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D IVISÃO DE E NGENHARIA

C URSO DE L ICENCIATURA EM E NGENHARIA I NFORMÁTICA


A NÁLISE M ATEMÁTICA II

Integrais Indefinidos

Victor Zaqueu Nassuiro


victor.nassuiro@ispt.ac.mz
victorzaqueunassuiro@yahoo.com.br

3 de fevereiro de 2022
Conteúdo

1 Integrais Indefinidos 2
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Objectivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Noção de integral indefinido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3.1 Algumas propriedades do integral indefinido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.4 Integração de funções com aspecto polinomial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.5 Principais métodos de integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.5.1 Método de integração por substituição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.5.2 Método de integração por partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

1
Capítulo 1

Integrais Indefinidos

1.1 Introdução
No último Capítulo da Análise Matemática I estudamos as derivadas. Naquele capítulo, os problemas
consistiam no seguinte: sendo dada uma função F (x) tínhamos de achar a sua derivada, isto é, uma
função f (x) tal que f (x) = F 0 (x).
Neste capítulo, consideramos o problema inverso: sendo dada uma função f (x), achar uma função F (x)
tal que a sua derivada seja igual a f (x), isto é, f (x) = F 0 (x).

1.2 Objectivos
No final deste capítulo o aluno deverá ser capaz de:

1. Definir primitiva de uma função;

2. Identificar as propriedades do integral indefinido;

3. Identificar a tabela dos principais integrais;

4. Integrar funções pelo método de substituição;

5. Integrar funções pelo método de integração por partes.

1.3 Noção de integral indefinido


Definição 1.3.1. Diz-se que a função F (x) é uma primitiva da função f (x) sobre o seguimento [a, b], se
em todo o ponto deste segmento se tiver a igualdade

F 0 (x) = f (x). (1.1)

x2
Exemplo 1.3.1. A primitiva da função f (x) = x é a função F (x) = , pois a derivada da função F (x) é
2
igual a f (x), isto é,
¶0
x2
µ
0
F (x) = = x = f (x).
2

2
Análise Matemática II Integrais Indefinidos
2
x
Evidentemente, toda a função que tem a forma F (x) = + C , onde C é uma constante, é também uma
2
primitiva da função f (x) = x, pois
¶0
x2
µ
0
F (x) = +C = x = f (x). (1.2)
2
Definição 1.3.2. O conjunto de todas as primitivas
Z F (x) + C para a função f (x) chamaremos integral
indefinido da função f (x) e denota-se por f (x) d x.

Assim, por definição


Z
f (x) d x = F (x) +C , (1.3)

onde f (x) recebe


Z o nome de integrando, d x recebe o nome de diferencial (que indica a variável de
integração) e sinal de integração.

1.3.1 Algumas propriedades do integral indefinido


Teorema 1.1 (Aditividade). O integral indefinido da soma algébrica de duas ou mais funções é igual a
soma algébrica dos seus integrais, isto é,
Z Z Z
£ ¤
f (x) + g (x) d x = f (x) d x + g (x) d x. (1.4)

Teorema 1.2 (Homogeneidade). Pode-se retirar um factor constante de debaixo do sinal de integração,
isto é, se α for constante, então
Z Z
α f (x) d x = a f (x) d x. (1.5)

No decurso do cálculo dos integrais indefinidos, é, por vezes, útil recordar as seguintes regras:
I. Se
Z
f (x) d x = F (x) +C ,

então,
1
Z
f (ax) d x = F (ax) +C . (1.6)
a
II. Se
Z
f (x) d x = F (x) +C ,

então
Z
f (x + b) d x = F (x + b) +C . (1.7)

III. Se
Z
f (x) d x = F (x) +C ,

então
1
Z
f (ax + b) d x = F (ax + b) +C , (1.8)
a
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Análise Matemática II Integrais Indefinidos
1.4 Integração de funções com aspecto polinomial
Nestes apontamentos, chamaremos funções com aspecto polinomial à todas funções que forem, de
facto, polinomiais ou a funções em que é possível escrever a variável x na forma de potência. Por exem-
p
plo, a função f (x) = x pode ser escrita como f (x) = x 1/2 , esta última foi escrita na forma de potência.

As funções deste tipo são facilmente integradas, aplicando a seguinte fórmula:

x n+1
Z
xn d x = +C , sendo n 6= −1. (1.9)
n +1
Z
Exemplo 1.4.1. Determine o integral d x.

Resolução. Antes de resolvermos este integral vamos efectuar algumas alterações nele para simplificar
o processo.
x 0+1
Z Z
d x = x0 d x = +C = x +C .
0+1

Z
Exemplo 1.4.2. Determine o integral x 3 d x.

Resolução. Uma vez que este integral tem especto polinomial, vamos aplicar expressão dada em (1.9),
assim:
x 3+1 x4
Z
x3 d x = +C = +C .
3+1 4

Z
¡ 5
2x − x 3 + x + 1 d x.
¢
Exemplo 1.4.3. Determine o integral

Resolução. Pelo Teorema 1.1, este integral pode ser escrito como
Z Z Z Z Z
¡ 5 3
¢ 5
¡ 3¢
2x − x + x + 1 d x = 2x d x + −x d x + x d x + 1 d x,

e, pelo Teorema 1.2 estes integrais podem ser escritos como


Z Z Z Z Z Z Z Z
5
¡ 3¢ 5 3
2x d x + −x d x + x d x + 1 d x = 2 x d x − x d x + x d x + d x

x 5+1 x 3+1 x 1+1 x 0+1


= 2× − + + +C
5+1 3+1 1+1 0+1

2 1 1
= x 6 − x 4 + x 2 + x +C
6 4 2

1 1 1
= x 6 − x 4 + x 2 + x +C
3 4 2

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Análise Matemática II Integrais Indefinidos
p ¢
Z
x + 3 x d x.
¡p
Exemplo 1.4.4. Determine o integral

Resolução. Usando o Teorema 1.1 este integral pode ser escrito como

p ¢ p p x 1/2+1 x 1/3+1 x 3/2 x 4/3


Z Z Z Z Z
1/2
x + 3 x dx = 3
x 1/3 d x =
¡p
x dx + x dx = x dx + + +C = + +C
1/2 + 1 1/3 + 1 3/2 4/3

2 3 2p 3 3 p3 2 p 3 p
= x 3/2 + x 4/3 +C = x + x 4 +C = x x + x 3 x +C
3 4 3 4 3 4

x +2
Z
Exemplo 1.4.5. Determine o integral d x.
x
Resolução.

x +2 x 2
Z µ ¶ Z µ ¶
2 2 1
Z Z Z Z Z
dx = + dx = 1+ dx = dx + dx = dx +2 d x = x + 2 ln |x| +C .
x x x x x x


Z
Exemplo 1.4.6. Determine o integral (x − 1)2 d x.

Resolução.

1
Z Z Z Z Z
(x − 1)2 d x = x 2 − 2x + 1 d x = x2 d x − 2 d x = x 3 − x 2 + x +C .
¡ ¢
x+
3

Calcule os seguintes integrais:


p ¢
Z
¡
1. x + x dx
p ¶
x x
Z µ
3
2. p − dx
x 4
Z µ ¶
1 4
3. + p +2 dx
x2 x x

1 2
Z µ ¶
2
4. x +p 3
dx
x

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Análise Matemática II Integrais Indefinidos
1.5 Principais métodos de integração
O método a partir do qual dado integral conduz a um ou a vários integrais de tabela, por meio de trans-
formações do integrando e aplicações das propriedades do integral indefinido, chamaremos integração
directa.

1.5.1 Método de integração por substituição


O método de integração por substituição consiste em introduzir uma nova variável de integração, isto é,
faz-se uma substituição de variável de forma a transformar o integral dado num novo integral que é de
tabela ou que é facilmente reduzido num integral de tabela. A destreza em fazer a substituição correcta
adquire-se com o tempo, pois não existe uma fórmula geral que define a escolha da substituição.
Z
Suponhamos que temos de determinar o integral f (x) d x. Ainda que não saibamos calcular a primi-
tiva da função f (x), sabemos que ela existe. Efectuemos neste integral a mudança de variável

x = ϕ(t ), (1.10)

onde ϕ(t ) é uma função contínua. Então, d x = ϕ0 (t ) e imediatamente obtemos a fórmula de integração
por substituição:
Z Z
f ϕ(t ) ϕ0 (t ) d t
£ ¤
f (x) d x = (1.11)

Depois de se determinar o integral que se encontra no lado direito da fórmula (1.15), convém passar da
variável t , a nova variável de integração, para a variável x que foi dada inicialmente.
Z
Exemplo 1.5.1. Determine o integral e 3x d x.

Resolução. O integral dado não está tabelado, entretanto a nossa tabela apresenta o seguinte integral:
Z
e x d x = e x +C , (1.12)

pelo que, temos de transformar o integral dado, introduzindo uma nova variável de integração, para se
assemelhar ao integral dado em (1.12).

dt
Para isso, façamos t = 3x, então d t = 3 d x =⇒ d x = . Consequentemente,
3

t dt 1 1
Z Z Z
e 3x dx = e = e t d t = e t +C .
3 3 3
Uma vez que t = 3x, temos que
Z
e 3x d x = e 3x +C .


dx
Z
Exemplo 1.5.2. Ache o integral .
x +1

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Análise Matemática II Integrais Indefinidos
Resolução. Este integral também não está tabelado e o integral tabelado mais próximo deste é

dx
Z
= ln |x| +C (1.13)
x

Para resolver este integral teremos de fazer uma substituição. Então, façamos t = x + 1, então d t =
d (x + 1) = d x. Assim,

dx dt
Z Z
= = ln |t | +C .
x +1 t
Como t = x + 1, temos que

dx
Z
= ln |x + 1| +C .
x +1

Z
Exemplo 1.5.3. Ache o integral sen(5x + 1) d x.

Resolução. Como é de se imaginar, este integral não está tabelado e o integral tabela mais próximo deste
é
Z
sen(x) d x = − cos(x) +C . (1.14)

dt
Para resolver o problema, façamos t = 5x + 1 =⇒ d t = 5d x e d x = e substituímos a variável x pela
5
variável t, isto é,

dt 1
Z Z Z
sen(5x + 1) d x = sen(t ) = sen(t ) d t = − cos(t ) +C .
5 5
Como t = 5x + 1, temos que
Z
sen(5x + 1) d x = − cos(5x + 1) +C .


xd x
Z
Exemplo 1.5.4. Ache a primitiva .
x2 − 1
dt
Resolução. Seja t = x 2 − 1, então o seu diferencial é d t = 2x d x e xd x = , assim
2
1
xd x dt 1 dt 1
Z Z Z
2
= = = ln |t | +C .
x2 − 1 t 2 t 2

Uma vez que t = x 2 − 1, temos que

xd x 1
Z
2
= ln |x 2 − 1| +C
x −1 2

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Análise Matemática II Integrais Indefinidos
1.5.2 Método de integração por partes
Sejam u(x) e v(x) duas funções que possuem derivadas contínuas. Então d (uv) = ud v + vd u, inte-
grando esta igualdade obtemos:
Z Z Z Z
uv= ud v + vd u =⇒ ud v = uv − vd u. (1.15)

As fórmulas (1.15) chama-se fórmula de integração por partes. Esta fórmula utiliza-se geralmente para
integração de expressões que podem ser escritas sob forma de produto de dois factores
Z u(x) e d v, tais
que a procura da função v(x) a partir do seu diferencial d v e do cálculo do integral v d u constituem
Z
um problema mais simples que o cálculo directo do integral ud v.

É cómodo aplicar o método de integração por partes no cálculo dos seguintes tipos de integrais:
Z Z Z
kx
1. P (x)e d x, P (x) sen(kx) d x e P (x) cos(kx) d x, onde P (x) é um polinómio e k é um nú-
mero real. Para este tipo de integrais é conveniente considerar u = P (x) e denotar d v os restantes
factores.
Z Z Z Z Z
2. P (x) arcsen(x) d x, P (x) arccos(x) d x, P (x) ln(x) d x, P (x) arctan(x) d x e P (x) arccotan(x).
Para este tipo de integrais é conveniente considerar u = P (x) e denotar d v os restantes factores.
Z Z
3. e ax) sen(bx) e e ( ax) cos(bx), onde a e b são constantes. Para este tipo de integrais é conve-
(

niente considerar u = e ( ax) e denotar d v os restantes factores.


Z
Exemplo 1.5.5. Determine o integral xe x d x.
Z
x
Resolução. Façamos u = x e d v = e , então d u = d x e v = d v = ex,
Z Z
x x
xe d x = xe − e x d x = xe x − e x +C = (x − 1)e x +C .


Z
Exemplo 1.5.6. Calcular x cos(x) d x.

Resolução. Façamos

u = x e d v = cos(x) d x;

então
Z
du = dx e v = d v = sen(x)

Por conseguinte teremos,


Z Z
x cos(x) d x = x sen(x) − sen(x) d x d x = x sen(x) − [− cos(x)] +C = x sen(x) + cos(x) +C .

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Análise Matemática II Z Integrais Indefinidos
Exemplo 1.5.7. Calcule (2x + 7)e x d x.

Resolução. Seja
u = 2x + 7 e d v = e x d x;
então
Z Z
d u = 2d x e v = dv = ex d x = ex.

Por conseguinte,
Z Z
(2x + 7)e d x = (2x + 7)e − 2e x d x = (2x + 7)e x − 2e x +C = [(2x + 7) − 2] e x +C = (2x + 5)e x +C .
x x


Z
Exemplo 1.5.8. Determine x 2 cos(x) d x.

Resolução. Seja
u = x 2 e d v = cos(x) d x
então
Z Z
d u = 2x d x e v = dv = cos(x) d x = sen(x)

Assim teremos
Z Z
x 2 cos(x) d x = x 2 sen(x) − 2x sen(x) d x.
Z Z
O integral 2x sen(x) d x = 2 x sen(x) d x deve ser integrado por partes, desse modo teremos

u 1 = x e d v 1 = sen(x) d x,
pelo que
Z Z
d u1 = d x e v 1 = d v1 = sen(x) d x = − cos(x).

Assim
Z Z µ Z ¶
2x sen(x) d x = 2 x sen(x) d x = 2 −x cos(x) + cos(x) d x

= 2 [−x cos(x) + sen(x)]

= −2x cos(x) + 2 sen(x).


Finalmente teremos,
Z Z
x 2 cos(x) d x = x 2 sen(x) − 2x sen(x) d x

= x 2 sen(x) − [−2x cos(x) + 2 sen(x)] +C

= x 2 sen(x) + 2x cos(x) − 2 sen(x) +C .


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