Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Desde 1980, após vitória em pleito eleitoral, tem sua direção efetivamente
vinculada aos interesses da categoria que representa.
Não seria incorreto afirmar que dificilmente – para não dizer nunca – um
sindicato profissional terá sucesso na Justiça do Trabalho se buscar suas
reivindicações apenas nos dispositivos consolidados. Na verdade, o dissídio coletivo
não será sequer conhecido.
Isto porque, não obstante a moderna doutrina processualista venha
defendendo a maior efetividade do processo, como forma de assegurar a
efetividade da norma, através da simplificação de procedimentos e do que se pode
chamar de de-formalização dos ritos e simplificação das formas, caminho oposto
tem o trilhado o processo de dissídio coletivo.
Mais uma vez, ainda sob o manto de suposta democracia, vemos o TST
impor nova obrigação, também não prevista em lei, a teor do que estabelece o art.
612 da CLT.
Esta obrigação, em casos como o do SINPRO/MG, em razão de sua
extensa base territorial, implica toda uma grande operação de logística, pois são
realizadas mais de 50 assembléias em todo o Estado a cada campanha salarial.
Tarefa hercúlea, como definida pela eminente relatora da sentença normativa
TRT/DC 05/01 (SINPRO/MG x SINEPE/MG), Dra. Emília Facchini.
A opção pelo quorum previsto pelo art. 612 da CLT, em que pesem
opiniões divergentes, é mais uma forma de impedir ou, no mínimo, dificultar o
acesso dos sindicatos ao poder normativo da Justiça do Trabalho.
Podemos citar, ainda, a Lei n.º 7783/89 – a Lei de Greve – que confere
aos estatutos da entidade sindical a deliberação sobre o quorum de validade de
assembléia que decide pela suspensão coletiva das atividades laborais.
Por seu turno, a redação do art. 14, da lei n.º 10.192, de 2001, é a
seguinte, in verbis:
Art. 2º- Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que
outra a modifique ou revogue.
§1º- A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare,
quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria
de que tratava a lei.
§2º- A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
Todas essas variantes que afetam os dissídios coletivos e que vão desde
dispositivos legais supostamente conflitantes, até os magistrados que relutam em
observá-los – são mais uma demonstração de que mais vale a celebração de
instrumento autônomo que a busca pelo Poder Judiciário para suprir a
intransigência e, não raro, até mesmo incompetência das partes litigantes, na
formulação de instrumento normativo autônomo.
Que se extinga então esse poder – como nós defendemos com vigor –
mas de forma clara, aberta e sobretudo democrática, através de discussão no
Congresso e dentro da sociedade.