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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS - IFG

CAMPUS APARECIDA DE GOIÂNIA


DEPARTAMENTO DE ÁREAS ACADÊMICAS
CURSO BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

GEOGRELHA COMO REFORÇO DE SUBLEITO:


ESTUDO DE CASO EM GOIÂNIA - GO

CLEBER GUIMARÃES MARTINS


RAFAEL BUENO FORTES

APARECIDA DE GOIÂNIA
2018
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS - IFG
CAMPUS APARECIDA DE GOIÂNIA
DEPARTAMENTO DE ÁREAS ACADÊMICAS
CURSO BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

CLEBER GUIMARÃES MARTINS


RAFAEL BUENO FORTES

GEOGRELHA COMO REFORÇO DE SUBLEITO: ESTUDO DE CASO EM


GOIÂNIA - GO

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, como


exigência de avaliação parcial para conclusão
do Curso Bacharelado em Engenharia Civil,
ofertado pelo Instituto de Educação, Ciência e
Tecnologia de Goiás - IFG, Campus Aparecida
de Goiânia, sob a orientação do Professor Dr.
Arlam Carneiro Silva Júnior.

Aparecida de Goiânia
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M379 Martins, Cleber Guimarães
Geogrelha como reforço de subleito: estudo de caso em Goiânia - GO /
Cleber Guimarães Martins, Rafael Bueno Fortes. – Aparecida de Goiânia,
2018.
89 f. : il.

Orientador: Dr. Arlam Carneiro Silva Júnior.


Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Instituto Federal de
Educação Ciência e Tecnologia de Goiás: Campus Aparecida de Goiânia,
Bacharelado em Engenharia Civil, 2018.

1. Reforço de subleito. 2. Geogrelha. I. Fortes, Rafael Bueno. II.


Título.

CDD 624.15
Catalogação na publicação:
Thalita Franco dos Santos Dutra – CRB 1/2186
Aos pais do Cleber, Heber e Beniuzia, com
todo amor.

Aos pais do Rafael, Silvio e Maria Tereza, e a


sua esposa Maiara, com todo amor.
AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus, nosso pai que nos guiou e orientou durante todos os anos
da graduação, e permitiu que esse trabalho fosse concluído com sucesso, superando nossas
expectativas.

Ao nosso professor e orientador Dr. Arlam Carneiro Silva Júnior, por primeiramente aceitar e
abraçar a ideia do trabalho e nos orientar da melhor forma possível, por sua dedicação e
conhecimentos compartilhados, pelas críticas e elogios, além da confiança nos nossos esforços
e nossa capacidade.

Aos pais do Cleber, que não mediram esforços para ajudá-lo perante as dificuldades
encontradas, pelos conselhos e ensinamentos e principalmente pelo amor incondicional, que
sempre será o motivo de todo seu esforço.

Aos pais do Rafael, que estiveram ao seu lado lhe dando apoio independentemente das
circunstancias e dificuldades, apoiando suas decisões e incentivando sempre a ser uma pessoa
melhor.

A esposa do Rafael, que independente da rotina conturbada com o trabalho e deveres


acadêmicos ao longo dos anos da graduação, sempre esteve ao seu lado quando o cansaço era
demais, e precisava de apoio para seguir em frente.

Ao professor Wanderley Azevedo de Brito por toda a contribuição prestada ao nosso trabalho,
pelos conselhos, orientação, dedicação e competência típica do excelente profissional que é.

A Engenheira Civil Ana Carolina Guimarães Mendes de Sousa Rodrigues Lima, pela atenção
dedicada a este trabalho, pelo incentivo e sugestões valiosas que tornaram sua participação
efetiva e indispensável.
“Faça com que cada pensamento, cada fato que
surgir em sua mente lhe traga proveito. Faça
que trabalhem e produzam para você. Pense
nas coisas não da forma como são, mas como
poderiam ser. Não pare nos sonhos, crie!”

Robert Collier
RESUMO

MARTINS, C.G.; FORTES, R.B. Estudo de caso da utilização de geogrelha como reforço
de subleito em obra situada em Goiânia – Goiás. 2018. 88p. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Engenharia Civil) – Departamento de Áreas Acadêmicas, Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Campus Aparecida de Goiânia, 2018.

Este trabalho apresenta o estudo da influência do reforço com geogrelhas no desempenho de


pavimentos com solos de baixa capacidade de compactação. Primeiramente é apresentado um
breve estudo sobre os diferentes tipos de geossintéticos que são empregados na engenharia
geotécnica, bem como sua interação com o solo, relacionando, assim, os principais métodos
empíricos de dimensionamento de estradas sobre solos moles. O método de Giroud e Noiray
(1981), foi aplicado para determinar a altura necessária para compor um aterro de estradas não
pavimentadas. Em sequência, utilizou-se o método de Meyer e Elias (1999) que verificou a
estabilidade do dimensionamento e cálculo do fator de segurança para cada caso. O estudo
também é composto pela análise de custo-benefício operacional, que simulou o custo de
implementação de cada dimensionamento proposto, levando em consideração os materiais
gastos, a mão de obra, os equipamentos necessários e a verificação de tensões e deformações
do solo, com o auxílio do programa computacional GeoStudio. O objeto deste estudo é um
trecho que foi dimensionado, calculando-se alturas diferentes de camadas de aterro para cada
tipo de geossintético previamente selecionado, situado em uma obra localizada em Goiânia –
Goiás. A análise dos resultados buscou destacar os dimensionamentos que apresentaram
resultados melhores e estudar a possibilidade de implementação de cada caso quanto ao custo,
viabilidade e estabilidade. Foi verificado que o dimensionamento com o menor custo de
implementação possível não apresentou resultados melhores que os do caso de
dimensionamento na obra estudada quanto a estabilidade. Contudo, é uma possível solução para
reduzir o custo operacional de execução do reforço.

Palavras chave: Reforço de subleito; Geogrelha; Giroud e Noiray; Meyer e Elias.


ABSTRACT

MARTINS, C.G.; FORTES, R.B. Estudo de caso da utilização de geogrelha como reforço
de subleito em obra situada em Goiânia – Goiás. 2018. 88p. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Engenharia Civil) – Departamento de Áreas Acadêmicas, Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Campus Aparecida de Goiânia, 2018.

.This work presents the study of the influence of the geogrids reinforcement on the performance
of pavements with low compaction capacity soils. First, a brief study is presented on the
different types of geosynthetics that are used in geotechnical engineering, as well as their
interaction with the soil, thus, relating the main principal methods of road sizing on soft soils.
The Giroud and Noiray(1981) method studied, was applied to determine the necessary height
to compose a landfill of unpaved roads. In sequence, the Meyer and Elias method (1999) was
used to verify the stability of the sizing and it calculated the security method for each case.
These study is also composed for the analysis of operational cost benefit, that simulated the
implementation cost of each proposed sizing, considering the spend materials, the labor, the
necessary equipments and the verification of soil tensions and deformations, with the aid of the
GeoStudio computer program. The object of these study is a road stretch that was scaled by
calculating different heights of landfill layers for each type of previously selected geosynthetic,
situated in a construction work in Goiânia – Goiás. The analysis of the results sought to
highlight the projects that presented the best results and to study the possibility of implementing
each case in relation to cost, feasibility and stability. It was verified that the design with the
lowest possible implementation cost did not present better results than the case of design in the
studied work as stability. However it is a possible solution to reduce the operational cost of
execution of the reinforcement.

Keywords: Reinforcement of subleito; Geogrid; Giroud and Noiray; Meyer and Elias.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Seção transversal típica para pavimentação flexível. .............................................. 25

Figura 2 - Exemplos de aplicação de geossintético. ................................................................. 26

Figura 3 - Classificação dos geossintéticos. ............................................................................. 27

Figura 4 - Exemplos de geogrelhas utilizadas na obra do estudo de caso ................................ 28

Figura 5 - Geossintético atuando como mecanismo de reforço do solo ................................... 29

Figura 6 - Reforço de solo mole com a utilização de geogrelha .............................................. 30

Figura 7 - Efeito membrana produzido pela deformação do geossintético .............................. 31

Figura 8 - Mecanismo de restrição lateral do geossintético ..................................................... 31

Figura 9 - Aumento da capacidade de carga advinda do reforço com geossintético................ 32

Figura 10 - Trecho objeto de estudo, na cidade de Goiânia - GO. ........................................... 45

Figura 11 - Fluxograma do plano de pesquisa. ......................................................................... 46

Figura 12 – Sequência de cálculo dos métodos de Giroud e Noiray (1981) e Meyer e Elias
(1999). ...................................................................................................................................... 47

Figura 13 – Altura da camada de aterro x custo unitário geogrelha ......................................... 61

Figura 14 – Valor total gasto com geogrelha x valor total gasto com material de jazida. ....... 62

Figura 15 – a) Perfil do solo (Caso natural sem reforço e pavimentado). b) Legenda de materiais.
.................................................................................................................................................. 66

Figura 16 – a) Análise realizada pelo programa GeoStudio (Caso natural sem reforço e
pavimentado). b) Legenda de tensões....................................................................................... 67

Figura 17 – a) Perfil do solo (Caso reforço sem geogrelha e pavimentado). b) Legenda de


materiais. .................................................................................................................................. 68
Figura 18 – a) Análise realizada pelo programa GeoStudio (Caso reforço sem geogrelha e
pavimentado). b) Legenda de tensões....................................................................................... 69

Figura 19 – a) Perfil do solo (Caso real utilizado na obra objeto de estudo). b) Detalhe do
posicionamento da geogrelha. c) Legenda dos materiais. ........................................................ 70

Figura 20 – a) Análise realizada pelo programa GeoStudio (Caso real utilizado na obra objeto
de estudo). b) Legenda de tensões. ........................................................................................... 71

Figura 21 – a) Perfil do solo (Dimensionamento com a geogrelha WG 40). b) Detalhe do


posicionamento da geogrelha. c) Legenda de materiais. .......................................................... 72

Figura 22 – a) Análise realizada pelo programa GeoStudio (Dimensionamento com a geogrelha


WG 40). b) Legenda de tensões. .............................................................................................. 73

Figura 23 – a) Perfil do solo (Dimensionamento com a geogrelha WG 300). b) Detalhe do


posicionamento da geogrelha. c) Legenda de materiais. .......................................................... 74

Figura 24 – a) Análise realizada pelo programa GeoStudio (Dimensionamento com a geogrelha


WG 300). b) Legenda de tensões.............................................................................................. 75

Figura 25 – a) Análise de deformações realizada pelo programa GeoStudio (Caso do solo


natural sem reforço). b) Legenda de deformações. .................................................................. 78

Figura 26 – a) Análise de deformações realizada pelo programa GeoStudio (Caso real


dimensionado na obra). b) Legenda de deformações. .............................................................. 79

Figura 27 – a) Análise de deformações realizada pelo programa GeoStudio (Caso dimensionado


com geogrelha WG 300). b) Legenda de deformações. ........................................................... 81
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Fatores de capacidade de suporte para camadas granulares .................................... 41

Tabela 2 – Altura da camada de base granular caso estático sem geogrelha ........................... 50

Tabela 3 – Altura da camada de base granular caso dinâmico sem geogrelha ......................... 51

Tabela 4 – Parâmetros para o cálculo da camada granular que não mudam ao variar o tipo de
geogrelha .................................................................................................................................. 51

Tabela 5 – Altura da camada de base granular caso estático com geogrelha ........................... 52

Tabela 6 – Redução da espessura da camada de aterro a medida que a geogrelha varia ......... 53

Tabela 7 – Altura da camada de base granular caso dinâmico com geogrelha ........................ 54

Tabela 8 – Raio da área carregada sob a roda equivalente ....................................................... 55

Tabela 9 – Pressão da camada granular .................................................................................... 55

Tabela 10 – Suporte máximo da cama granular ....................................................................... 55

Tabela 11 – Pressão equivalente no subleito ............................................................................ 56

Tabela 12 – Capacidade máxima de suporte da camada de subleito ........................................ 57

Tabela 13 – Fator de segurança ................................................................................................ 58

Tabela 14 – Altura máxima da camada de aterro ..................................................................... 59

Tabela 15 – Valor unitário ao tipo correspondente de geogrelha ............................................. 60

Tabela 16 – Valor total gasto com geogrelha x valor total gasto com material de jazida ........ 62

Tabela 17 – Valor total gasto com material de capa asfáltica .................................................. 63

Tabela 18 – Valor total gasto na obra ....................................................................................... 64

Tabela 19 – Custo total de implantação de cada dimensionamento x possibilidade de execução


da obra ..................................................................................................................................... 65
Tabela 20 – Parâmetros adotados ............................................................................................. 66

Tabela 21 – Maior tensão atuante no solo ............................................................................... 76

Tabela 22 – Tenão oriunda do peso próprio ............................................................................. 76

Tabela 23 – Maior deformação obtida no solo ......................................................................... 82

Tabela 24 – Maior deformação obtida na superfície do solo ................................................... 82


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação brasileira de normas técnicas

CBR Índice de suporte califórnia

CBUQ Concreto betuminoso usinado a quente

CNT Confederação nacional do transporte

DNER Departamento nacional de estradas de rodagem

GTN Geotêxtil não-tecido

GTNa Geotêxtil não-tecido agulhado

GTNr Geotêxtil não-tecido resinado

GTNt Geotêxtil não-tecido termo-ligado

GTW Geotêxtil tecido

NBR Norma brasileira

SPT Ensaio de penetração padrão


LISTA DE SÍMBOLOS

a Metade da largura da corda de parábola formada pela deformação do trilho de rodas

a' Metade da largura da corda de parábola

B Largura do retângulo de distribuição da carga de rodas duplas

Bf,ac Ângulo de espraiamento da carga após compactação

C1 Coeficiente para cálculo

C2 Coeficiente para cálculo

Da Espessura da camada asfáltica

e Distância entre rodas

Fe Carga de roda equivalente

Fp Carga de eixo simples de roda dupla

FS Fator de segurança

h Altura da camada de base granular caso estático com geogrelha

h0 Altura da camada de base granular caso estático sem geogrelha

h'0 Altura da camada de base granular, caso dinâmico sem geogrelha

Hr Altura da camada de base granular, caso dinâmico com geogrelha

HTadm Altura admissível do aterro

K Módulo de rigidez secante da geogrelha

L Comprimento do retângulo de distribuição da carga de rodas duplas

N Número de passadas na fase construtiva para carga padrão de 80 kn

Nc Fator de carga
Np Tráfego estimado de projeto

Ny Fator de capacidade de carga

P Carga de eixo simples de roda dupla

Pc Pressão de inflação dos pneus

Pc Pressão de inflação dos pneus

Pes Pressão equivalente no subleito

Pf Pressão da camada granular

Pu Capacidade máxima de suporte da camada de subleito

Py Suporte máximo da camada granular

r Profundidade de afundamento pelo trilho de rodas

R Raio da área carregada sob a roda

R' Raio da área carregada sob a roda

R'' Raio da área carregada sob a roda equivalente

S Flecha correspondente

Su Coesão não drenada

Ƴa Peso específico da camada de asfalto

Ƴf Peso específico da camada granular

α Ângulo de espraiamento da camada com geogrelha

α0 Ângulo de espraiamento da camada sem geogrelha

βa Ângulo de distribuição de carga no asfalto

Δh Redução da espessura com reforço de geogrelha


ε Alongamento da geogrelha

π Constante matemática
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 20

1. OBJETIVOS ................................................................................................. 23

1.1. OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 23

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................... 23

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................... 24

2.1. PAVIMENTO ................................................................................................................. 24

2.2. GEOSSINTÉTICOS ....................................................................................................... 25

2.2.1 Geotêxtil ..................................................................................................................... 27

2.2.2 Geogrelha ................................................................................................................... 28

2.3. GEOSSINTÉTICOS EMPREGADOS COMO REFORÇO ........................................... 29

2.4. INTERAÇÃO SOLO-GEOSSINTÉTICO ...................................................................... 30

2.4.1 Efeito membrana ........................................................................................................ 30

2.4.2 Restrição à movimentação lateral............................................................................... 31

2.4.3 Aumento da capacidade de carga ............................................................................... 31

2.4.4 Ensaios para avaliação da interação solo-geogrelha .................................................. 32

2.5. PRINCIPAIS MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO DE ESTRADAS SOBRE


SOLOS MOLES COM GEOSSINTÉTICO ................................................................... 33

2.5.1 Giroud e Noiray (1981) .............................................................................................. 33

2.5.2 Meyer e Elias (1999) .................................................................................................. 39

2.6. PROGRAMA GEOSTUDIO .......................................................................................... 44


2.6.1 Sigma/w ...................................................................................................................... 44

3. METODOLOGIA ........................................................................................ 45

4. RESULTADOS ............................................................................................. 50

4.1. DIMENSIONAMENTO COM O MÉTODO DE GIROUD E NOIRAY (1981)........... 50

4.1.1 Altura total necessária para uma estrada sem reforço, caso estático ......................... 50

4.1.2 Altura da camada de agregado para uma estrada sem reforço, caso dinâmico .......... 50

4.1.3 Altura da camada de base granular, caso estático com geogrelha ............................. 51

4.1.4 Redução da espessura da camada granular considerando reforço com geogrelha no


caso estático ................................................................................................................ 52

4.1.5 Altura da camada de base granular, caso dinâmico com geogrelha .......................... 53

4.2. DIMENSIONAMENTO COM O MÉTODO DE MEYER E ELIAS (1999) ................ 54

4.2.1 Raio da área carregada sob a roda equivalente .......................................................... 54

4.2.2 Pressão e suporte máximo da camada granular ......................................................... 55

4.2.3 Verificação de estabilidade ........................................................................................ 56

4.2.4 Pressão equivalente e capacidade máxima de suporte no subleito ............................ 56

4.2.5 Fator de segurança ..................................................................................................... 57

4.2.6 Altura crítica de aterro, segundo a teoria de execução de aterro sobre solos moles .. 58

4.3. ANÁLISE DOS DIMENSIONAMENTOS QUANTO AO CUSTO DE


IMPLEMENTAÇÃO.......................................................................................................59

4.3.1 Altura da camada de aterro x custo unitário da geogrelha ......................................... 59

4.3.2 Valor total gasto com geogrelha x Valor total gasto com material de jazida ............ 61

4.3.3 Valor gasto com CBUQ ............................................................................................ 63

4.3.4 Valor total de implementação da obra ....................................................................... 63

4.3.5 Melhor dimensionamento custo-benefício possível................................................... 64


4.4. ANÁLISE DE TENSÕES ............................................................................................... 65

4.4.1 Caso solo natural com pavimentação ......................................................................... 66

4.4.2 Caso reforço sem geogrelha com pavimentação ........................................................ 68

4.4.3 Caso real utilizado na obra objeto de estudo ............................................................. 70

4.4.4 Dimensionamento com a geogrelha WG 40 .............................................................. 72

4.4.5 Dimensionamento geogrelha WG 300 ....................................................................... 73

4.4.6 Comparação dos dimensionamentos quanto a tensão total ........................................ 75

4.5. ANÁLISE DE DEFORMAÇÕES .................................................................................. 77

4.5.1 Caso do solo natural sem reforço ............................................................................... 77

4.5.2 Caso real dimensionado na obra objeto de estudo ..................................................... 79

4.5.3 Caso dimensionado com a geogrelha WG 300 .......................................................... 80

4.5.4 Comparação dos dimensionamentos quanto a deformação ........................................ 82

5. CONCLUSÃO .............................................................................................. 83

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 85

APÊNDICES ...................................................................................................... 88

APÊNDICE A .......................................................................................................................... 88

APÊNDICE B ........................................................................................................................... 89
INTRODUÇÃO

O transporte sempre foi uma das grandes necessidades humanas, estando diretamente ligada à
expansão dos povos e conquista de territórios, assim sendo, a história da pavimentação está
atrelada ao desenvolvimento da sociedade. Atualmente, com o advento da globalização e
consequente expansão urbana e econômica, evoluções tecnológicas são constantes, e os meios
de construir acessos também participa deste fenômeno, suprindo cada vez mais as necessidades
humanas e minimizando manifestações patológicas que afetam o tráfego de pessoas e
mercadorias.

No Brasil, país de dimensões continentais, são importantes os estudos sobre vias de transportes,
com o objetivo de buscar melhorias das rodovias e a implementação de novos métodos que
viabilizem o tráfego com segurança e redução de anomalias na pavimentação. De acordo com
os dados da Pesquisa CNT de Rodovias (2016), dos 103.259 km analisados, 58,2% se
encontram em condições regulares, ruins ou péssimas, segundo a classificação de estado geral
dos mesmos. Sendo assim, várias são as deficiências na construção das vias e estradas que
devem ser solucionadas.

Manifestações patológicas em pavimentos são problemas que necessitam de atenção para sua
solução e mobilizam esforços a fim de realizar tratamento ou até mesmo minimizar sua
incidência. No entanto, atualmente, com o crescimento constante e muitas das vezes rápido de
grandes centros urbanos, o problema envolvendo a matriz de transportes não se restringe a
resolver problemas que surgem em determinada via, e se estendem também a como tornar
viável o aproveitamento de todas as áreas possíveis, sejam elas favoráveis ou não a construção
de um pavimento. De acordo com Silva (1996), regiões com solos de baixa capacidade de
suporte, que do ponto de vista da Engenharia Civil podem apresentar problemas de solução
complexa devido às suas características de resistência e compressibilidade, tem levado
engenheiros a procurar novas alternativas que possibilitam a utilização de tais solos em seus
lugares de origem.

Existem métodos usuais para intervenção nestes casos, como retirada do solo deficiente e
substituição por material granular. Entretanto, não apenas o processo de construção dos
pavimentos é envolvido por novas tecnologias, como também métodos modernos de reforço do
20
subleito estão sendo desenvolvidos e cada vez mais empregados, visando a otimização do
processo. Segundo Teixeira (2003), dentre os métodos de melhoria de solos mais utilizados na
atualidade podem-se citar as misturas solo-cal e solo-cimento e as inclusões de fitas de aço ou
mantas de geossintéticos em meio ao solo, dentre outros.

Segundo Tupa (1994), técnica de reforço de solos por inclusões de geossintéticos tem
apresentado sucesso principalmente devido às suas grandes vantagens de economia e rapidez
na construção de obras geotécnicas. Góngora (2011), ainda defende que o emprego de tal
tecnologia como material de reforço, reduz as manutenções periódicas e diminuem-se os custos
de operação da estrada. A inclusão de um material externo ao solo, que pode provocar mudanças
em suas características e formar um aglomerado fadado com novas propriedades desejadas,
demonstra que a Engenharia está se adaptando para soluções modernas que atendam suas
necessidades.

Em países de primeiro mundo, a utilização de materiais geossintéticos como reforço vem


crescendo continuamente nos últimos 30 anos. No Brasil, o uso destes materiais tem crescido
mais nos últimos 15 anos, e com a real necessidade de investimentos em obras de infra-estrutura
rodoviária por todo país, é esperado que a utilização de materiais geossintéticos cresça ainda
mais (ANTUNES, 2008). De acordo com Borges (2012), tal técnica de reforço de solos tem-se
mostrado muito atrativa, pois permite a construção de obras geotécnicas mais ousadas,
economicas e tecnicamente seguras.

O presente trabalho visa realizar um estudo de caso, em uma obra que empregou o reforço do
subleito de parte de uma via com a utilização de geogrelhas, buscando estudar a possibilidade
de otimização do dimensionamento utilizado, bem como a viabilidade da utilização de outros
tipos de geogrelha. A pesquisa estrutura-se em cinco capítulos. O primeiro é apresenta o
objetivo geral do estudo, as considerações e proposições genéricas que refletem uma visão
generalizada do que será abordado ao longo do texto, além dos objetivos específicos do
trabalho. No capítulo dois, é feita uma revisão bibliográfica sobre os geossintéticos, definições
e classificações e sua área de atuação na construção civil, destacando seu uso como reforço do
subleito de pavimentos. Interações do material com o solo e métodos de dimensionamento são
tópicos a serem trabalhados neste capítulo. No capítulo três, é descrita toda a metodologia
abordada ao longo da construção da pesquisa, as etapas acompanhadas na obra, os métodos de
dimensionamentos usados, os ensaios laboratoriais realizados e como será utilizado o programa
computacional GeoStudio 2016 para análise do solo reforçado. O capítulo quatro apresenta e
21
relaciona todos os resultados obtidos e analisando cada dimensionamento estudado e sua
eficiência. No capítulo cinco são descritas as conclusões obtidas ao longo do trabalho, bem
como sugestões para trabalhos futuros.

O uso dos geossintéticos como reforço de solos vem crescendo ao longo das últimas décadas,
sendo esta técnica uma solução já consolidada na prática geotécnica. O trabalho em questão
poderá contribuir para extensão da visão sobre essa tecnologia construtiva, gerando uma
possibilidade de análise produtiva no que diz respeito ao custo benefício do geossintéticos no
uso da engenharia.

22
1. OBJETIVOS

1.1. OBJETIVO GERAL

O objetivo geral da presente pesquisa é realizar um estudo de caso sobre o dimensionamento e


a estabilidade do reforço de subleito, com a utilização de geogrelha em parte da via marginal
Botafogo, obra situada em Goiânia, Goiás, tomando como parâmetros os métodos analíticos de
dimensionamento de geossintéticos e o programa computacional GeoStudio.

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos são:

1. Por meio do método analítico de Giroud e Noiray (1981), obter a variação da


camada de aterro ao se utilizar o reforço do subleito com geossintético;

2. Obter o fator de segurança que deve ser considerado na determinação da altura


máxima admissível do aterro;

3. Associar diferentes tipos de geogrelha ao dimensionamento da altura do aterro;

4. Analisar a deformação do subleito ao ser submetido a determinada tensão, em


diferentes situações.

5. Verificar se o dimensionamento real utilizado na obra objeto de estudo é o mais


eficaz.

23
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo apresenta a definição de pavimento, bem como suas principais camadas,
fornecendo base para que conceitos mais específicos sejam trabalhados, além de expor os
geossintéticos acerca de suas propriedades e classificações, destacando-os como material de
reforço de solos moles. Também são apresentados dois métodos de dimensionamento de reforço
de subleito com a utilização de geossintéticos, e o programa GeoStudio 2016 é apresentado
como recurso de análise da estabilidade de solos, focando na sua aplicação no âmbito da
pesquisa.

2.1. PAVIMENTO

O pavimento urbano, de acordo com Mascaró (1987), é constituído por duas partes,
diferenciadas por suas funções: o pavimento urbano convencional, destinado ao trânsito de
veículos e ao escoamento das águas pluviais e os passeios adjacentes ao leito carroçável ou
pavimentos para pedestres, destinados ao trânsito de pessoas. Este trabalho aborda como o
pavimento urbano convencional é dimensionado quando sua camada de fundação possui uma
estrutura de solo frágil para a sobrecarga solicitada, que no caso é o transito de veículos. Para
tal relação é de suma importância o conhecimento das terminologias da estrutura de um
pavimento, uma vez que serão mencionadas no texto algumas de suas definições e
características.

Segundo Souza (1980), pavimento é uma estrutura construída após a terraplanagem por meio
de camadas de vários materiais de diferentes características de resistência e deformabilidade.
Esta estrutura assim constituída apresenta um elevado grau de complexidade no que se refere
ao cálculo das tensões e deformações. Já para Santana (1993), pavimento é uma estrutura
construída sobre a superfície obtida pelos serviços de terraplanagem com a função principal de
fornecer ao usuário segurança e conforto, que devem ser conseguidos sob o ponto de vista da
engenharia, isto é, com a máxima qualidade e o mínimo custo.

Segundo a ABNT (1982), a estrutura de um pavimento é constituída pelo subleito, sub-base,


base e revestimento, como demonstrado na Figura 1, cujas definições são:

 Subleito: é o terreno de fundação no qual será apoiado todo o pavimento;

24
 Sub-base:, é a camada corretiva do subleito;

 Base: é a camada destinada a resistir e distribuir os esforços verticais oriundos dos


veículos sobre a qual se constrói um revestimento;

 Revestimento: é a camada, tanto quanto possível impermeável, que recebe


diretamente a ação do rolamento dos veículos, destinada a melhorar as condições do
rolamento quanto à comodidade e segurança e resistir aos esforços que nele atuam,
tornando mais durável a superfície de rolamento.

Figura 1: Seção transversal típica para pavimentação flexível. Fonte: Bernucci et al. (2010).

2.2. GEOSSINTÉTICOS

Os geossintéticos, segundo Fahel (2003), são compostos industriais à base de polímeros de


naturezas diversas, que podem ser inseridos no solo desempenhando diferentes funções, como,
reforço, separação, drenagem, filtração, barreira para fluidos e gases, proteção, etc.
De acordo com Teixeira (2003), o mercado de geossintéticos vem apresentando um grande
crescimento nos últimos anos, e os motivos geralmente apontados para este crescimento são:
 Os geossintéticos são, de fato, necessários em várias obras civis;
 Sua instalação é simples e rápida;
 Em geral substituem materiais naturais nobres;
 Em alguns casos, sua utilização pode viabilizar a obra;
 O mercado de geossintéticos tem sido bastante competitivo

25
A absorção de tensões de origem térmica e de deformações das cargas de tráfego, além de
desvios e redução de severidade de trincas de reflexão e impermeabilização, são alguns efeitos
esperados conforme Obando (2012), ao se incorporar geossintéticos na área de pavimentação.

Segundo Borges (2012), o uso de geossintéticos em obras de engenharia traz inúmeras


vantagens devido à sua grande versatilidade, podendo ser utilizados em diversas aplicações e
em várias áreas da engenharia civil. A Figura 2 mostra a aplicação de geossintético em uma
pavimentação urbana. Góngora (2015), expõe que as principais funções desempenhadas pelos
geossintéticos, quando utilizados em contato com solo, rocha ou qualquer outro material, são
reforço, separação, drenagem e filtração.

Figura 2: Exemplo de aplicação de geossintético. Fonte: Os autores.

Os materiais geossintéticos, se destacam por sua grande diversidade e versatilidade, dispondo


de uma variada gama de propriedades mecânicas, hidráulicas e de durabilidade. Segundo Tupa
(1994), os geossintéticos possuem resistência a tração, a propagação ao rasgo, ao
puncionamento, impacto e estouro, além de permeabilidade e propriedade ligadas a
durabilidade, como, resistência à fadiga e a degradação química e biológica. Quanto à
classificação, os geossintéticos se destacam como exemplificado na Figura 3, em dois grandes
grupos, os geotêxteis e as geogrelhas.

26
Geossintéticos

Geotêxteis Geogrelhas

Não tecido Tecido Extrudada

Resinados Tecida

Termoligados Soldada

Agulhados

Figura 3: Classificação dos geossintéticos. Fonte: Os autores.

2.2.1. Geotêxtil

Segundo Góngora (2011), os geotêxteis consistem em fibras sintéticas ou naturais, distribuídas


de forma aleatória ou não, unidas por processos físicos ou químicos, que possuem poros para
permitir a passagem de fluidos e gases, sendo excelentes materiais para obras de drenagem.
Outra definição mais sucinta, é apresentada por Obando (2012), conceituando geotêxteis como
geossintéticos permeáveis fabricados em forma de manta.
Os geotêxteis dependendo da técnica de fabricação, podem ser classificados segundo a ABNT
(2003) em:
 Geotêxtil não-tecido (GTN): produto composto por fibras cortadas ou filamentos
contínuos distribuídos aleatoriamente, os quais são interligados por processos
mecânicos, térmicos ou químicos, sendo:
 Geotêxtil não-tecido agulhado (GTNa): fibras interligadas mecanicamente, por
processo de agulhagem.
 Geotêxtil não-tecido termo-ligado (GTNt): fibras interligadas por fusão parcial
obtida por aquecimento.
 Geotêxtil não tecido resinado (GTNr): fibras interligadas por meio de produtos
químicos.

27
 Geotêxtil tecido (GTW): Produto oriundo do entrelaçamento de fios, mono
filamentos ou laminetes (fitas), segundo direções preferencias de fabricação
denominadas trama (sentido transversal) e urdume (sentido longitudinal).

2.2.2. Geogrelha

As geogrelhas são estruturas advindas de polímeros, com elevada resistência, sendo uma
alternativa eficaz para solucionar problemas na Engenharia Civil. De acordo com Góngora
(2011) a utilização de geogrelhas em diferentes campos de aplicação é determinada
principalmente por sua função de reforço, que é desenvolvida quando a mesma provê resistência
à tração em função da interação com o solo circundante. Dentro suas principais aplicações em
sistemas de pavimentos, encontra-se: viabilizar construções de pavimentos sobre solos moles,
melhorar ou aumentar a vida útil do pavimento e reduzir as deformações permanentes.

Segundo Antunes (2008), as geogrelhas são materiais planares flexíveis formados por uma rede
regular de elementos, com aberturas de tamanho suficiente para interagir com o material de
enchimento circundante. Borges (2012), em função do processo de fabricação, defende que as
geogrelhas podem ser classificadas em:

 Geogrelha extrudada: obtida por meio de processo de extrusão e sucessivo


estiramento, que pode ser em sentido único ou nos dois sentidos.
 Geogrelha tecida: composta por elementos de tração longitudinais e transversais,
tricotados ou intercidos nas juntas, produzidos geralmente a partir de feixes de
filamentos têxteis sintéticos, e recobertos por um revestimento protetor.
 Geogrelha soldada: composta também por elementos de tração longitudinais e
transversais, produzidos a partir de filamentos têxteis sintéticos, contudo soldados
nas juntas.

Figura 4: Exemplos de geogrelhas utilizadas na obra do estudo de caso. Fonte: Os autores.

28
2.3. GEOSSINTÉTICOS EMPREGADOS COMO REFORÇO

O ato de reforçar pode ser definido de maneira genérica, como uma ação substancial que visa
aumentar a probabilidade de uma situação negativa não ocorrer. Aplicando tal conceito na área
geotécnica, em especial a pavimentação, prejuízos estruturais e estéticos são as possíveis
ocorrências negativas que o reforço visa evitar. De acordo com Silva (1996), os geossintéticos,
através da melhoria continua das suas propriedades físicas e mecânicas, acabaram por preencher
a maioria dos requisitos para desempenhar a contento a função de reforço em obras geotécnicas
correntes. Conforme Góngora (2015), os geossintéticos aplicados como reforço têm a principal
tarefa de resistir a esforços aplicados e impedir deformações inadmissíveis nas estruturas.

Considerando as características físicas dos geossintéticos, Silva (1996), defende que para serem
utilizados como reforço, os mesmos devem atender os seguintes requisitos:

 Elevada resistência à tração e elevada rigidez à tração;


 Durabilidade;
 Susceptibilidade à fluência compatível com os requisitos da obra;
 Adequada resistência aos esforços de instalação na obra;
 Elevado grau de interação com o solo envolvente.

Figura 5: Geossintético atuando como mecanismo de reforço do solo. Fonte: Adaptado de Geosynthetic
Materials Association (2000).

29
Figura 6: Reforço de solo mole com a utilização de geogrelha. Fonte: Os autores.

2.4. INTERAÇÃO SOLO-GEOSSINTÉTICO

De acordo com Borges (2012), a aderência solo-geogrelha se dá pelo atrito entre a superfície
da geogrelha e o solo e pela resistência passiva nos membros transversais, os quais são
dependentes do tipo e da geometria do reforço. Para Góngora (2011), os geossintéticos
apresentam três mecanismos potenciais de reforço: efeito membrana, restrição à movimentação
lateral do solo e aumento da capacidade de carga.

2.4.1. Efeito membrana

É basicamente a reação do geossintético a carga aplicada sobre o subleito reforçado, ou seja,


ao receber uma solicitação de carga, o geossintético através de esforços de tração, reduz a
tensão vertical aplicada ao solo. Segundo Góngora (2015), tal efeito é função da deformação
do geossintético e da sua rigidez à tração e tende a reduzir as tensões normais transmitidas ao
subleito, aumentando a capacidade de carga do conjunto.

30
Figura 7: Efeito membrana produzido pela deformação do geossintético. Fonte: Adaptado de Geosynthetic
Materials Association (2000).

2.4.2. Restrição à movimentação lateral

É um mecanismo fundamentado na força de atrito criada entre o material de reforço e o solo,


na qual a tendência de movimento é contida e o material da base e do subleito é mantido em
contado. Segundo Góngora (2015), a interação por atrito e intertravamento entre o solo de aterro
e o geossintético restringe a sua movimentação lateral, e reduz as deformações horizontais da
camada de base e do subleito fraco.

Figura 8: Mecanismo de restrição lateral do geossintético. Fonte: Adaptado de Geosynthetic Materials


Association (2000).

2.4.3. Aumento da capacidade de carga

De maneira genérica, o aumento da capacidade de carga é um dos resultados positivos gerados


pelo reforço do solo com geossintéticos, obtido pela restrição lateral e o efeito membrana. De
acordo com Góngora (2011), a maior capacidade de carga do solo provocada pela presença do

31
geossintético deve-se a que o aterro reforçado pode absorver maiores cargas aplicadas, devido
a reduçãodas tensões cisalhantes instabilizadoras transmitidas ao subleito.

Figura 9: Aumento da capacidade de carga advinda do reforço com geossintético. Fonte: Adaptado de
Geosynthetic Materials Association (2000).

2.4.4. Ensaios para avaliação da interação solo-geogrelha

De acordo com Teixeira (2003), arrancamento e cisalhamento direto são os ensaios de


laboratório mais usados para mensurar a resistência da interface solo-inclusão. Todavia, em
algumas ocasiões, somente o ensaio de arrancamento avalia convenientemente bem o
comportamento das inclusões imersas em um maciço de solo. Teixeira (2003), ainda defende
que os ensaios se diferem basicamente pela forma com que os esforços são aplicados ao
geossintético, pelos mecanismos de ruptura impostos e pelas condições de contorno de cada
um, e que o ensaio de arranchamento vem se mostrando promissor, pois simula bem o
comportamento de geogrelhas ao serem solicitadas em um maciço de solo reforçado.

O ensaio de arrancamento consiste basicamente na avaliação do desempenho do geossintético


incluso entre duas camadas de solo, quando solicitado por uma força de tração que tende a
extraí-lo. De acordo com Borges (2012), o ensaio de arrancamento (pull-out test) consiste,
basicamente, em um elemento de reforço confinado por duas camadas de solo, uma superior e
a outra inferior. Uma tensão vertical de confinamento é então aplicada ao solo por meio de uma
placa rígida ou bolsa pressurizada e, logo após, a inclusão é tracionada até que atinja a carga de
arrancamento máxima, a qual é medida por meio de uma célula de carga. O deslocamento do

32
reforço é medido por meio de extensômetros, sendo que no caso do ensaio de arrancamento em
geogrelhas podem ser medidos os deslocamentos individuais de cada membro transversal.

Segundo Teixeira (2003), os ensaios de cisalhamento direto, apesar de serem convenientes para
estudar a interação solo-geotêxtil, não se mostraram adequados ao estudo da interação solo-
geogrelha, devido às diferenças entre os mecanismos de interação do elemento de reforço com
o solo.

2.5. PRINCIPAIS MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO DE


ESTRADAS SOBRE SOLOS MOLES COM GEOSSINTÉTICO

Os geotêxteis foram os primeiros geossintéticos a serem utilizados como reforço de base de


pavimentos com revestimento primário. Eles são uma excelente solução, principalmente para a
construção de estradas em que o solo de subleito possui baixa capacidade de suporte. Além de
reforço, os geotêxteis têm função de separação, evitando que o solo granular da camada de base
seja contaminado pelos finos do subleito. A atuação do geotêxtil como reforço e separação está
ligada ao valor do CBR (Índice de Suporte Califórnia) do solo de subleito.

Os mecanismos de reforço quando o geossintético é posicionado na interface base subleito são


a prevenção de cisalhamento local no subleito, maior distribuição de cargas, redução ou
reorientação de tensões cisalhantes na interface base-subleito e efeito membrana (GIROUD;
NOIRAY, 1981; GIROUD; HAN, 2004; JEWELL, 1996). Segundo Giroud e Noiray (1981), o
reforço posicionado entre a camada de base e o subleito previne o surgimento e o
desenvolvimento de zonas locais de cisalhamento. Isto permite que o subleito suporte tensões
próximas do limite plástico como se estivesse sendo solicitado dentro de seu limite elástico.

2.5.1. Giroud e Noiray (1981)

O método proposto por Giroud e Noiray (1981) permite dimensionar estradas não pavimentadas
com e sem reforço, em condições de carregamento estático e também levando em conta o efeito
dinâmico do tráfego dos veículos. Baseado no efeito membrana do reforço, esses cálculos são
um dos mais amplamente difundidos na prática da engenharia.

Segundo Garcez (1999) o método considera que o subleito é composto de um material


homogêneo, com baixa permeabilidade, saturado, tendo uma espessura mínima suficiente para

33
desenvolvimento de uma zona plástica de ruptura, cuja resistência ao cisalhamento é
representada pela coesão não drenada, (Su). Algumas das considerações nas quais se
fundamenta a metodologia são:

 O valor de CBR para a camada de aterro é no mínimo 80%.


 Como reforço é utilizado geotêxtil com rugosidade suficiente para impedir o
deslizamento da camada do aterro sobre sua superfície.
 O material do subleito (argila ou silte) é homogêneo, saturado, em condições não
drenadas e com espessura suficiente para permitir o desenvolvimento de uma zona
plástica. Também é incompressível, o que significa que o volume de solo que recalca
é igual ao volume de solo que soergue.
 Utiliza-se uma análise por equilíbrio limite do solo, assumindo que o tráfego de
veículos sempre se desenvolve em uma única trilha. Dessa forma todas as seções
apresentam o mesmo comportamento mecânico.
 A análise em condições dinâmicas é válida para um número de passadas de eixo
padrão (eixo simples de rodas duplas) menor que 10.000.

Giroud e Noiray (1981) criaram esse método de dimensionamento de estradas não


pavimentadas sobre solos moles, que permite o cálculo da altura da camada de agregado e a
seleção adequada da geogrelha a ser utilizada, levando em consideração o tráfego e o tipo da
mesma. O método permite fazer uma comparação entre os tipos de reforço e a redução da
camada granular. Para uma determinada profundidade de afundamento por trilha de rodas e
através do módulo secante de rigidez da geogrelha, calcula-se a espessura da camada de
agregado exigida.

Considera-se que o solo se comporta em termos de coesão não drenada (Su), ou seja, saturado
e de baixa permeabilidade como é o subleito do presente caso, o que significa dizer, que o solo
do subleito é incompressível, em termos de tensões totais, onde o ângulo de atrito é zero e a
resistência a cisalhamento é uma constante. Para o cálculo da altura total necessária, ℎ0 , para
uma estrada sem reforço, considerando uma única passagem de tráfego para a análise quase
estática, utiliza-se a Equação 1.

− (𝐵+𝐿)𝑇𝑎𝑛(𝛼0 )+√(𝐵+𝐿)2 𝑇𝑎𝑛2 (𝛼0 )−4(𝐵𝐿−𝑐1 )𝑇𝑎𝑛²(𝛼0 )


ℎ0 = (1)
4𝑇𝑎𝑛²(𝛼0 )

34
Onde:

ℎ0 = altura da camada de base granular caso estático sem geogrelha (m);

B = largura do retângulo de distribuição da carga de rodas duplas (m);

L = comprimento do retângulo de distribuição da carga de rodas duplas (m);

𝛼0 = é o ângulo de espraiamento da camada sem geogrelha, em graus;

Para 𝑐1 foi utiliza-se a Equação 2:

𝑃
𝑐1 = (2)
2𝜋𝑆𝑢

Onde:

𝑐1 = Coeficiente para cálculo (m²);

P = Carga de eixo simples de roda dupla (kN), por padrão 8,2 t ;

Su = Coesão não drenada (kPa);

π = Constante matemática;

Os parâmetros (B) e (L) são calculados pelas Equações 3 e 4 levando em consideração o tráfego
pesado:

𝑃√2
𝐵=√ (3)
𝑃𝑐

𝐵
𝐿= (4)
2

Onde:

B = largura do retângulo de distribuição da carga de rodas duplas (m);

L = comprimento do retângulo de distribuição da carga de rodas duplas (m);


35
P = carga de eixo simples de roda dupla (kN), por padrão 8,2 t ;

Pc = pressão de inflação dos pneus (kN/m²);

A altura da camada de agregado, h’0, para o caso dinâmico sem reforço é obtida pela Equação
abaixo:

125,7 𝐿𝑜𝑔(𝑁)+496,52(𝑃)−294,14𝑟−2412,42
ℎ′0 = (5)
(𝑆𝑢)0,63

Para:

ℎ′0 = altura da camada de base granular, caso dinâmico sem geogrelha (m);

N = número de passadas na fase construtiva para carga padrão de 80 kN;

P = carga de eixo simples de roda dupla (kN), por padrão 8,2 t;

r = profundidade de afundamento pelo trilho de rodas m;

Su = coesão não drenada (kN/m²);

Através das Equações 6 e 7 determina-se a e a’.

𝐵+2ℎ𝑇𝑎𝑛𝛼
𝑎= (6)
2

e−B−2hTanα
𝑎′ = (7)
2

Sendo:

𝑎 = é a metade da largura da corda de parábola formada pela deformação do trilho de rodas (m);

𝑎′ = é a metade da largura da corda de parábola (m);

e = distância entre rodas (m);

36
h = adota-se para o cálculo como sendo 0;

B = largura do retângulo de distribuição da carga de rodas duplas (m);

α = é o ângulo de espraiamento da camada com geogrelha, em graus;

Como 𝑎′ > 𝑎 utiliza-se para determinação do S a Equação 8.

𝑟𝑎′
𝑠= (8)
𝑎+𝑎′

Onde

s = é a flecha correspondente;

r = profundidade de afundamento (m);

𝑎 = é a metade da largura da corda de parábola formada pela deformação do trilho de rodas (m);

𝑎′ = é a metade da largura da corda de parábola (m);

𝑐2 é dado pela Equação (9):

𝑃
𝑐2 = 𝑘𝜀 (9)
2[(𝜋+2)𝑆𝑢+
𝑎 𝑎
√1+( )²
2𝑆

Para 𝑐2 tem se:

P = Carga de eixo simples de roda dupla (kN), por padrão 8,2 t;

Su = Coesão não drenada (kPa);

π = Constante matemática;

k = módulo de rigidez secante da geogrelha (kN/m);

ε = alongamento da geogrelha = 2 %;

𝑎 = é a metade da largura da corda de parábola formada pela deformação do trilho de rodas (m);

𝑎′ = é a metade da largura da corda de parábola (m);


37
Para a altura total necessária, h, considerando reforço de geogrelhas com análise quase estática,
utiliza-se a Equação 10.

− (𝐵+𝐿)𝑇𝑎𝑛(𝛼)+√(𝐵+𝐿)2 𝑇𝑎𝑛2 (𝛼)−4(𝐵𝐿−𝑐2 )𝑇𝑎𝑛²(𝛼)


ℎ= (10)
4𝑇𝑎𝑛²(𝛼)

Em que:

h = altura da camada de base granular caso estático com geogrelha(m);

B = largura do retângulo de distribuição da carga de rodas duplas (m);

L = comprimento do retângulo de distribuição da carga de rodas duplas (m);

α = é o ângulo de espraiamento da camada com geogrelha, em graus;

Para a redução da espessura (Δh) da camada granular, considerando o reforço da geogrelha é


utilizada a Equação 11:

∆ℎ = ℎ0 − ℎ (11)

Para:

Δh = redução da espessura com reforço de geogrelha (m);

ℎ0 = altura da camada de base granular, caso estático sem geogrelha (m);

ℎ = altura da camada de base granular, caso estático com geogrelha (m);

Determinação da altura da camada granular (Hr), com reforço de geogrelha:

𝐻𝑟 = ℎ′0 − ∆ℎ (12)

Para:

Hr = altura da camada de base granular, caso dinâmico com geogrelha (m);

ℎ′0 = altura da camada de base granular caso dinâmico sem reforço (m);

∆ℎ = redução da espessura com reforço de geogrelha (m);

38
2.5.2. Meyer e Elias (1999)

Após a determinação da altura da camada granular, com reforço de geogrelha para uma via não
pavimentada, deve-se correlacionar com a situação de via pavimentada. Para R e R`` utiliza-se
as Equações 13 e 14:

𝐹𝑝
𝑅=√ (13)
𝜋𝑃𝑐

𝑅′′ = 𝑅′ + 𝐷𝑎 × 𝑇𝑎𝑛𝛽𝑎 + 𝐻𝑟 × 𝑇𝑎𝑛(𝛽𝑓,𝑎𝑐 ) (14)

Em que:

R = raio da área carregada sob a roda (m);

Fp = Carga de eixo simples de roda dupla (kN);

Pc = pressão de inflação dos pneus (kN/m²);

R’ = raio da área carregada sob a roda (m);

Da = espessura da camada asfáltica (m);

R’’ = raio da área carregada sob a roda equivalente (m);

βa = ângulo de distribuição de carga no asfalto (º);

𝐵𝑓,𝑎𝑐 = ângulo de espraiamento da carga após compactação (º);

Hr = altura da camada granular, com reforço de geogrelha (m);

O cálculo da pressão da camada granular (Pf ) é obtido pela Equação 15:

𝐹𝑝
𝑃𝑓 = + 𝛾𝑎 × 𝐷𝑎 (15)
𝜋(𝑅+𝐷𝑎×𝑇𝑎𝑛𝛽𝑎 )²

Onde:

Pf = pressão da camada granular (kPa);

39
Fp = Carga de eixo simples de roda dupla (kN);

R = raio da área carregada sob a roda (m);

βa = ângulo de distribuição de carga no asfalto (º);

𝛾𝑎 = peso específico da camada de asfalto (kN/m²);

Da = espessura da camada asfáltica (m);

Para a capacidade máxima de suporte da camada granular (Py), segundo Houlsby e Jewell
(1990) utiliza-se a Equação 16.

𝑃𝑦 = 0,6 × (𝑅 + 𝐷𝑎 × 𝑇𝑎𝑛𝛽𝑎 ) × 𝛾𝑓 × 𝑁𝑦 (16)

Onde:

Py = suporte máximo da camada granular (kPa);

R = raio da área carregada sob a roda (m);

βa = ângulo de distribuição de carga no asfalto (0);

Da = espessura da camada asfáltica (m);

𝛾𝑓 = peso específico da camada granular (kN/m³);

Ny = fator de capacidade de carga;

O coeficiente “Ny” é utilizado de acordo com a Tabela 1 de Hansen e Vesic (1975).

40
Tabela 1: Fatores de capacidade de suporte para camadas granulares.

Ângulo de Atrito 𝑁𝛾 Ângulo de Atrito 𝑁𝛾


30 22 38 78
31 26 38 92,3
32 30 40 109
33 35 41 130
34 41 42 156
35 48 43 187
36 56 44 225
37 66 45 272

Fonte: Adaptada de Hansen e Vesic (1975).

A verificação da estabilidade da camada granular é obtida de acordo com a Equação 17.

𝑃𝑦
> 1,1 (17)
𝑃𝑓

Onde:

𝑃𝑦 = suporte máximo da camada granular (kPa);

𝑃𝑓 = pressão da camada granular (kPa);

A estimativa para tráfego de projeto (Np) é calculado de acordo com o tempo de vida do projeto
para o pavimento, pela Equação 18.

𝑁𝑝 = 𝑡 × 365 × 𝑁 (18)

Onde:

Np = Tráfego estimado de projeto;

t = tempo em anos;

N = número de solicitações de eixo padrão;

Para obter a carga de roda equivalente (Fe) é utilizada a Equação 19.

41
1
𝐹𝑒 = 𝐹𝑝 × (𝑁𝑝 ) 62
(19)

Onde:

Fe = carga de roda equivalente (kN);

Fp = Carga de eixo simples de roda dupla (kN);

Np = Tráfego estimado de projeto;

A pressão equivalente no subleito (Pes) é calculada pela Equação 20.

𝐹𝑒
𝑃𝑒𝑠 = + 𝛾𝑎 × 𝐷𝑎 + 𝛾𝑓 × 𝐻𝑟 (20)
𝜋×(𝑅+𝐷𝑎×𝑇𝑎𝑛𝛽𝑎 +𝐻𝑟 ×𝑇𝑎𝑛(𝛽𝑓 ,𝑎𝑐)²

Para:

𝑃𝑒𝑠 = pressão equivalente no subleito (kPa);

𝐹𝑒 = carga de roda equivalente (kN);

R = raio da área carregada sob a roda (m);

Da = espessura da camada asfáltica (m);

βa = ângulo de distribuição de carga no asfalto (º);

Hr = altura da camada granular, com reforço de geogrelha (m);

𝛽𝑓,𝑎𝑐 = ângulo de espraiamento da carga após compactação (º);

𝛾𝑎 = peso específico da camada de asfalto (kN/m³);

𝛾𝑓 = peso específico da camada de granular (kN/m³);

Cálculo da capacidade máxima de suporte da camada de subleito (Pu);

42
𝑅+𝐷𝑎×𝑇𝑎𝑛𝛽𝑎 +𝐻𝑟×𝑇𝑎𝑛(𝛽𝑓,𝑎𝑐 )
𝑃𝑢 = 𝑁𝑐 × 𝐶𝐵𝑅 × 30 × ( )² (21)
𝑅

Onde:

Pu = capacidade máxima de suporte da camada de subleito (kPa);

Nc = Fator de carga;

CBR = California Bearing Ratio (Índice de Suporte Califórnia);

Para verificação da estabilidade do subleito utiliza-se a Equação 22.

𝑅+𝐷𝑎×𝑇𝑎𝑛𝛽𝑎 +𝐻𝑟 ×𝑇𝑎𝑛(𝛽𝑓,𝑎𝑐 )


𝑃𝑢 𝑁𝑐 ×𝐶𝐵𝑅×30×( 𝑅

𝐹𝑆𝑠𝑢𝑏𝑙𝑒𝑖𝑡𝑜 = = 𝐹𝑒 > 1,5 (22)
𝑃𝑒𝑠 +𝛾 ×𝐷𝑎+𝛾𝑓 ×𝐻𝑟
𝜋×(𝑅+𝐷𝑎×𝑇𝑎𝑛𝛽𝑎 +𝐻𝑟×𝑇𝑎𝑛(𝛽𝑓,𝑎𝑐 )² 𝑎

Em que:

𝐹𝑆𝑠𝑢𝑏𝑙𝑒𝑖𝑡𝑜 = fator de segurança;

𝑃𝑢 = capacidade máxima de suporte da camada de subleito (kPa);

𝑃𝑒𝑠 = pressão equivalente no subleito (kPa);

𝑁𝑐 = Fator de carga;

CBR = California Bearing Ratio (Índice de Suporte Califórnia);

R = raio da área carregada sob a roda (m);

Da = espessura da camada asfáltica (m);

βa = ângulo de distribuição de carga no asfalto (º);

Hr = altura da camada granular, com reforço de geogrelha (m);

𝛽𝑓,𝑎𝑐 = ângulo de espraiamento da carga após compactação (º);

𝐹𝑒 = carga de roda equivalente (kN);

43
𝛾𝑎 = peso específico da camada de asfalto (kN/m³);

𝛾𝑓 = peso específico da camada de granular (kN/m³);

Em termos de estabilidade da fundação, o problema básico refere-se à determinação da altura


crítica do aterro. Esta altura pode ser determinada em função da resistência não drenada do solo
de fundação desconsiderando-se os efeitos da inclinação do talude, da variação da resistência
não drenada com a profundidade e a resistência do aterro. Aplicando-se um dado fator de
segurança, usualmente 𝐹𝑠 = 1,5, resulta um valor da altura admissível do aterro dado por:

5,5×𝑆𝑢
𝛾
𝐻𝑇𝑎𝑑𝑚 = (23)
𝐹𝑠

2.6. PROGRAMA GEOSTUDIO

O programa computacional GeoStudio é baseado no método de elementos finitos, que permite


o trabalho em diversos casos de uso de engenharia. O programa possui oito diferentes
plataformas, a saber: Sigma/w, Slope/w, Seep/w, Quake/w, Temp/w, Ctran/w, Air/w e
Vadose/w, que fornecem ao usuário respectivamente a análise da tensão-deformação, da
estabilidade de um declive, do fluxo de água subterrânea, da dinâmica de terremoto, além da
análise térmica, do transporte de contaminantes, do fluxo de ar, e da zona e do solo de vadose.
Para utilização neste trabalho, possuem maior relevância o primeiro caso isolado, e a
combinação do primeiro com o segundo.

2.6.1. Sigma/w

Basicamente, realiza a análise de deformação e estresse de obras civis e geotécnicas, sendo


capaz de efetuar desde uma simples análise de deformação elástica linear até uma análise de
interação solo-estrutura de grande sofisticação. Permite-se acoplar com outras plataformas do
programa GeoStudio, oferecendo maiores capacidades analíticas.

44
3. METODOLOGIA

O presente trabalho focou no estudo de caso da obra da Marginal Botafogo, em Goiânia Goiás,
nas coordenadas geográficas 16° 42’ 39,0’’ S e 49° 14’ 39,7’’ W, na qual foi realizado o reforço
de parte do subleito da via com a utilização de geogrelhas. Todo o processo de reforço
executado foi acompanhado, e as etapas registradas, desde o recebimento do material, ensaios
laboratoriais e marcação topográfica até a aplicação do material de reforço. A Figura 10,
apresenta a área implementada do trecho objeto de estudo, situado no segmento compreendido
entre a continuação da Rua Ciclovia em direção à Avenida 2ª Radial em Goiânia.

Figura 10: Trecho objeto de estudo, na cidade de Goiânia – GO. Fonte: Google Earth, adaptada pelos autores.

As etapas consideradas na pesquisa estão relacionadas na Figura 11 e foram divididas conforme


a necessidade do trabalho, compreendendo desde o acompanhamento da execução do reforço
na obra objeto de estudo, o desenvolvimento da revisão bibliográfica, os cálculos de acordo
com os métodos de dimensionamento adotados até a análise e obtenção dos resultados.

45
Análise dos
Acompanhamento
resultados dos
de todo o processo
ensaios de Revisão bibliográfica
construtivo na obra
caracterização do
objeto de estudo
solo no local

Dimensionamento Considerar para o Obter o fator de


através de metodos dimensionamento segurança e altura
analíticos diferentes tipos de máxima admissível
específicos para geogrelhas e suas da camada de aterro
geossintéticos especificações para cada geogrelha

Analisar o
compartamento do
Relação custo- Resultados obtidos e
solo nos diferentes
benefício considerações finais
casos estudados no
GeoStudio.

Figura 11: Fluxograma do plano de pesquisa. Fonte: Os autores.

A presente pesquisa desenvolveu a sequência metodológica presente na Figura 11, na qual a


primeira etapa foi constituída pelo acompanhamento do processo construtivo na obra objeto de
estudo, bem como análise dos resultados dos ensaios de caracterização realizados no solo do
local, sendo valido destacar o CBR (Índice de suporte de Califórnia) e SPT (Ensaio de
penetração padrão), que determinaram a capacidade de suporte do solo compactado, bem como
o reconhecimento geotécnico. Tais ensaios foram realizados pela empresa responsável pelo
empreendimento em concordância com as respectivas normas técnicas da ABNT NBR: 9895/87
e 6484/97. Simultaneamente foi realizada uma ampla revisão bibliográfica em livros e artigos
técnicos e científicos, que possibilitou a construção de um referencial teórico consistente, capaz
de respaldar a construção textual do trabalho.

Na segunda etapa foram abordados, em linhas gerais, dois métodos de dimensionamento


representativos para geossintéticos que se complementam: Giroud e Noiray (1981) e Meyer e
Elias (1999). O primeiro forneceu a variação da altura da camada de aterro considerando a
situação com e sem reforço para estradas não-pavimentadas. Já o método de Meyer e Elias
(1999) utilizou a espessura da base granular do método anterior para o caso de vias
pavimentadas, calculando o fator de segurança e obtendo a altura máxima admissível. Aplicou-
se os modelos matemáticos citados ao objeto de estudo, obtendo a sequência de cálculos
proposta na Figura 12.

46
Fator de
segurança do
subleito

Método Giroud
e Noiray
(1981)
Capacidade
máxima de
suporte do
subleito

Comprimento e
largura da área
de contado
pneu-solo
Pressão
equivalente no
subleito
Altura da
camada de
aterro sem
geossintético

Carga de roda
equivalente

Altura da
camada de
aterro com
geossintético

Pressão e
capacidade de
suporte

Cálculo da
redução da
altura da
camada de
aterro
Raio da área
carregada sob a
roda
Altura da
camada de
aterro sem LEGENDA:
geossintético
Métodos de dimensonamento utilizados.
Método Meyer e
Elias (1999) Caso estático (Giroud e Noiray, 1981).

Altura da Caso dinâmico (Giroud e Noiray, 1981).


camada de
aterro com
geossintético Situação de via pavimentada (Meyer e Elias, 1999).

Figura 12: Sequência de cálculo dos métodos de Giroud e Noiray (1981) e Meyer e Elias (1999).
Fonte: Os autores.
47
Para o dimensionamento com o método de Giroud e Noiray (1981) foi necessário o
conhecimento de dados de entrada, como o valor do CBR (Índice de Suporte de Califórnia) do
solo do subleito, obtido através de ensaio laboratorial regido pela NBR 9895/87, no qual são
moldados e compactados corpos de prova, e colocados em imersão por no mínimo 4 dias e após
serem drenados naturalmente por quinze minutos, são levados a prensa para obtenção da
resistência a penetração. Também foi preciso conhecer o número de repetições de carga de um
eixo padrão que o pavimento estará sujeito, a resistência não drenada do solo e as dimensões
do retângulo de distribuição de cargas de rodas duplas, que são variáveis obtidas por formulação
matemática apresentadas pelo referencial teórico adotado, além de dados como carga por eixo
simples de roda dupla, pressão de inflação dos pneus, ângulo de espraiamento da camada de
aterro e o módulo de rigidez secante da geogrelha, que são incógnitas conhecidas, tabeladas ou
recomendadas por outros estudos.

A aplicação do método de Meyer e Elias (1999), também foi condicionada a dados de entrada,
alguns já citados anteriormente, e demais variáveis como, a espessura da camada asfáltica e o
peso específico do material que a compõe, que foram adotados segundo o projeto da obra objeto
de estudo, além do raio da área carregada sob a roda, pressão da camada granular e seu suporte
máximo, o tráfego estimado de projeto e a pressão equivalente no subleito, bem como sua
capacidade máxima, calculadas por equações matemáticas apresentadas pelo próprio método.

A aplicação dos métodos, foi replicada para diferentes de tipos de geogrelha, especificamente
aos modelos WG 40, WG 60, WG 90, WG 120, WG150, WG 200, WG 300, WG 400, WG 500
e WG 600, escolhidos após estudo de mercado à cerca dos principais perfis de geogrelha
utilizados no mercado atualmente. Foram obtidas então as alturas máximas admissíveis da
camada de aterro para cada caso, o que possibilitou a análise de custo-benefício para diferentes
situações. Na análise de custo foram consideradas não apenas o valor dos materiais necessários
para execução do reforço, estendendo o estudo aos gastos com equipamentos e mão-de-obra,
fatores estes obtidos através do “ponto de equilíbrio” apresentado nos Apêndices A e B,
ferramenta utilizada para mensurar, quantificar e planejar os custos de determinado serviço.

Com o auxílio do programa computacional GeoStudio 2016 na sua plataforma SIGMA/W, foi
realizada uma análise de tensão total para cada condição de altura máxima admissível
considerada e o tipo de geogrelha, sendo possível estudar as tensões máximas atuantes em cada
dimensionamento e compará-los, além de obter uma visão geral de como o solo do subleito se
comporta com e sem reforço. Complementar a análise de tensão total, foi realizada também a
48
verificação da deformação, que contribuiu para visualização do possível comportamento do
solo em cada caso. Para que tal análise se tornasse possível, foi necessário o conhecimento de
dados de entrada como, o peso específico do material da camada de aterro e do tipo de
geogrelha, obtidos respectivamente pelo ensaio de frasco de areia, regido pela NBR 7185/86 e
segundo orientações do fabricante.

Por fim, os resultados foram analisados e verificado qual o tipo de dimensionamento se


comportou melhor de acordo com o estudo realizado. Para realizar a análise dos resultados foi
levada em consideração a possibilidade de implementação de todos os dimensionamentos
estudados, e quais os seus pontos positivos e negativos. As variáveis mais enfatizadas foram o
custo de execução, as tensões no solo e as deformações geradas pelas mesmas. Posteriormente
foi realizada a compilação de todos os resultados obtidos e analisados, para que fosse possível
obter as conclusões necessárias quanto a performance de cada caso estudado e obter qual o
dimensionamento se destacou positivamente entre os demais.

49
4. RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos ao longo da pesquisa, bem como as
análises propostas na metodologia. Os resultados são expostos em tópicos, de acordo com a
etapa em que os mesmos foram obtidos, tendo início nos dimensionamentos empíricos de
Giroud e Noiray (1981) e Meyer e Elias (1999), em sequência na análise de custo e por fim o
estudo com o programa computacional GeoStudio.

4.1. DIMENSIONAMENTO COM O MÉTODO DE GIROUD E NOIRAY


(1981)
Os resultados obtidos pelo método de Giroud e Noiray (1981) foram obtidos de acordo com a
sequência metodológica de cálculos proposta e forneceram a altura da camada de aterro
necessária para o reforço do subleito com e sem geogrelhas, considerando o caso estático e
dinâmico.

4.1.1. Altura total necessária para uma estrada sem reforço, caso estático

Para obtenção da altura da camada de base granular considerando o caso estático e sem reforço
com geogrelha, foi empregada a Equação 1. Os parâmetros utilizados para o cálculo estão
dispostos na Tabela 2, bem como o valor calculado da altura da camada de 1,183 metros. Como
essa altura é da base granular para o caso sem reforço com geogrelha, o seu valor não sofrerá
alteração independentemente do tipo de geogrelha utilizada para realizar o dimensionamento.

Tabela 2: Altura da camada de base granular caso estático sem geogrelha

Pc Su
P (kN) B (m) L (m) α0 (rad) C1 h0 (m)
(kN/m²) (kPa)
80 717 0,397 0,199 0,464 2,188 5,820 1,183

Fonte: Os autores.

4.1.2. Altura da camada de agregado para uma estrada sem reforço, caso dinâmico

Levando em consideração o caso dinâmico, ou seja, o tráfego de veículos não é desconsiderado,


foi utilizada a Equação 5 para encontrar a altura de base da camada granular. Os dados utilizados
para o cálculo estão dispostos na Tabela 3, e o valor obtido para a altura da camada foi 2,071
metros. Da mesmo forma que o resultado anterior, essa altura é calculada para o caso sem
50
reforço com geogrelha, sendo independente do tipo de geogrelha que será adotada nos próximos
cálculos.
Tabela 3: Altura da camada de base granular caso dinâmico sem geogrelha

N P r (m) Su (Kpa) h'0 (m)

10000 8000 0,075 5,820 2,071

Fonte: Os autores.

4.1.3. Altura da camada de base granular, caso estático com geogrelha

A altura da camada de base granular para o caso estático com o reforço de geogrelha varia
conforme o tipo de geogrelha que é adotado, isso ocorre já que a variável é dependente do
módulo de rigidez secante e alongamento que é característico de cada modelo. Conforme o tipo
de geogrelha varia, do modelo WG 40 até o WG 600, tanto o módulo de rigidez quanto o
alongamento aumentam, consequentemente a altura da camada da base granular reduz, gerando
dimensionamentos diferentes. Na Tabela 4 estão relacionados os parâmetros para o cálculo da
altura da camada da base granular que não variam conforme o tipo de geogrelha é alterado, já
a Tabela 5 relaciona os dados que variam conforme o modelo de geogrelha é alternado, bem
como a altura da camada calculada para cada modelo pela Equação 10.

Tabela 4: Parâmetros para o cálculo da camada de granular que não mudam ao variar o tipo de geogrelha.

P Pc B L α Su h0 a' S
Geogrelha e a (m) r (m)
(KN) (KN/m²) (m) (m) (rad) (Kpa) (m) (m) (m)
WG 40
WG 60
WG 90
WG 120
WG 150
80 717 0,4 0,2 0,46 5,82 1,9 1,18 0,79 0,16 0,08 0,01
WG 200
WG 300
WG 400
WG 500
WG 600
Fonte: Os autores.

51
Tabela 5: Altura da camada de base granular caso estático com geogrelha.

Geogrelha k(kN/m) ε C2 h (m)


WG 40 440 8,80 1,323 0,214
WG 60 555 11,10 1,314 0,213
WG 90 830 16,60 1,288 0,210
WG 120 1.110 22,20 1,252 0,206
WG 150 1.405 28,10 1,206 0,201
WG 200 1.750 35,00 1,144 0,194
WG 300 2.750 55,00 0,944 0,169
WG 400 3.500 70,00 0,799 0,150
WG 500 6.000 120,00 0,449 0,095
WG 600 7.000 140,00 0,362 0,078

Fonte: Os autores.

4.1.4. Redução da espessura da camada granular considerando reforço com geogrelha no


caso estático

A redução da espessura da camada granular para o caso estático com geogrelha foi obtido pela
diferença entre o valor da altura da camada de base para o caso estático sem e com reforço de
geogrelha. A medida em que o modelo varia do WG 40 até o WG 600, e consequentemente o
seu valor do módulo de rigidez secante e alongamento aumentam, a redução da camada granular
também aumenta. A Tabela 6 demonstra a redução da espessura da camada a medida que o tipo
de geogrelha varia.

52
Tabela 6: Altura da camada de base granular caso estático com geogrelha.

Geogrelha h0 (m) h (m) Δh (m)

WG 40 1,183 0,214 0,969


WG 60 1,183 0,213 0,970
WG 90 1,183 0,210 0,973
WG 120 1,183 0,206 0,977
WG 150 1,183 0,201 0,982
WG 200 1,183 0,194 0,989
WG 300 1,183 0,169 1,013
WG 400 1,183 0,150 1,033
WG 500 1,183 0,095 1,088
WG 600 1,183 0,078 1,105

Fonte: Os autores.

4.1.5. Altura da camada de base granular, caso dinâmico com geogrelha

A redução da espessura da camada de base granular para o caso dinâmico é o mesmo para o
caso estático, então a altura da camada granular para o caso dinâmico foi obtida subtraindo da
altura da camada para o caso dinâmico sem geogrelha o valor da redução da camada. A Tabela
7 relaciona a altura da camada da base granular para cada tipo de geogrelha, e demonstra que a
altura diminui a medida que o modelo varia do WG 40 para o WG 600.

53
Tabela 7: Altura da camada de base granular caso dinâmico com geogrelha.

Geogrelha h'0 (m) Δh (m) Hr (m)

WG 40 2,071 0,969 1,102


WG 60 2,071 0,970 1,101
WG 90 2,071 0,973 1,098
WG 120 2,071 0,977 1,094
WG 150 2,071 0,982 1,089
WG 200 2,071 0,989 1,082
WG 300 2,071 1,013 1,058
WG 400 2,071 1,033 1,038
WG 500 2,071 1,088 0,983
WG 600 2,071 1,105 0,966

Fonte: Os autores.

4.2. DIMENSIONAMENTO COM O MÉTODO DE MEYER E ELIAS


(1999)
Foram obtidos com o método de Meyer e Elias (1999), a verificação de estabilidade de cada
dimensionamento estudado, bem como os respectivos fatores de segurança de cada caso, além
de outros parâmetros necessários para o resultado final como o raio da área carregada sob a
roda equivalente, a pressão e o suporte máximo da camada granular e a pressão e capacidade
máxima de suporte da camada de subleito. Foi calculada também a altura crítica de aterro,
segundo a teoria de execução de aterro sobre solos moles.

4.2.1. Raio da área carregada sob a roda equivalente

O raio da área carregada sob a roda equivalente foi calculada pela Equação 13 para todos os
tipos de geogrelha estudados, e conforme o modelo varia constatou-se a variação também do
valor do raio da área carregada sob a roda equivalente, que variou de 1,193 até 1,079 metros,
reduzindo a medida que a altura da camada granular diminui, o que pode ser identificado na
Tabela 8.

54
Tabela 8: Raio da área carregada sob a roda equivalente.

Fp Pc Da βa βf,ac
Geogrelha R (m) Hr (m) R'' (m)
(kN) (kN/m²) (m) (rad) (rad)
WG 40 1,102 0,698 1,193
WG 60 1,101 0,698 1,192
WG 90 1,098 0,698 1,190
WG 120 1,094 0,698 1,187
WG 150 1,089 0,698 1,182
80 717 0,1884562 0,08 0,785
WG 200 1,082 0,698 1,176
WG 300 1,058 0,698 1,156
WG 400 1,038 0,698 1,140
WG 500 0,983 0,698 1,093
WG 600 0,966 0,698 1,079

Fonte: Os autores.

4.2.2. Pressão e suporte máximo da camada granular

A pressão e o suporte máximo da camada granular calculados respectivamente pelas Equações


15 e 16, não variam conforme o tipo de geogrelha muda e consequentemente não influenciarão
para a mudança de dimensionamento, ou seja, segundo os dados de entrada relacionados nas
Tabela 9 e 10 foram obtidos a pressão da camada granular, bem como seu suporte máximo, que
serão os mesmos para todos os casos analisados.

Tabela 9: Pressão da camada granular.

Fp (kN) R (m) Da (m) βa (rad) γa (kN/m²) Pf (kPa)

80 0,2 0,08 0,785 20 326,405

Fonte: Os autores.

Tabela 10: Suporte máximo da camada granular.

R (m) Da (m) βa (rad) γf (kN/m²) Ny Py (kPa)

0,2 0,08 0,785 20 109,4 367,584

Fonte: Os autores.

55
4.2.3. Verificação de estabilidade

O método de Meyer e Elias realiza uma verificação de estabilidade, que consiste na razão entre
a pressão e o suporte máximo da camada granular, ambos citados anteriormente. Esta razão
deve ser superior a 1,1 para alcançar a estabilidade. Como ambos a pressão e o suporte máximo
da camada são os mesmos para todos os tipos de geogrelha, consequentemente a verificação de
estabilidade é a mesma para todos os casos. O valor obtido da razão foi 1,126 o que demonstrou
estabilidade e permitiu a continuação da aplicação do método.

4.2.4. Pressão equivalente e capacidade máxima de suporte no subleito

A pressão equivalente no subleito obtida segundo a Equação 20, varia conforme o tipo de
geogrelha e está relacionado na Tabela 11, aumentando a medida que a altura da camada de
base granular diminui. Já a capacidade máxima de suporte calculada pela Equação 21, reduz a
medida que a altura da camada de base granular também reduz, o que pode ser identificado na
Tabela 12.

Tabela 11: Pressão equivalente no subleito.

Fe R βa Hr βf,ac γa Da γf Pes
Geogrelha
(kN) (m) (rad) (m) (rad) (kN/m²) (m) (kN/m²) (kPa)
WG 40 1,102 130,167
WG 60 1,101 130,212
WG 90 1,098 130,360
WG 120 1,094 130,565
WG 150 1,089 130,834
353,38 0,20 0,78 0,69 20,0 0,08 20,0
WG 200 1,082 131,206
WG 300 1,058 132,524
WG 400 1,038 133,615
WG 500 0,983 136,973
WG 600 0,966 138,065

Fonte: Os autores.

56
Tabela 12: Capacidade máxima de suporte da camada de subleito.

Da βa βf,ac
Geogrelha Ny CBR R (m) Hr (m) Pu (kPa)
(m) (rad) (rad)

WG 40 1,102 1306,297
WG 60 1,101 1304,686
WG 90 1,098 1299,437
WG 120 1,094 1292,239
WG 150 1,089 1282,911
1,5 0,8 0,2 0,08 0,785 0,698
WG 200 1,082 1270,177
WG 300 1,058 1226,910
WG 400 1,038 1193,039
WG 500 0,983 1098,597
WG 600 0,966 1070,675

Fonte: Os autores.

4.2.5. Fator de segurança

O fator de segurança obtido com o método de Meyer e Elias foi calculado através da Equação
22, na qual é realizada a razão entre a capacidade máxima de suporte e a e a pressão equivalente
no subleito. O valor do fator de segurança diminuiu a medida que foi alternada o tipo de
geogrelha, variando desde o modelo WG 40 até o WG 600. A Tabela 13 correlaciona o valor
obtido do fator de segurança com a respectivo modelo adotado.

57
Tabela 13: Fator de segurança.

FSsubleito
Geogrelha (Fator de
segurança)
WG 40 10,036
WG 60 10,020
WG 90 9,968
WG 120 9,897
WG 150 9,806
WG 200 9,681
WG 300 9,258
WG 400 8,929
WG 500 8,021
WG 600 7,755

Fonte: Os autores.

4.2.6. Altura crítica de aterro, segundo a teoria de execução de aterro sobre solos moles

A altura crítica da camada de aterro foi calculada pela Equação 23, que determinou qual a altura
máxima poderá ser adotada no trabalho. Foram constatados que alguns dimensionamentos
tiveram a altura superior a altura máxima, de forma que não é recomendável a sua
implementação. O valor obtido foi de 1,067 m, e a Tabela 14 demonstra quais os possíveis tipos
de geogrelha e seus dimensionamentos poderão ser adotados.

58
Tabela 14: Altura máxima da camada de aterro.

Altura máxima da
Altura da camada
Geogrelha camada de aterro Implementação
de aterro (m)
(m)
WG 40 1,102082
WG 60 1,101197
WG 90 1,098307
Não recomendada
WG 120 1,094335
WG 150 1,089172
1,067
WG 200 1,082093
WG 300 1,057770
WG 400 1,038429
Possível
WG 500 0,98300
WG 600 0,96616

Fonte: Os autores.

4.3. ANÁLISE DOS DIMENSIONAMENTOS QUANTO AO CUSTO DE


IMPLEMENTAÇÃO

4.3.1. Altura da camada de aterro x custo unitário da geogrelha

Os tipos de geogrelha utilizados para a elaboração da pesquisa possuem características


semelhantes, contudo algumas propriedades são diferentes como resistência e alongamento, o
que consequentemente provoca variação no preço do produto. A Tabela 14 relaciona o valor
unitário ao tipo correspondente de geogrelha.

59
Tabela 15: Altura máxima da camada de aterro.

Tipo de geogrelha Valor da geogrelha (m²)

WG 40 R$ 12,80
WG 60 R$ 13,95
WG 90 R$ 17,76
WG 120 R$ 20,29
WG 150 R$ 21,71
WG 200 R$ 27,70
WG 300 R$ 39,00
WG 400 R$ 54,54
WG 500 R$ 64,37
WG 600 R$ 70,81
Estudo de caso R$ 38,46

Fonte: Os autores.

Ao mesmo tempo em que o valor da geogrelha aumenta, a altura da camada de aterro reduz,
como pode ser observado na Figura 13. Com a redução da altura da camada o valor gasto com
esse material diminui na mesma proporção, bem como o valor com mão de obra e
equipamentos, já por outro lado é acrescido o valor da geogrelha, responsável esta pela redução
da camada de aterro. Na presente pesquisa foi estudada essa relação, buscando analisar qual a
melhor opção, visto que cada tipo de dimensionamento possui pontos positivos e negativos.

60
Figura 13: Altura da camada de aterro x custo unitário da geogrelha. Fonte: Os autores.

4.3.2. Valor total gasto com geogrelha x Valor total gasto com material de jazida

O material da geogrelha é relativamente caro, que supera proporcionalmente o valor do material


de jazida que é utilizado este para realizar a camada de aterro, bem como a base e sub base do
pavimento. O estudo considerou uma área total de 2060 m², e segundo esta quantidade obteve
o valor a ser gasto com geogrelha e material de jazida de acordo com o tipo de dimensionamento
adotado. Os valores podem ser observados na Tabela 15, e uma análise visual é obtida com a
Figura 14. Observou-se que a diferença do preço total da geogrelha chega a R$ 85.984,40, valor
este que supera todos os valores totais referentes a materias de jazida, demonstrando o seu alto
custo.

61
Tabela 16: Valor total gasto com geogrelha x valor total gasto com material de jazida.

Valor total gasto com


Valor total gasto com a
Tipo de geogrelha material de jazida ou
geogrelha
brita 2
WG 40 R$ 26.368,00 R$ 20.705,04
WG 60 R$ 28.737,00 R$ 20.688,41
WG 90 R$ 36.585,60 R$ 20.634,13
WG 120 R$ 41.797,40 R$ 20.559,50
WG 150 R$ 44.722,60 R$ 20.462,50
WG 200 R$ 57.062,00 R$ 20.329,51
WG 300 R$ 80.340,00 R$ 19.872,55
WG 400 R$ 112.352,40 R$ 19.509,19
WG 500 R$ 132.602,20 R$ 18.467,84
WG 600 R$ 145.868,60 R$ 18.151,46
Estudo de caso R$ 79.227,60 R$ 34.281,70

Fonte: Os autores.

Figura 14: Valor da total gasto com geogrelha x valor total gasto com material de jazida. Fonte: Os autores.

62
4.3.3. Valor gasto com CBUQ

A camada de pavimento constituído por Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), foi
dimensionado segundo o método de Meyer e Elias com a espessura mínima de 8 cm, valores
menores tornaram o dimensionamento instável. A espessura da capa asfáltica utilizada no
dimensionamento utilizado na obra objeto de estudo é da ordem de 5 cm. A diferença entre o
que foi dimensionado no trabalho e o que de fato foi executado é 3 cm , que pode parecer
aparentemente pouco. Porém, quando considera-se uma área de estudo total de 2060 m² gera
um custo considerável, que faz grande diferença no valor de implementação da obra e é um
ponto favorável do dimensionamento utilizado na obra estudada. A diferença de valor obtida
com a espessura da capa asfáltica é de R$ 20.096,12 e pode ser observada na Tabela 16.

Tabela 17: Valor gasto com material de capa asfáltica.

Valor gasto com a


Tipo de geogrelha
capa asfáltica
WG 40
WG 60
WG 90
WG 120
WG 150
R$ 53.589,66
WG 200
WG 300
WG 400
WG 500
WG 600
Estudo de caso R$ 33.493,54

Fonte: Os autores.

4.3.4. Valor total de implementação da obra

Considerando o valor total gasto com materias, mão de obra e equipamentos, a Tabela 17
fornece o valor total gasto para uma área de 2060 m². Está incluso no valor dos materiais os
gastos com material de jazida, brita 2 e capa asfáltica, utilizados na quantidade prevista em cada
dimensionamento. O valor da mão de obra e equipamento foi alcançado através do ponto de

63
equilíbrio de cada serviço, ferramenta utilizada para mensurar o custo de implementação de do
mesmo. O valor total foi obtido com a soma de todos os gastos previstos e através dele é possível
analisar qual a melhor opção financeira a se adotar.

Tabela 18: Valor total gasto na obra.

Valor gasto com mão de


Valor total gasto obra/equipamentos Valor total gasto
Tipo de geogrelha
com material (reforço/terraplenagem/capa na obra
asfáltica)
WG 40 R$ 100.662,71 R$ 18.107,40 R$ 118.770,11
WG 60 R$ 103.015,07 R$ 18.107,40 R$ 121.122,47
WG 90 R$ 110.809,39 R$ 18.107,40 R$ 128.916,79
WG 120 R$ 115.946,57 R$ 18.107,40 R$ 134.053,97
WG 150 R$ 118.774,77 R$ 18.107,40 R$ 136.882,17
WG 200 R$ 130.981,17 R$ 18.107,40 R$ 149.088,57
WG 300 R$ 153.802,22 R$ 18.107,40 R$ 171.909,62
WG 400 R$ 185.451,25 R$ 18.107,40 R$ 203.558,65
WG 500 R$ 204.659,70 R$ 18.107,40 R$ 222.767,10
WG 600 R$ 217.609,72 R$ 18.107,40 R$ 235.717,12
Estudo de caso R$ 175.084,76 R$ 38.170,15 R$ 185.172,99

Fonte: Os autores.

O valor total de implementação do reforço variou consideravelmente de acordo com o tipo de


geogrelha adotada, chegando a R$ 116.947,01 de diferença entre o modelo WG 40 e o WG 600,
respectivamente os tipos de geogrelha que apresentam o menor e o maior custo unitário. O
dimensionamento utilizado na obra em estudo, a partit de dois modelos de geogrelha
combinados apresentou um custo total de R$ 185.172,99.

4.3.5. Melhor dimensionamento custo-benefício possível

Analisando a Tabela 18, que relaciona o custo total de implementação de cada


dimensionamento, como a possibilidade ou não de execução do mesmo, foi constatado que o
dimensionamento com a geogrelha WG 40 é o que possui o menor custo para ser implementado.
Ainda assim, como já foi discutido o dimensionamento está condicionado a uma altura máxima

64
da camada de aterro, que é satisfeita apenas pelos dimensionamentos com as geogrelhas WG
300, WG 400, WG 500 e WG 600. Sendo assim, o dimensionamento com a geogrelha WG 300
apresenta o custo de execução inferior a todos os outros possíveis, até mesmo ao
dimensionamento utilizado na obra objeto de estudo, e levando em consideração apenas o fator
custo-benefício é a alternativa mais interessante.

Tabela 19: Valor gasto com material de capa asfáltica.

Valor total gasto na


Tipo de geogrelha Implementação
obra
WG 40 R$ 118.770,11
WG 60 R$ 121.122,47
WG 90 R$ 128.916,79
Não recomendada
WG 120 R$ 134.053,97
WG 150 R$ 136.882,17
WG 200 R$ 149.088,57
WG 300 R$ 171.909,62
WG 400 R$ 203.558,65
Possível
WG 500 R$ 222.767,10
WG 600 R$ 235.717,12
Estudo de caso R$ 185.172,99 Realizada

Fonte: Os autores.

4.4. ANÁLISE DE TENSÕES

Foram analisadas cinco situações diferentes de dimensionamento com o programa GeoStudio,


considerando o solo natural do local da obra sem reforço, e o caso reforçado. Quanto ao
dimensionamento com reforço do subleito foi estudado, o caso real utilizado na obra, o reforço
sem geogrelha e com as geogrelhas WG 40 e WG300. A escolha dos modelos foi influenciada
pelos resultados obtidos no trabalho quanto ao custo de implementação, priorizando estudar os
casos que obtiveram melhores resultados.
A análise realizada pelo programa Geostudio permitiu verificar as tensões totais que estão
atuando no solo, e comparar os tipos de dimensionamento estudados. Para que os cálculos
possam ser realizados pelo software, dados de entrada devem ser fornecidos, bem como a

65
geometria dimensionada. Os parâmetros adotados estão relacionados na Tabela 19 abaixo.

Tabela 20: Parâmetros adotados.

Peso Específico Módulo de Coeficiente de


Material
(kN/m³) Elasticidade (kPa) Poisson
Solo Silte Arenoso 16 2500 0,30
Solo Argila Arenosa 18 2800 0,25
Geogrelha 20,6 7000 0,34
Pavimento 18,5 90000 0,30

Fonte: Os autores.

4.4.1. Caso solo natural com pavimentação

Foi considerado o caso do solo natural sem reforço na primeira análise de tensões, representado
na Figura 15, para obter os resultados sobre como o solo se comporta inicialmente sem reforço
ao ser solicitado devido uma tensão externa. O solo é composto basicamente por dois tipos de
solo, o silte arenoso e a argila arenosa, e o perfil estudado considera a profundidade até 4 m. A
camada de pavimento é composta por CBUQ, com espessura de 8 cm.

a)

b)

Figura 15: a) Perfil do solo (Caso natural sem reforço e pavimentado). b) Legenda de materiais. Fonte: Os
autores.
66
A Figura 16 demonstra que ao ser aplicada uma tensão de 70 kPa na superfície do pavimento é
gerada uma tensão de aproximadamente 90 kPa no solo do subleito a 4 m de profundidade, que
é composta parte pela tensão oriunda do peso próprio do solo e parte pelo acréscimo de tensões
gerada pela tensão externa aplicada. As maiores tensões superficiais estão concentradas abaixo
da aplicação das tensões externas, e apresentam valores próximos a 70 kPa, o que demonstra
que o solo sem reforço não apresenta nenhum mecanismo capaz de aliviar as tensões aplicadas
em sua superfície.

a)

b)

Figura 16: a) Análise realizada pelo programa GeoStudio (Caso natural sem reforço e pavimentado). b) Legenda
de tensões. Fonte: Os autores.

67
4.4.2. Caso reforço sem geogrelha com pavimentação

O dimensionamento sem a utilização de geogrelha, obtido inicialmente pelo método de Giroud


e Noiray (1981), está representado na Figura 17, e apresenta o reforço com aterro na altura de
2,07m. A camada de pavimento possui 8 cm de espessura, e é composta por CBUQ.

a)

b)

Figura 17: a) Perfil do solo (Caso reforço sem geogrelha e pavimentado). b) Legenda de materiais. Fonte: Os
autores.

Na Figura 18 estão os resultados quanto as tensões considerando o reforço sem geogrelha. O


valor máximo de tensões obtido no solo do subleito a 4 m de profundidade apresentou o valor
de 80 kPa, uma redução de 10 kPa se for levado em comparação o caso do solo natural sem
reforço apresentado na análise anterior. Na superfície, embora o valor máximo encontrado seja
de 70kPa, semelhante ao caso anterior, percebe-se que esta tensão está restrita a uma área menor
de atuação, e que a distribuição e propagação da tensão externa aplicada ocorre de maneira mais
uniforme e com menor intensidade.

68
a)

b)

Figura 18: a) Análise realizada pelo programa GeoStudio (Caso reforço sem geogrelha e pavimentado).
b) Legenda de tensões. Fonte: Os autores.

69
4.4.3. Caso real utilizado na obra objeto de estudo

O dimensionamento do caso real utilizado na obra objeto de estudo se diferencia um pouco dos
demais estudados nesse trabalho. São utilizados dois modelos diferentes de geogrelha, uma com
o nome de MacGrid NET, e a outra WG 200 estudada no trabalho. A camada de aterro que
compõe o reforço é formada por duas camadas de Brita 2, ambas de 15 cm de espessura e
envolvidas respectivamente pelos dois modelos de geogrelha supramencionados. Acima da
camada granular é formada a base e sub base do pavimento com as espessuras somadas no valor
de 33 cm, e camada de 5 cm de pavimento constituído por CBUQ. O perfil do solo reforçado e
o detalhe de posicionamento das geogrelhas estão representados na Figura 19.

a)

b) c)

Figura 19: a) Perfil do solo (Caso real utilizado na obra objeto de estudo). b) Detalhe do posicionamento da
geogrelha. c) Legenda dos materiais. Fonte: Os autores.

Quanto à análise de tensões o caso de reforço utilizado na obra estudada é o que apresentou
resultados mais satisfatórios e se comportou de maneira mais eficiente quando comparados com
70
os demais. A tensão aplicada no solo do subleito a 4 m de profundidade apresentou valores
próximos a 70 kPa, sendo que parte considerável deste valor é composto pelo peso próprio do
solo e apenas uma parcela é de fato um acréscimo de tensões gerado pela solicitação externa.
Na superfície os resultados são ainda mais positivos, demonstrando uma redução considerável
das tensões superficiais quando comparadas com os outros casos, apresentando valores
máximos próximos a 50 kPa. A propagação da tensão superficial no valor de 70 kPa é baixa, e
o reforço atua minimizando a atuação desta tensão, tanto na superfície quanto no solo
subjacente.

a)

b)

Figura 20: a) Análise realizada pelo programa GeoStudio (Caso real utilizado na obra objeto de estudo).
b) Legenda de tensões. Fonte: Os autores.

71
4.4.4. Dimensionamento com a geogrelha WG 40

A geogrelha WG 40 é o modelo que possui o menor custo unitário e consequentemente o menor


custo de implementação. Contudo, não é indicado devido sua altura camada de aterro ser
superior ao limite calculado de 1,067 m. A Figura 21 apresenta o perfil do solo reforçado, no
qual a altura da camada de aterro possui 1,082 m, e a espessura da camada de pavimento é 8
cm, sendo formada por CBUQ. O solo considerado no estudo é o silte arenoso.

a)

b) c)

Figura 21: a) Perfil do solo (Dimensionamento com a geogrelha WG 40). b) Detalhe do posicionamento da
geogrelha. c) Legenda de materiais. Fonte: Os autores.

A análise do reforço quanto as tensões, demostraram que no solo do subleito a tensão máxima
obtida possui valores próximos a 70 kPa a 4 m de profundidade, de modo semelhante a alguns
casos já mencionados. No entanto, no solo superficial o valor máximo de tensão obtido é de 80
kPa, valor superior ao da tensão externa aplicada, o que pode vim a acarretar problemas ao

72
pavimento se o dimensionamento for implementado. A análise de tensões demonstrou que a
camada de aterro ao superar a altura máxima calculada segundo a teoria de execução de aterros
sobre solos moles, não apresenta resultados positivos quanto as tensões totais geradas no solo.

a)

b)
Figura 22: a) Análise realizada pelo programa GeoStudio (Dimensionamento com a geogrelha WG 40).
b) Legenda de tensões. Fonte: Os autores.

4.4.5. Dimensionamento geogrelha WG 300

O dimensionamento de reforço do subleito com a geogrelha WG 300 de acordo com a análise


do custo operacional de implementação é o que apresentou resultados mais positivos. A Figura
23 representa o perfil do reforço, composto por uma camada de aterro com a altura de 1,057 m
que atende a altura máxima calculada segundo a teoria de execução de aterros sobre solos
moles, e possui 8 cm de camada de pavimento formado por CBUQ.

73
a)

b) c)

Figura 23:a) Perfil do solo (Dimensionamento com a geogrelha WG 300). b) Detalhe do posicionamento da
geogrelha. c) Legenda de materiais. Fonte: Os autores.

De maneira semelhante aos outros casos de dimensionamento de reforço com geogrelha, o valor
máximo de tensão atuante no solo do subleito a 4 m de profundidade é 70 kPa, formada na sua
maioria pelo peso próprio do solo. No solo da superfície o valor da tensão máxima encontrada
é igual ao valor da tensão externa aplicada de 70 kPa, e a propagação se comporta de maneira
uniforme, contudo não possui seus valores reduzidos como ocorre no caso real dimensionado
na obra. A implementação deste dimensionamento é condicionada a um estudo mais detalhado
sobre a camada de pavimento em si, para avaliar se a mesma resistiria a atuação das tensões
atuantes em sua superfície, que caso ocorra será obtido uma redução considerável do custo de
implementação da obra.

74
a)

b)

Figura 24: a) Análise realizada pelo programa GeoStudio (Dimensionamento com a geogrelha WG 300).
b) Legenda de tensões. Fonte: Os autores.

4.4.6. Comparação dos dimensionamentos quanto a tensão total

A análise realizada com o auxílio do programa computacional GeoStudio forneceu as tensões


atuantes no solo que forma o subleito do pavimento. O estudo foi realizado para 5 diferentes
dimensionamentos, nos quais foram considerados um caso sem reforço, reforço sem geogrelha,
reforço utilizado na obra objeto de estudo, reforço com a geogrelha WG 40 e o reforço com a
geogrelha WG 300. O caso sem reforço como já era esperado, apresentou a maior tensão atuante
no solo, que atingiu o valor de 90 KPa, os outros dimensionamentos apresentaram o mesmo
valor de tensão máxima alcançada, no valor de 70 KPa. O fato do resultado numericamente
igual pode ser consequência do dimensionamento realizado, que em todos os casos foram
dimensionados segundo os métodos de Giroud e Noiray (1981) e Meyer e Elias (1999),

75
apresentando fatores de segurança altos e próximos. A tabela 20 relaciona o tipo de
dimensionamento aos valores da tensão máxima observada em cada um.

Tabela 21: Maior tensão atuante no solo.

Maior tensão atuante


Dimensionamento
no solo (kPa)
Caso solo natural com pavimentação 90
Caso reforço sem geogrelha com pavimentação 80
Caso real utilizado na obra objeto de estudo 70
Dimensionamento com a geogrelha WG 40 70
Dimensionamento geogrelha WG 300 70

Fonte: Os autores.

A análise das deformações dos solos não deve levar em conta apenas as tensões originadas por
cargas aplicadas externamente, visto que também devem ser consideradas as tensões
decorrentes do peso próprio, ou seja, do peso das camadas de solo sobrejacentes. Os valores a
4 metros de profundidade, das tensões oriundas do peso próprio de cada caso estudado está
presente na Tabela 21.

Tabela 22: Tensão oriunda do peso próprio.

Tensão kPa (Peso próprio a 4


Dimensionamento
metros de profundidade)
Caso solo natural com pavimentação 60,70
Caso reforço sem geogrelha com pavimentação 62,28
Caso real utilizado na obra objeto de estudo 60,45
Dimensionamento com a geogrelha WG 40 59,29
Dimensionamento geogrelha WG 300 59,50

Fonte: Os autores.

A tensão considerada na superfície do solo para realizar a pesquisa foi no valor de 70 kPa, valor
próximo ou igual aos valores máximos de tensão obtidos em cada caso. No entando,
conhecendo o valor da tensão oriunda do peso próprio do solo é possível perceber que a tensão
aplicada na superfície não é a mesma que atua no solo do subleito, ou seja, a tensão de 70 kPa
aplicada na superfície provoca um acréscimo de aproximadamente 10 kPa no solo a 4 m de

76
profundidade. Ao analisarmos a efetividade do reforço dimensionado é interessante considerar
as tensões geradas na superfície do pavimento, visto que a quatro metros de profundidade o
resultado é bastante próximo em todos os casos. A análise gerada pelo programa GeoStudio
demonstrou que em camadas mais superficiais a redução de tensões geradas pelo
dimensionamento real implementado na obra objeto de estudo é superior a todos os outros
dimensionamentos analisados, sendo mais eficiente.

4.5. ANÁLISE DE DEFORMAÇÕES

As análises realizadas com o programa GeoStudio além de verificar as tensões totais atuantes
no solo estudado, também calculou as deformações ocasionadas por essas tensões,
complementando o estudo pois proporcionou uma visão geral de como o solo poderá se
comportar ao ser solicitado por determinado carregamento. Foram escolhidas três situações
diferentes para essa análise, que formou uma visão geral e quantitativa de como o reforço
trabalha reduzindo não apenas as tensões atuantes mais também a deformação do solo.

4.5.1. Caso do solo natural sem reforço

A análise quanto as deformações geradas pelas tensões totais ao longo do solo, realizada no
programa GeoStudio e considerando o caso do solo natural sem reforço, está representada na
figura 25.

77
a)

b)

Figura 25: a) Análise de deformações realizada pelo programa GeoStudio (Caso do solo natural sem
reforço). b) Legenda de deformações. Fonte: Os autores.

Para o caso do solo natural sem reforço foi obtida uma deformação máxima de 2,6 cm,
deformação localizada a aproximadamente 4 m de profundidade no solo. As maiores
deformações superficiais se concentraram abaixo de onde a tensão está sendo aplicada e
apresentaram valores baixos ou nulos na região compreendida nas bordas e no centro do perfil
de solo estudado, fato decorrente do alívio de tensões nessas áreas.

78
4.5.2. Caso real dimensionado na obra objeto de estudo

Para o caso de dimensionamento implementado na obra objeto de estudo, os resultados quanto


as deformações geradas ao longo do solo devido as tensões atuantes estão representados na
Figura 26.

a)

b)

Figura 26: a) Análise de deformações realizada pelo programa GeoStudio (Caso real dimensionado na obra).
b) Legenda de deformações. Fonte: Os autores.

79
Os resultados apresentados pela análise do dimensionamento real implementado na obra,
evidenciou como o reforço atuou para manter o solo mais estável. O valor máximo de
deformação obtido foi de 2 cm, reduzindo 0,6 cm em relação ao caso anterior, além do solo se
comportar de maneira mais homogênea, não havendo deformações maiores na região
compreendida abaixo de onde as tensões estão sendo aplicadas. Dentre as vantagens geradas
pelo reforço em questão, destaca-se a distribuição uniforme das tensões aplicadas na superfície
ao longo do solo do subleito, tal fato é percebido ao analisar a Figura 26, na qual apresenta o
perfil do solo e as deformações atuantes sendo praticamente simétricas em relação ao eixo do
pavimento.

4.5.3. Caso dimensionado com a geogrelha WG 300

Considerando o reforço do subleito com a geogrelha WG 300, que apresenta o menor custo de
implementação viável, a análise de deformações obtidas está representada na Figura 27.

80
a)

b)

Figura 27: a) Análise de deformações realizada pelo programa GeoStudio (Caso dimensionado com
geogrelha WG 300). b) Legenda de deformações. Fonte: Os autores.

O dimensionamento do reforço com a geogrelha WG 300 apresentou resultados mais


positivos do que o caso sem reforço, gerando uma redução de 0,02 metros na deformação
máxima sofrida pelo solo, contudo o caso real de dimensionamento implementado na obra
se comportou de maneira mais eficiente na redução de deformações, reduzindo três vezes
mais a deformação.

81
4.5.4. Comparação dos dimensionamentos quanto a deformação

Considerando os valores máximos de deformações obtidos nas análises anteriores, a Tabela 22


correlaciona os valores obtidos segundo os tipos de dimensionamentos e permite a comparação
entre os diferentes casos.

Tabela 23: Maior deformação obtida no solo.

Dimensionamento Deformação máxima obtida (cm)


Caso solo natural com pavimentação 2,6
Dimensionamento geogrelha WG 300 2,2
Caso real utilizado na obra objeto de estudo 2,0

Fonte: Os autores.

A Tabela 23 correlaciona os valores máximos de deformação encontrados no solo


superficial aos respectivos tipos de dimensionamentos.

Tabela 24: Maior deformação obtida na superfície do solo.

Deformação máxima (m)


Dimensionamento
(Superficialmente)
Caso solo natural com pavimentação 2,6
Dimensionamento geogrelha WG 300 0,8
Caso real utilizado na obra objeto de estudo 0,4

Fonte: Os autores.

Ao analisar as deformações nos casos estudados, de semelhante modo a análise das tensões, o
dimensionamento real implementado na obra objeto de estudo se destaca dos demais,
apresentando valores menores de deformação, tanto a quatro metros de profundidade quanto
superficialmente, o que proporciona benefícios e vantagens para o pavimento, possivelmente
reduzindo manifestações patológicas ao longo dos anos e prolongando a vida útil da obra.

82
5. CONCLUSÃO

As principais conclusões obtidas a partir da análise dos resultados apresentados neste trabalho,
foram as seguintes:

a) De acordo com a teoria de execução de aterro sobre solos moles, para que o pavimento
possua viabilidade estrutural o mesmo terá que possuir uma altura máxima admissível
de 1,067 m. Portanto, esse aterro é classificado como classe III, que é caracterizado por
possuir alturas menores que 3 metros e afastadas de estruturas sensíveis.
b) Quanto a análise de custo, o dimensionamento que apresentou melhores resultados foi
o que utiliza geogrelha WG 300, que possui fator de segurança confiável e
economicamente resulta na redução de R$13.263,37 quando comparado ao
dimensionamento implementado na obra objeto de estudo. O dimensionamento possui
0,08 metros de revestimento em CBUQ e 1,057 metros de altura de aterro.
c) O reforço da camada de subleito com a geogrelha WG 300, além de permitir a execução
do pavimento atendendo todas as exigências geotécnicas, gerou uma economia de 7,7
% em um trecho de 2.060 m² de obra. Vale ressaltar que o projeto total do estudo de
caso compreende uma extensão de 29.589 m², o que potencializa a economia gerada.
d) Quanto ao dimensionamento das geogrelhas, ficou evidente que existe um ponto de
equilíbrio ótimo entre o suporte de carga de um determinado geossintético e o volume
de aterro necessário para a composição do pavimento. Não necessariamente, a geogrelha
com maior capacidade de carga e menor altura de aterro é a melhor solução. A recíproca
também é verdadeira, uma geogrelha com menor capacidade de carga e maior altura de
aterro não é uma alternativa considerada ideal.
e) A análise de tensões gerada pelo programa GeoStudio destacou o dimensionamento real
implementado como sendo a melhor alternativa, visto que no solo superficial apresentou
menores valores de tensão total, e no solo a quatro metros de profundidade gerou
resultados semelhantes aos outros casos dimensionados, que praticamente é reflexo do
peso próprio do solo.
f) Quanto a análise da deformação provocada no solo, o dimensionamento real
implementado na obra novamente se destaca, apresentando valores menores não apenas
na superfície mais também a quatro metros de profundidade, proporcionando maior
estabilidade ao pavimento.
83
O dimensionamento da obra estudo de caso apresentou resultados positivos quanto a redução
de tensões e deformações no solo, somando consequentemente a esse fato uma série de
benefícios a médio e longo prazo para o pavimento. No entanto, visto a redução considerável
do custo de implementação do reforço com a geogrelha WG 300, torna-se importante um estudo
de projeto para uma possível adequação ao novo modelo proposto no presente trabalho.
Como sugestão para trabalhos futuros, seria interessante a pesquisa sobre métodos que
considerem o dimensionamento de reforço de subleito com a associação de geogrelhas, e a
análise dessas associações quanto as tensões totais e deformações, buscando otimizar os
resultados.
O estudo sobre o tipo da camada de pavimento a ser considerada no dimensionamento do
reforço é uma análise interessante que complementaria os resultados obtidos neste trabalho. Foi
considerado a capa asfáltica formada por CBUQ, outro material como, por exemplo, o concreto
poderia alterar de maneira significativa tanto o comportamento do solo, quanto os valores de
implementação.

84
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Classificação de Pavimentação. Rio de Janeiro, 1982.

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SIEIRA, A. C. C. F. Estudo Experimental dos Mecanismos de Interação Solo-Geogrelha.


2003. Tese de Doutorado. Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003. 363p.

SILVA, A. R. L. Estabilidade de Aterros Sobre Solos Moles Reforçados com


Geossintéticos. 1996. Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil,
Universidade de Brasília, Brasília, 1996. 104p.

SOUZA, M. L. Pavimentação rodoviária. 1980. 2ª ed. Rio de Janeiro, 1980.

TEIXEIRA, S. H. C. Estudo da Interação solo-geogrelha em testes de arranchamento e a


sua aplicação na análise e dimensionamento de maciços reforçados. 2003. Tese de
doutorado. Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.
214p.

86
TUPA, N. Estudo da Aderência e Interação Solo-Geossintético. 1994. Dissertação de
Mestrado. Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Brasília, 1994. 188p.

VESIC, A. S. Bearing capacity of shallow foundations. 1975. In: Foundation Engineering


Handbook, New York, McGraw-Hill, 1975.

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APÊNDICES

Apêndice A - Ponto de equilíbrio: custo x receita (reforço com microgeogrelha).

Prod
Serviço: Dias Trabalhados: 24
Produção Marginal Norte Sul - Microgeogrelha m² 600,00
Equipe: 1
Turno de Trabalho: 1
RECEITA TOTAL 25.747,20
CUSTOS DIRETOS 18.530,25
MATERIAL (-) 70,91% 18.258
MÃO DE OBRA (-) 1,06% 272
CUSTOS INDIRETOS (Adm Central + Adm Local + Impostos) 12,00% 3.089,66
SALDO FINAL DO SERVIÇO (Resultado) 16,03% 4.127,29
Item Descriçao Coef. Unidade Qtd Un Qtd Total Custo Unitário Custo Total
RECEITA DOS SERVIÇOS (+) R$ 25.747,20
90143 Microgeogrelha MacGrid NET 1,00 m² 1,00 600,00 9,19 R$ 5.514,00
90144 Geogrelha MacGrid WG 65x65 1,00 m² 1,00 600,00 25,46 R$ 15.276,00
90147 Lastro de areia média 0,06 m³ 1,00 36,00 137,70 R$ 4.957,20

CUSTO COM MATERIAL (-) R$ 18.258,00


6012 Areia Média 0,06 m³ 1,00 36,00 69,00 R$ 2.484,00
6095 Microgeogrelha MacGrid NET 1,00 m² 1,00 600,00 8,20 R$ 4.920,00
6096 Geogrelha MacGrid WG 65x65 1,00 m² 1,00 600,00 18,09 R$ 10.854,00

Material de Desgaste 0% R$ -
CUSTO COM MÃO DE OBRA (-) 9,14 R$ 272,25
1001 Ajudante dia 3,00 90,75 R$ 272,25

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Apêndice B - Ponto de equilíbrio: custo x receita (serviço de terraplanagem).
Prod
Serviço: Dias Trabalhados: 24
Produção Marginal Norte Sul - Terraplanegem m³ 600,00
Equipe: 1
Turno de Trabalho: 1
RECEITA TOTAL 46.942,64
CUSTOS DIRETOS 36.411,87
EQUIPAMENTOS (-) 7,01% 3.292
MATERIAL (-) 23,16% 10.871
MÃO DE OBRA (-) 4,57% 2.145
EMPREITEIRO (-) 42,83% 20.105
CUSTOS INDIRETOS (Adm Central + Adm Local + Impostos) 12,00% 5.633,12
SALDO FINAL DO SERVIÇO (Resultado) 10,43% 4.897,66
Item Descriçao Coef. Unidade Qtd Un Qtd Total Custo Unitário Custo Total
RECEITA DOS SERVIÇOS (+) R$ 46.942,64
1 Carga e descarga mecanizadas de entulho em caminhao basculante 6 m3 0,02 m3 1,00 13,16 1,18 R$ 15,53
7 Escavacao e carga material 1a categoria, utilizando trator de esteiras 1,38 m3 1,00 827,12 4,55 R$ 3.763,38
8 Transporte comercial com caminhao basculante 6 m3, rodovia pavimentada 41,36 m3xKm 1,00 24.813,47 1,04 R$ 25.806,01
9 Argila ou barro para aterro/reaterro (retirado na jazida, sem transporte) 0,82 m3 1,00 492,85 18,18 R$ 8.960,10
11 Compactacao mecanica a 95% do proctor normal - pavimentacao urbana 0,15 m3 1,00 91,61 3,66 R$ 335,28
12 Compactacao mecanica a 100% do proctor normal - pavimentacao urbana 0,74 m3 1,00 442,95 5,63 R$ 2.493,82
13 Base para pavimentacao com brita corrida, inclusive compactacao 0,11 m3 1,00 65,44 85,09 R$ 5.568,54

CUSTO COM EQUIPAMENTOS (-) R$ 3.291,91


Trator de Esteira D6 1,00 1,00 1,00 1.404,94 R$ 1.404,94
Pá Carregadeira 950H 1,00 1,00 1,00 738,04 R$ 738,04
Caminhão Basculante 1,00 1,00 1,00 461,11 R$ 461,11
Motoniveladora New Holland RG 170B 1,00 1,00 1,00 1.351,91 R$ 1.351,91
Escavadeira Hidráulica PC-200 2,00 1,00 2,00 1.273,79 R$ 2.547,57
Trator agrícola c/ grade 1,00 1,00 1,00 559,18 R$ 559,18
Rolo Compactador 3,00 1,00 3,00 650,38 R$ 1.951,15
Caminhão Pipa 20.000L 2,00 1,00 2,00 657,36 R$ 1.314,72
Conjunto Moto-Bomba 1,00 1,00 1,00 26,04 R$ 26,04
CUSTO COM MATERIAL (-) R$ 10.870,50
Argila 1,30 m3 1,00 780,00 5,00 R$ 3.900,00
Brita Corrida 0,25 m3 1,00 150,00 46,47 R$ 6.970,50

Material de Desgaste - R$ -
CUSTO COM MÃO DE OBRA (-) 9,14 R$ 2.144,84
Ajudante 8,00 dia 8,00 90,75 R$ 725,99
Operador de Trator 1,00 dia 1,00 123,08 R$ 123,08
Operador de Pá Carregadeira 1,00 dia 1,00 123,08 R$ 123,08
Motorista Caminhão Basculante 2,00 dia 2,00 123,08 R$ 246,15
Operador de Escavadeira 2,00 dia 2,00 217,12 R$ 434,24
Operador de Trator de Grade 1,00 dia 1,00 123,08 R$ 123,08
Operador de Rolo Compactador 3,00 dia 3,00 123,08 R$ 369,23
CUSTO COM EMPREITEIRO (-) R$ 20.104,61
Transporte de Material 66,48 m3 1,00 39.890,11 0,50 R$ 20.104,61

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