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DIREITO PREVIDENCIÁRIO

RGPS – Carência Previdenciária


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RGPS – CARÊNCIA PREVIDENCIÁRIA

Intensificaremos nossos estudos, acompanhando todas as novidades normativas e juris-


prudenciais, a fim de que você tenha todas as informações suficientes e necessárias para
garantir sua aprovação.
Nesta aula, estudaremos o instituto da carência previdenciária. Você já deve ter ouvido
falar em carência na contratação de um plano de saúde – para determinados procedimentos
médicos, o contrato do plano prevê determinada carência, prazo que se deve aguardar para
ter acesso ao procedimento contratado. Trazendo a mesma lógica para o Direito Previdenci-
ário, verifica-se também que, em certas circunstâncias, aquele que se filia ao RGPS terá de
cumprir alguns requisitos, dentre eles o transcurso do tempo (veremos que não é apenas o
transcurso de tempo), para poder fazer jus aos benefícios previdenciários.

CARÊNCIA

A Lei de Benefícios da Previdência Social (Lei n. 8.213/1991) prevê que:

Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que
o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses
de suas competências.

Obs.: notem que, além do transcurso do tempo, é necessário o efetivo recolhimento da


contribuição.

ATENÇÃO
Houve alteração, por força do Regulamento da Previdência Social, especificando ainda
mais os requisitos para fins de carência. Veja a seguir.

Segundo o Regulamento da Previdência Social (com redação dada pelo Decreto n.


10.410/2020):

Art. 26. Período de carência é o tempo correspondente ao número mínimo de contribuições men-
sais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas as competências
cujo salário de contribuição seja igual ou superior ao seu limite mínimo mensal.
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Obs.: o art. 26 do novo RPS, portanto, passa a especificar que não basta haver o transcur-
so do mês com recolhimento de contribuição. Deve haver o recolhimento da contri-
buição sobre o mínimo exigido (não havendo piso salarial, aplica-se o salário-míni-
mo). Sabemos que o art. 195, § 14, da CF, introduziu essa novidade para todos os
segurados. Se ocorrer recolhimento a menor, o segurado poderá completar, fazer
agrupamento, e utilizar excessos (conforme art. 29 da EC n.103/2019).
5m

Tratamento diferenciado (art. 27, LBPS):


• A carência irá equivaler a período de filiação para: empregados, domésticos, avulsos
e contribuinte individual que prestem serviços a pessoa jurídica por meio de coopera-
tivas. Na hipótese desses segurados, mesmo não tendo havido recolhimento da con-
tribuição, essa competência será computada para fins de carência. Isso porque estes
segurados não são responsáveis tributários por proceder ao recolhimento da contri-
buição (é o empregador quem faz o desconto da remuneração paga ao trabalhador
e repassa o valor à Previdência – se não repassar, configura-se apropriação indébita
previdenciária);
• A carência é o recolhimento em dia para os seguintes segurados: contribuinte indivi-
dual (que presta serviços a pessoa física), segurado especial* (que promove recolhi-
mentos a fim de receber benefício acima do salário-mínimo) e facultativo. Se houver
recolhimento em atraso, não será computado para fins de carência;
• A carência será equivalente ao tempo de atividade rural* para o segurado especial,
que não promove recolhimento de contribuições adicionais, mas sim comprova apenas
o tempo de atividade rurícola ou atividade pesqueira. Este segurado terá direito ao
benefício no valor do salário-mínimo (igual ao número de meses de contribuição exi-
gidos, ainda que descontínuos, para a concessão dos benefícios – art. 26, 1º, RPS).

 Obs.: *não é computado para efeito de carência o tempo de atividade do trabalhador rural
anterior à competência novembro de 1991 (segundo o art. 55, § 2º, da Lei de Bene-
fícios – Lei n. 8.213/1991). O tempo de atividade de trabalhador rural, exercido ante-
riormente a novembro de 1991, não é computado para efeito de carência. Isso é o
que estabelece a norma.
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ATENÇÃO
Se, eventualmente, na sua prova cair questão de cunho jurisprudencial, saiba que o STJ
entende haver a possibilidade de o período exercido pelo empregado rural ser computado
para fins de carência, mesmo que não haja o recolhimento da contribuição. Cuidado: traba-
lhador rural é gênero, que possui as espécies: empregado rural; avulso rural; contribuinte
individual rural; e segurado especial.

PERÍODOS DE AFASTAMENTO POR INCAPACIDADE

Novidade prevista no Dec. n. 3.048/1999:

Art. 19–C. Considera-se tempo de contribuição o tempo correspondente aos períodos para os
quais tenha havido contribuição obrigatória ou facultativa ao RGPS, dentre outros, o período:
§ 1º Será computado o tempo intercalado de recebimento de benefício por incapacidade, na forma
do disposto no inciso II do caput do art. 55 da Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, exceto para
efeito de carência. (Incluído pelo Decreto n. 10.410, de 2020)

Obs.: o novo RPS passou a estabelecer, portanto, que o período de afastamento em que
o segurado recebe benefício por incapacidade irá ser computado para efeitos de
tempo de contribuição, se for intercalado entre períodos contributivos, EXCETO para
carência – pois sabemos que a carência pressupõe o recolhimento da contribuição.

ATENÇÃO
No âmbito jurisprudencial, temos o reconhecimento desses períodos de afastamento por
benefício por incapacidade, inclusive para efeito de carência. No entanto, como sabemos
que, na prova do INSS, a maioria das questões (senão todas) é de cunho normativo, res-
ponda exatamente de acordo com o previsto no RPS.

Segundo o art. 55 da Lei n. 8.213/1991:

Art. 55. O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no Regulamento, compre-
endendo, além do correspondente às atividades de qualquer das categorias de segurados de que
trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da qualidade de segurado: (...)
I – o tempo intercalado em que esteve em gozo de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez;
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Obs.: note que o dispositivo faz referência à nomenclatura antiga do benefício por incapa-
cidade (aposentadoria por invalidez).

PRAZOS DE CARÊNCIA (ART. 25 DA LBPS – LEI N. 8.213/1991):


15m

• 10 contribuições: salário-maternidade devido a:


Contribuinte individual;
Segurada especial;
Facultativa.

Obs.: não são todos os segurados que terão de comprovar a carência, apenas o contri-
buinte individual, a segurada especial e a segurada facultativa. Esta é a regra. Há,
entretanto, exceção prevista na Lei n. 8.213/1991:

Art. 25. (...)


Parágrafo único. Em caso de parto antecipado o período de carência (...) será reduzido em núme-
ro de contribuições equivalentes aos meses em que o parto foi antecipado.

Obs.: se uma advogada (contribuinte individual), por exemplo, dá à luz a uma criança no
sétimo mês, houve antecipação do parto em 2 meses. Logo, em vez de exigir 10 me-
ses de carência dessa segurada, serão exigidos 8 meses.

• 12 contribuições: auxílio por incapacidade temporária e aposentadoria por incapaci-


dade permanente (comum).

Obs.: os benefícios por incapacidade podem resultar de evento de origem comum ou de


natureza acidentária (acidente de qualquer natureza). Esse acidente, por sua vez,
pode abranger um acidente ocupacional ou um acidente comum. Se estivermos dian-
te de uma incapacidade de origem comum, serão exigidos 12 meses de carência
para fins de concessão auxílio por incapacidade temporária e aposentadoria por in-
capacidade permanente.
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PRAZOS DE CARÊNCIA (NOVIDADE DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA – EC N.


103/2019):

Observe a redação dada pela Reforma Previdenciária ao art. 25, IV, da Lei n. 8.213/1991:

Art. 25. (...)


II – auxílio-reclusão: 24 (vinte e quatro) contribuições mensais.

ATENÇÃO
O benefício do auxílio-reclusão não exigia carência até o advento da Lei n. 13.846/2019.
Isso será cobrado em sua prova, pois é novidade normativa.

• 180 contribuições: aposentadoria programada, por idade do trabalhador rural e


especial.
20m

Obs.: a aposentadoria programada, que pressupõe idade mínima mais tempo de contribui-
ção, é nova modalidade trazida pela Reforma da Previdência. A aposentadoria por
tempo de contribuição não foi extinta completamente pela EC n. 103/2019, porque
foi mantida pelas regras de transição previstas nos arts. 15, 16, 17 e 20, bem como
para os segurados PCDs (conforme o art. 70 do RPS).

Obs. 2: a aposentadoria por idade do trabalhador rural não sofreu alteração nos limites de
idade, por força da Reforma. E a aposentadoria especial também exige 180 contri-
buições, a título de carência.

DISPENSA DE CARÊNCIA (ART. 26, DA LEI DE BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA


SOCIAL – LEI N. 8.213/1991)

Não exigem carência os seguintes benefícios:

• Pensão por morte, salário-família e auxílio-acidente.


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Obs.: na hipótese de o trabalhador sofrer acidente no primeiro dia de trabalho e falecer


(a empresa nem sequer teve tempo de anotar a CTPS, e promover sua inscrição
previdenciária, mas, mesmo assim, está filiado desde o momento em que passou a
exercer sua atividade), seus dependentes terão direito a receber o benefício, inde-
pendentemente do número mínimo de recolhimentos.

Obs. 2: da mesma forma, a partir do momento em que o segurado, com filho menor de 14
anos, apresenta a documentação necessária (certidão de nascimento, comprovante
de vacina obrigatória e frequência escolar), terá direito ao salário-família.

Obs. 3: o auxílio-acidente é o benefício de caráter indenizatório, concedido na hipótese de


acidente de qualquer natureza, que venha a ensejar uma sequela. Se o acidente
ocorrer no primeiro dia de trabalho, também haverá direito ao benefício.

• Auxílio por incapacidade temporária, aposentadoria por invalidez (por incapacidade


permanente) de natureza acidentária, ou decorrente de doenças graves especifi-
cadas pelos Ministérios da Saúde e da Economia;

Exemplo de doenças que dispensam a carência:


Tuberculose ativa, hanseníase, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e inca-
pacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, AIDS etc.
25m

Também não exigem carência:

• Salário-maternidade para empregada, avulsa e doméstica.

ATENÇÃO
Vimos que, para a contribuinte individual, segurada especial e facultativa, exigimos 10
meses de carência (que pode sofrer redução se estivermos diante de parto antecipado).

• Serviços sociais: o fornecimento de prótese, órtese, ou a realização de reabilitação pro-


fissional, etc., são hipóteses de prestações sociais que também dispensam a carência.
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RECUPERAÇÃO DA CARÊNCIA (ART. 27–A, DA LEI N. 8.213/1991)

Veja o que estabelece o art. 27–A, da Lei de Benefícios:

Art. 27–A. Na hipótese de perda da qualidade de segurado, para fins da concessão dos benefícios
de auxílio-doença, de aposentadoria por invalidez, de salário-maternidade e de auxílio-reclusão,
o segurado deverá contar, a partir da data da nova filiação à Previdência Social, com metade dos
períodos previstos nos incisos I, III e IV do caput do art. 25 desta Lei. (Redação dada pela Lei n.
13.846, de 2019)

Obs.: o artigo lista os benefícios ainda com a nomenclatura antiga.

Obs. 2: é novidade trazida pela Minirreforma Previdenciária (Lei n. 13.846/2019).

Exemplo: pense na hipótese de um trabalhador empregado de uma empresa, na qual


trabalhou durante 10 anos. A empresa sempre pagou seu salário, recolheu suas contribui-
ções e, no seu CNIS, constam 120 contribuições. Ocorre que esse trabalhador vem a ser
demitido, fica algum tempo sem contribuir, e perde a condição de segurado. Posteriormente,
consegue novo emprego e, no seu segundo empregador, trabalha por 3 meses, e vem a ser
acometido de doença comum que o incapacita para o trabalho. Ao requerer o benefício por
incapacidade temporária, o servidor do INSS indefere o benefício sob o argumento de que
não preencheu o requisito da carência. De acordo com o art. 27–A da Lei n. 8.213/1991,
quando há perda da condição de segurado, para recuperar as contribuições anteriores, o
segurado tem de comprovar, a partir da nova filiação, pelo menos, metade do período de
carência do benefício requerido. A legislação pressupõe carência de 12, para o benefício
de auxílio por incapacidade temporária de origem comum. E a metade de 12, são 6 meses.
Ocorre que, no exemplo, o trabalhador só tinha 3 meses no novo emprego. Não atingindo o
prazo necessário, não irá poder recuperar o período anterior. de carência.

Exemplo 2: imagine que um trabalhador tem 7 meses de contribuição na nova filiação


(segundo emprego) e venha a ficar incapacitado por uma doença comum (lembre-se de que
doença grave ou acidente dispensam carência). Neste caso, o segurado preenche a carên-
cia, recuperando-se as 120 contribuições do vínculo anterior, e será encaminhado à perícia.
30m
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Obs.: o prazo mínimo exigido já foi de um terço, 100% e, agora, é a metade.

Obs. 2: o pagamento deve ser mensal e não de forma acumulada. Ou seja, no primeiro
exemplo (trabalhador que tem 3 meses no segundo vínculo), o segurado não poderá
pagar adiantado (de forma acumulada). O pagamento deve ocorrer competência por
competência.

ATENÇÃO
Vimos que ocorreram muitas novidades normativas sobre o tema carência. A começar pelo
seu conceito – com requisitos mais específicos previstos no RPS. Vimos que a Minirre-
forma Previdenciária (Lei n. 13.846/2019) instituiu a carência de 24 meses para o benefício
de auxílio-reclusão e também alterou o prazo para fins de recuperação da carência. Novi-
dades que podem ser cobradas na sua prova!

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Fernando Maciel.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conte-
údo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura
exclusiva deste material.
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