ou seja, pois 4 × 4 × 4 × 4 ≠16.

4.1.3. Conclusão da aplicação da actividade a

Pelos resultados apresentados no gráfico 1 da análise da alínea a, podemos inferir que, de


uma forma geral, os alunos compreendem a noção da raiz quadrada de um número natural, pois a
parte majoritária dos alunos acertou esta alínea, e uma parte minoritária aproximadamente 20%
dos alunos é que errou.

4.1.4. Análise a prior da alínea b e c do teste diagnóstico

Alínea b e c do teste diagnóstico pedia aos alunos para acharem a raiz quadrada aproximada até
uma casa decimal de 2 e 3 ( √ 2=? e √ 3=? ) sem recurso a maquina calculadora, nesta actividade o
aluno podia usar qualquer um dos métodos (de aproximação) apresentados no capitulo II ou
outro. Essa actividade tinha como objectivo avaliar o nível de compreensão sobre a aproximação
da raiz quadrada de um número natural n, sendo que n não é um quadrado perfeito, esperava-se
que o aluno achasse como resultado √ 2=1.4 e √ 3=1.7 .
42

4.1.5. Análise a posterior da alínea b e c do teste diagnóstico

Da análise feita na alínea b e c, percebeu-se que dos 20 alunos que participaram na pesquisa,
apenas 1 alunos acertou as alíneas b e c do teste diagnostico, que corresponde a uma percentagem
de aproximadamente igual a 5 %, desses mesmos 100% dos alunos, 0% acertaram parcialmente
as alíneas b e c, ou seja, nenhum aluno acertou parcialmente a pergunta, 90 % dos alunos
inqueridos erraram completamente a questão da alínea b que corresponde a parte majoritária dos
alunos em relação a pergunta da alínea b (com cerca de 18 alunos), em paralelo 85% dos alunos
inqueridos erraram completamente a questão da alínea c que corresponde a parte majoritária dos
alunos em relação a pergunta da alínea c (com cerca de 17 alunos), (veja o gráfico 2). Apenas um
aluno deixou em branco a questão da alínea b que corresponde uma percentagem de 5% em
paralelo na alínea c dois alunos deixaram em branco a questão, que corresponde a uma
percentagem de 10%.

Gráfico 2: Análise da alínea b e c do teste diagnóstico

Análise da alínea b e c
100% 90%
90% 85%
80%
70% Alínea b
60%
50% Alínea c
40%
30%
20% 10%
10% 5% 5% 5%
0% 0%
0%
CE ACP ER RB
Abaixo seguem as respostas dos alunos escolhidos aleatoriamente e os respectivos comentários
do pesquisador.

Figura 5: Resposta de A8 no teste diagnóstico

Observando na resposta de A8, facilmente podemos concluir que A8 acertou a questão. Pois
alcançou o objectivo da pergunta. Entretanto a questão que não quer calar é como é que o A8
43

achou essas aproximações, pois, em nenhum passou ele demostra os seus cálculos. Acredita-se
que a culpa talvez seja do pesquisador pois o pesquisador não deixou claro sobre a demostração
dos passos.

Figura 6: Resposta de A5 no teste diagnóstico

Feitas análises da resposta de A5, concluímos que A5 respondeu erradamente as perguntas, essa
maneira de raciocinar é demostrada por diversos alunos, quando ainda estão se familiarizando
com a noção de raiz quadrada. Pois, no início os alunos confundam raiz quadrada de um número
com o quadrado de um número. Eix a razão que fez o A5 a concluir que √ 2=4 e √ 3=9.

4.1.6. Conclusão da aplicação da actividade b e c

Pelos resultados apresentados no gráfico 2 da análise da alínea b e c, podemos inferir que, de


uma forma geral, os alunos compreendem não compreendem a noção da aproximação da raiz
quadrada de um número natural que não seja um quadrado perfeito, ou nem reconhecem os
métodos usados para aproximação da raiz quadrada, pois estatisticamente falando a parte
majoritária dos alunos errou estas alíneas, e uma parte minoritária de aproximadamente igual a
5% dos alunos é que acertou que na verdade corresponde a um aluno dos 20 inqueridos.

4.2. Resultados nas Intervenções didácticas

Após o pesquisador ter notado a “fraqueza” dos alunos (veja os resultados no gráfico 2) no que
diz respeito aproximação da raiz quadrada de um número que não seja um quadrado perfeito, o
pesquisador dividiu a turma em dois grupos (neste caso 10 alunos por cada grupo) a fim de
avaliar a eficiência do método de Herão na aproximação da raiz quadrada de um número que não
seja quadrado perfeito. O pesquisador ministrou uma aula com o grupo de controlo usando o
algoritmo da raiz quadrada apresentado nos livros didácticos actuais e em paralelo ministrou uma
aula com o grupo experimento usando o método de Herão.

4.2.1. Primeira intervenção didáctica


44

A primeira intervenção aconteceu no dia 12 de Julho de 2021, com o grupo de controlo (veja o
Apêndice D) onde o pesquisador tinha como objectivo ensinar os alunos achar a aproximações da
raiz quadrada usando o algoritmo da raiz quadrada, ou seja, usando o ensino tradicional, de modo
a fazer uma comparação com o método de Herão.

4.2.2. Segunda intervenção didáctica

A segunda intervenção aconteceu no dia 13 de Julho de 2021, com o grupo experimento (veja o
Apêndice D) onde o pesquisador tinha como objectivo ensinar os alunos do grupo experimento
achar a aproximações da raiz quadrada usando o método de Herão. De modo avaliar a eficiência
deste método no ensino das aproximações de raiz quadrada.

4.3. Resultados dos alunos no inquérito final

Nesta secção apresentaremos os resultados dos alunos no inquérito final, para facilitar a leitura
dos dados dividiremos em duas secções, tratará sobre os resultados apresentados do grupo de
controlo e a segunda secção tratará sobre os resultados do grupo experimento.

4.3.1. Análise a prior da alínea a e b do grupo controlo

Alínea a e b do teste final pedia aos alunos do grupo de controlo para acharem a raiz quadrada
aproximada até duas casas decimais de 5 e 6 ( √ 5=? e √ 6=? ) sem recurso a maquina calculadora,
entretanto usando o algoritmo da raiz quadrada que foi apresentado aos alunos do grupo de
controlo no dia da intervenção. Essa actividade tinha como objectivo avaliar eficiência do
algoritmo da aproximação da raiz quadrada de um número natural n, sendo que n não é um
quadrado perfeito, esperava-se que o aluno achasse como resultado √ 5=2.23 e √ 6=2.44.

4.3.2. Análise a posterior da alínea a e b do grupo controlo

Da análise feita na alínea a e b, percebeu-se que dos 10 alunos do grupo de controlo que
participaram na pesquisa, apenas 4 alunos acertaram as alíneas a e b do teste final, que
corresponde a uma percentagem de aproximadamente igual a 40 %, desses mesmos 100% dos
alunos, 10% acertaram parcialmente as alíneas a e b, ou seja, apenas um aluno acertou
45

parcialmente a pergunta, 50 % dos alunos inqueridos erraram completamente a questão das


alíneas a e b que corresponde a metade dos alunos do grupo de controlo. Nessas alíneas nenhum
aluno deixou em branco as perguntas (veja o gráfico 3).

Gráfico 3: Análise da alínea a e b do teste final do Gr-Co

Análise da alínea a e b
60% 50%50%
50% 40%40% alínea a
40%
30% alínea b
20% 10%10%
10% 0% 0%
0%
CE ACP ER RB
Abaixo seguem as respostas dos alunos escolhidos aleatoriamente e os respectivos comentários
do pesquisador.

Figura 7: Resposta de A3 no teste final do Gr-Co

Observando na resposta de A3, facilmente podemos concluir que A8 acertou a questão. Pois
alcançou o objectivo da pergunta. Durante a resolução foram demostradas premissas todas elas
verdadeiras incluindo a conclusão baseada nessas premissas é verdadeira.

4.3.3. Conclusão da aplicação da actividade a e b no Gr-Co


46

Pelos resultados apresentados no gráfico 3 da analise da alínea a e b do Gr-Co, podemos inferir


que, de uma forma geral, a metade dos alunos do Gr-Co não compreendeu aplicação do algoritmo
da raiz quadrada para aproximação da raiz quadrada de um numero natural que não seja um
quadrado perfeito, ou seja, a metade dos alunos mostrou dificuldade na resolução das alínea a e b,
usando o algoritmo da raiz quadrada e apenas 3 alunos é que acertaram que corresponde a 30%.

4.3.4. Análise a prior da alínea a e b do Gr-Ex

Alínea a e b do teste final pedia aos alunos do grupo experimento para acharem a raiz quadrada
aproximada até duas casas decimais de 5 e 6 ( √ 5=? e √ 6=? ) sem recurso a maquina calculadora,
entretanto usando o método de Herão que foi apresentado aos alunos do grupo experimento no
dia da intervenção didáctica. Essa actividade tinha como objectivo avaliar eficiência do método
de Herão da raiz quadrada de um número natural n, sendo que n não é um quadrado perfeito,
esperava-se que o aluno achasse como resultado √ 5=2.23 e √ 6=2.44.

4.3.5. Análise a posterior da alínea a e b do Gr-Ex

Da análise feita na alínea a e b, percebeu-se que dos 10 alunos do grupo experimento que
participaram na pesquisa, 6 alunos acertaram as alíneas a e b do teste final, que corresponde a
uma maior percentagem de aproximadamente igual a 60 %, desses mesmos 100% dos alunos,
30% acertaram parcialmente as alíneas a e b, ou seja, dos 10 alunos 3 alunos acertaram
parcialmente a pergunta, 10 % dos alunos inqueridos erraram completamente a questão das
alíneas a e b que corresponde a 1 aluno do grupo experimento. Nessas alíneas nenhum aluno
deixou em branco as perguntas.

Gráfico 4: Análise da alínea a e b do teste final do Gr-Ex


47

Análise da alínea a e b
80%
60% 60%
60% Alínea a
Alínea b
40% 30% 30%
20% 10% 10%
0%0%
0%
CE ACP ER RB
Abaixo seguem as respostas dos alunos escolhidos aleatoriamente e os respectivos comentários
do pesquisador.

Figura 8: Resposta de A17 para alínea a do teste final do Gr-Ex

Observando na resposta de A17, facilmente podemos concluir que A17 acertou parcialmente a
questão. Pois, o A17 na x 3 esquece de colocar elevar a dois o número 2.25, Mas, o A17 alcançou
o objectivo da pergunta. Tendo como obtido o valor na segunda iteração. Entretanto o aluno faz
confusão com os índices do x, pois em vez de escrever x 2, o aluno pula para x 3. Porém o mais
importante nesta actividade é aplicação do método de Herão.

Figura 9: Resposta de A13 para alínea b do teste final do Gr-Ex


48

Após feitas análises da resposta de A13, notou-se que o A13 acertou a questão. Pois alcançou o
objectivo da pergunta. Tendo como obtido o valor na terceira iteração. Na verdade isso foi
influenciado pelo chute inicial, pois o A13 “abusou” a escolha do valor inicial (ou talvez ele
propositou para se divertir com o método), pois sabendo que √ 6, está entre 2 e 3. No máximo o
aluno podia pegar como “chute” inicial o valor 3.

4.3.6. Conclusão da aplicação da actividade a e b no Gr-Ex

Pelos resultados apresentados no gráfico 4 da análise da alínea a e b do Gr-Ex, podemos inferir


que, de uma forma geral, mais que a metade dos alunos do Gr-Ex compreendeu aplicação do
método de Herão, na aproximação da raiz quadrada de um número natural que não seja um
quadrado perfeito, ou seja, como ilustra o gráfico 4, dos 100% dos alunos 60% acertaram essa
actividade e 30% acertaram parcialmente actividade e 10% dos alunos errou actividade que na
verdade dos 10 alunos que participaram no grupo experimento essa percentagem corresponde a
um só aluno.

4.4. Análise comparativa dos resultados

Nesta secção apresentaremos um estudo comparativo dos dois métodos apresentados, para
facilitar o processo de comparação faremos apresentação dos resultados do grupo controlo e do
grupo experimento num único gráfico, neste caso no gráfico 5.

Feitas análises observa-se que, nas alíneas a e b o grupo controle apresenta 40% de acertos ou
seja, dos 10 alunos, apenas 4 alunos acertam usando o algoritmo da raiz quadrada em
contrapartida na mesma alíneas a e b mais que a metade dos alunos do grupo experimento
acertou usando o método de Herão, que corresponde aproximadamente 60% de acertos ou seja,
49

dos 10 alunos, 6 alunos acertam. Quanto aos erros podemos ver no gráfico 5 que a metade dos
alunos do grupo controlo errou, e apenas um aluno do grupo experimento errou as alíneas a e b.

Gráfico 5: Análise comparativa dos resultados dos dois grupos

Análise comparativa dos resultados


70%
60% 60%
60%
50% 50%
50%
40% 40%
40%
30% 30%
30%
20%
10% 10% 10% 10%
10%
0% 0% 0% 0%
0%
CE ACP ER RB

(a) do Gr-Ex (b) do Gr-Ex (a) do Gr-Co (b) do Gr-Co


50

CAPÍTULO V: CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1. Conclusões

Antes de findar o presente trabalho, torna-se muito essencial tocar sobre os pontos fortes desse
trabalho, o presente trabalho tinha como finalidade analisar até que medida o método de Herão
pode auxiliar os alunos na aproximação da raiz quadrada de um número natural “n”, sendo que n
não é um quadrado perfeito e também procurou responder a seguinte questão “Em que medida o
método de Herão poderá servir como uma alternativa eficiente na aproximação da raiz quadrada
de um número natural?”

Durante abordagem, o que se notou nos quatro métodos é que tanto o método de tentativa e erro
assim como o método chinês, o uso desses dois métodos se limita a números que tenham raízes
exactas (ou seja, quadrado perfeito) e números não muito grande, pois se fossem números
grandes bastante o seu uso tornaria cansativo e desinteressante. Claro que os dois métodos se
limitam a números que tenham raízes exactas. Para os casos de números que não são quadrados
perfeito, os métodos apenas podem nos dar o intervalo, onde a nossa raiz quadrada pertence, veja
o exemplo 6 do capítulo II.

Quanto ao método de factoração esse método mesmo para os números grandes bastante o método
é eficaz, até para os números decimais (veja o exemplo 4 do capítulo II). E além disso é o método
que é mais apostado pelos autores dos livros didácticos.

De acordo com a pesquisa feita, sobre os métodos de extrair a raiz quadrada, é que tanto o
método de tentativa e erro, método de chinês e método de factoração. Só são viáveis para os
casos onde o nosso radicando é um quadrado perfeito, é onde entram os métodos de Herão e
algoritmo da raiz quadrada para responder a nossa pergunta de pesquisa, pois os dois métodos
resolvem o problema da raiz quadrada aproximada ou exacta, entretanto os resultados da pesquisa
mostram-nos que em comparação com o algoritmo da raiz quadrada o método de Herão é eficaz e
aproxima a raiz quadrada de um número não negativo com a precisão que desejamos, como
vimos no exemplo 7, apenas com cinco interacções o método foi capaz de nos aproximar a raiz
51

quadrada de três, até a décima quinta casa decimal. Veja o quão isso excitante, só com cinco
interacções. Imagine o que teríamos com 100 interacções!

A proposta apresentada neste trabalho, lança mão de ideias e pensamentos humanos


historicamente produzidos e constitui a generalização da raiz quadrada como um conceito amplo
formado sobre os sistemas de cálculos, utilizando de processos que tratam de aproximações
sucessivas. O aluno de posse desse conhecimento não é um dependente de tecnologias para tais
cálculos, podendo também interpretar com mais propriedade, resultados obtidos em calculadora,
computador e outros. Esperamos que este trabalho colabore com o professor de matemática, seja
em sua formação ou em sua prática docente.
52

5.2. Recomendações

Recomendamos aos professores em geral:

A usarem o método de Herão, com finalidade de auxiliar os alunos no desenvolvimento


da sua capacidade investigativa, pensar de forma construtiva e expressar suas ideias;
A usarem os métodos alternativos na sala de aula, para despertar o interesse (na parte do
aluno) de querer aprender, tornando assim o PEA rica em interacção entre o aluno e o
professor;
Que sempre que possível ensinar os alunos a usarem outros métodos educativos não mais
proposto nos livros didácticos;
A proporem actividades para serem resolvidas pelos alunos, com o uso de métodos de
Herão.
53

5.3. Referências Bibliográficas

Barroso, Magali Maria de Araújo. (1987). Cálculo Numérico. 2a ed. São Paulo: Harbas.

Borba, M. C. & Penteado, M. P. (2012). Informática e Educação Matemática, 5a Ed. – Belo


Horizonte: Ed. Autêntica.

Bosco, J. Pitombeira de Carvalho. (2010). A raiz quadrada ao longo dos séculos. SBM.
Universidade Brasileira de Paraíba.

Coelho, Luana & Pisoni, Silene. (2012). Vygotsky: sua teoria e a influência na educação. Revista
e – Ped – FACOS/CNEC Osorio Vol. 2 – No 1- ISSN 2237 – 7077.

Da Silva, A. Oliveira. (2013). O Cálculo da Raiz Quadrada Através dos Séculos. Dissertação de
mestrado, curso de Ensino de Matemática, Universidade Federal da Paraíba.

De Campos, D. Albuquerque. (2014). Algoritmo de aproximação de raiz quadrada. Dissertação


de mestrado, curso de Mestrado Profissional em Matemática. Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Recife.

Da Silva, M. V. Aurélio. (2013). Uma contribuição ao ensino do cálculo de raízes quadradas e


cúbicas. Trabalho de conclusão de Curso. Curso de Pós-graduação em Matemática.
Universidade Federal de Campina Grande.

Eves, Howard. (2011). Introdução à História de Matemática. 5a ed. São Paulo-Brasil.

Fiorentini, D.; Lorenzato, S. (2006). Investigação em Educação Matemática:


percursos teóricos e metodológicos, Campinas: Autores Associados.

Gabriel, Ferreira da Silva. (2016). Algoritmo da raiz quadrada: uma contribuição a somar ao seu
aprendizado. Monografia. Curso de Ensino de Matemática para o Ensino Médio.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

GIL, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas.
54

Hefez, Abramo. (2005). Elementos de Aritmética. SBM. São Paulo-Brasil.

Lourenço, L. J. (2018). Análise das dificuldades encaradas pelos alunos da 11ª Classe na
resolução de Inequações. Monografia. Curso de Licenciatura em Ensino de Matemática.
Universidade Pedagogica. Beira.

Melo, Helena Sousa. (2016, 25 de Agosto). Raízes quadradas sem calculador. Oficinas sobre
projectos de digitação. Pp. 1-20.

Oliveira, M. K. (2009). Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico.


São Paulo: Scipione.

Prodanov, C. C. (2013). Metodologia de trabalho científico: Método e técnicas da pesquisa do


trabalho académico. 2 ed. Rio Grande do Sul – Brasil.

Santos, J. Plino De Oliveira. (1998). Introdução à Teoria dos Números. SBM. Rio de Janeiro.

Vygotsky, Lev S. (1984). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.

Wikipédia. Lev Vigotsky. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lev_Vygotsky. Acesso em:


11/05/2021.

Lakatos, E. M.; Marconi, M. de A. (2007). Fundamentos de metodologia científica. 6ª Edição,


Reimp. São Paulo: Atlas.
55

APÊNDICES
56

Apêndice A: Pedido de autorização de inqueridos

Pedido de autorização de inqueridos

Para o desenvolvimento e efectivação da pesquisa necessita-se de uma colaboração efectiva dos


sujeitos participantes assim o respeito a condição humana é primordial para a pesquisa. No
entanto a sua aprovação é importante para o futuro do trabalho a ser desencadeado.

Assim convida-se a participar na pesquisa sob o título: Método de Herão para Aproximação de
Raiz Quadrada de um Numero Natural.

Desta forma, antecipadamente informa que não tem a obrigação de participar do estudo e pode se
sentir à vontade para desistir a qualquer momento e esta conversa poderá ser gravada para
posterior análise.

________________________________________________________

Assinatura do/a Inquerido/a


57

Apêndice B: Apresentação do teste diagnóstico

Escola Secundária da Ponta-Gêa

Teste Diagnostico, 9a Classe


Nome:_____________________________________________________________

O questionário que se segue faz parte de uma pesquisa sobre a eficiência do método de Herão
para aproximação de raiz quadrada de um número natural, que não seja quadrado perfeito, a
pesquisa enquadra-se no âmbito de Licenciatura em Ensino de Matemática pela Universidade
Licungo Faculdade de Faculdade de Ciência e Tecnologia. A sua colaboração nesta pesquisa é
essencial para a concretização do estudo.

Sem recurso a máquina calculadora, determine a raiz quadrada aproximada dos seguintes
números até uma casa decimal:
a) √ 4=¿
b) √ 2=¿
c) √ 3=¿

Apêndice C: Intervenção didáctica com o grupo experimento

Tema: Método de Herão Data: 13/07/2021

Objectivo: No final desta aula o aluno deve ser capaz de:


58

Achar aproximações da raiz quadrada de um número natural que não seja um quadrado perfeito usando o
método de Herão.

O método de Herão fornece aproximações muito boas para a raiz quadrada de um número. Este método de Herão

calcula, a partir de um “chute inicial” x 0 sucessivas aproximações melhoras x n, até que se atinja a precisão desejada.
Para percebermos melhor o funcionamento deste método vejamos o exemplo 1. Entretanto, a fórmula para o método
de Herão Que é a seguida.

x 2n +d
x n+1=
2 xn

x 2n+ d
Com isso podemos afirmar que √ d ≅ x n+1=
2 xn

d é o radicando(d ∈ N ) , não sendo quadrado perfeito .

{
Onde:⟺ x n é aproximaçãoda √ d ,( podendo ser o chuteinicial)
x n +1 é aproximação melhor que xn da √ d

Exemplo 7: Calcule √ 3, pelo método de Herão, até 2 casas decimais.

Resolução: aqui temos d=3, quanto ao “chute” inicial é opcional, nós começaremos com x 0=1. Pelo simples facto
da raiz quadrada de três estiver entre 1 e 2. Da relação (3) temos:

x 2n +d
x n+1=
2 xn

x20 + d 12 +3
x 1= = =2
2 x0 2∙1

x21 +d 22 +3 7
x 2= = = =1.75
2 x1 2∙2 4

7 2
x 3=
2
x2 + d
=
4 ()
+3
97
= ≅ 1.7321428571427
2 x2 7 56
2∙
4

Logo √ 3=1.73
59

Apêndice D: Intervenção didáctica com o grupo de controlo

Tema: Algoritmo da raiz quadrada 12/07/2021

Objectivo: No final desta aula o aluno deve ser capaz de:

Achar aproximações da raiz quadrada de um número natural que não seja um quadrado perfeito usando o
algoritmo da raiz quadrada.

Nesta aula usaremos o algoritmo para calcular a raiz quadrada de 3, com valore aproximados por defeito a menos de
0.01.

Para tal comecemos por verificar que:

 O quadrado de um número decimal tem sempre um número par de casas decimais.


 O número de casas decimais da raiz quadrada é metade do número de casas decimais do radicando.

Assim sendo, para que a aproximação seja a menos de uma centésima (0.01) o radicando terá de ter quatro casas

decimais. Podemos, então, utilizar o método apresentado para calcular √ 3.

√ 3,00.00  1 .7 3  
−1 2 7 34 3  
2 00 ×7  ×3
−189 189  1029
1100
1029
0.071

Logo √ 3=1.73
60

Apêndice E: Apresentação do teste final

Escola Secundária da Ponta-Gêa


Teste Final, 9a Classe, Grupo de Controlo
Nome:_____________________________________________________________
O questionário que se segue faz parte de uma pesquisa sobre a eficiência do método de Herão para
aproximação de raiz quadrada de um número natural, que não seja quadrado perfeito, a pesquisa enquadra-
se no âmbito de Licenciatura em Ensino de Matemática pela Universidade Licungo Faculdade de
Faculdade de Ciência e Tecnologia. A sua colaboração nesta pesquisa é essencial para a concretização do
estudo.
Determine a raiz quadrada aproximada dos seguintes números até duas casas decimais, usando o
algoritmo da raiz quadrada:

√ 5= √ 6=¿

Escola Secundária da Ponta-Gêa


Teste Final, 9a Classe, Grupo Experimento
Nome:_____________________________________________________________
O questionário que se segue faz parte de uma pesquisa sobre a eficiência do método de Herão para
aproximação de raiz quadrada de um número natural, que não seja quadrado perfeito, a pesquisa enquadra-
se no âmbito de Licenciatura em Ensino de Matemática pela Universidade Licungo Faculdade de
Faculdade de Ciência e Tecnologia. A sua colaboração nesta pesquisa é essencial para a concretização do
estudo.
Determine a raiz quadrada aproximada dos seguintes números até duas casas decimais, usando o
método Herão:
√ 5= √ 6=¿
61

Apêndice F: Fotos de capo

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