tem como herói o povo português, protagonista de grandes feitos e, por isso, o poeta procura glorificá-lo. Contudo não deixa de revelar desencanto face a uma Pátria “mergulhada numa autera apagada e vi tristeza”. De facto, Camões, homem vívido, utiliza alguns acontecimentos, para, normalmente, no final dos cantos refletir sobre os problemas da sociedade, apontando os erros dos seus contemporâneos e procurando que estes se motivem e tomem a Pátria novamente grandiosa. Deste modo, Camões aborda o estado de decadência ética e política em que o país estava mergulhado: corrupção (pelo ouro e o poder), desprezo pela criação literária e cultura, desprezo pela vida humana que é frágil, procura sem limites pela fama, ambição desmedida, exploração dos menos favorecidos. Assim, para além de procurar glorificar o herói, Camões tem uma visão crítica da sociedade e dos seus contemporâneos, expondo os seus defeitos e vícios e aconselhando-os.