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Alfabeto latino

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O alfabeto latino, também conhecido como


alfabeto romano, é o sistema de escrita alfabética Alfabeto latino
mais utilizado no mundo,[1] e é o alfabeto utilizado
para escrever a língua portuguesa e a maioria das
línguas da Europa ocidental e central e das áreas
colonizadas por europeus. A sua origem remonta ao
século VII a.C. na região do Lácio (atual Lazio, na
Itália), daí a sua designação como "latino". Ao longo
dos séculos XIX e XX, o alfabeto latino tornou-se
também o alfabeto preferencialmente adotado por
um número considerável de outras línguas, em
especial pelas línguas indígenas de zonas As 26 letras do alfabeto latino básico,

colonizadas por europeus que não tinham sistemas em maiúsculas e minúsculas cursivas.
de escrita próprios. Tipo sistema de escrita
Características
Composto de letra latina (en)
Índice Concepção
História Data para VIII século a.C.
Origem e desenvolvimento Baseado em Antigas escritas itálicas
Disseminação
Uso
Alfabeto Fonético Internacional
Romanização
Caracteres
Alfabeto básico
Ligaturas
Dígrafos e trígrafos
Diacríticos
Novas letras
Tipografia
Referências

História

Origem e desenvolvimento

O alfabeto latino, utilizado pelos romanos a partir do século VII a. C., derivou do alfabeto etrusco, que por
l d lf b l d
sua vez evoluiu a partir do alfabeto grego. Das 26 letras etruscas, os romanos adotaram 21: A, B, C, D, E,
F, Z, H, I, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, V, X.
A letra ⟨C⟩ era uma variação do gama, usada indistintamente pelos etruscos para representar os sons /k/ e
/g/. Durante o século III a.C., o Z deixou de ser considerado parte do alfabeto, por não representar nenhum
som da língua romana; em seu lugar, foi introduzido o ⟨G⟩, uma versão modificada do ⟨C⟩, desenhada por
Spurius Carvillius para representar apenas a variante sonora /g/.[2]

No século I a.C., com a conquista romana da Grécia, as letras ⟨Y⟩ e ⟨Z⟩ foram re-adotadas e postas no fim
do alfabeto, para escrever palavras com radicais gregos.

Durante a Idade Média, três letras ainda foram introduzidas. O ⟨J⟩ surgiu como uma variação do ⟨I⟩,
alongado nos manuscritos do século XIV para indicar uso consonantal, especialmente em início de
palavras. O ⟨U⟩, de forma similar, diferenciou-se do ⟨V⟩ para representar seu som vocálico. O ⟨W⟩,
originalmente uma ligatura de dois Vs, foi adicionado para representar sons germânicos.[2]

O alfabeto usado pelos romanos consistia somente de letras maiúsculas (ou caixa alta). As letras
minúsculas, ou de caixa baixa, surgiram na Idade Média a partir da escrita cursiva romana, primeiro como
uma escrita uncial, e depois como minúsculas. As antigas letras romanas foram mantidas em inscrições
formais e para dar ênfase em documentos escritos. As línguas que usam o alfabeto latino geralmente usam
maiúsculas para iniciar parágrafos, sentenças e nomes próprios. As regras de uso de maiúsculas mudaram
com o tempo, e variam um pouco entre idiomas diferentes. O inglês, por exemplo, costumava pôr todos os
substantivos iniciados em caixa alta, como o alemão ainda faz atualmente.

Disseminação

Com a expansão do Império Romano, o alfabeto latino, seguindo a língua latina, transcendeu as fronteiras
da península itálica, espalhando-se pelas terras ao redor do Mar Mediterrâneo. A metade oriental do
Império Romano, incluindo Grécia, Ásia Menor, Ponto e Egito, continuou a usar o grego como "língua
franca", mas o latim foi falado amplamente no Império Romano do Ocidente. As línguas românicas, tendo
derivado do latim vulgar, nunca deixaram de usar seu alfabeto.

Além disso, a expansão do cristianismo ocidental durante a Idade Média difundiu o latim e seu alfabeto
entre os falantes das línguas germânicas (substituindo as runas), celtas (substituindo o ogham) e outras
línguas até então sem escrita, como as bálticas, urálicas e em parte das línguas eslavas (como polonês e
tcheco).

Na Idade Moderna, o alfabeto latino começou a se expandir para outros continentes, levado pelas línguas
das Grandes Navegações: castelhano, português, inglês, francês, e neerlandês. Em 1558, menos de um
século depois da chegada dos europeus à América, os maias registraram, no Popol Vuh, a história de seu
povo em alfabeto romano, em vez dos antigos hieroglifos maias.[3] Por toda a América as línguas dos
colonizadores e, quando não isso, o alfabeto latino, tornou-se hegemônico.

Na Ásia, entretanto, o alfabeto latino disputou espaço com outros sistemas de escrita. No século XIX, o
Vietnã, então administrado pela França, deixou de usar os caracteres chineses para escrever o vietnamita,
trocando-o oficialmente pela escrita romanizada Quốc Ngữ.[4] Fizeram o mesmo as administrações inglesa
e neerlandesa da Malásia, Indonésia e Singapura, substituindo pela romanização (rumi) os outros sistemas
de escrita usados na região, como a escrita bramânica e o alfabeto árabe (no sistema jawi).[5]

No mundo eslavo, a escrita latina disputou espaço com o alfabeto cirílico. Escolher entre um e outro quase
sempre dependia de escolhas religiosas, políticas ou ideológicas. No século XIX, o romeno, uma língua
românica de um país cristão ortodoxo, trocou a escrita cirílica pela latina.[6] O servo-croata é escrito em
caracteres romanos na Croácia pelo menos desde o século XIX, com uma relativa coexistência com o
cirílico durante a vigência da Iugoslávia e o estabelecimento da escrita latina como única oficial depois
cirílico durante a vigência da Iugoslávia e o estabelecimento da escrita latina como única oficial depois
disso.[7] Situação semelhante se passa na Bósnia e Herzegovina e na própria Sérvia, onde ambos os
alfabetos são adotados. Em algumas regiões da União Soviética, após seu colapso, em 1991, alguns países
trocaram o alfabeto cirílico pelo latino, em especial as repúblicas turcófonas do Azerbaijão, Uzbequistão e
Turcomenistão, adotando a nova escrita para o azeri, o uzbeque e o turcomeno, respectivamente.

Uso
O Alfabeto latino é usado na maioria das
línguas indo-europeias, incluindo todas dos
grupos românico, céltico, báltico e germânico
(com a exceção do ídiche) e algumas do grupo
eslavo. Geograficamente, isso inclui toda a
Europa Ocidental, as Américas e boa parte da
África Subsaariana e da Oceania. Além disso,
ao longo dos processos de colonização,
diversas outras línguas e localidades adotaram
a escrita romana, com destaque para as línguas
   Sistema latino é oficial
turcomanas na Turquia e no Cáucaso e para o
malaio falado na Malásia e na Indonésia.[5]    Sistema latino é oficial junto a outro sistema de escrita

Alfabeto Fonético Internacional

O Alfabeto Fonético Internacional, criado no final do século XIX como uma escrita-padrão para
representar sons de todas as línguas, também foi baseado no alfabeto romano. Apesar disso, o AFI inclui
também alguns símbolos cirílicos, gregos e, mais raramente, de outros sistemas.

Romanização

Dada a importância internacional da escrita latina, diversas línguas que utilizam outros sistemas de escrita
possuem padrões oficiais de transcrição para o alfabeto latino/romano, processo chamado de romanização.
Isso inclui o sistema pinyin para o mandarim padrão, o rōmaji para o japonês e o sistema real do tailandês.

Caracteres

Alfabeto básico

O alfabeto latino do padrão ISO (codificado em ISO/IEC 646), também oficialmente adotado em língua
portuguesa, consiste de 26 caracteres: A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V,
W, X, Y, Z.

Apesar disso, para se adaptar às diferentes línguas em que é usado, o alfabeto absorve diversas variações e
extensões, fundindo letras com ligaturas, modificando-as com diacríticos, atribuindo funções especiais a
duplas ou trios de letras ou, por fim, absorvendo letras completamente novas ao alfabeto. Para uma relação
exaustiva, ver lista de alfabetos derivados do latino.

Ligaturas
Uma ligatura ou ligadura é a fusão de duas ou mais letras em
um novo glifo ou caractere. Uma ligatura pode ser apenas
estilística, bem como pode gerar novas letras que representem
sons específicos. Em língua portuguesa, algumas ligaturas
estilísticas podem ser utilizadas (a depender dos tipos
escolhidos); letras formadas de ligatura, entretanto, não fazem
parte do vernáculo.

Por outro lado, algumas línguas da Europa do Norte utilizam


letras provenientes de ligaturas, como ⟨Æ/æ⟩ (vindo de ⟨AE⟩),
⟨Œ/œ⟩ (vindo de ⟨OE⟩) e ⟨ß⟩ (vindo de ⟨ſz⟩ ou ⟨ſs⟩, a junção
do S longo com ⟨s⟩ ou ⟨z⟩). Além disso, algumas ligaturas
Glifos de ligatura contidas na fonte Adobe geram glifos utilizados como logogramas, como é o caso de
Caslon Pro. No quadro à esquerda, ⟨&⟩ (derivado do latim et), que representa a palavra e ou
ligaturas que possuem apenas papel qualquer conjunção aditiva).
estilístico; à direita, aquelas que são
vistas como letras distintas.
Dígrafos e trígrafos

Outra maneira de representar novos sons com o alfabeto latino é o uso de dígrafos, isto é, pares de letras
que, juntas, representam um som diferente dos que representam as letras isoladamente. A língua portuguesa
utiliza diversos dígrafos na escrita latina, como ⟨ch⟩, ⟨nh⟩, ⟨lh⟩, ⟨ss⟩ e ⟨rr⟩.[8] Exemplos de outras línguas
incluem o ⟨ll⟩ da língua espanhola ou o dígrafo vocálico ⟨ij⟩ do holandês. Similarmente, um trígrafo é um
conjunto de três letras que representam um novo som. Embora não existam em português, há alguns
trígrafos bem conhecidos como o alemão ⟨sch⟩ ou o milanês ⟨oeu⟩.

Em algumas línguas, dígrafos e trígrafos são tratados como letras independentes do alfabeto, inclusive na
ordenação de dicionários. No espanhol castelhano, por exemplo, os dígrafos ⟨ll⟩ e ⟨ch⟩ foram até 2010
considerados como letras independentes e, até 1994, palavras iniciadas com eles tinham uma entrada
independente em dicionários.[9] Da mesma forma, varia também o uso de caixa alta, por exemplo, em
palavras iniciadas com dígrafos.

Diacríticos

Diacríticos ou acentos são pequenos sinais colocados sobre, sob ou através de uma
letra para modificar ou adaptar seu som. Na língua portuguesa, os diacríticos utilizados
são a cedilha na letra ⟨c⟩ e, nas vogais, acento agudo, (´), acento circunflexo, (^),
acento grave(`) e til (~). Em alguns casos, como o acento grave, a distinção na
pronúncia já foi perdida, restando apenas a função de indicar o fenômeno morfológico
Letra ⟨a⟩ com
da crase.[10] um acento
agudo.
Da mesma maneira que os dígrafos, as letras com diacrítico podem ser reconhecidas ou
não como letras independentes e podem contar separadamente ou não para ordenação
alfabética. Em português, o ⟨ç⟩ é reconhecido como letra em uso, mas as vogais acentuadas não são assim
consideradas;[11] na língua sueca, por outro lado, as vogais com diacrítico ⟨å⟩, ⟨ä⟩ e ⟨ö⟩ são consideradas
letras de pleno direito.[12]

Novas letras
Existem letras oriundas de diferentes alfabetos que, por representarem sons distintos dos contemplados pelo
alfabeto latino básico, foram incorporadas a ele, para expressar algumas línguas. Por exemplo, o inglês
antigo incorporou as letras rúnicas wynn ⟨Ƿ/ƿ⟩, thorn ⟨Þ/þ⟩ e eth ⟨Ð/ð⟩, que permanecem em uso nas
escritas do islandês e do feroês.

As incorporações mais recentes incluem algumas feitas por línguas africanas. Por exemplo, as línguas ga-
dangme utilizam as letras ⟨Ɛ/ɛ⟩, ⟨Ŋ/ŋ⟩ e ⟨Ɔ/ɔ⟩, que representam sons similares no IPA, enquanto a língua
haúça usa ⟨Ɓ/ɓ⟩ e ⟨Ɗ/ɗ⟩ para implosivas e ⟨Ƙ/ƙ⟩ como uma ejetiva.

Tipografia
Embora um alfabeto seja constituído de letras bem definidas, essas letras podem assumir diversas formas,
codificadas como fontes.

Inicialmente, a escrita romana utilizava apenas


letras de caixa alta, chamada capitalis, e não
utilizava espaçamento entre palavras. Por volta
de 190 a.C., entrou em uso geral o
pergaminho, o que estimulou o surgimento da
escrita cursiva romana.[2] A partir do século
III, desenvolveram-se outros estilos
tipográficos nos pergaminhos, como o uncial,
importado da tipografia grega, e o visigótico, Inscrição em capitalis monumentalis, Arco de Titus, Roma
com influências árabes.[13] A partir do século
XI, desenvolveu-se a escrita gótica (ou
blackletter), que permaneceu em uso até o século XVII, sobretudo na Alemanha.[14]

Durante o humanismo medieval e a renascença, surgiu um interesse em reavivar o antigo estilo romano de
escrita, o que levou à construção de letra romana e, na Itália, ao desenvolvimento do estilo cursivo. Com a
invenção da imprensa de tipos móveis, a letra romana difundiu-se pela Europa e a imitação da cursiva,
conhecida como letra itálica, desenvolveu-se como uma alternativa interessante para a composição de
textos.

Para mais, ver Lista de famílias tipográficas.

Referências
1. «Significado de Alfabetos» (https://www.significados.com.br/alfabetos/). Significados. 11 de
novembro de 2019. Consultado em 12 de agosto de 2020
2. Meggs, Phillip K. (2009). «2 - Alfabetos». História do Design Gráfico 1ª ed. [S.l.]: Cosac
Naify. pp. 43–47. ISBN 8575037757
3. Gordon Brotherston e Sérgio Medeiros (org.) (2007). Popol Vuh. São Paulo: Iluminuras.
ISBN 978-85-7321-274-7
4. «The Vietnamese writing system» (http://www.cjvlang.com/Writing/writviet.html). Consultado
em 12 de Janeiro de 2012
5. Cliff Goddard. The Languages of East and Southeast Asia (em inglês). [S.l.]: Oxford
University Press. ISBN 0-19-927311-1
6. Revista Ciência Hoje. «Herança Romana» (https://web.archive.org/web/20110621064345/ht
tp://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/281/heranca-romana). Consultado em 12 de
Janeiro de 2012. Arquivado do original (http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/281/her
Janeiro de 2012. Arquivado do original (http://cienciahoje.uol.com.br/revista ch/2011/281/her
anca-romana) em 21 de junho de 2011

7. Darko Zubrinic. «Croatian Cyrilic Script» (http://www.croatianhistory.net/etf/et04.html).


Consultado em 12 de Janeiro de 2012
8. Brasil Escola. «Dígrafo» (http://www.brasilescola.com/gramatica/digrafo.htm). Consultado
em 8 de Janeiro de 2012
9. Diccionario panhispánico de dudas (http://buscon.rae.es/dpdI/SrvltGUIBusDPD?origen=RA
E&lema=abecedario#2). [S.l.]: Santillana Ediciones Generales. ISBN 958-704-368-5
10. Colégio Web. «Acento Grave» (http://www.colegioweb.com.br/portugues/acento-
grave-.html). Consultado em 8 de Janeiro de 2012
11. Portal da Língua Portuguesa. «Acordo Ortográfico de 1990» (http://www.portaldalinguaportu
guesa.org/acordo.php?action=acordo&version=1990). Consultado em 8 de Janeiro de 2012
12. Omniglot. «Swedish (Svenska)» (http://www.omniglot.com/writing/swedish.htm) (em inglês).
Consultado em 8 de Janeiro de 2012
13. Velázquez Soriano, Isabel (1989). Antigüedad y Cristianismo: Monografías históricas sobre
la Antigüedad Tardía. [S.l.]: Universidade de Múrcia. ISSN 0214-7165 (https://www.worldcat.
org/issn/0214-7165)
14. «Gothic Variations» (http://medievalwriting.50megs.com/scripts/history6.htm). Medieval
Writing

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